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FARMACOTÉCNICA – EQUIPAMENTOS E VIDRARIAS

Serão aqui apresentados os principais equipamentos e vidrarias de laboratórios de quí-


mica e farmacotécnica.
São equipamentos e vidrarias envolvidos em pequenos pilotos, em manipulações de
pequena escala.
Por exemplo, para manipular um xarope a nível laboratorial, em escala de bancada, nível
piloto, lança-se mão de pequenos testes realizados, denominados estudos de pré-formula-
ção que são realizados ali, na bancada de laboratório, sem precisar dispor ou investir uma
grande quantidade de insumos, princípios ativos e também excipientes para estudar compa-
tibilidade, para estudar aspectos físico-químicos daquela formulação.
Antes de definir a formulação e começar, de fato, a entrar numa rotina industrial de pro-
dução de medicamentos, existe essa etapa, que é o estudo de pré-formulação, que consiste
também no estudo bibliográfico, a consulta em compêndios oficiais e também em não ofi-
ciais de informações fidedignas sobre aquelas substâncias, princípios ativos ou excipientes
– estuda-se a solubilidade, o ponto de fusão, verifica-se se há alguma sensibilidade à luz,
sensibilidade a umidade, possíveis incompatibilidades entre os insumos da formulação.
Não adianta escolher o excipiente do mundo, o melhor princípio ativo do mundo, se aque-
las substâncias, por exemplo, em meio aquoso, provocam complexação, precipitação, forma-
ção de cristais.
Antes mesmo de definir a formulação, são necessários testes laboratoriais a nível mínimo
de bancada e, para isso, não se utilizará o reator estudado na aula de manipulação, será
utilizado o Béquer; não será necessário utilizar o misturador, sendo suficiente o almofariz e o
pistilo.
Além de definir a formulação utilizando essas vidrarias, elas também são utilizadas para
testes de controle de qualidade, por exemplo, em testes de titulação, de cromatografia,
espectofotometria.
As vidrarias envolvidas no preparo de soluções, na padronização de soluções, na reali-
zação de análises, também são vidrarias utilizadas para além da manipulação e do controle
de qualidade em processos de extração, de separação de misturas, processos simples, mas
que acontecem todos os dias nos mais diversos laboratórios de química, de farmacotécnica,
de controle de qualidade.

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EQUIPAMENTOS E VIDRARIAS

TUBO DE ENSAIO
• Efetuar reações químicas em pequena escala.
O tubo de ensaio está presente não só em laboratórios de farmacotécnica, mas também
em laboratórios de química, laboratórios de análises clínicas, laboratórios de hemoterapia.
A principal função do tubo de ensaio é efetuar reações químicas em pequena escala
porque o seu volume é pequeno.
Se for para pensar em farmacognosia, essas reações químicas são utilizadas, por exem-
plo, para a identificação de determinadas substâncias em uma mistura complexa. Quando se
pega o extrato de uma droga vegetal, há uma riqueza muito grande de substâncias, não
existe uma substância isolada. A princípio, estão ali misturados os flavonóides, saponinas,
taninos, alcalóides, vários grupos diferentes de substâncias do metabolismo secundário
desse extrato vegetal.
Se o objetivo é verificar a presença de determinada substância, não será necessário uti-
lizar o extrato inteiro: muitas vezes, uma situação de liberação de gases, mudança de cor,
precipitação de proteínas, formação de espuma sob agitação, são sinais de que existe a pre-
sença de determinada substância, sem importar a quantidade.
O tubo de ensaio é uma vidraria muito utilizada no laboratório de quem começa e também
em laboratório de farmacognosia onde se fazem as análises do extrato de drogas vegetais,
utilizando uma pequena porção, um pequeno volume daquele extrato, utilizando uma técnica
para identificar, para realizar a análise qualitativa e identificar se tem ou não tem determinada
substância.
Há substâncias que, em agitação, colocando um reagente e agitando, forma espuma, há
outras substâncias que, quando se coloca um reagente proteico, ela precipita.
Dependendo do tipo de reação observada no tubo de ensaio é possível identificar, por-
tanto, um grupo de substância do metabolismo secundário vegetal que, provavelmente, é o
grupo que dá origem ao princípio ativo.

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Utilizando a vidraria é possível fazer tudo, fazer pequenas misturas, observar mudanças,
marcadores de reações químicas, mudança de cor, liberação de calor. Consegue-se perce-
ber se a reação foi isotérmica, se liberou calor, se foi endotérmica, se houve essa precipi-
tação, essa formação de espuma, é possível aquecer determinadas misturas para realizar
essas análises (alguns métodos exigem aquecimento).
A maioria desses tubos de ensaio é fabricada com vidro temperado.

Vidro temperado
Qual é a importância disso?
São resistentes ao calor porque ali ocorrem as reações químicas em pequena escala e
que são úteis para análise e o controle de qualidade, por exemplo, de extratos de drogas
vegetais e muito utilizado no controle de qualidade de farmácias de manipulação e na própria
indústria farmacêutica.

Fonte: bartendestore

BÉQUER

• Recipiente com ou sem graduação utilizado para o preparo de soluções, aquecimento


de líquido, solubilização, recristalização, etc.

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Fonte: Hexis Científica

Em alguns países é denominado apenas como “copo”.


Um Béquer de 4 litros (figura no centro) é utilizado na farmacotécnica para simular reator
ou tanque de manipulação porque, habitualmente, é necessário um volume não tão pequeno
quando a referência é um lote em escala laboratorial.
No recipiente pode ser colocado um pó, esse pó pode ser solubilizado com alguns sol-
ventes, tipo água destilada. Depois de solubilizado, como normalmente é uma vidraria, um
material de vidro ou plástico transparente, é possível observar se a solubilização foi completa.
É possível fazer o aquecimento porque o Béquer possui um fundo plano, achatado e pode
ser colocado sobre uma chapa aquecedora.
Dependendo das características dos componentes da formulação (excipientes, princípios
ativos) podem ser acrescentadas etapas a esse processo, etapas no processo de fabricação,
podendo acontecer ou não a incorporação de insumos, mas também a mistura desses insu-
mos, o aquecimento e o resfriamento, para depois incorporar os demais insumos.
Assim se concretiza o roteiro de fabricação daquele produto.
Se for pensar em gel, é preciso lembrar que é preciso incorporar o carbômero com o sol-
vente no Béquer. Possivelmente não se conseguirá uma solubilização fácil porque a solubi-
lidade não é tão alta, será necessário aquecer para conseguir solubilizar e, mesmo assim, o
material não ficará com aspecto satisfatório.

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Além de incorporar, misturar, aquecer, resfriar, ainda será necessário regular o PH para
atingir o ponto pretendido.
A recristalização ocorre quando se torna uma molécula novamente cristal, passando por
um processo de purificação, aquecimento e resfriamento para que essa substância tome
forma de cristais.
O Béquer pode ter alça ou não ter alça. O mais comum nos laboratórios são os béque- res
sem alça.
Quando é necessário movimentar essa vidraria e ela está quente, deve-se aguardar até
que resfrie ou utilizar um aparato de laboratório para conseguir transferir esse material de um
lugar para outro.

ERLENMEYER

• Frasco utilizado para aquecer líquidos, solubilizar, medidas de volume aproximada ou


para efetuar titulações.

Fonte: Hexis Científica


Por que o Erlenmeyer é a vidraria específica da titulação?
A titulação é um processo que exige a agitação constante desse recipiente. A solução titu-
lante não pode ficar parada, precisa ser agitada, é necessário misturar durante todo o tempo
para promover a reação entre titulante e titulado.

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O momento em que a reação acontece e a mudança de cor acontece, é indicativo que
a análise terminou: o titulante consumiu toda a concentração do titulado do princípio ativo
ali dentro da mistura. Imediatamente deve ser fechada a torneirinha da bureta e verificar o
volume que foi consumido nessa análise.
Diferentemente do Béquer, que por mais que se armazene, por mais que se solubilize, por
mais que se utilize como recipiente parecido ao Erlenmeyer, o Béquer tem a abertura maior,
o formato dele é de um copo.
Essa vidraria tem um afunilamento e a abertura é menor do que o fundo. Isso auxilia nesse
processo de agitação constante. É possível até fazer uma agitação vigorosa para favo- recer a
análise de titulação sem perder solução.
Se for feita uma titulação utilizando Béquer, o Béquer dá uma medida muito mais impre-
cisa de volume; facilita a perda de volume da solução teste.
O Erlenmeyer, com o formato afunilado, é mais prático para fazer a agitação e preservar
a solução teste dentro do recipiente.
Por essa razão ele é muito importante no processo de titulação, de padronização
de solução.

KITASSATO
• Frasco de paredes espessas, munido de saída lateral e usado em filtração sob sucção.

Fonte: brasilescola Fonte: Hexis Científica


Por mais que a função seja muito diferente da outra, às vezes pode ser confundido com
o Erlenmeyer.

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O kitassato é mais resistente num processo de sucção com bomba de vácuo.
O kitassato apresenta a possibilidade de conexão a essa bomba de vácuo e é isso que
dá ao kitassato a sua principal função: a atuação na filtração sob sucção.
O kitassato é acoplado a mangueirinha da bomba de vácuo.
Para a filtração a vácuo são necessárias:
• Bomba de vácuo.
• Kitassato.
• Funil de Buchner.
A mistura colocada no kitassato é sugada e isso é muito importante quando se faz a sepa-
ração de misturas heterogêneas, por exemplo, um pó e um veículo aquoso, principalmente
de misturas mais viscosas, uma mistura que não se conseguiu separar por mistura simples.
Por exemplo, a mistura de água com areia, uma mistura de água com pó de café, con-
seguem ser separadas por filtração simples que se faz com o funil simples e com papel
filtro dobrado.
Quando se tem uma mistura mais espessa ou uma mistura mais difícil de ser separada
ou quando se pretende separar mais rapidamente uma mistura, utiliza-se a filtração a vácuo
e, nessa filtração a vácuo, o recipiente que vai receber o produto dessa filtração é o kitassato.

FUNIL
• Utilizado na transferência de líquidos de um frasco para outro ou para efetuar filtra-
ções simples.

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Nesse sistema há um suporte universal, uma garra para sustentar o funil simples, um funil
feito de vidro mais fino; a mistura heterogênea, que até parece de água com areia. Com o
auxílio de um bastão de vidro, a mistura é movimentada, o resíduo ficará retido na parte
inferior do funil, e o líquido será recolhido pelo Béquer.
Essa filtração, comparada com a anterior, a vácuo, é mais lenta, mais facilmente execu-
tável, quando a mistura é uma mistura heterogênea pouco viscosa.
Como se processa a transferência de líquidos?
É o mesmo que ocorre quando se prepara um suco ou uma vitamina no liquidificador e se
pretende colocar num recipiente menor para caber na geladeira.
Por exemplo, foi manipulado um semissólido, pouco viscoso e se pretende transferir uma
preparação de um recipiente com a boca mais larga para um recipiente de boca mais estreita,
utiliza-se o funil. Esse sistema é muito utilizado em farmácias de manipulação para envase
manual.
No controle de qualidade faz-se transferência de várias soluções: solução mãe, solução
estoque, soluções diluídas, quando é necessária efetuar curva de calibração, quando são
necessárias várias soluções.
O funil é também utilizado para transferência entre recipientes.

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