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Classificação e mensuração
A nova norma altera a maneira como os ativos financeiros são
classificados no balanço patrimonial e estabelece as seguintes
categorias:
Ativos financeiros mensurados ao custo amortizado;
Ativos financeiros mensurados ao valor justo por meio de outros
resultados abrangentes (VJORA); e
Ativos financeiros mensurados a valor justo por meio do resultado
(VJR).
As categorias de mensuração da IAS 39 Instrumentos Financeiros:
Reconhecimento e Mensuração (CPC 38) para títulos mantidos até o
vencimento, empréstimos recebíveis e disponível para venda foram
eliminadas.
Para investimentos em instrumentos patrimoniais que não são
consolidados nem contabilizados pelo método da equivalência
patrimonial, a IFRS 9 (CPC 48) altera a sua classificação e
mensuração. De acordo com a IAS 39 (CPC 38), os investimentos em
instrumentos patrimoniais eram classificados como (i) disponíveis para
venda e avaliados pelo VJORA ou (ii) como mantidos para negociação,
sendo mensurados ao VJR. Havia também uma isenção que permitia às
empresas mensurar os instrumentos patrimoniais a custo, em
circunstâncias limitadas.
O IFRS 9 (CPC 48) exige que as empresas mensurem investimentos
em instrumentos patrimoniais ao VJR, mas oferece a opção de
mensurá-los no VJORA, se esses não forem mantidos para
negociação. Isso significa que o custo não é mais uma base de
mensuração aceitável. A opção de VJORA para instrumentos
patrimoniais pode ser útil para empresas que buscam evitar a
volatilidade no resultado. Entretanto, existem algumas desvantagens,
por exemplo, os ganhos ou perdas do investimento são registrados em
outros resultados abrangentes e nunca mais serão reclassificados para
o resultado.
Para investimentos em instrumentos de dívida, a IFRS 9 (CPC 48)
introduz uma análise de duas etapas para determinar a categoria
apropriada para sua classificação e mensuração.
1) Avaliação de “Somente Não VJR
P&J”:
Os fluxos de caixa do ativo
financeiro são compostos
exclusivamente por Sim Vá para o
pagamentos de principal e passo 2
juros (Somente P&J)?
2) Avaliação do modelo de
negócio:
O objetivo do modelo de Coletar os fluxos de Custo
negócios é manter ativos caixa contratuais amortizado
financeiros para…
Observação KPMG
A aplicação mais recorrente do valor justo como base de mensuração
na aplicação da IFRS 9 (CPC 48) em comparação com a IAS 39
(CPC 38) é o maior desafio operacional para empresas que possuem
carteiras de títulos de dívida e/ou títulos patrimoniais. Historicamente,
as empresas não financeiras nem sempre tem processos
estabelecidos para determinar o valor justo de títulos não
negociados. Essas empresas terão possivelmente que criar novos
processos e capturar novos dados para aplicar a mensuração do
valor justo de acordo com a IFRS 13 Mensuração do Valor Justo
(CPC 46).
Avaliações anteriores sobre derivativos embutidos em ativos
financeiros também precisam ser revistas. De acordo com a IAS 39
(CPC 38), um derivativo embutido era separado do contrato principal
quando as características econômicas e riscos do derivativo embutido
não estavam altamente relacionados aos do contrato principal. Ao
contrário da IAS 39 (CPC 38), os derivativos embutidos cujo contrato
principal é um ativo financeiro não são separados do contrato principal
de acordo com a IFRS 9 (CPC 48). Ao invés disso, o contrato inteiro,
composto pelo contrato principal e pelos derivativos embutidos, é
avaliado como uma única unidade de contabilização. Na maioria dos
casos, isso significa que ele não atende ao critério de Somente P&J e,
portanto, é mensurado ao VJR como um todo.
• Recebíveis de arrendamento
Abordagem geral
De acordo com a abordagem geral, a provisão para perdas de crédito
de um instrumento financeiro é inicialmente mensurada com base nas
perdas esperadas para os próximos 12 meses. No entanto, se na data
do balanço o risco de crédito do instrumento financeiro tiver aumentado
significativamente desde o reconhecimento inicial, a provisão para
perdas baseia-se em perdas de crédito esperadas para a vida inteira
do contrato. Se, em um exercício subsequente, o risco de crédito
determinado não mais apresentar um aumento significativo desde o
reconhecimento inicial, a provisão para perda volta a ser mensurada
com base nas perdas de crédito esperadas para 12 meses naquele
período subsequente.
Abordagem simplificada
Para recebíveis comerciais e ativos contratuais sem componente de
financiamento significativo, a IFRS 9 (CPC 48) permite uma abordagem
simplificada usando a mensuração da perdas de crédito esperadas pela
vida inteira, independentemente de ter sido observado um aumento
significativo no risco de crédito. Embora a IFRS 9 (CPC 48) exija o
desconto das perdas esperadas para considerar o valor do dinheiro no
tempo, no caso de recebíveis comerciais e ativos contratuais sem
componente de financiamento significativo de curto prazo, pode ser
possível concluir que o efeito do desconto não é material.
Para recebíveis comerciais ou ativos contratuais com um componente
de financiamento significativo e para recebíveis de arrendamento, as
empresas podem optar por aplicar a abordagem simplificada ou
abordagem geral para mensuração das perdas de crédito esperadas. A
abordagem simplificada é menos complexa, mas pode resultar em um
valor mais elevado de perdas de crédito esperadas na maioria das
circunstâncias. Além disso, as perdas de crédito esperadas de tais
ativos devem ser descontadas usando a taxa de juros efetiva original
do instrumento.
Matriz de provisão
A IFRS 9 fornece um expediente prático de mensuração de risco de
crédito na forma de uma matriz de provisão². A matriz de provisão leva
em consideração os saldos históricos dos recebíveis comerciais ao
longo de um determinado período de tempo, segregados com base nas
características de risco de crédito, e divididos em categorias de
inadimplência - por exemplo: em dia, até 30 dias em atraso, entre 31-60
dias em atraso e assim por diante.
Usando os dados históricos é possível determinar a taxa pela qual os
devedores passam para uma categoria com maior risco de
inadimplência ao longo do tempo e, em seguida, usando a multiplicação
de matrizes, determinar uma taxa de perda para cada categoria de
inadimplência.
As taxas de perda histórica identificadas devem ser ajustadas para
refletir as condições atuais e também as condições econômicas futuras
ao longo da vida remanescente dos recebíveis comerciais, utilizando
para isto projeções “razoáveis e suportáveis”. Estas taxas de perda
são então aplicadas ao saldo de contas a receber em aberto, por
categoria de inadimplência, para determinar a provisão para perdas de
crédito esperadas.
Essa abordagem pode parecer semelhante ao que já é feito na maioria
das empresas quando calculam suas provisões para perdas de crédito
conforme IAS 39 (CPC 38). No entanto, a IFRS 9 (CPC 48) requer que
as taxas de perda reflitam informações relevantes, razoáveis e
suportáveis sobre as expectativas futuras que influenciam a perda
esperada. Desta maneira, as provisões para perdas de crédito
estimadas segundo a IFRS 9 (CPC 48) tendem a ser maiores do que a
abordagem de perda incorrida anteriormente utilizada.
Observação KPMG
Para muitas empresas, a falta de experiência na projeção ou uso de
dados econômicos na estimativa de perdas implica a necessidade de
uma curva de aprendizado para incorporá-las à mensuração da perda
esperada. A maioria das empresas não tem a prerrogativa de ter um
economista interno e, portanto, contratou serviços externos para
obter projeções de dados macroeconômicos. Isso cria dados
adicionais para a elaboração de estimativas financeiras que devem
estar sujeitos a seus processos de controle interno.