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Aviões Supersônicos

Avião supersônico é uma aeronave capaz de voar mais rápido que a velocidade do som
(Mach número 1). Os aviões supersônicos foram desenvolvidos na segunda metade do
século XX e foram usados quase inteiramente para fins de pesquisa e objetivos militares.
Apenas dois, o Concorde e o Tupolev Tu-144, foram projetados para uso civil como aviões
de passageiros. Os caças são o exemplo mais comum de aviões supersônicos

Concorde
O Concorde é um avião comercial supersônico de passageiros, que foi produzido entre abril
de 1965 (fabricação da primeira peça) e o final de 1978.

● breve histórico
No final da década de 1950, era de interesse das agências americana, francesa, inglesa e
soviética, a criação de uma aeronave supersônica de transporte de passageiros. Cada um
desses países possuía seu próprio projeto, porém, no começo da década de 1960, devido
aos enormes custos demandados, os governos da Inglaterra e França decidiram juntar
forças, e em 25 de outubro de 1962, assinaram um tratado que criou o consórcio franco-
britânico e tornou possível o desenvolvimento do projeto e produção da aeronave.

Fabricante:
De um lado, as britânicas British Aircraft Company (BAC) e Rolls Royce, responsáveis pelo
desenvolvimento da aeronave e do outro a francesa Aérospatiale e a Société Nationale
d’Étude et de Construction de Moteurs d’Aviation (SNECMA) responsável pelo
desenvolvimento dos motores.
● British Aircraft Company (BAC): foi uma fabricante britânica de aeronaves ativa
entre 1960 e 1977. Projetos mais importantes foram o Concorde e o caça Panavia
Tornado
● Rolls-Royce Group: é uma empresa britânica do ramo de aviação civil e militar,
também na área da marinha e de sistemas de energia, sendo separada da Rolls-
Royce Motor Cars desde 1971. Pode ser considerada "herdeira" tecnológica da
tradicional Rolls-Royce, que fabrica automóveis e motores. Essa fabricante, porém,
especializou-se na fabricação de motores e turbinas de diferentes tipos. Ela tem uma
presença crescente no Brasil e tem fortes relações com as principais empresas
como a Embraer, TAM Avianca e as Forças Armadas.
● Aérospatiale e a Société Nationale d’Étude et de Construction de Moteurs
d’Aviation (SNECMA): traduzido para o português significa Aerospace e a
sociedade nacional para o Estudo e Construção de Motores de aviação. Foi criada
em 1970 e encerrou suas atividades em julho de 2000. Produzia aeronaves de asa
fixa, helicópteros, mísseis e produtos espaciais.

Características Principais
Sob quase todos os aspectos tecnológicos, a aeronave era altamente inovadora. O avião
tinha uma estrutura em alumínio convencional, mas as semelhanças em relação às demais
aeronaves a jato subsônicas terminavam por aí. A aeronave chama a atenção pelo seu
formato diferente dos jatos convencionais.
● Pra começar, o Concorde é uma aeronave "sem cauda", ou seja, ela não possui
outra superfície aerodinâmica horizontal além da asa principal. Dessa forma, a
aeronave consegue diminuir o arrasto e é mais eficiente em velocidades muito altas.
● Por outro lado, a aeronave precisa de uma asa principal maior, que vai incorporar o
controle aerodinâmico e as funções de estabilização. Suas asas são em formato
ogival delta, e é usada devido a esse formato ser adequado para voos supersônicos
e também, têm características aerodinâmicas únicas e vantagens estruturais.

● O Concorde precisa de um alto ângulo de ataque quando está decolando, e isso faz
com que o nariz do avião fique alto e atrapalhe a visão dos pilotos. A solução para
esse problema foi fazer um nariz móvel, que vira para baixo e melhora a visibilidade.

● A aeronave foi construída em uma liga de alumínio denominada Hidumini Un R-58,


especialmente criada para altas temperaturas

● Foi o primeiro avião comercial a usar a tecnologia fly-by-wire, ainda que analógico,
além de circuitos híbridos, computador de dados aéreos complexos e sistemas
independentes triplicados.

● O Concorde tinha 62,1 m de comprimento, 11,3 m de altura e 25,5 m de


envergadura (distância da ponta de uma asa a outra)

● Os motores utilizam a tecnologia "turbo jet" (turbojato). É um tipo de motor menos


eficiente que os motores turbofan utilizados nas gerações posteriores.

● Os motores turbojatos, com pós-combustores, tinham controle eletrônico,


processador analógico do sistema. Os motores forneciam 32 mil lbf de empuxo
"seco" e 38 mil lbf em pós combustão.

● Para a decolagem e durante a velocidade transônica, o Concorde precisava de uma


potência adicional do motor. Para isso, a aeronave utilizava pós-combustores, que é
um processo que injeta combustível adicional em um combustor atrás da turbina,
aumentando o empuxo sem precisar usar o motor maior. A vantagem disso é a
redução de peso, mas a desvantagem é o aumento do consumo de combustível, o
que limita seu uso a curtos períodos.

● As janelas do Concorde são menores, e são feitas dessa forma para reduzir a taxa
de perda de pressão em uma eventual despressurização da cabine.

● Os sistemas hidráulicos inovaram, empregando pressões da ordem de 4 mil PSI,


para reduzir o calibre e o peso das tubulações, além de exigir menos fluido
hidráulico. Três sistemas hidráulicos independentes foram utilizados (Red, Yellow e
Blue). Uma RAT - Ram Air Turbine, instalada na carcaça do atuador do elevon
interno, supria pressão hidráulica para os sistemas Yellow e Green.

● Para evitar o efeito de nariz pesado em altas velocidades, devido ao deslocamento


para trás do centro de pressão da asa (tuck-under), sem utilizar sistemas de
trimagem, o Concorde tinha um sistema que alterava o centro de gravidade,
bombeando-se combustível para um tanque de compensação na seção traseira da
fuselagem, logo abaixo da deriva. Durante a descida, o engenheiro de voo transferia
novamente o combustível para os tanques principais.
● Sua velocidade de cruzeiro era de Mach 2.02 (2.494 km/h), mais rápido do que a
rotação da Terra (1.666 km/h).

● Devido às grandes velocidades de decolagem, os pneus foram dimensionados para


velocidades de até 400 Km/h, e pneus impregnados com pó de alumínio foram
utilizados no início. Os trens de pouso principais consistiam de dois bogies de 4
rodas cada um, pneus radiais inflados com 232 PSI, e uma roda do nariz com rodas
duplas, e pneus inflados com 190 PSI. Foram utilizados freios de carbono,
refrigerados por uma ventoinha elétrica para prevenir superaquecimento.

Curiosidades.

● O Concorde podia voar até 60 mil pés de altitude (18.288 metros), muito acima das
nuvens de tempestade, correntes de ar e outros aviões. Assim, praticamente não
sofria turbulência;
● Voando tão alto, os passageiros podiam ver a curvatura da terra;
● Devido ao intenso calor provocado ao voar em velocidade supersônica, o Concorde
se expandia de 6 a 10 polegadas durante o voo, e era possível sentir o calor ao
tocar as janelas no final do voo;
● Em 27 anos de atividade, o Concorde fez 50 mil voos e transportou 2,5 milhões de
passageiros;
● No início dos voos do concorde não só era permitido fumar a bordo, como aos
passageiros eram oferecidos charutos cubanos como parte do serviço de bordo;
● Para demonstrar a rapidez do Concorde, a Air France fez uma jogada de marketing
genial em 1985. Decolaram ao mesmo tempo de Boston um Concorde e de Paris um
747. O Concorde voou para Paris, reabasteceu e voltou para Boston, chegando 11
minutos antes da chegada do 747;
● No Live Aid de 1985 o cantor Phil Collins tocou no show de Londres, pegou um voo
em um Concorde para chegar a tempo de tocar no show de Nova York. Tudo isso no
mesmo dia.

Histórico da aeronave

Em 1947 um piloto americano foi o primeiro homem a quebrar a barreira do som (1.216
km/h) a bordo de uma aeronave militar. A partir daquele momento estava deflagrada a
corrida para ver qual potência mundial iria desenvolver primeiro um avião supersônico para
o transporte de passageiros.

Quatro países iniciaram seus projetos: Estados Unidos, União Soviética, Inglaterra e
França. Em 1962 os dois últimos assinaram um tratado para desenvolver a nova aeronave
em conjunto, dividindo assim os altíssimos custos de desenvolvimento.

Como já citado anteriormente, as empresas britânicas foram responsáveis pelo


desenvolvimento da aeronave, e a francesa pelo desenvolvimento dos motores.

O nome do avião também simbolizava essa união franco-inglesa: Concorde em francês tem
o mesmo significado que a palavra equivalente na língua inglesa: ambas significam acordo,
união, harmonia. Apesar do nome, a divisão permanecia: eram duas linhas de montagem,
uma em cada país, com todo o processo em duplicidade.
Os desafios de engenharia eram enormes: os motores do Concorde teriam que ter o dobro
da potência dos motores a jato à época e a fuselagem teria que aguentar a enorme pressão
vinda das ondas de choque que surgem ao ultrapassar a barreira do som. Isso sem falar
que teria que suportar as altas temperaturas causadas pela fricção com o ar.

Mas pouco a pouco as barreiras foram sendo vencidas, e em 2 de março de 1969, quatro
meses antes do homem pisar na lua, o Concorde fez seu primeiro voo teste. O mundo via
pela primeira vez aquele avião com formato diferente, com as asas em delta, quatro
motores a jato e nariz articulado, que baixava nos pousos e decolagens dando um melhor
campo de visão aos pilotos, e mantinha-se alinhado à fuselagem durante o voo para melhor
aerodinâmica.

No total eram quase 100 opções de compras, vindas de 18 companhias aéreas como
American Airlines, Pan Am e United Airlines.

Apresentação ao público do Concorde

Foram necessários mais quatro anos de desenvolvimento até a sua apresentação oficial na
Feira Aeronáutica de Paris de 1973, quando ele foi apresentado junto ao seu primo
desengonçado, o soviético Tupolev TU-144. No dia 3 de junho de 1973 o Concorde fez sua
apresentação de forma perfeita para um público estimado de mais de 200 mil pessoas. Na
sequência, era a vez do TU-144 fazer a sua, que iniciou com uma volta de 360º antes de cair
e se despedaçar no ar. O acidente matou os seis tripulantes do avião e oito civis em solo. O
catastrófico evento selou o destino do avião russo que, por questões políticas, chegou a
fazer alguns voos domésticos antes de ter sua produção interrompida. Lamentavelmente
também contribuiu para o cancelamento de diversas ordens de compra do Concorde.

Fracasso comercial

Ainda na fase de testes o Concorde fez uma volta ao mundo promocional para tentar
angariar mais compradores. Apesar de ter conquistado duas novas encomendas na parada
no Irã, o barulho do avião ao atingir a velocidade do som e a fumaça negra que saia de seus
motores causou diversos cancelamentos.

Nos Estados Unidos estes problemas também foram objeto de protestos do nascente
movimento ambientalista. Como o país havia descartado seu projeto de avião supersônico,
o Boeing 2707, foi a deixa perfeita para proibir o avião de atingir velocidades supersônicas
ao sobrevoar seu território. Isso afastou por completo o interesse das companhias aéreas
americanas.

O acidente com o TU-144 durante o Paris Air Show só fez piorar as coisas, pois trouxe uma
desconfiança enorme aos aviões supersônicos como um todo – e não ajudava em nada o
fato do avião soviético ter forma idêntica à do Concorde.

Mas a maior dificuldade foi mesmo econômica. Levando apenas 100 passageiros a bordo,
com um consumo descomunal de combustível a conta não fechava. E pra piorar, veio a
crise do petróleo dos anos 70, e o preço do combustível de aviação disparou, tornando
inviável realizar qualquer operação rentável com o Concorde.

Primeiro voo comercial do Concorde

O Concorde não teve um, mas dois voos inaugurais ao mesmo tempo. No dia 21 de janeiro
de 1976 decolaram ao mesmo horário, sincronizados por rádio, um voo saindo de Londres
para o Bahrein e outro de Paris para o Rio de Janeiro, com escala de abastecimento no
Senegal. Mesmo com a parada para reabastecimento, a viagem entre Paris e o Rio de
Janeiro durava apenas 6 horas, metade do tempo que levavam os outros aviões que faziam
a rota de forma direta.

Acidente do Concorde voo Air France 4590

Em 25 de julho de 2000, um dos Concordes da Air France teve um acidente fatal, caindo em
um hotel pouco depois de decolar, matando 109 pessoas a bordo e mais 4 no solo.

Apesar da versão oficial apontar como culpada uma peça que caiu de um DC-10 da
Continental que decolou poucos minutos antes para o mesmo destino, diversas
investigações independentes apontam que a causa mais provável foi uma sequência de
erros que veio desde a manutenção até às decisões tomadas pela cabine de comando.

Logo após o acidente, tanto Air France como British Airways cessaram todos os voos com o
Concorde, enquanto a investigação sobre as causas seguia seu curso. Com o inquérito
terminado, diversas modificações foram feitas para aumentar a segurança do avião, dentre
elas novos pneus e um reforço de Kevlar para os tanques de combustível.

Com as alterações, o Concorde voltou aos céus para obter sua re-certificação. Quase no fim
do processo, um destes voos teste ocorreu entre Londres e Nova York no dia 11 de
setembro de 2001, pousando poucos minutos antes dos atentados terroristas às torres
gêmeas.

Fim da linha para o Concorde

Mesmo com os atentados, o Concorde retornou à atividade no dia 7 de novembro de 2001,


com dois voos para Nova York. Um da British Airways saindo de Londres e um da Air
France saindo de Paris. Porém, o seu público não estava mais disposto a voar.

As pessoas ficaram com medo de voar e com isso a ocupação de todos os voos caiu
vertiginosamente, só voltando aos números de antes dos atentados em julho de 2005.

A situação piorou quando em 2003 a Airbus, então responsável pela manutenção do


Concorde, informou que seriam £ 40 milhões em manutenção para que o avião pudesse
seguir em atividade.
Com isso, em 10 de abril de 2003, saiu o anúncio oficial que as duas companhias não iriam
mais voar com o Concorde depois de outubro daquele ano. A Air France inclusive acabou
antecipando a data, sendo que seu último voo ocorreu em 31 de maio de 2003.

Já a British, que aproveitou o aumento da procura pelos últimos voos do Concorde, e


manteve o avião voando lotado até o dia 24 de outubro de 2003. Seu último voo (BA002)
saiu do aeroporto John F. Kennedy em Nova York e fez seu pousou no aeroporto de
Heathrow em Londres sob o som do aplauso de uma multidão que se reuniu para dar o
adeus ao Concorde.

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