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Aviões Supersônicos

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Emanuelle Costa Silva

Resumo: Este artigo apresenta parte da história dos aviões supersônicos, além de
mostrar algumas de suas vantagens, desvantagens e projetos futuros dessas
aeronaves. Por meio de um levantamento bibliográfico, se observou que os aviões
supersônicos são um meio ágil e rápido para realizar viagens de longas distâncias,
onde, com seu uso o tempo pode ser reduzido em até 43,75% se comparado com
os outros aviões que não são supersônicos.

Palavras-chave: Avião, supersônico, velocidade.

1. Introdução
Aviões supersônicos são aeronaves capazes de voarem mais rápido do que a
velocidade de uma onda sonora. Esses aviões foram criados no início do século XX,
com o objetivo de serem utilizados em pesquisas e para fins militares.
No decorrer da Segunda Guerra Mundial, haviam missões onde os combatentes
deveriam realizar ataques em territórios inimigos, sem que fossem descobertos. Na
época, já existiam aviões que conseguiam atingir altas velocidades e cumprir essas
funções, porém essas aeronaves apresentavam instabilidade quando suas
velocidades atingiam marcos superiores a mil quilômetros por hora. Cientificamente,
a explicação dada para essa desestabilização se relacionava com o fato de que o
som produz uma onda pressurizada que se move pelo ar em uma velocidade alta,
então, quando um avião atingia uma velocidade próxima ao deslocamento dessa
onda, sofria com a resistência imposta pela onda.
Depois de descobrirem que o problema era esse e depois da Segunda Guerra
Mundial, os militares e cientistas norte-americanos desenvolveram o Bell X-1,
primeiro avião capaz de superar essa onda e também o primeiro avião supersônico.
O Bell X-1 foi desenvolvido entre os anos de 1945 e 1947, onde o Comitê Nacional
de Assuntos Aeronáuticos e a fabricantes de aviões Bell, convocaram o piloto
Charles “Chuck” Yeager para realizar seus primeiros testes. A experiência foi um
sucesso na época, uma vez que o voo inaugural atingiu a marca de 1540 Km/h,
além de estabelecer um importante marco na história da aviação.
A construção do primeiro avião supersônico foi feita com uma fuselagem reforçada
de alumínio, para que sua estrutura não se despedaçasse ao ultrapassar a
velocidade da onda sonora. Seu motor, todo feito de aço, também foi construído
para suportar o impacto das explosões que eram geradas por misturas de álcool
etílico e oxigênio líquido.

2. Características Técnicas
1 Emanuelle Costa Silva, graduanda no curso de Engenharia Aeronáutica da Universidade FUMEC.
a226876532@fumec.edu.br
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A maior vantagem das viagens supersônicas é a redução no tempo de voo. Um
exemplo disso eram os trajetos de Londres a Nova York que levavam em média 3
horas e meia, já em outros aviões o tempo era em média 7 ou 8 horas.
Porém, os aviões supersônicos também apresentavam algumas desvantagens, tais
como:
● os altos custos operacionais. Suas passagens eram caras, portanto esses
aviões nunca estavam 100% ocupados;
● os altos índices de emissão de poluentes. Quando sobrevoavam em regiões
continentais, eram obrigados a reduzirem suas velocidades, o que resultava
no aumento do consumo de combustível e liberavam muitos poluentes, os
quais acabavam ultrapassando os limites aceitáveis de seus parâmetros;
● a poluição sonora. Quando um avião supersônico ultrapassa a velocidade da
onda sonora, gera uma onda de choque chamada de sonic boom (estrondo
sônico), que pode provocar danos físicos e estruturais quando acontece em
áreas urbanas ou povoadas.
Atualmente os aviões supersônicos são usados apenas para fins militares, porém
em 1965 iniciaram a construção do primeiro avião supersônico comercial, o
Concorde. Esse avião atingia velocidades de 2294 km/h, mais rápido que a rotação
da Terra, que tem a velocidade de 1666 km/h. Voava a uma altura de 60 mil pés, o
equivalente a 18 mil e 300 metros, além de não apresentar turbulências. Gastava 25
mil litros de querosene queimados por hora.
Os desafios enfrentados pelos organizadores do projeto do Concorde foram
grandes, pois eles teriam que construir motores com o dobro da potência dos
motores a jato da época, além da fuselagem, que teria que aguentar as pressões
que eram resultados das ondas de choque que o avião produzia ao atingir a
velocidade da onda sonora e também teria que resistir às temperaturas altas
causadas pela fricção do ar.
Em 1969, foi realizado o primeiro voo teste do Concorde. Era um avião inovador pra
época com características diferentes dos aviões convencionais como seu formato,
suas asas em delta, seus quatro motores a jato e, seu nariz articulado e pontiagudo,
que se mantinha alinhado à fuselagem durante o voo para melhor aerodinâmica e
baixava nos pousos e decolagens resultando num melhor campo de visão para os
pilotos.
O Concorde tinha 11,3 m de altura, 62,1 m de comprimento e 25,5 m de
envergadura, que é a distância entre uma asa e outra. Possuía também, quatro
motores RR-Snecma Olympus 593, onde cada um gerava 38 mil libras de empuxo
no pós-combustor.
Na época, companhias aéreas do mundo inteiro se interessaram pelo projeto e
realizaram pedidos do projeto Concorde, que era franco-inglês. Segundo o site
Heritage Concorde, foram quase 100 opções de compra para 18 companhias
diferentes como American Airlines, Pan Am e United Air Lines.
No dia 21 de janeiro de 1976, o Concorde teve dois voos comerciais inaugurais ao
mesmo tempo. Um voo era da British Airways de Londres para o Bahrein e o outro
da Air France de Paris para o Rio de Janeiro, esses aviões decolaram no mesmo
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horário e eram sincronizados por rádio. Realizaram uma parada de abastecimento
em Dakar, no Senegal. Mesmo com a parada, a viagem entre Paris e Rio de Janeiro
era de apenas 6 horas, o que era a metade do tempo que os aviões convencionais
demoravam mesmo sem fazer paradas. Em 1982, os voos para o Rio foram extintos
devido às baixas ocupações dos aviões, que não chegavam nem a 50%, resultado
das passagens com custos altíssimos, mais de U $10 mil na época.
O Concorde permaneceu por 24 anos seguidos sem acidentes e atendia as cidades
de Nova York, Washington, Miami, Caracas, Ilha de Santa Maria, Dacar, Barém,
Singapura, Cidade do México e Rio de Janeiro. Ao longo de seus anos de
funcionamento visitou todos os continentes, exceto a Antártica. Em julho de 2000,
aconteceu um acidente fatal com um dos Concordes da Air France, onde o avião
caiu em um hotel pouco depois de decolar e matou 109 pessoas a bordo e outras 4
no solo.
A versão oficial aponta que o acidente foi causado por uma peça de um DC-10 da
Continental, que decolou poucos minutos antes e teria o mesmo destino do
Concorde, porém várias investigações independentes da época mostram que a
causa mais admissível foram erros cometidos desde a manutenção até às decisões
tomadas pela cabine de comando.
Após o acidente, as companhias aéreas Air France e British Airways finalizaram
seus voos com o Concorde, enquanto ainda havia investigação sobre o acidente e
suas causas. Com as considerações finais do inquérito, aconteceram algumas
modificações para aumentar a segurança do avião como novos pneus e reforço de
Kevlar para os tanques de combustível. Após esses acontecimentos o Concorde
voltou a voar.
Em abril de 2003, a Airbus, responsável pela manutenção do Concorde, informou
que seriam necessários 40 milhões de euros em manutenções para que o avião
pudesse seguir em atividade. Assim, em abril do mesmo ano, as duas companhias
aéreas Air France e British Airways anunciaram que não voariam mais com o
Concorde.
Depois do Concorde não houveram mais viagens supersônicas comerciais.
O Concorde tinha um rival, o Tupolev Tu-144, que era um avião supersônico
soviético. Durante a Guerra Fria, nos anos 60 e 70, as potências mundiais
observavam todos os passos das demais e tentavam conquistar com vantagem
qualquer nova tecnologia.
Depois de perceber que o projeto franco-inglês do avião supersônico estava
caminhando bem, o presidente soviético Khrushchev ordenou que a KGB (Comitê
de Segurança do Estado - principal organização de serviços secretos da União
Soviética) descobrisse tudo o que conseguisse sobre o Concorde. Em 1965, a
França prendeu Sergei Pavlov, que era um espião russo, por obter informações do
projeto Concorde. Poucos meses antes dos primeiros testes do Concorde, outro
espião soviético foi descoberto e preso também.
Desse modo, é tão visível a semelhança entre o Tupolev Tu-144 e o Concorde, que
o supersônico soviético foi apelidado de “Concordski”. A União Soviética conseguiu

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realizar seu primeiro voo teste antes do Concorde, já que obtinha informações
privilegiadas e de forma ilegal.
Em 1973 o Tupolev Tu-144 teve seu primeiro acidente fatal. Aconteceu em Paris em
um Show Aéreo, deixando 8 mortos e 25 feridos e ocasionando também, o fim da
fabricação do Tupolev Tu-144.

3. Conclusões
O projeto de ter aviões supersônicos para passageiros voltou a ser notícia nos
últimos anos. A Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) desenvolveu o projeto de
um novo avião supersônico que tem data para testes previstos para esse ano. Para
que esse projeto tenha êxito, foram feitas algumas modificações e assim os
mesmos erros e detrimentos não irão se repetir.
O novo projeto é chamado de X-59 QueSST (Quiet SuperSonic Technology -
tecnologia supersônica silenciosa), como o próprio nome já diz, o plano é que esse
avião ultrapasse a velocidade da barreira de som mas sem fazer o barulho enorme
igual aos seus antecessores. É esperado que o X-59 use, em voos comerciais, a
velocidade de cruzeiro até Mach 1,4 o que equivale a 1730 km/h.
Seu principal objetivo e benefício será reduzir o tempo das viagens em menos da
metade do tempo. É previsto que o tempo de viagem entre São Paulo e Nova Iorque
seja de pouco mais que 4 horas, o tempo gasto com aviões usados hoje é
equivalente a 10 horas.
O diferencial do novo projeto da Nasa em relação aos seus antecessores é gerar o
mínimo possível de poluição sonora e atmosférica. Tem também o objetivo de voar
a 17 mil metros de altura e produzir um som de apenas 66 decibéis (seria como
ouvir uma porta de carro fechando), seu antecessor, o Concorde, emitia sons de
110 decibéis e esse barulho poderia quebrar janelas e danificar estruturas.
Para diminuir a poluição sonora, foram desenvolvidas várias tecnologias pela Nasa
como o formato diferente que o X-59 terá, com um longo nariz, estreito e pontudo,
asas esticadas para trás e “mini asas”. Isso faz com que o arrasto do ar seja
reduzido e espalha as ondas sônicas de modo que fiquem mais suaves.
A eficiência energética e o cuidado ambiental são outros desafios que a Nasa
enfrenta com esse projeto. Aviões supersônicos podem queimar até sete vezes
mais combustível do que um avião convencional. De acordo com a Nasa, estão
sendo realizados testes com o consumo e as emissões do X-59, para que sejam
equivalentes aos de aeronaves comerciais.
O seu motor será único e como o dos caças, será posicionado na parte superior
para que o barulho seja desviado do solo.
Desse modo, o futuro da aviação pode ter muito sucesso com esse projeto e as
viagens de longas distâncias serão realizadas em maiores velocidades e em menor
tempo.

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4. Referências

ARAÚJO, Hércules. Tupolev Tu-144, o ‘Concordski’ e sua controvertida


história. 2021. Disponível em: <https://www.airway.com.br/tupolev-tu-144-o-
concordiski-e-sua-controvertida-historia/>. Acesso em: 14 de junho de 2021.

AVIÕES supersônicos comerciais podem voltar aos céus: entenda. globo.com,


2021. Disponível em:
<https://revistagalileu.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/08/avioes-supersonicos-
comerciais-podem-voltar-aos-ceus-entenda.html>. Acesso em: 14 de junho de 2021.

DUARTE, Marcella. Avião Supersônico da Nasa passa em testes; viagem SP-NY


pode durar 4 horas. 2019. Disponível em:
<https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2019/12/24/aviao-supersonico-da-nasa-
passa-em-testes-viagem-sp-ny-pode-durar-4-horas.htm>. Acesso em: 15 de junho
de 2021.

ESCOLA, Equipe Brasil. Bell X-1 o primeiro supersônico. Brasil Escola.


Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/guerras/bell-x1-primeiro-
supersonico.htm>. Acesso em: 11 de junho de 2021.

GOLDMEIER, João. Concorde: conheça a história do avião supersônico que


mudou a aviação. 2021. Disponível em:
<https://www.melhoresdestinos.com.br/concorde.html>. Acesso em: 14 de junho de
2021.

GOZALES, C; GOMES, J; BAPTISTA, O. A volta dos supersônicos. Aero


Magazine, 2015. Disponível em: <https://aeromagazine.uol.com.br/artigo/volta-dos-
supersonicos_2110.html>. Acesso em: 14 de junho de 2021.

SABÁN, Antonio. Passado, presente e futuro dos aviões supersônicos de


passageiros. Maio de 2016. Disponível em:
<https://br.blogthinkbig.com/2016/05/11/passado-presente-e-futuro-dos-avioes-
supersonicos-de-passageiros/>. Acesso em: 15 de junho de 2021.

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