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Gerenciamento da
Segurança
Operacional
Módulo - 1
A Evolução da
Prevenção de
Ocorrências na Aviação
CONTEÚDO DO MÓDULO
01 Introdução
02 História da Aviação
03
Filosofia e Estrutura do Sistema de Investigação
e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER)
06 Resumo
07 Referências Bibliográficas
Introdução
VAMOS INICIAR NOSSO CURSO PELO ESTUDO DO MÓDULO 1 – A
EVOLUÇÃO DA PREVENÇÃO DE OCORRÊNCIAS NA AVIAÇÃO, QUE TEM
COMO PRINCIPAL OBJETIVO DEMONSTRAR A ORIGEM DO SISTEMA DE
INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE ACIDENTES AERONÁUTICOS E A SUA
RELEVÂNCIA PARA A PREVENÇÃO DE OCORRÊNCIAS NA AVIAÇÃO.
Na idade antiga, a invenção da pipa pelos chineses O segundo voo humano de que se tem notícia foi
foi um importante marco dentro da história da realizado em Paris, em 1783. Jean-François
aviação. As pipas, um tipo rudimentar de planador, Pilâtre de Rozier e François Laurent d'Arlandes,
eram utilizadas como dispositivos de sinalização para fizeram um voo livre numa máquina: eles voaram
comunicação entre destacamentos militares. por oito quilômetros em um balão de ar quente
No ano de 852 - em Córdoba - o sábio Abbãs ibn inventado pelos irmãos Montgolfier, fabricantes
Firnãs laçou-se de uma torre usando uma grande tela de papel. O ar dentro da câmara de ar do
que amortecia a queda. No evento, sofreu apenas balão era aquecido por uma fogueira de
ferimentos leves, tendo sido assim considerado madeira e o curso a ser tomado por tal balão
também o inventor do paraquedas. era incontrolável, ou seja, voava aonde quer que
Contudo, foi em 875, quando conseguiu ficar no ar o vento o levasse. Esse balão, por ser pesado,
entre dois e dez minutos com um dispositivo que ele alcançou uma altura de apenas 26 metros.
mesmo inventou - uma asa delta primitiva feita de
madeira e seda que o ajudou na sua façanha
Os voos bem-sucedidos dos balões dos
histórica. Uma multidão atordoada cercou-o
Montgolfier fizeram com que o balonismo se
enquanto ele se lançava no ar. O voo acabou por ser
tornasse muito comum na Europa ao longo do
um sucesso pelo tempo em que ele permaneceu no ar
século XVIII. Balões permitiram o aprofundamento
sendo considerado o primeiro voo da história.
nos conhecimentos da relação entre altitude e a
Leonardo da Vinci foi a atmosfera.
primeira pessoa a se dedicar
seriamente a projetar uma
máquina capaz de voar
carregando um ser humano.
Tais máquinas eram
planadores e ornitópteros
(máquinas que usavam o
mesmo mecanismo usado
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Sede da ANAC em
Brasília.
Fonte: http://www.correiodobrasil.com.br/tags/anac/
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O Fator Humano compreende o homem sob o ponto de vista biológico em seus aspectos médico
e psicológico. O Fator Material engloba a aeronave e o complexo de engenharia aeronáutica.
O Fator Operacional compreende os aspectos que envolvem o homem no exercício da
atividade, incluindo os fenômenos naturais e a infraestrutura.
A busca pela segurança de voo deve ser considerada um verdadeiro sacerdócio por seus
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profissionais. Essa nobre missão deve ser fundamentada em valores éticos e regrada por
princípios rígidos. O bom desempenho dessa missão contribui para o desenvolvimento e o bem-
estar da sociedade, como preconizado pelo SIPAER.
ESTRUTURA DO SIPAER
MODELOS CAUSAIS
O ser humano não consegue pensar em alguma Dificuldades práticas surgem tanto na avaliação
coisa sem ter palavras ou concepções para dos reportes como durante a investigação de
descrever o seu pensamento. A tragédia, o fato acidentes e incluem: a determinação do escopo
inusitado, sobretudo a ocorrência de eventos nos do fenômeno a ser investigado, a identificação do
quais há a perda de vidas humanas, exige dado requerido, a documentação dos achados, a
normalmente explicações. Daí a necessidade de elaboração de recomendações e ainda a
modelos, estruturas de referência, que facilitem a preparação do relatório final da investigação.
compreensão de fenômenos anormais que Essas dificuldades refletem as diferenças nos
envolvam as tarefas manipuladas e gerenciadas objetivos dos processos investigativos, os quais, por
pelo homem. sua vez, refletem as diferentes percepções dos
fenômenos envolvidos no acidente.
Mas por que necessitamos de um modelo? A
vantagem de um modelo comum de referência é Modelos causais são, portanto, bastante
que a comunicação e o entendimento dos prestativos para apoio à prevenção e
fenômenos vinculados a tragédias (perdas de investigação de acidentes. Todavia, cabe
vidas, bens materiais e meio ambiente) tornam-se ressaltar que não existem modelos certos ou
mais eficientes. Modelos de acidentes funcionam errados. Cada operador ou autoridade
como estruturas que facilitam o entendimento do responsável pela investigação de um acidente
fenômeno acidente, guiando investigadores na deve avaliar o modelo que acha adequado dentro
persecução dos fatores causadores (ou fatores do seu contexto de operação, de acordo com a
contribuintes), a fim de viabilizar uma explicação política ou regulação adotada e nível de
de como, onde, quando e porque esse acidente complexidade de operação. Todavia, se por um
ocorreu. Segundo Hollnagel, as diferentes lado modelos causais de acidentes possuem uma
percepções dos fenômenos ligados aos acidentes aplicabilidade positiva, há também um fato que
são o que na terminologia dos dias atuais deve ser levado em conta: deve-se atentar para
chamamos de modelos causais de acidente que a utilização de um modelo não favoreça a
(HOLLNAGEL et al, 2006). Na opinião de Sidney fixação de um determinado ponto de vista que
Dekker, os modelos trazem um tipo de “ordem aos dificilmente será questionado depois que uma
escombros das falhas”, pois sugerem formas por estrutura de referência for estabelecida. Isso pode
meio das quais podem ser explicadas as relações levar à formulação de paradigmas equivocados
que ocorrem dentro do fenômeno do acidente. em relação aos fatores causais ou contribuintes de
(DEKKER, 2006). A necessidade de modelos um acidente.
causais de acidentes tem sido reconhecida por
muitos anos, tal como aponta Benner (1978, apud Na sequência serão abordados três dos principais
HOLLNAGEL et al, 2006). modelos causais de acidentes:
O modelo de sequência de eventos (sequence-
of-event models);
O modelo epidemiológico (epidemiological
model); e
O modelo sistêmico (sytemic model).
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MODELO SEQUENCIAL
foi elaborada por Helmut Hienrich. Alguns autores sustentam que teria pergunta: "Acidentes possuem uma única causa ou
sido em 1931; outros na década de 1940.
MODELO EPIDEMIOLÓGICO
Os modelos epidemiológicos descrevem Reason enfatiza o conceito de segurança
acidentes em analogia com a evolução de uma organizacional e discorre sobre como as defesas
doença. Daí a referência a patogenias para constituídas num sistema podem falhar. A
explicar a trajetória do acidente na dinâmica de principal abordagem versa sobre a falha de
sua representação. Esse tipo de modelo operadores na ponta da linha (pessoas que
considera a presença de condições latentes, tal interagem diretamente com perigos - sharp end.
como microrganismos invisíveis, que se
manifestam em consequência de falhas ativas Modelo Atual do Queijo Suíço
cometidas por operadores durante a execução
de uma tarefa. Essas condições latentes
encontram-se presentes na organização ou no
ambiente antes da ocorrência de um fator(es)
que desencadeia o acidente e normalmente
envolve decisões gerencias e procedimentos
operacionais.
fatias de queijo) devem estar alinhados para que acidentes. E por fim, as condições latentes,
um evento adverso possa ocorrer, segundo uma como condições dormentes e presentes no
trajetória de oportunidade. sistema antes do acidente.
MODELO SISTÊMICO
No contexto da prevenção de acidentes, um Por fim, verificamos que não existe um modelo
fator primordial é ter em mente o conceito de ideal que sirva a todos os casos indistintamente.
acidente, ou seja, o que nós consideramos a A decisão de utilizar um determinado modelo
partir de sua conceituação. Pode parecer um cabe ao responsável pela investigação. É
simples ponto de partida, porém é a partir de importante, contudo, identificar que tipos de
sua definição que demarcamos as limitações cada modelo apresenta em função
características que determinam fatores da complexidade do sistema investigado.
marcantes no seu estudo: inevitabilidadede de
ocorrências, a determinação de níveis A seguir, vamos conhecer com mais detalhes os
aceitáveis de segurança (acidentes abordados principais órgãos envolvidos com a segurança
como uma realidade correta e não abstrata), a de voo no Brasil.
Certificação
A certificação tem como objetivo atestar o grau de
A Lei nº 11.182, de 27 de setembro de 2005 - Lei de
confiança e o atendimento a requisitos estabelecidos
Criação da Agência Nacional de Aviação Civil
em regulamentos internacionais de aviação. A ANAC
(ANAC) estabelece que cabe à Agência regular e
certifica aviões e helicópteros e seus componentes,
fiscalizar as atividades de aviação civil e da
oficinas de manutenção, empresas aéreas, escolas e
infraestrutura aeronáutica e aeroportuária,
profissionais de aviação do país.
observadas as orientações, políticas e diretrizes do
Governo federal.
Fiscalização
Dentre as suas principais competências destacam-se: Para fiscalizar o funcionamento da aviação civil no
país e assegurar níveis aceitáveis de segurança e de
Representar o Brasil junto a organismos qualidade na prestação dos serviços aos passageiros,
internacionais de aviação e negociar acordos e a ANAC realiza atividades de vigilância continuada e
tratados sobre transporte aéreo internacional. ações fiscais. Na vigilância continuada, o
Emitir regras sobre segurança em área acompanhamento sobre o desempenho de produtos,
aeroportuária e a bordo de aeronaves civis. empresas, operações, processos e serviços e dos
Conceder, permitir ou autorizar a exploração de profissionais certificados se dá de forma planejada e
serviços aéreos e de infraestrutura aeroportuária. constante. Nas ações fiscais, o foco da Agência é
Estabelecer o regime tarifário da exploração da identificar e prevenir infrações aos regulamentos do
infraestrutura aeroportuária. setor e, em parceria com outros órgãos, a prática de
Administrar o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB). atos ilegais.
Homologar, registrar e cadastrar os aeródromos.
Emitir certificados de aeronavegabilidade Autorizações e Concessões
atestando aeronaves, produtos e processos Para atuar, companhias aéreas, empresas de táxi-
aeronáuticos e oficinas de manutenção.
aéreo ou de serviços especializados, escolas, oficinas,
Fiscalizar serviços aéreos e aeronaves civis.
profissionais da aviação civil e operadores de
Certificar licenças e habilitações dos profissionais
aeródromos e aeroportos precisam ser autorizados
de aviação civil.
pela ANAC. De acordo com a complexidade para o
Autorizar, regular e fiscalizar atividades de
desempenho de cada atividade, a Agência emite
aeroclubes e escolas e cursos de aviação civil.
autorizações, permissões, outorgas e concessões a
Reprimir infrações às normas do setor, inclusive
esses entes regulados. O descumprimento de regras e
quanto aos direitos dos usuários, aplicando as
requisitos pode levar a Agência a suspender ou a
sanções cabíveis.
cassar as autorizações concedidas.
A ANAC atua para promover a segurança da aviação
Profissionais da Aviação Civil
civil e para estimular a concorrência e a melhoria da
prestação dos serviços no setor. O trabalho da Diversas categorias de profissionais podem ser
Agência consiste em elaborar normas, certificar necessárias para que o transporte aéreo aconteça.
empresas, oficinas, escolas, profissionais da aviação Pilotos, comissários de bordo, despachantes
civil, aeródromos e aeroportos e fiscalizar as operacionais de voo, mecânicos de manutenção,
operações de aeronaves, de empresas aéreas, de agentes de proteção à aviação civil e bombeiros de
aeroportos e de profissionais do setor e de aeródromos são alguns exemplos. Cabe à ANAC emitir
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aeroportos, com foco na segurança e na qualidade licenças e certificados de habilitações técnicas para
do transporte aéreo. que esses profissionais possam atuar na aviação civil.
DEPARTAMENTO DE CONTROLE DO ESPAÇO
AÉREO (DECEA)
Presidência;
Secretaria;
Entidades-Membros;
Sessão Plenária; e
Comissões.
O objetivo do CNPAA foi atualizado com a publicação do Decreto n° 9.540, de 25 de outubro de 2018.
Atualmente, conforme disposto do Art. 7° do referido Decreto, sua finalidade é "elaborar estudos, em
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* Para maiores informações sobre o Comitê, consulte seu Regimento Interno, disponível no sítio eletrônico do CENIPA, aba CNPAA.
Resumo
Neste módulo, falamos um pouco sobre o Agora que já sabemos como a prevenção de
histórico e a evolução da prevenção de acidentes e a Filosofia SIPAER ganharam espaço
ocorrências na aviação. Vimos como ocorreu o no contexto da aviação, falaremos no próximo
primeiro acidente aéreo e como surgiu a módulo do nosso curso sobre os Fundamentos
primeira recomendação de segurança da da Segurança Operacional.
história.
DESIGN DE UI/UX
Assim como a maioria das publicações
impressas, o segredo para criar um
livreto impactante está na curadoria. A
consistência da marca é importante
para as empresas, mas um bom design
também se aplica a livretos pessoais ou
de eventos. Certifique-se de ter
informações claras e precisas em cada
página. Escolha fotos, fontes e imagens
atraentes. Escolha cores que combinem
com seu estilo. Você precisa se
comunicar bem com seu público, então,
tenha-o sempre em mente ao criar
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Referências Bibliográficas
BRASIL. ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). PSOE-ANAC – Programa de Segurança Operacional Específico da Agência
Nacional de Aviação Civil. Brasília: ANAC, 2015. Disponível online em:
http://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/planos-e-programas/psoe-anac/@@display-
file/arquivo_norma/PSOE-ANAC.pdf
BRASIL. CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) – Estrutura e Legislação da Aviação Civil
Brasileira. Apostila do Curso CISAC, 2021.
BRASIL. CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) – Sistema de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos – SIPAER. Apostila do Curso CI-SIPAER, 2014.
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Segurança Operacional – MCA 63-19, 2017.
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ICAO (International Civil Aviation Organization). Annex 19 to the Convention on International Civil Aviation: Safety
Management. 2nd ed. ICAO, 2016.
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HOLLNAGEL, E.; WOODS, D.; LEVESON, N. Resilience Engineering – Concepts and Precepts. Burlington: Ashgate, 2006.
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Approach to Safety in Complex Systems. Massachusetts Institute of Technology – MIT, 2004.
DEKKER, S. The field guide to understand human error. Burlington: Ashgate, 2006.
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CURSO BÁSICO DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL