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Curso Básico de

Gerenciamento da
Segurança
Operacional

Módulo - 1

A Evolução da
Prevenção de
Ocorrências na Aviação
CONTEÚDO DO MÓDULO
01 Introdução

02 História da Aviação

03
Filosofia e Estrutura do Sistema de Investigação
e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER)

04 Prevenção de Acidentes e Modelos Causais

05 Segurança de Voo no Brasil

06 Resumo

07 Referências Bibliográficas
Introdução
VAMOS INICIAR NOSSO CURSO PELO ESTUDO DO MÓDULO 1 – A
EVOLUÇÃO DA PREVENÇÃO DE OCORRÊNCIAS NA AVIAÇÃO, QUE TEM
COMO PRINCIPAL OBJETIVO DEMONSTRAR A ORIGEM DO SISTEMA DE
INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE ACIDENTES AERONÁUTICOS E A SUA
RELEVÂNCIA PARA A PREVENÇÃO DE OCORRÊNCIAS NA AVIAÇÃO.

A aviação civil mundial muito se expandiu


nos últimos anos, embora tenha enfrentado
momentos de crise, tem impulsionado por
décadas o desenvolvimento econômico e
social de diversos países e regiões ao redor
do mundo. Além disso, tem apresentado
números expressivos com forte tendência
de crescimento o que impacta diretamente
nas economias dos países do globo.

Contudo, esta evolução trouxe consigo a


necessidade de que as nações e regiões,
bem como a indústria, respondessem de
forma proativa aos atuais perigos à
segurança operacional, advindos desse
crescimento, através do desenvolvimento de
regulação estratégica e de infraestrutura, de
forma a orientar e garantir a expansão,
mantendo-se o equilíbrio entre o
gerenciamento financeiro e o gerenciamento
da segurança operacional.

Cabe salientar que este material foi


desenvolvido para uso didático. O seu
conteúdo é baseado nas normas e
publicações em vigor e não deve ser
entendido como um substituto dessas.
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História da
Aviação
OS PRIMEIROS VOOS CONHECIDOS
A história da aviação remonta a tempos pré-
históricos. O desejo de voar está presente na
humanidade provavelmente desde o dia em que o
homem passou a observar o voo dos pássaros. Deuses
alados estão presentes em diversas culturas da
antiguidade e são muito representados nas mitologias.
Na cultura grega, por exemplo, temos o mito de
Dédalo, onde encontramos o relato do primeiro
acidente aeronáutico (Ícaro teria se aproximado
imprudentemente do sol que derreteu a cera de suas
suas asas danificando-as e
provocou sua queda) e da
primeira recomendação de
segurança (não se No período contemporâneo é onde temos os
aproximar do sol para maiores avanços da aviação. Bartolomeu de
evitar o derretimento da Gusmão, um luso-brasileiro, realizou o primeiro voo
cera das suas asas). bem-sucedido de um balão de ar quente.

Na idade antiga, a invenção da pipa pelos chineses O segundo voo humano de que se tem notícia foi
foi um importante marco dentro da história da realizado em Paris, em 1783. Jean-François
aviação. As pipas, um tipo rudimentar de planador, Pilâtre de Rozier e François Laurent d'Arlandes,
eram utilizadas como dispositivos de sinalização para fizeram um voo livre numa máquina: eles voaram
comunicação entre destacamentos militares. por oito quilômetros em um balão de ar quente
No ano de 852 - em Córdoba - o sábio Abbãs ibn inventado pelos irmãos Montgolfier, fabricantes
Firnãs laçou-se de uma torre usando uma grande tela de papel. O ar dentro da câmara de ar do
que amortecia a queda. No evento, sofreu apenas balão era aquecido por uma fogueira de
ferimentos leves, tendo sido assim considerado madeira e o curso a ser tomado por tal balão
também o inventor do paraquedas. era incontrolável, ou seja, voava aonde quer que
Contudo, foi em 875, quando conseguiu ficar no ar o vento o levasse. Esse balão, por ser pesado,
entre dois e dez minutos com um dispositivo que ele alcançou uma altura de apenas 26 metros.
mesmo inventou - uma asa delta primitiva feita de
madeira e seda que o ajudou na sua façanha
Os voos bem-sucedidos dos balões dos
histórica. Uma multidão atordoada cercou-o
Montgolfier fizeram com que o balonismo se
enquanto ele se lançava no ar. O voo acabou por ser
tornasse muito comum na Europa ao longo do
um sucesso pelo tempo em que ele permaneceu no ar
século XVIII. Balões permitiram o aprofundamento
sendo considerado o primeiro voo da história.
nos conhecimentos da relação entre altitude e a
Leonardo da Vinci foi a atmosfera.
primeira pessoa a se dedicar
seriamente a projetar uma
máquina capaz de voar
carregando um ser humano.
Tais máquinas eram
planadores e ornitópteros
(máquinas que usavam o
mesmo mecanismo usado
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por pássaros para voar, por


meio do movimento constante
das asas para cima e para
baixo).
HISTÓRIA DA AVIAÇÃO - O PRIMEIRO
ACIDENTE AÉREO
Outros inventores passaram a substituir o ar Santos Dumont, após o 14-Bis, inventaria o
quente por hidrogênio que é um gás mais primeiro ultraleve, o Demoiselle, a última
leve do que o ar, contudo mais perigoso, pois aeronave desenvolvida por ele. Ele ainda
tal gás explode com facilidade. Em 1852, o realizaria importantes avanços na
dirigível foi inventado, máquina mais leve do controlabilidade de aviões, como o uso efetivo
que o ar com a diferença que, ao contrário de ailerons em suas aeronaves.
do balão, seu curso poder ser controlado O primeiro acidente aéreo registrado no
através do uso de lemes e de motores. Seu Brasil, ocorreu no dia 20 de maio de 1908, com
primeiro voo aconteceu ainda no mesmo ano. o Tenente de Cavalaria Juventino Fernandes
Voou 24 Km, na França, usando um motor a da Fonseca, em uma apresentação às
vapor. Ao longo do fim do século XIX e nas autoridades brasileiras na praça em frente à
primeiras décadas do século XX, o dirigível Escola de Artilharia e Engenharia no Realengo.
foi uma opção séria e confiável de O balão era cativo com um cabo de 200
transporte. metros que o prendia ao solo. Durante o
exercício, devido ao vento, antes de atingir a
altura prevista o cabo de retenção partiu-se
dando início a uma rápida ascensão do balão
até cerca de 1.000 metros em direção a Serra
do Barata. Repentinamente o balão murchou
iniciando uma vertiginosa descida, tendo, na
queda, falecido o aeronauta.

Em 23 de outubro de 1906, Alberto Santos


Dumont, realizou um voo público em Paris, em
seu famoso avião 14-BIS, onde percorreu uma
distância de 221 metros. O 14-BIS, ao contrário
do Flyer dos irmãos Wright, não precisava de
trilhos ou catapultas para alçar voo, bem como
teve muita cobertura da imprensa, de
avaliadores e de cronometristas do Aeroclube
da França, e é por isso que este voo é
considerado por vários especialistas como o
primeiro voo bem-sucedido de um avião.

A investigação apontou para uma falha da


válvula de ar como tendo sido a causa do
acidente, não considerando nada mais, além
disso, como contribuição daquela ocorrência.

Com a criação da aviação militar, na década


de 1920, as atividades de segurança de voo
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foram organizadas sendo voltadas,


inicialmente, mais para a investigação do que
para a prevenção de acidentes.
HISTÓRIA DA AVIAÇÃO - OS RESPONSÁVEIS PELA
PREVENÇÃO DE ACIDENTES NO BRASIL
Os primeiros voos de aviões foram realizados Em 1941 foi criado o Ministério da Aeronáutica
no Brasil em 1910. Inicialmente, a investigação e, posteriormente, o Inquérito Técnico Sumário
dos acidentes era conduzida por meio de para a investigação dos acidentes
inquéritos: aeronáuticos.
No Exército Brasileiro pelos Inquéritos
Policiais Militares (IPM); e No dia 5 de abril de 1948 foi criado o Serviço
Na Marinha do Brasil, pelos Inquéritos de de Investigação, sendo padronizado um
Acidente Aeronáutico (IAA). procedimento para a investigação dos
acidentes aeronáuticos. Três anos mais tarde,
Desse modo, Exército e Marinha buscavam ocorreu a criação da sigla SIPAER para
tanto a causa que deu origem ao acidente identificar o Serviço de Investigação e
quanto as responsabilidades por tais Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, quando
ocorrências. foi desenvolvido o primeiro Programa de
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos para a
aviação brasileira.

Em 1965, o Decreto nº 57.055, estabeleceu que


o principal objetivo das investigações de
acidentes seria a prevenção de novos casos,
não mais a apuração de culpa ou
responsabilidades. Essa decisão, que alterou a
estrutura do SIPAER, teve especial significado
na história da segurança de voo no Brasil.

No ano seguinte, os fatores humano, material e


operacional passaram a ser considerados na
estrutura causal dos acidentes aeronáuticos. No
mesmo ano, o Relatório de Investigação de
Acidente Aeronáutico e o Relatório Final
passaram a ser elaborados.

Em 1971 foi criado o Centro de Investigação e


Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA)
com atribuições de órgão central do SIPAER,
que passou a se estruturar como um Sistema em
vez de um Serviço. Com a criação do CENIPA,
além dos elos executivos do Sistema, que
compunham a estrutura regimental do
Ministério da Aeronáutica, foram incorporados
os órgãos externos ao Ministério que, pela
natureza de suas atividades, pudessem se
envolver com os programas ou com as
atividades relacionadas com a prevenção e a
investigação de acidentes aeronáuticos.
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Em 2005 foi criada a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), uma das agências
reguladoras federais do País, responsável por regular e fiscalizar as atividades de aviação
civil e a infraestrutura aeronáutica e aeroportuária no Brasil. A ANAC começou a atuar em
2006 substituindo o antigo Departamento de Aviação Civil (DAC). Trata-se de uma
autarquia federal de regime especial, vinculada à Secretaria de Aviação Civil da
Presidência da República. As ações da ANAC se enquadram nas atividades de certificação,
fiscalização, normatização e representação institucional. Até então, o CENIPA e os SERACs
- Serviços Regionais de Aviação Civil eram os responsáveis por grande parte das iniciativas
voltadas para a prevenção de acidentes aeronáuticos na aviação civil. Ainda neste módulo
falaremos mais a respeito das atribuições da ANAC e do CENIPA no contexto da aviação.

Sede da ANAC em
Brasília.

Fonte: http://www.correiodobrasil.com.br/tags/anac/

Em janeiro de 2007 foram criados os SERIPAs - Serviços Regional de Investigação e


Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, sete órgãos regionais subordinados ao CENIPA. No
mesmo ano foi inaugurado, nas instalações do CENIPA, o primeiro Laboratório de Leitura de
Análise de Dados de Gravadores de Voo (LABDATA) da América Latina.

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Vista aérea do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA).


Filosofia e Estrutura do
Sistema de Investigação e
Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (SIPAER)
FILOSOFIA SIPAER E A SEGURANÇA DE VOO
A segurança de voo, termo traduzido do inglês "Flight Safety", é o objetivo maior de todo o
trabalho desenvolvido pelo CENIPA e condição desejada por toda a indústria aeronáutica. O
conhecimento adquirido com organizações de segurança de voo de outros países, aliado à
experiência acumulada ao longo dos anos, resultou no aperfeiçoamento da doutrina de
segurança de voo no Brasil e no estabelecimento das bases de pesquisa nesse campo: o trinômio
“o Homem, o Meio e a Máquina", pilar da moderna filosofia SIPAER. Assim, as investigações de
acidentes aeronáuticos passaram a ser concentradas nos aspectos básicos, identificados e
relacionados com a atividade aeronáutica, agrupados nos fatores Humano, Material e
Operacional.

O Fator Humano compreende o homem sob o ponto de vista biológico em seus aspectos médico
e psicológico. O Fator Material engloba a aeronave e o complexo de engenharia aeronáutica.
O Fator Operacional compreende os aspectos que envolvem o homem no exercício da
atividade, incluindo os fenômenos naturais e a infraestrutura.

Para realizar sua missão, o CENIPA desenvolve anualmente atividades educacionais,


operacionais e regulamentares. Além disso, como órgão central do SIPAER, tem como atribuições
a supervisão, o planejamento, o controle e a coordenação de atividades de investigação e
prevenção de acidentes aeronáuticos.

Segundo a Filosofia SIPAER, no ambiente empresarial, a segurança de voo deve ser


compreendida como um investimento. Sua adoção leva à economia e, portanto, ao incremento
do lucro, e não à geração de custos adicionais. No ambiente militar, a segurança de voo deve
ser vista como um instrumento para a manutenção da capacidade operacional, por meio da
preservação de recursos humanos e materiais. Deste modo, deve se constituir como um objetivo
permanente da administração.

A busca pela segurança de voo deve ser considerada um verdadeiro sacerdócio por seus
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profissionais. Essa nobre missão deve ser fundamentada em valores éticos e regrada por
princípios rígidos. O bom desempenho dessa missão contribui para o desenvolvimento e o bem-
estar da sociedade, como preconizado pelo SIPAER.
ESTRUTURA DO SIPAER

A história da aviação é repleta de nomes de Compõem o SIPAER:


brasileiros que, com suas genialidades e
pioneirismos, se destacaram no desenvolvimento • O Centro de Investigação e Prevenção de
de equipamentos aeronáuticos, de novas Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) e as unidades
técnicas de navegação aérea, ou, mesmo, por a ele subordinadas;
grandes feitos, marcados sempre pela • Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC);
inquestionável bravura. Não poderia ser, • O Departamento de Controle do Espaço
portanto, muito diferente, a história do Aéreo (DECEA);
desenvolvimento dos conceitos de segurança de • A Assessoria de Segurança Operacional do
voo no Brasil. Controle do Espaço Aéreo (ASOCEA);
• As organizações militares e civis, públicas e
Muito do aprendizado inicial se deu através de privadas que operam aeronaves; prestadoras
um lento e penoso processo empírico de de serviços de manutenção de aeronaves,
tentativa e erro, que levou a um grande número motores e componentes aeronáuticos;
de acidentes e à perda de muitas vidas. provedoras de serviços de navegação aérea;
operadoras de aeródromo; e organizações de
Desta forma, a investigação de acidentes, projeto e de produção de produtos
embora não necessariamente focada na busca aeronáuticos.
das falhas que os provocaram, foi de • O Comitê Nacional de Prevenção de
fundamental importância para a evolução deste Acidentes Aeronáuticos e os órgãos e as
que se pode hoje dizer, um dos mais seguros entidades que o integram; e
modais de transporte existentes. • As pessoas, físicas ou jurídicas, envolvidas com
a fabricação, a manutenção, a operação e a
Com a criação do CENIPA, além dos “elos circulação de aeronaves e com as atividades de
executivos” do Sistema, que compunham a apoio da infraestrutura aeronáutica.
estrutura regimental do Ministério da
Aeronáutica, foram incorporados os órgãos Os órgãos, as entidades, as organizações e as
externos ao Ministério que, pela natureza de pessoas que integram o sistema são
suas atividades, pudessem se envolver com os denominados Elos-SIPAER.
programas ou com as atividades relacionadas
com a prevenção e a investigação de acidentes
aeronáuticos.

Nessa época, por meio do SIPAER, o Brasil


sugeriu à OACI, em coerência com o conceito
que já empregava desde 1965, a substituição do
termo “inquérito” por “investigação”, para
identificar o processo investigativo que teria
objetivos exclusivamente voltados para a
prevenção de acidentes, evitando a sua
associação a processos judiciais ou policiais. É finalidade do SIPAER planejar, orientar,
coordenar, controlar e executar as atividades
Dessa forma, no Brasil, o SIPAER é um conjunto de investigação e prevenção de acidentes
de órgãos e elementos relacionados entre si por aeronáuticos.
finalidade específica, ou por interesse de
coordenação, orientação técnica e normativa, No próximo tópico, vamos falar mais um pouco
não implicando em subordinação hierárquica. sobre a prevenção de acidentes, explicando
Portanto, não há subordinação hierárquica entre sobre os principais modelos causais que auxiliam
os órgãos que integram o Sistema. nas investigações.
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Prevenção de
Acidentes e
Modelos Causais

MODELOS CAUSAIS
O ser humano não consegue pensar em alguma Dificuldades práticas surgem tanto na avaliação
coisa sem ter palavras ou concepções para dos reportes como durante a investigação de
descrever o seu pensamento. A tragédia, o fato acidentes e incluem: a determinação do escopo
inusitado, sobretudo a ocorrência de eventos nos do fenômeno a ser investigado, a identificação do
quais há a perda de vidas humanas, exige dado requerido, a documentação dos achados, a
normalmente explicações. Daí a necessidade de elaboração de recomendações e ainda a
modelos, estruturas de referência, que facilitem a preparação do relatório final da investigação.
compreensão de fenômenos anormais que Essas dificuldades refletem as diferenças nos
envolvam as tarefas manipuladas e gerenciadas objetivos dos processos investigativos, os quais, por
pelo homem. sua vez, refletem as diferentes percepções dos
fenômenos envolvidos no acidente.
Mas por que necessitamos de um modelo? A
vantagem de um modelo comum de referência é Modelos causais são, portanto, bastante
que a comunicação e o entendimento dos prestativos para apoio à prevenção e
fenômenos vinculados a tragédias (perdas de investigação de acidentes. Todavia, cabe
vidas, bens materiais e meio ambiente) tornam-se ressaltar que não existem modelos certos ou
mais eficientes. Modelos de acidentes funcionam errados. Cada operador ou autoridade
como estruturas que facilitam o entendimento do responsável pela investigação de um acidente
fenômeno acidente, guiando investigadores na deve avaliar o modelo que acha adequado dentro
persecução dos fatores causadores (ou fatores do seu contexto de operação, de acordo com a
contribuintes), a fim de viabilizar uma explicação política ou regulação adotada e nível de
de como, onde, quando e porque esse acidente complexidade de operação. Todavia, se por um
ocorreu. Segundo Hollnagel, as diferentes lado modelos causais de acidentes possuem uma
percepções dos fenômenos ligados aos acidentes aplicabilidade positiva, há também um fato que
são o que na terminologia dos dias atuais deve ser levado em conta: deve-se atentar para
chamamos de modelos causais de acidente que a utilização de um modelo não favoreça a
(HOLLNAGEL et al, 2006). Na opinião de Sidney fixação de um determinado ponto de vista que
Dekker, os modelos trazem um tipo de “ordem aos dificilmente será questionado depois que uma
escombros das falhas”, pois sugerem formas por estrutura de referência for estabelecida. Isso pode
meio das quais podem ser explicadas as relações levar à formulação de paradigmas equivocados
que ocorrem dentro do fenômeno do acidente. em relação aos fatores causais ou contribuintes de
(DEKKER, 2006). A necessidade de modelos um acidente.
causais de acidentes tem sido reconhecida por
muitos anos, tal como aponta Benner (1978, apud Na sequência serão abordados três dos principais
HOLLNAGEL et al, 2006). modelos causais de acidentes:
O modelo de sequência de eventos (sequence-
of-event models);
O modelo epidemiológico (epidemiological
model); e
O modelo sistêmico (sytemic model).
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MODELO SEQUENCIAL

No modelo de sequência de eventos os acidentes O arquétipo de um modelo linear simples é do


são interpretados como o resultado de uma próprio elaborador da Teoria dos Dominós, de
cadeia de eventos que conduzem a uma falha. Um Helmut Heinrich (década de 1940), porém
evento causa outro e daí em diante, até que ressalte-se que muitos modelos adaptados
alguns componentes ou partes envolvidas surgiram depois desse período. Na Figura 1 pode
produzam a quebra do sistema, o acidente. Esse ser vista a representação da Teoria dos Dominós.
modelo também é chamado de Modelo de
Dominó ou ainda Modelo Linear de Acidente. Um Este modelo de acidente linear é de grande
dos primeiros modelos causais de acidentes é importância, pois serviu como base para o
aquele abordado na Teoria do Dominó, proposta desenvolvimento de modelos de análise de falhas
por Helmut Heinrich na década de 1940[1]. e de acidentes, tais como Failure Modes and
Effects Analysis - FMEA (Análise de Modos de
O principal axioma deste modelo é que um Falhas e Efeitos), Fault Tree Analysis – FTA (Análise
acidente pode ocorrer quando o sistema se de Árvore de Falhas), Event Tree Analysis (Análise
encontra aparentemente em operação normal, de Eventos em Árvores) e Cause-Consequence
até que inesperadamente um evento ocorra e Analysis (Análise de Causa-Consequência), dentre
conduza a uma série de resultados, sendo o último outros. Ressalte-se que esses modelos funcionam
deles o acidente. O resultado produzido, danos bem para perdas causadas por falhas de
materiais e pessoais, é invariavelmente causado componentes físicos ou erros humanos em sistemas
ou provocado diretamente por um ato inseguro relativamente simples. No entanto, eles são
(unsafe act) ou ainda por uma pessoa e/ou perigo limitados para explicar a causa de acidente de
físico ou mecânico. Esses fatores são considerados sistemas mais complexos, ocorridos sobretudo a
uma perturbação que ocorre num sistema estável. partir da metade do século 20. (HOLLNAGEL,
2004).
Um fator importante a se considerar é que neste
modelo de acidente, o dominó que cai e inicia ou De acordo com a Teoria do Dominó, há cinco
causa o desencadeamento de uma sequência de fatores predominantes na sequência de um
eventos, que leva a um resultado não esperado, acidente:
equivale à causa raiz (root cause) do acidente.
Assim, o modo seguro de operação do sistema Fatores socioambientais (vinculados às
pode ser alcançado por meio da interrupção da condições que nos fazem tomar decisões ou
sequência linear, por meio da remoção desse tolerar riscos);
dominó ou pelo seu espaçamento em relação aos A falha cometida pelo ser humano;
demais. (HOLLNAGEL et al, 2006). Os atos inseguros (unsafe acts) ou condições
inseguras, tais como planejamento e
Modelo Simples de Acidente Linear (Teoria dos Dominós) equipamento inadequados e ainda ambientes
com perigos;
O acidente; e.
O dano ou lesão causados.

Esses cinco fatores estão dispostos de um modo


que a queda de um (a causa raiz do acidente)
provoca a queda de outros dispostos
sequencialmente. Isso mostra que cada fator leva
ao próximo, tendo o acidente como resultado
final. Nessa teoria, o acidente é o resultado de
Fonte: adaptado de Perrow 1984 (Heinrich, 1941). uma única causa, e se essa única causa pode ser

identificada e removida, um acidente similar não
[1] Uma nota: há divergência do ano exato em que a Teoria do Dominó
mais acontecerá doravante. Mas aí fica a
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foi elaborada por Helmut Hienrich. Alguns autores sustentam que teria pergunta: "Acidentes possuem uma única causa ou
sido em 1931; outros na década de 1940.

diversas causas ou fatores contribuintes?" O


resultado das investigações respondem a essa
questão.

MODELO EPIDEMIOLÓGICO
Os modelos epidemiológicos descrevem Reason enfatiza o conceito de segurança
acidentes em analogia com a evolução de uma organizacional e discorre sobre como as defesas
doença. Daí a referência a patogenias para constituídas num sistema podem falhar. A
explicar a trajetória do acidente na dinâmica de principal abordagem versa sobre a falha de
sua representação. Esse tipo de modelo operadores na ponta da linha (pessoas que
considera a presença de condições latentes, tal interagem diretamente com perigos - sharp end.
como microrganismos invisíveis, que se
manifestam em consequência de falhas ativas Modelo Atual do Queijo Suíço
cometidas por operadores durante a execução
de uma tarefa. Essas condições latentes
encontram-se presentes na organização ou no
ambiente antes da ocorrência de um fator(es)
que desencadeia o acidente e normalmente
envolve decisões gerencias e procedimentos
operacionais.

O termo "Modelo de Acidente Epidemiológico"


foi cunhado ainda na década de 1960, quando
Suchman propôs que o fenômeno acidente
deveria ser definido como um "inesperado, não
intencional e inevitável ato que resulta da
interação de um hospedeiro, um agente e fatores Fonte: adaptado de EUROCONTROL (2003).
ambientais, num contexto de situações que
envolvem a assunção de risco e percepção de Trajetória de Oportunidade de um Acidente
perigo", conforme representado na Fig. 2.
(HOLLNAGEL 2004, apud SUCHMAN, 1961:
quoted in HEINRICH et al, 1980, p.50).

Modelo Epidemiológico Genérico

Fonte: adaptado de EUROCONTROL (2003).

Os modelos epidemiológicos diferem


essencialmente dos modelos sequenciais em
Fonte: adaptado de Hollnagel (2004). quatro pontos: desvios no desempenho humano,
condições do meio ambiente, as barreiras e a
O Modelo Epidemiológico mais conhecido, que presença de condições latentes. (HOLLNAGEL,
serviu de base para o desenvolvimento de outros, 2004). Os desvios dizem respeito ao
é o do Professor James Reason, publicado desempenho humano e envolvem os erros
originalmente na obra Human Error (1990). Nessa humanos e violações (aceitáveis). O meio
obra, J. Reason desenvolveu um modelo baseado ambiente açambarca todas as condições
na metáfora de queijo suíço, o qual sugere que presentes relativas à ergonomia. As barreiras,
múltiplos fatores contribuintes (os buracos nas como recursos de proteção para prevenção de
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fatias de queijo) devem estar alinhados para que acidentes. E por fim, as condições latentes,
um evento adverso possa ocorrer, segundo uma como condições dormentes e presentes no
trajetória de oportunidade. sistema antes do acidente.
MODELO SISTÊMICO

Os modelos sistêmicos têm suas raízes na Teoria


finalidade e essência das medidas protetivas
do Controle, na Teoria do Caos e mais
(atividades de prevenção de acidentes) e a
recentemente na Teoria de Ressonância
possibilidade de seu estudo por meio de
Estocástica, com modelagens matemáticas
modelos causais.
complexas. Sua ideia base é a de que para
alguns sistemas, pequenas diferenças nas
Acidentes ocorrem de diversas formas, em
condições iniciais de operação produzem
diversos sistemas, sejam simples, sejam
alterações significativas no fenômeno final (o
complexos. Assim, conclui-se que é inadequado
acidente).
crer que um modelo ou tipo de abordagem
A principal característica (para alguns autores possa ter uma aplicação universal na busca
vantagem) de modelos sistêmicos é a ênfase no pelas suas explicações. Alguns acidentes são
fato que a análise de acidentes precisa ser extremamente simples e admitem uma
baseada no entendimento de características investigação célere, uma explicação simples e
funcionais, em predominância sobre condições um modelo linear simples. Outros, entretanto,
assumidas ou hipótese sobre mecanismos requerem o uso de modelos mais sofisticados
internos providos por representações para que possam tornar mais efetivas as ações
padronizados tais como árvores de falhas, de prevenção, viabilizando o incremento da
procedimentos padrão de operação, dentre segurança por meio da construção de novas
outros (Hollnagel, 2004). barreiras.

No contexto da prevenção de acidentes, um Por fim, verificamos que não existe um modelo
fator primordial é ter em mente o conceito de ideal que sirva a todos os casos indistintamente.
acidente, ou seja, o que nós consideramos a A decisão de utilizar um determinado modelo
partir de sua conceituação. Pode parecer um cabe ao responsável pela investigação. É
simples ponto de partida, porém é a partir de importante, contudo, identificar que tipos de
sua definição que demarcamos as limitações cada modelo apresenta em função
características que determinam fatores da complexidade do sistema investigado.
marcantes no seu estudo: inevitabilidadede de
ocorrências, a determinação de níveis A seguir, vamos conhecer com mais detalhes os
aceitáveis de segurança (acidentes abordados principais órgãos envolvidos com a segurança
como uma realidade correta e não abstrata), a de voo no Brasil.

Modelo Sistêmico do Acidente Página 11

Fonte: adaptado de Hollnagel (2004).


Segurança de
Voo no Brasil

CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE


ACIDENTES AERONÁUTICOS (CENIPA)
Como já falado anteriormente neste módulo, o Centro Representar o País como autoridade de
de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos investigação SIPAER em eventos internacionais
(CENIPA) é o órgão do Comando da Aeronáutica relacionados com o âmbito de sua competência;
responsável pelas atividades de investigação de Notificar os órgãos competentes de outros países e
acidentes aeronáuticos da aviação civil e da Força a OACI sobre a ocorrência de acidentes e
Aérea Brasileira. As investigações são embasadas no incidentes aeronáuticos;
Anexo 13 à Convenção Internacional de Aviação Civil Gerenciar os sistemas obrigatórios e voluntários de
da OACI – Organização de Aviação Civil Internacional, notificação de ocorrências e os sistemas de reporte
órgão de referência mundial, que estabelece os voluntário previstos nas normas do SIPAER;
requisitos internacionais que servem para regular a
Analisar propostas de recomendação de segurança
aviação civil.
operacional recebidas;
Emitir, divulgar, acompanhar e controlar as
recomendações de segurança operacional.
Decidir pela não instauração ou pela interrupção
das investigações em andamento no âmbito do
SIPAER nas seguintes hipóteses:

a) Se for constatado ato ilícito doloso relacionado à


causalidade do sinistro; ou

b) Se a investigação não trouxer proveito à prevenção


de novos acidentes ou incidentes aeronáuticos, sem
prejuízo da comunicação à autoridade policial.
Compete ao CENIPA:
O CENIPA possui sete organizações subordinadas,
Exercer a autoridade aeronáutica militar no âmbito denominados Serviços Regionais de Investigação e
do SIPAER; Prevenção de Acidentes (SERIPA).
Normatizar as atividades do SIPAER;
Definir diretrizes para prevenção e investigação de Os SERIPAs têm por missão planejar, gerenciar, controlar
acidentes e incidentes aeronáuticos e ocorrências
e executar atividades relacionadas com a prevenção e
de solo no âmbito do SIPAER;
a investigação de acidentes aeronáuticos na aviação
Elaborar, organizar, padronizar, atualizar, divulgar e
civil em suas respectivas áreas de jurisdição no país.
coordenar a aplicação das normas, dos
Estão distribuídos da seguinte forma no território
procedimentos operacionais e dos manuais de
nacional:
orientação técnica no âmbito do SIPAER;
Monitorar e avaliar, quanto ao aspecto técnico, as
atividades de prevenção e investigação no âmbito
SERIPA 1 [Belém-PA] - Estados do Pará e Amapá;
do SIPAER; SERIPA 2 [Recife-PE] - Estados de Pernambuco,
Exercer a função de autoridade de investigação Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
SIPAER e instaurar investigações no âmbito do Paraíba, Alagoas, Sergipe e Bahia;
SIPAER; SERIPA 3 [Rio de Janeiro-RJ] - Estados do Rio de
Emitir credencial do SIPAER; Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais;
Capacitar profissionais para atuar no âmbito SIPAER SERIPA 4 [São Paulo-SP] - Estados de São Paulo e
e certificar instituições de ensino para capacitação Mato Grosso do Sul;
de profissionais para esse fim; SERIPA 5 [Canoas-RS] - Estados do Rio Grande do
Participar, na condição de autoridade de Sul, Santa Catarina e Paraná;
investigação SIPAER, das investigações de acidentes SERIPA 6 [Brasília-DF] - Distrito Federal e Estados de
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e incidentes aeronáuticos conduzidas por outros Goiás, Mato Grosso e Tocantins;


países; SERIPA 7 [Manaus-AM] - Estados do Amazonas,
Rondônia, Acre e Roraima.
·
AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL (ANAC)
Normatização
Ao estabelecer as regras para o funcionamento da
aviação civil no Brasil, a ANAC revisa, atualiza e edita
regulamentos técnicos e relacionados a aspectos
econômicos. A instituição dessas normas geralmente é
precedida de consultas e audiências públicas, para
ouvir a sociedade, e de estudo sobre o potencial
impacto da decisão sobre o setor. As normas técnicas
da ANAC consideram os preceitos das instituições e
organizações internacionais de aviação das quais o
Brasil é signatário.

Certificação
A certificação tem como objetivo atestar o grau de
A Lei nº 11.182, de 27 de setembro de 2005 - Lei de
confiança e o atendimento a requisitos estabelecidos
Criação da Agência Nacional de Aviação Civil
em regulamentos internacionais de aviação. A ANAC
(ANAC) estabelece que cabe à Agência regular e
certifica aviões e helicópteros e seus componentes,
fiscalizar as atividades de aviação civil e da
oficinas de manutenção, empresas aéreas, escolas e
infraestrutura aeronáutica e aeroportuária,
profissionais de aviação do país.
observadas as orientações, políticas e diretrizes do
Governo federal.
Fiscalização

Dentre as suas principais competências destacam-se: Para fiscalizar o funcionamento da aviação civil no
país e assegurar níveis aceitáveis de segurança e de
Representar o Brasil junto a organismos qualidade na prestação dos serviços aos passageiros,
internacionais de aviação e negociar acordos e a ANAC realiza atividades de vigilância continuada e
tratados sobre transporte aéreo internacional. ações fiscais. Na vigilância continuada, o
Emitir regras sobre segurança em área acompanhamento sobre o desempenho de produtos,
aeroportuária e a bordo de aeronaves civis. empresas, operações, processos e serviços e dos
Conceder, permitir ou autorizar a exploração de profissionais certificados se dá de forma planejada e
serviços aéreos e de infraestrutura aeroportuária. constante. Nas ações fiscais, o foco da Agência é
Estabelecer o regime tarifário da exploração da identificar e prevenir infrações aos regulamentos do
infraestrutura aeroportuária. setor e, em parceria com outros órgãos, a prática de
Administrar o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB). atos ilegais.
Homologar, registrar e cadastrar os aeródromos.
Emitir certificados de aeronavegabilidade Autorizações e Concessões
atestando aeronaves, produtos e processos Para atuar, companhias aéreas, empresas de táxi-
aeronáuticos e oficinas de manutenção.
aéreo ou de serviços especializados, escolas, oficinas,
Fiscalizar serviços aéreos e aeronaves civis.
profissionais da aviação civil e operadores de
Certificar licenças e habilitações dos profissionais
aeródromos e aeroportos precisam ser autorizados
de aviação civil.
pela ANAC. De acordo com a complexidade para o
Autorizar, regular e fiscalizar atividades de
desempenho de cada atividade, a Agência emite
aeroclubes e escolas e cursos de aviação civil.
autorizações, permissões, outorgas e concessões a
Reprimir infrações às normas do setor, inclusive
esses entes regulados. O descumprimento de regras e
quanto aos direitos dos usuários, aplicando as
requisitos pode levar a Agência a suspender ou a
sanções cabíveis.
cassar as autorizações concedidas.
A ANAC atua para promover a segurança da aviação
Profissionais da Aviação Civil
civil e para estimular a concorrência e a melhoria da
prestação dos serviços no setor. O trabalho da Diversas categorias de profissionais podem ser
Agência consiste em elaborar normas, certificar necessárias para que o transporte aéreo aconteça.
empresas, oficinas, escolas, profissionais da aviação Pilotos, comissários de bordo, despachantes
civil, aeródromos e aeroportos e fiscalizar as operacionais de voo, mecânicos de manutenção,
operações de aeronaves, de empresas aéreas, de agentes de proteção à aviação civil e bombeiros de
aeroportos e de profissionais do setor e de aeródromos são alguns exemplos. Cabe à ANAC emitir
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aeroportos, com foco na segurança e na qualidade licenças e certificados de habilitações técnicas para
do transporte aéreo. que esses profissionais possam atuar na aviação civil.
DEPARTAMENTO DE CONTROLE DO ESPAÇO
AÉREO (DECEA)

O DECEA dispõe de uma estrutura física robusta e


de instalações em mais de uma centena de
municípios de todas as 27 unidades federativas
brasileiras. Nas capitais, nos municípios de médio
porte ou mesmo nas regiões mais remotas, cerca de
12 mil profissionais atuam, 24 horas por dia, 365 dias
por ano, em meio a uma complexa rede
operacional interconectada que compreende, além
do órgão e suas 13 organizações subordinadas:
Centros de Controle de Área (ACC); Controles de
Aproximação (APP); Torres de Controle de
Aeródromo (TWR); Serviço de Informação de Voo de
Aeródromo (AFIS); Destacamentos de Controle do
Espaço Aéreo (DTCEA); Sítios de frequência e
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo radares; e Auxílios à Navegação Aérea.
(DECEA) é a organização responsável pelo controle
do espaço aéreo brasileiro e provedora dos serviços
de navegação aérea que viabilizam os voos e a
ordenação dos fluxos de tráfego aéreo no País.

Subordinado ao Comando da Aeronáutica, o DECEA


é o órgão gestor do Sistema de Controle do Espaço
Aéreo Brasileiro (SISCEAB), que compreende outras
organizações, responsáveis pela execução
operacional das atividades que materializam o
cumprimento das metas e atribuições do DECEA.
O Serviço de Tráfego Aéreo é a expressão
Para planejar, gerir e executar essas atividades, no genérica que se aplica, segundo o caso, aos
âmbito dos cerca de 22 milhões de Km de espaço serviços de informação de voo, serviço de alerta,
aéreo sob responsabilidade do País, a organização serviço de assessoramento de tráfego aéreo
incorpora recursos humanos altamente (controle de área, controle de aproximação ou
especializados e detém expertise e tecnologias controle de aeródromo). É prestado em todo o
indispensáveis para a execução dos complexos espaço aéreo que se superpõe ao território
procedimentos atinentes às estratégias do SISCEAB. nacional, incluindo águas territoriais e

jurisdicionais, bem como o espaço aéreo que
tenha sido objeto de Acordo Regional de
Navegação Aérea, com os seguintes objetivos:

Prevenir colisões entre aeronaves em voo, entre


aeronaves e veículos ou obstáculos na área de
manobras e ainda acelerar e manter ordenado
o fluxo de tráfego aéreo;
Manter as separações mínimas estabelecidas
entre as aeronaves (exceto AFIS que apenas
presta o serviço de informação);
Dar orientação e informações úteis para a
condução segura e eficiente dos voos; e
Notificar aos órgãos apropriados a respeito de
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aeronaves que necessitam de ajuda de Busca e


Salvamento (SAR).
COMITÊ NACIONAL DE PREVENÇÃO DE
ACIDENTES AERONÁUTICOS (CNPAA)

Fonte: CNPAA - CENIPA.

Fonte: CNPAA - CENIPA.

O Comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CNPAA), sob a direção e coordenação do


CENIPA, tem por finalidade reunir representantes de entidades nacionais envolvidas, direta ou
indiretamente, com a atividade aérea, com o objetivo de estabelecer a discussão, em âmbito nacional,
de soluções para problemas ligados à Segurança de Voo. Essa discussão se concretiza por meio da
realização de Sessões Plenárias do Comitê, que ocorrem, no mínimo, duas vezes por ano.

O CNPAA possui a seguinte estrutura:

Presidência;
Secretaria;
Entidades-Membros;
Sessão Plenária; e
Comissões.

O objetivo do CNPAA foi atualizado com a publicação do Decreto n° 9.540, de 25 de outubro de 2018.
Atualmente, conforme disposto do Art. 7° do referido Decreto, sua finalidade é "elaborar estudos, em
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âmbito nacional, em proveito do desenvolvimento seguro e harmônico da aviação".

* Para maiores informações sobre o Comitê, consulte seu Regimento Interno, disponível no sítio eletrônico do CENIPA, aba CNPAA.
Resumo
Neste módulo, falamos um pouco sobre o Agora que já sabemos como a prevenção de
histórico e a evolução da prevenção de acidentes e a Filosofia SIPAER ganharam espaço
ocorrências na aviação. Vimos como ocorreu o no contexto da aviação, falaremos no próximo
primeiro acidente aéreo e como surgiu a módulo do nosso curso sobre os Fundamentos
primeira recomendação de segurança da da Segurança Operacional.
história.

Aprendemos também sobre a Filosofia e


Estrutura do Sistema de Investigação e Chegamos ao fim deste Módulo. Vamos agora fixar o
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER) que aprendemos sobre a Evolução da Prevenção de
e sobre o valor dos Modelos Causais na Ocorrências na Aviação. Para tanto, retorne à página
prevenção de novas ocorrências. inicial do curso e realize a Avaliação de Aprendizagem,
respondendo corretamente as questões.
Ao abordarmos o tema "A Evolução da
Prevenção de Ocorrências na Aviação",
explicamos que não existem modelos de
prevenção certos ou errados, adequados ou
ultrapassados. A decisão de utilizar um
determinado modelo será em função da
complexidade da ocorrência.

Por fim, discorremos ainda sobre a Segurança de


Voo no Brasil nos dias atuais e sobre as
atribuições do CENIPA, ANAC, DECEA e CNPAA.

DESIGN DE UI/UX
Assim como a maioria das publicações
impressas, o segredo para criar um
livreto impactante está na curadoria. A
consistência da marca é importante
para as empresas, mas um bom design
também se aplica a livretos pessoais ou
de eventos. Certifique-se de ter
informações claras e precisas em cada
página. Escolha fotos, fontes e imagens
atraentes. Escolha cores que combinem
com seu estilo. Você precisa se
comunicar bem com seu público, então,
tenha-o sempre em mente ao criar
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Referências Bibliográficas
BRASIL. ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). PSOE-ANAC – Programa de Segurança Operacional Específico da Agência
Nacional de Aviação Civil. Brasília: ANAC, 2015. Disponível online em:
http://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/planos-e-programas/psoe-anac/@@display-
file/arquivo_norma/PSOE-ANAC.pdf

BRASIL. CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) – Estrutura e Legislação da Aviação Civil
Brasileira. Apostila do Curso CISAC, 2021.

BRASIL. CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) – Sistema de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos – SIPAER. Apostila do Curso CI-SIPAER, 2014.

BRASIL. Ministério da Defesa. Comando da Aeronáutica. DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo). Cultura de
Segurança Operacional – MCA 63-19, 2017.

BRASIL. Ministério da Defesa. Portaria Conjunta nº 764/GC5, de 14 de agosto de 2009. Programa Brasileiro para a Segurança
Operacional da Aviação Civil. Publicada no Diário Oficial da União, nº 156, Seção 1, p. 27, em 17 de agosto de 2009.

ICAO (International Civil Aviation Organization). Annex 19 to the Convention on International Civil Aviation: Safety
Management. 2nd ed. ICAO, 2016.

ICAO (International Civil Aviation Organization). Safety Management Manual (SMM): Doc. 9859 AN/474. 3ª ed. ICAO, 2013.

REASON, J. Human error.18th ed. New York. Cambridge University Press, 1990.

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HOLLNAGEL, E.; WOODS, D.; LEVESON, N. Resilience Engineering – Concepts and Precepts. Burlington: Ashgate, 2006.

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QURESHI, Z. A Review of Accident Modelling Approaches for Complex Socio -Technical Systems. University of South
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EUROCONTROL. Revisiting the Swiss Cheese Model of Accidents, 2003.

MARAIS, K.; DULAC, N.; LEVESON, N. Beyond Normal Accidents and High Reliability Organizations: The Need for an Alternative
Approach to Safety in Complex Systems. Massachusetts Institute of Technology – MIT, 2004.

DEKKER, S. The field guide to understand human error. Burlington: Ashgate, 2006.

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CURSO BÁSICO DE GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

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