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Este guia contém informações e conceitos básicos sobre sistemas de aeronaves e pode ser
consultado durante todo o curso. Espero que ele se torne uma ferrameta útil contribuindo para o
seu aprendizado.
Figura 5a: A era do alumínio - Linha de montagem dos Boeing B27 e B29.
Ao fim da guerra, a ponte aérea de Berlim em 1947 marcou o início da Guerra Fria entre
os Estados Unidos ea União Soviética, um conflito simbólico em que as percepções de poder
aéreo desempenhou um papel fundamental. Uma vez que os Alemães se desfizeram de suas
fábricas, as empresas de aeronaves americanas apressaram-se a incorporar em seus projetos os
avanços tecnológicos da II Guerra Mundial. O símbolo mais proeminente destes esforços, e da
natureza da Guerra Fria, foi o enorme Boeing B-47 bombardeiro de longo alcance estratégico,
com seis motores instalados em suas asas. A Boeing construiu 2.000 B-47s, após seu primeiro vôo
em dezembro de 1947, surgindo como o construtor dominante de bombardeiros estratégicos e
grandes aviões como o B-52 e 707.
Outro símbolo deste conflito foi o rocket-powered de Bell agulha fina X-1, que, em
dezembro de 1947, tornou-se o primeiro avião a quebrar a barreira do som. O X-1 foi o primeiro
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aeronaves. Atualmente encontra-se grande utilização na fibra de carbono, fibra de vidro e Kevlar
na construção de componentes aeronáuticos. Outro componente intensamente utilizado é o
Honeycomb ou colméia. Na comunicação, os novos rádio permitiram transmissões e recepções
mais “limpas” e os módulos eletrônicos tiveram seu tamanho reduzido. O GPS foi integrado à
navegação aumentando o nível de precisão no deslocamento da aeronave. E os novos conceitos
de manutenção deixaram a aeronave mais confiável e mais barata de se operar.
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2 Estrutura de Aeronaves
A combinação dos avanços no campo dos materiais de construção aliados aos projetos
aerodinâmicos mais arrojados e a evolução dos motores aeronáuticos proporcionou às
aeronaves atuais alcançarem altas velocidades com elevada segurança e conforto ao passageiro.
Mas ao se tratar de avanços tecnológicos no campo da construção aeronáutica é importante
destacar que existem quatro grandes períodos na história da aviação que podem ser destacados:
o período anterior a 1910, entre 1910 e 1940, de 1940 a 1970 e de 1970 até os dias atuais.
O período entre 1910 e 1940 foi marcado pelo início e desenvolvimento da construção de
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aeronaves em metal. Com suas fuselagens tipo monocoque, os fabricantes ainda tinham grande
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Fuselagem: Estrutura que suporta as asas, os estabilizadores, todo o equipamento da aeronave, atripulação e os
passageiros de uma aeronave.
preferência ao revestimento de tecido de algodão ou sintético. Neste mesmo período, a partir
de 1920, cresceu a utilização do revestimento metálico (alumínio), principalmente após a
intesificação de outro tipo de fuselagem mais resistente, a semimonocoque. Na década de 30, as
fábricas começaram a investir em larga escala na tecnologia do metal para a fabricação de
fuselagens e peças estruturais para aeronaves. Toda essa pesquisa culminou nos modelos
fabricados na década de 40. Aeronaves que combateram na Segunda Grade Guerra como o
Mustang P51, o B27, B29, entre outros compratilhavam dos mesmos materiais para sua
contrução, tipos de fuselagens idênticas e aerodinâmicas de voo parecidas. A Segunda Guerra foi
o combustível que faltava para alimentar a fornalha da indústria da aviação. Assim, grandes
avanços foram feitos no campo da tecnologia de motores aeronáuticos, materiais de contrução,
rádio-navegação e aerodinâmica.
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Radome: Seção do nariz da aeronave fabricada de material compósito que normalmente contém o radar
meteorológico da aeronave.
acessos estruturais. Contudo, atualmente, sua aplicação vai mais além. Componentes
estrututrais como as vigas principais de sustentação, vigas auxiliares e até mesmo seu
revestimento são fabricados de compósitos. Não há dúvidas que o futuro do campo da
construção de aeronaves passa pela tecnologia destes materiais. Prova desta afirmação são as
aeronaves Airbus 380 e Boeing 787 que possuem grande parte de sua estrutura fabricada em
fibra de carbono e outros materiais compósitos.
A Buttock line ou Butt Line que também é conhecida com BL é definida como a linha
imaginária vertical que esta localizada no eixo central da aeronave e a paritr daí determina as
estações em polegadas para a direita e para a esquerda da aeronave. A Figura 7 mostra a divisão
do estabilizador horizontal de uma aeronave utilizando o método Butt Line. Apesar de o desenho
aparentar linhas horizontais a BL é uma linha imaginaria vertical que neste caso passa pelo eixo
central do estabilizador vertical. Observa-se que se tem BL21. 50 para a direita e para a esquerda.
As zonas e subzonas são muito utilizadas para identificar componentes. Como exemplo
pode-se ver na Figura 9. O Trem de pouso da aeronave em questão esta localizado na zona 700,
a asa direita na zona 600 e a empenagem na zona 300. Assim todos os componentes que fazem
parte destas zonas estarão ligados as suas respectivas centenas. Como é o casp da empenagem.
Observa-se suas subpartes como 321, 351, 326 entre outros.
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Figura 9: Divisão da aeronave em zonas e subzonas .
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
A Figura 10 mostra uma fuselagem do tipo tubular. Nela é possível ver as vigas
(longerons), os membros verticais (vertical web members) e os membros diagonais (diagonal web
members). Eles são responsáveis pela distribuição das cargas mecânicas durante o voo.
1. Monocoque
2. Semimonocoque
das cargas mecânicas é basicamente o mesmo que na monocoque. A diferença básica entre essa
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Batimento de asa: efeito de flexão da asa que ocorre devido a diferença de pressão entre o intradorso e o extradorso
da asa durante o voo.
classe e a classe semimonocoque reside no arranjo estrutural, ou seja, as pequenas peças
estruturais como os stringers dispostas harmonicamente com os longerons, bulkheads e formers.
Eles criam uma resistência estrutural que torna desnecessário o uso de chapas de alumínio muito
espessas que elevam o peso estrutural da aeronave.
todo o voo. Para se ter uma ideia o modelo 737-800 da Boeing mantém um diferencial de pressão
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de até 8 psi entre a cabine e o ambiente externo em seu teto máximo de voo (39.000ft).
É interessante ressaltar que a pressurização é um fator de desgaste para a fuselagem, pois
ao ser pressurizada, seus componentes são tensionados e contraídos causando desgastes que
ocorrem repetidas vezes ao longo da vida útil da aeronave. Esta sequência de eventos ocasiona
fadiga, corrosão e trincas que geram reparos e substituição de peças e componentes estruturais.
A classe semimonocoque foi o projeto que melhor reposta apresentou a estas severas condições
de trabalho mantendo a relação: horas de operação x custo de manutenção, dentro dos
patamares comercialmente aceitáveis.
As asas são aerofólio que ao se moverem rapidamente geram sustentação. Elas são
construídas de diversas formas e tamanhos, dependendo do tipo de voo que se deseja obter.
Dependendo do projeto da asa pode-se alterar a quantidade de sustentação gerada na aeronave,
o seu balanceamento e a sua estabilidade durante o voo. A Figura 13 mostra a classificação das
asas conforme a forma. Dentre eles podem-se ver aeronaves com asas enflechadas no bordo de
ataque (tapered leading edge) e retas no bordo de fuga (straight trailing edge), asas tipo delta
(delta wing) e asas retas no bordo de ataque e fuga (straight trailing and leading edge). Nota-se
que as aeronaves de maior desempenho, ou maior velocidade, possuem maior enflechamento
nas asas. Isso por que o enflechamento reduz o arrasto.
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Figura 13: Classificação das asas quanto a forma.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012
As asas também podem ser classificadas quanto a instalação. A Figura 14 mostra como
elas podem ser instaladas nas aeronaves. Nela podem-se ver instalações como a asa baixa (low
wing), instalação com pequeno ângulo de diedro (Dihedral) utilizado nos grandes jatos
comerciais, asa alta (high wing) muito utilizado nos modelo cessna 172,182, a asa gaivota e
gaivota invertida vistas em aeronaves militares (gull wing e inverter gull wing). É interessante
ressaltar que cada projeto possui sua particularidade. Há aeronaves em o objetivo principal do
projeto não é alta velocidade e elevado rendimento, mas operação decolagem e pouso em pistas
curtas, além de grande estabilidade lateral. Neste caso deve se utilizar uma asa alta (high wing)
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enflechada ou reta (straight ou tapered). Se o caso for o contrário, a alta velocidade, a asa delta
ou sweptback são indicadas.
Do ponto de vista da construção, as asas podem ser classificadas como mostrado na Figura
15. Cantilever, ou fixada na aeronave sem o auxilio de montantes, suportes, fio ou cabos.
Semicantilever, fixada na fuselagem com o auxilio de montantes. E finalmente, biplace ou
monoplace, fixada com montantes fios e cabos.
Neste tópico serão tratadas as quatro mais importantes classes de materiais mais
utilizadas em construção de aeronaves, dentre elas as ligas de aço 4130, algumas ligas de aço
inoxidável, as ligas de alumínio 2024, 7075, 6061 e os materiais compósitos.
Dentre as ligas de aço utilizadas na aviação uma das mais importantes é a 4130 de cromo
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molibdênio. Trata-se de uma liga de baixo carbono com que possuem na sua composição cromo,
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molibdênio, manganês e silicone. Esta liga possui alta resistência mecânica, boa resistência a
corrosão e boa rigidez ao alongamento. Estas características a tornam um excelente material
para a construção de fuselagens tipo tubular, suporte de motores e montantes de asas. A Figura
17 mostra a utilização do aço 4130 na construção de uma aeronave modelo STOL. Pode-se ver
nas fotos da esquerda para a direita uma fuselagem tubular já revestida em alumínio liga 6160.
Nela também se pode identificar o suporte do motor produzido do aço de mesma liga. A segunda
foto mostra a construção da seção da cauda da mesma aeronave ainda na bancada de fabricação.
Os tubos são soldados entre si. Na terceira foto, mais abaixo, pode-se ver uma aeronave sem o
revestimento da fuselagem. Nela, torna-se visível o arranjo dos tubos para suportar as cargas
aerodinâmicas durante o voo.
Além da liga 4130 ainda há a família dos aços inoxidáveis 15-5 PH que são utilizados de
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forma extensa na fabricação de peças para trens de pouso, 17-4 PH utilizados na fabricação de
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peças que compõem o motor, 17-7 PH utilizados na fabricação de rolamentos de rodas. Todos
eles com boas características de resistência à corrosão e a altas temperaturas. Na classe 300
estão as ligas 301 e 302 utilizadas na confecção de componentes aeronáuticos que operam em
ambientes sujeitos a extrema corrosão, sendo a liga 302 muito utilizadas na confecção do
revestimento do bordo de ataque de asas e componentes estruturais. As ligas 304 e 304L possui
a característica de reduzirem a proporção de carbono criando um efeito magnético menor.
Assim, elas são utilizadas na confecção de caixas de instrumentos que são instalados na cabine
de comando de forma a não interferirem nos instrumentos de navegação.
A Figura 18 mostra o revestimento em aço inox da asa de uma aeronave modelo STOL. Por
possuir maior dureza que o alumínio o aço resiste melhor à erosão causada pelo atrito com ar
durante o voo. Isso reduz a frequência de manutenção da aeronave.
A liga 6061 também é conhecida comercialmente como alumínio naval tem sido muito
indicada para aplicações que requerem boa resistência à corrosão. As peças também oferecem
boa resistência mecânica e excelente união para a montagem de conjuntos. Suas principais
características residem na baixa probabilidade de corrosão por tensão mecânica e esfoliação e
na boa soldabilidade. Esta liga possui como elementos principais o magnésio e o silicone sendo
muito utilizada em chapas finas de 0,015pol de espessura para revestir a fuselagem tubular (aço
4130) de aeronaves de pequeno porte, principalmente relacionados à construção amadora.
O alumínio 7075 é uma liga rica em cobre, zinco e magnésio sendo muito utilizada na
confecção de peças estruturais primárias como mostradas na Figura 55. As estruturas primárias
das aeronaves são aquelas que estão ligadas aos trens de pouso, asas e estabilizadores e recebem
incialmente toda a carga mecânica oriunda de suas operações. Na Figura 19, se podem verificar
as vigas ou logenrons que são instaladas normalmente ao longo da fuselagem e das asas das
aeronaves. A utilização da liga 7075, quando tratada termicamente, alcança uma resistência da
ordem de 572 Mpa. Tal resistência permite à fuselagem suportar os efeitos de torsão, flexão,
compressão, tensão e batimento de asa sofridas durante o voo.
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Figura 19: Peças e componentes estruturais confeccionados na liga 7075.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
A grande vantagem da liga 2024 é sua flexibilidade perante o tratamento térmico. Por
meio dele é possível modificar a microestrutura deste material de várias formas dando a ele
qualidades que permitam sua adaptabilidade em uma grande gama de projetos.
Desta forma, encontram-se no mercado barras, chapas e perfis com a especificação 2024-
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O, o que significa que estes materiais ainda não sofreram nenhum ajuste térmico. A partir daí,
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material fibroso embebido em uma matriz de resina, geralmente laminado com as fibras
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orientadas em direções alternadas para que o material final apresente a resistência estrutural
desejada. A Figura 21 mostra mais claramente as duas fases dos materiais compósitos: a fibra
(fiber) e a matriz (matrix).
layup .
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.
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Figura 24: Radome em uma bancada de reparo.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
O Kevlar ®, que é o nome comercial dado pela fabricante DuPont’s para a fibra aramida,
possui a característica de elevada resistência e baixo peso. Dois tipos de fibras de aramida são
utilizados na aviação: o Kevlar ®49 que possui elevada rigidez e o Kevlar ®29 de baixa rigidez.
Uma grande vantagem da utilização das fibras de aramida é a resistência que este material possui
aos danos causados por impacto e sua grande desvantagem é a fragilidade à compressão e ser
higroscópico. Estudos reportam que o Kevlar pode absorver ate 8% de seu peso em água.
Contudo, peças feitas em Kevlar® devem ser protegidas das intemperes ambientais. Outra
desvantagem deste material é a dificuldade em cortá-lo e furá-lo. Comercialmente ele esta
disponível em mantas como a fibra de vidro e também na forma prepeg.
A Figura 24 mostra componentes feitos de aramida que são conhecidos como colmeias
ou honeycombs. Os honeycombs são muito utilizados na produção de pisos e painéis de cabines
de passageiros e comando dos jatos atuais. Sua grande vantagem é a resistência estrutural aliada
ao baixo peso. 32
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Figura 24: Honeycombs fabricados de aramida.
Fonte: http://www.aim-aviation.com
As fibras de carbono são rígidas e fortes 3 a 10 vezes mais do que as fibras de vidro. Elas
são usadas na fabricação de vigas estruturais de pisos, estabilizadores, superfícies de controles
de voo, fuselagens primárias e secundárias. Sua grande vantagem reside na alta resistência
estrutural, resistência à corrosão e baixo peso. A desvantagem esta na baixa condutividade,
muito menor do que o alumínio. Essa característica faz com que seja necessária a instalação de
uma fina malha metálica durante o processo de construção do componente ou que seja aplicada
uma pintura antiestática para que haja a condução de corrente elétrica criada durante o atrito
da fuselagem com o ar ou para os casos em que a aeronave seja atingida por descargas
atmosféricas (ligthning strikes). Assim como a fibra de vidro e a aramida, a fibra de carbono esta
disponível comercialmente também em mantas e na forma prepeg. Sua cor característica é cinza
ou preta e elas possuem um alto potencial para causar corrosão galvânica quando utilizada
juntamente com fixadores ou parafusos metálicos.
A Figura 25 mostra da esquerda para a direita uma manta de fibra de vidro (branca), uma
manta de Kevlar® (amarelo) e a fibra de carbono (preto).
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Figura 25: Fibras de vidro, Kevlar e carbono.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
As fibras de boron são muito rígidas e possuem uma resistência muito à tensão e
compressão muito grande. As fibras apresentam grandes diâmetros e não são muito flexíveis,
contudo estão disponíveis comercialmente na forma prepeg o que facilita sua aplicação. A matriz
normalmente utilizada é à base de epóxi. Porém, utiliza-se resina fenólica quando o componente
reparado ou fabricado encontra-se instalado no interior da aeronave. A resina fenólica possui
baixa emissão de gases tóxicos quando exposta á chama. Estas fibras são muito utilizadas para
reparos em superfícies de alumínio, pois não apresentarem corrosão galvânica quando expostas
a este material além de possuir coeficiente de expansão térmico muito próximo ao dele.
ajustáveis têm-se: as resinas de poliésteres, as resinas a base de ester vinil, a resina fenólica, a
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resina de epóxi, as poliamidas as resinas PBI e BMI. Dentre as resinas termoplásticas destacam-
se: a termoplástica semicristalina, a termoplástica amorfa e a PEEK.
As resinas de epóxi estão disponíveis em uma grande variedade de formas líquidas, sólidas
e viscosas. Por isso sugere-se seguir o manual de manutenção de forma a selecionar a resina
correta antes de executar um reparo. Elas são vastamente utilizadas na composição de matrizes
para materiais do tipo prepeg e para reparo estrutural. A grande vantagem das resinas de base
epóxi são o módulo de resistência elevado, baixa volatilidade e excelente resistência química.
Sua desvantagem reside na fragilidade e redução das suas melhores características na presença
de água. As resinas de poliamidas assim como a PBI e a BMI possui baixo coeficiente de expansão
térmica, alta resistência à corrosão e elevada resistência a altas temperaturas. São muito
aplicadas em áreas quentes da aeronave.
apresentam dureza superior, suas características mecânicas são boas e eles resistem a elevadas
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temperaturas mesmo após receber impactos mecânicos, não são higroscópicos. As fibras
impregnadas em plásticos semicristalinos incluem a aramida, a fibra de carbono, carbono
banhado em níquel, vidro e quartzo.
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3 Combutíveis de Aeronaves
• Os tipos de combustíveis utilizados nos motores Otto e também nos motores a reação.
• A estrutura química dos combustíveis fósseis, à base de petróleo, assim como dos
biocombustíveis também serão discutidos a seguir.
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3.1 Combustíves a base de petróleo - A Gasolina de Aviação - AVGAS
Figura 26: Torre para a destilação fracionada do petróleo e a composição química da gasolina.
Comercialmente a gasolina de aviação é conhecida como AVGAS que são as siglas para
Aviation Gasoline. Neste processo de identificação, códigos de cores também são utilizados. Eles
indicam o seu poder antidetonante. Esta característica também é conhecida como octanagem da
gasolina. Assim, pode-se encontrar no mercado a AVGAS vermelha, a verde e a roxa, cada uma
apresentando um valor de octanagem diferente.
O querosene utilizado na aviação civil é conhecido como QAV no Brasil como o JET A e JET B
são conhecidos nos Estados Unidos e Europa. Este combustível não possui classificação por cores
como a AVGAS, porém existem variações como o JET P utilizada para aeronaves militares. O
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Quadro 1 mostra a evolução dos combustíveis JET P. Observa-se que as pesquisas buscaram um
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Especificação Características
1944
Primeiro combustível produzido
JP-1
Alto ponto de ignição
Baixo ponto de congelamento
Pouco utilizado
Altamente inflamável
JP-2
Problemas de calço de vapor
Perda de alimentação para o motor
Pouco utilizado
Altamente inflamável
JP-3
Problemas de calço de vapor
Perda de alimentação para o motor
1951-1990
Mistura de gasolina e querosene
JP-4
Alto ponto de ignição
Semelhante a JETB
O álcool anidro hidratado é muito conhecido no Brasil pela sua utilização nos automóveis
que circulam no país. Este combustível é incolor e contem em sua composição 93,8% de etanol
e 7,4% de água. Sua temperatura de ignição gira em torno dos 400°C apresentando como produto
de sua queima dióxido de carbono e vapor de água. A Figura 29 mostra a diferença de cores entre
a AVGAS 100LL e o Álcool anidro além de apresentar sua composição química antes e após a
queima. Nota-se que os produtos resultantes da queima do álcool apresentam 6CO a menos do
que a gasolina e não libera chumbo na atmosfera.
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Figura 29: Diferenças de cores entre a AVGAS e o Álcool Anidro
investimentos de grandes empresas como a Shell, Texaco, British Petroleum, Boeing, GE,
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EMBRAER e a NASA. Recentemente, uma parceria entre a fabricante Boeing, GE, NASA e All
Nippon Airways (ANA) colocaram em operação para testes uma aeronave modelo 777. Os
motores GE 90 trabalharam com biocombustível. No Brasil, a EMBRAER também já testou
biocombustível em sua aeronave modelo EMBRAER 190 e adaptou motores Otto para operar
com álcool anidro hidratado. Estes motores equipam o monomotor Ipanema, aeronave utilizada
na aviação agrícola para a pulverização dos campos das grandes fazendas.
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4 Motores Aeronáuticos
O mesmo processo ocorre com as aeronaves que possuem hélices. A diferença é que neste
caso o empuxo é gerado não mais pelos gases provenientes da queima da mistura
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ar/combustível, mas pelo ar deslocado pela hélice que esta conectada ao motor. A Figura 32
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mostra um esquema de geração de empuxo em um motor aeronáutico à hélice. Observa-se que
a hélice capta a massa de ar a sua volta acelerando-a. Vale ressaltar que as velocidades antes e
depois das hélices são diferentes ( , porém as pressões se mantêm iguais ( ).
(1876) Nikolaus Otto apresenta ao mundo seu motor 4 tempos à combustão interna.
(1896) Samuel Langley tenta decolar com o Aerodrome A utilizou um motor a pistão de
52 cv e 900rpm. Esta foi a primeira aeronave a utilizar um motor a quatro tempos como
propulsor.
(1899) Na Alemanha o dirigível Zeppelin começa a operar com dois motores Daimler com
14,2 cv cada.
(1903) EUA, os irmãos Wright equipam o Wright Flyer com um motor de 12cv.
(1905) Na França, Alberto Santos Dumont utiliza no 14bis um motor de 24cv. Neste
período a gasolina ainda não é produzida pela destilação fracionada, tal fato faz com que
os motores mantenham a baixa potência devido à gasolina existente no mercado.
(1910) São desenvolvidos os motores híbridos. Eles consistiam de um motor a pistão que
não estava ligado a uma hélice para produzir empuxo. Ele era impulsionado por um jato
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como nos motores a reação. Este conjunto se mostrou mais lento que o próprio motor a
quatro tempos da época.
(1927) Charles Lindbergh percorre a rota Nova York – Paris em 33 horas e meia. Abre-se
o caminho para as rotas transatlânticas.
(1929) Nos EUA Frank Whittle pede a primeira patente de um motor turbo jato. Ela é
concedida.
(1939) Ainda na Alemanha. O primeiro avião a jato, o HE 178, equipado com um motor a
reação utilizando gasolina conclui seu primeiro voo.
ar + combustível que já se encontra a alta pressão e alta temperatura. Estes fenômenos iniciam
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a fase número três do ciclo de Otto. Ela é conhecida como queima (3-4) sendo caracterizada pela
expansão adiabática.
Vela de Ignição
Queima da
mistura
Pistão
Biela
A Figura 35 mostra todas as fases que acabaram de ser detalhadas. Observa-se que na
aspiração a válvula de admissão esta aberta e a de exaustão esta fechada. Durante a compressão
e ambas as válvulas estão fechadas e o cilindro torna-se quase que hermeticamente fechado. Na
explosão as válvulas permanecem fechadas e o pistão é violentamente deslocado para o ponto
morto baixo. E finalmente na fase de exaustão a válvula de exaustão esta abeta para que o pistão
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Biela: componente do motor que liga o pistão ao eixo de manivelas. Este último converte movimento linear em
rotativo.
Figura 35 – Esquema de funcionamento – Motor Otto
Motores Otto possuem diversas partes móveis que são responsáveis pelo funcionamento
do conjunto como um todo. Dentre elas destacam-se a válvula de admissão, válvula de escape,
câmara de combustão, pistão, biela e manivela, cilindro e cárter. A Figura 5 mostra os detalhes
da montagem deste conjunto. A válvula de admissão é responsável por permitir a passagem da
mistura ar/combustível do tubo de admissão para a câmara de combustão. Ela esta fechada
durante a fase de compressão. Já a válvula de escape é responsável pela liberação, para o tubo
de escapamento, dos gases provenientes da queima. Ela esta aberta na fase de exaustão.
O pistão funciona como o embolo de uma seringa. Deslocando para o PMB ele gera
pressão negativa no interior do cilindro admitindo a mistura. Deslocando-se no sentido contrário
(PMB) ele a comprime elevando sua pressão e temperatura. O pistão é o componente que
absorve o impacto causado pela explosão da mistura no momento da queima. Por meio dele a
força é transferida ao eixo de manivelas que converte o movimento linear do conjunto pistão-
biela em movimento rotativo.
O cárter corresponde a parte inferior do motor. Em alguns modelos, ele é responsável por
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armazenar o óleo que lubrifica partes móveis como as próprias bielas, eixo de manivela e pistões.
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Estes modelos são chamados de motores cárter molhados. Há também outros modelos em que
o reservatório de óleo encontra-se na parte externa do motor. Estes são chamados de motores
cárter secos. A Figura 36 mostra as partes de um motor cárter molhado.
Cárter
A mistura Ar/Combustível
Como já foi abordado, o motor Otto é uma máquina térmica que converte calor em
movimento rotativo. Para isso, ele deve ser alimentado com uma mistura balanceada de ar e
combustível. O balanceamento correto da mistura proporciona maior eficiência no momento da
queima melhorando o desempenho do motor. O equipamento responsável por entregar ao
motor as proporções corretas de ar e combustível é denominado carburador.
Bernoulli publicou uma série de equações que descrevia a relação entre a velocidade de um fluido
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passando por uma determinada seção transversal. Segundo ele, a variação na área desta seção
transversal causa a variação da pressão e velocidade neste ponto. A Figura 38 mostra em detalhes
como funciona este princípio.
Vamos considerar que um fluido dentro de um tubo de seção transversal (A1) possui
velocidade (V1) e pressão (P1). Se reduzirmos a seção transversal para (A2) a velocidade da
massa do fluido será (V2) e a pressão exercida na parede do tubo será (P2) serão alteradas. Estas
relações podem ser avaliadas da seguinte forma: . Estas relações
também podem ser expressas matematicamente pela equação (1).
(1)
Onde:
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Tubo Venturi
Mistura Ar + Combustível
Combustível
Hélices
Motor
Caixa de Redução
A Figura 41 mostra esquemas de funcionamento do Ciclo de Brayton. Nela podem ser ver
as etapas descritas anteriormente. É interessante ressaltar que esta máquina térmica é utilizada
para deslocar aeronaves, navios e submarinos por meio do deslocamento do fluido em que o
equipamento esta imerso. Além disso, elas também são utilizadas na geração de energia elétrica
por meio da conexão de um gerador elétrico ao eixo de sua turbina.
de ar, por compressores, câmara de combustão, turbinas e duto de exaustão. Com o passar dos
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anos outros dispositivos foram adaptados a esta construção básica. Componentes como o fan
foram adaptados para melhorar o desempenho e reduzir os níveis de ruído. A Figura 42 mostra
as partes principais de um motor à reação. Nela podem-se identificar os seguintes componentes:
Turbina de
alta pressão
Compressor de
baixa pressão
Turbina de baixa
pressão
Turbina do fan
Bico injetor
Figura 42: Partes de um motor a reação utilizado nos grandes jatos comerciais.
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Descrição dos componentes do motor:
Admissão de ar para a
seção de compressão
Palhetas do Fan
Fan
Spiner
Bocal de admissão de ar
pelos discos rotores encontra os estatores dentro da seção de compressão. Este encontro
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repentino faz com que a energia cinética do ar seja convertida em aumento de pressão e calor.
Desta forma a massa de ar admitida no fan ganha temperatura e pressão ao longo do motor.
A rotação dos compressores de baixa pressão é utilizada como referência para ajuste da
aceleração dos motores em fases de decolagem. Esta referência na prática é chamada de “N do
dia” pelos pilotos. Isto porque antes da decolagem da aeronave os pilotos inserem no
computador de bordo os dados referentes à pressão atmosférica local, temperatura na pista,
peso do avião e comprimento da pista de decolagem. Em troca o computador informa a rotação
máxima de N que o motor deve atingir durante a decolagem naquele determinado momento
do dia. Este limite de rotação deve ser respeitado para que danos internos no motor sejam
evitados.
Câmara anular: este tipo de câmara é o mais utilizado atualmente. Trata-se de uma
construção simples e leve. Sua vantagem em relação ao modelo can anular é a ausência
do tubo de chama para a propagação da queima da mistura. No tipo anular a chama se
propaga livremente sem obstruções permitindo uma queima mais eficiente. A Figura 48
mostra a câmara anular, detalhes de sua construção e sua operação no momento da
queima. Sua vida útil é grande, porém pode apresentar trincas internas devido às altas
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temperaturas de trabalho.
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Figura 48: Câmara de combustão tipo anular.
Câmara can: é a mais simples de todas. Sua operação é idêntica as pequenas câmaras utilizadas
no modelo can anular. Pode-se afirmar que este último é formado pelo arranjo de diversas
câmaras can montadas na forma anular. Trata-se de um equipamento de baixa performance se
comparado às demais sendo utilizadas atualmente em motores de pequeno porte. A Figura 49
mostra a câmara can e detalhes de sua construção.
Turbinas de alta pressão: são os componentes responsáveis por converter a energia cinética dos
gases que deixam a câmara de combustão em movimento para os compressores de alta pressão.
Elas são compostas por discos rotores onde são instaladas diversas palhetas. Encontra-se nesta
66
seção as mais altas temperaturas depois da câmara de combustão. Elas chegam a atingir valores
Page
por volta dos 900°C. Por este motivo as palhetas destas turbinas são construídas de uma liga
composta por níquel, cromo, cobalto e rhenium. Algumas também possuem revestimento
cerâmico e são refrigeradas internamente por meio de um fluxo contínuo de ar de baixa
temperatura.
A Figura 50 mostra a montagem dos discos das turbinas de baixa pressão e o detalhe de
uma palheta que os compõem. Nota-se que a palheta possui pequenos furos ao longo de seu
corpo. Eles funcionam como ponto de exaustão do ar que a atravessa internamente para
refrigeração.
Figura 50: Discos de turbinas de alta pressão e a palheta que compõem estas turbinas.
Outra informação que deve ser ressaltada sobre esta seção do motor diz respeito a
indicação de temperatura dos gases de exaustão que são mostradas aos pilotos no painel de
instrumentos. Esta temperatura é tomada entre a saída da câmara de combustão e a primeira
turbina de alta pressão por meio de sensores termopares. Os termopares são construídos por
metais de diferentes potenciais elétricos. Quando expostos a variação de temperatura eles
geram corrente elétrica na ordem de miliamperes. Estes sinais elétricos são medidos e mostrados
no painel principal em um amperímetro com escala graduada em graus célsius. Estas
temperaturas são uma das referências para verificar a condição de desgaste interno do motor.
67
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Turbinas de baixa pressão: as turbinas de baixa pressão estão localizadas imediatamente após
as turbinas de alta pressão no sentido de saídas dos gases para o duto de exaustão. Elas também
são responsáveis por converter a energia cinética movimentando os compressores de baixa
pressão e o fan. A Figura 51 mostra um conjunto de turbinas de baixa pressão conectadas ao eixo
que transmite movimento aos compressores.
f) Pós queimador (After burner): este componente esta instalado na maioria das
aeronaves supersônicas militar sendo sua utilização extremamente limitada em
aeronaves comerciais. Sua proposta é prover empuxo adicional para voos
supersônicos, decolagens em pistas muito curtas e combate aéreo. Seu
funcionamento é baseado na injeção de combustível adicional no duto de exaustão
que é estendido nos modelos que o utilizam. Assim, haverá uma segunda queima
nesta região do motor gerando uma nova expansão dos gases e consequentemente
um empuxo adicional. Trata-se de reaquecer os gases que deixaram a câmara e as
seções de turbina dando a esta massa um acréscimo de energia antes de deixar o
motor. As desvantagens são o elevado consumo de combustível e o elevado nível de
ruído devido às ondas de choque geradas pela nova queima. A Figura 53 mostra um
motor operando com o pós queimador acionado. Pode-se verificar a alta temperatura
atingida no duto de exaustão e o cone formado pelo direcionamento dos gases. 69
Page
Figura 53: Motor operando com o pós queimador acionado.
No campo da aviação existem três tipos de motores a reação que são considerados os
principais devido sua grande utilização. São eles:
1 Motores Turbofan:
São os motores mais utilizados atualmente equipando grande parte dos jatos comerciais
como os modelos da Boeing e Airbus. Dentre eles pode-se destacar a família CFM56-7, o GE90
70
fabricados pela fabricante General Eletric e o PW4000 fabricado pela canadense Pratt&Witney.
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Nestes motores, 80% do ar que é admitido no bocal de admissão não são comprimidos pelas
seções de compressão do motor e os 20% restantes são comprimidos e enviados à câmara de
combustão para queima. A massa de ar que é acelerada pelo fan é a principal responsável pela
geração de empuxo enquanto os 20% restantes são responsáveis pelo funcionamento do motor.
A vantagem dos motores turbofan sobre os motores turbo jato reside principalmente no
fator redução de ruído. Isso porque o ar frio destinado ao empuxo encontra os gases quentes na
seção de exaustão reduzindo sua temperatura. A elevada temperatura dos gases que encontram
o ar frio da atmosfera, assim como a geração de ondas de choque no duto de exaustão, agrava a
geração de ruído.
A Figura 54 mostra um motor CFM56-7. Observa-se com detalhes o duto do fan por onde
passa 80% doa ar admitido no bocal de admissão e a seção interna do motor por onde passa os
20% restantes.
Os motores turbo jato foram muito utilizados nos grandes jatos comerciais
durante as décadas de 50, 60 e 70. Eles são equipados com compressores axiais que
comprimem toda a massa de ar (100%) que é admitida em seu bocal de admissão e a
entregam para queima juntamente com combustível na câmara de combustão. O empuxo
é gerado a partir dos gases de exaustão que são acelerados nos dutos convergentes de
exaustão. A desvantagem deste motor em relação ao turbofan é o elevado consumo de
combustível e alta taxa de geração de ruído. A Figura 55 mostra um motor turbojato.
Nota-se a que sua arquitetura não contempla o conjunto do fan e duto do fan.
Motores turbo hélice são muito utilizado em aeronaves de baixa velocidade. São
robustos e econômicos. Na aviação comercial, equipam aeronaves utilizadas para o
transporte de cargas e passageiros como os modelos ATR 42 e 72. Percorrendo rotas
regionais, estas aeronaves não necessitam de grandes distâncias para decolar ou pousar
72
Conjunto de hélices
Caixa de redução
Motor a reação
Figura 56: Motor turbo hélice modelo PT-6 fabricado pela Pratt&Whitney.
73
Page
5 Sistema Pneumático
cobre e cromo. As que trabalham com baixa pressão são fabricadas de alumínio, já as tubulações
Page
que trabalham com alta pressão são fabricadas de aço. Aquelas que carregam ar quente com
temperaturas em torno de 200°C são fabricadas de ligas de níquel, cobre e cromo.
Estas válvulas também estão programadas para ações emergenciais como por exemplo:
a perda do controle de regulação da pressão ou elevação da temperatura além dos limites
operacionais. Nestes casos a válvula recebe informações de sensores também pneumáticos que
causam sua modulação no sentido de fechar totalmente o fluxo de ar. Esta ação protege os dutos
e outros componentes pneumáticos de danos causados por sobre pressão ou sobre temperatura.
A Figura 59 mostra uma válvula que opera no motor CFM56-7. Ela é chamada de PRSOV sigla
para Pressure Regulator and Shutt off Valve ou Válvula Reguladora de Pressão e Corte de fluxo
de ar.
77
Page
Figura 59: Instalação da válvula pneumática PRSOV no motor CFM56-7.
O sistema de ar condicionado tem como objetivo principal prover ar tratado para o conforto dos
passageiros e tripulantes que se encontram nas cabines. A sua operação é baseada em dois ciclos
termodinâmicos, o ciclo de vapor e o ciclo de ar.
O ciclo de vapor
O ciclo de vapor ou vapor cycle utiliza refrigerante em circulação como meio de remover
calor do espaço a ser arrefecido. Formado por um compressor, um condensador, uma válvula de
expansão térmica e um evaporador, este sistema não necessita de grandes espaços para
instalação sendo muito utilizados em aeronaves de pequeno porte. O seu funcionamento
consiste em circular geralmente freon 134a em um circuito fechado.
O Ciclo de ar
a ser utilizado nas cabines de aeronaves que operam com motores a reação. Ela é basicamente
Page
Figura 64: Máquina de ciclo de ar – Air Cycle Machine – que equipa a aeronave 737 NG.
e da Pack #2 no modelo 737 NG da Boeing (2) e da entrada de ar para a troca de calor nos
Page
85
Page
7 Sistemas Hidráulicos
componentes.
7.1 Introdução
Hidráulica é a ciência que estuda fluído líquido em escoamento sobre pressão, seja ele
água ou óleo. No nosso caso o fluído é um óleo, que tem características próprias para atender as
funções necessárias ao bom funcionamento de um sistema hidráulico de aeronaves. Como forma
de automação de conjuntos mecânicos, a hidráulica aplica-se a casos específicos, geralmente
aqueles em que a mecânica e a elétrica não se aplicam ou tornam o mecanismo mais complexo
do que deveria ser. Desta forma, a hidráulica possui as vantagens e desvantagens que são citadas
a seguir:
Vantagens
Os elementos constituintes de um sistema hidráulico são de fácil instalação, oferecendo
grande flexibilidade, inclusive em espaços reduzidos.
Suave inversão de movimentos devido à baixa inércia do sistema. Dependendo do
projeto, não é possível obter esse resultado nos sistemas mecânicos e elétricos.
Permitem ajustes finos na variação da velocidade. Já os mecânicos e elétricos só
permitem ajustes escalonados e de modo custoso e difícil.
São sistemas auto lubrificados, não ocorrendo o mesmo com os mecânicos e elétricos.
Relação (peso x tamanho x potência consumida) muito menor que os sistemas elétricos e
mecânicos.
Eles são sistemas de fácil proteção e boa condutividade térmica.
Desvantagens
Sistemas hidráulicos têm um elevado custo inicial, quando comparados aos sistemas
mecânicos e elétricos;
Perdas elevadas pela transformação de energia elétrica ou mecânica em movimento.
Perdas por vazamentos internos nos componentes assim como por atritos internos e
87
externos.
Page
Baixo rendimento em função das perdas citadas acima.
Perigo de incêndio, devido ao fato de alguns óleos serem inflamáveis. Este problema foi
resolvido na aviação com a utilização de óleo sintético de base éster-fosfato.
pressões, permite uma transmissão de força normalmente mais eficiente se comparado aos
Page
conjuntos mecânicos e elétricos. Fabricantes de fluídos hidráulicos argumentam que eles são
fabricados de acordo com o trabalho que irão executar, levando em consideração condições de
trabalho como: temperatura de operação do sistema, temperatura ambiente, possibilidade de
corrosão, entre outros. Assim, torna-se necessário entender algumas características importantes
destes fluídos antes de escolhê-los. Dentre elas estão a viscosidade, a estabilidade química, o
ponto de fulgor e finalmente o ponto de ignição.
A viscosidade, que é caracterizada como a resistência interna de um fluído ao
deslocamento, pode ser considerada como uma das mais importantes propriedades dos óleos
hidráulicos. Óleos com alta viscosidade escoam com dificuldade pelas tubulações, de forma mais
lenta do que líquidos que possuem menos viscosidade. Como exemplo pode-se comparar a
gasolina e o óleo lubrificante utilizado nos motores automotivos. Ao colocar a mesma quantidade
de ambos sobre uma superfície plana de vidro percebe-se que a gasolina ecoa com maior
facilidade, o mesmo não acontece com o óleo lubrificante. Nesta comparação verifica-se que a
gasolina possui menor viscosidade em relação ao óleo lubrificante. É importante ressaltar que
esta propriedade é alterada pela temperatura, ou seja, quanto maior a temperatura na qual o
óleo é submetido menor será a viscosidade e mais facilmente ele fluirá. O contrário ocorre para
os casos em que a temperatura é muito baixa. Sua viscosidade aumentará elevando também sua
resistência ao escoamento.
A estabilidade química é outra propriedade importante. Ela pode ser caracterizada como
a propriedade que o fluído possui de resistir a oxidação e a deterioração por longos períodos de
tempo. Todo óleo esta sujeito a sofrer alterações químicas quando operando em condições
extremas como, por exemplo, a operação por longos períodos de tempo em altas temperaturas.
Altas temperaturas tem grande influência na vida útil do óleo causando variações em suas
propriedades físico químicas. É interessante ressaltar que a temperatura que é mostrada no
indicador de temperatura instalado no reservatório hidráulico nem sempre representa a leitura
real de temperatura de operação do óleo. Existem ao longo do sistema hidráulicos diversos
pontos quentes que podem expor o óleo a condições de temperatura acima da qual ele foi
projetado. Estas condições devem ser observadas tanto na etapa de projeto do sistema quanto
89
Existem três tipos de óleos hidráulicos utilizados na aviação atual. São eles:
a) Óleos Minerais
b) Óleos a base de poli olefinas ou poli alquenos.
c) Óleos a base de éster fosfato.
em baixas temperaturas ficando sua faixa de operação limitada a -40°C. Dentre os óleos desta
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família destaca-se o MIL-H-83282. Ele é compatível com os selos, os anéis de vedação e
mangueiras utilizadas em sistemas hidráulicos que trabalham com o MIL-H-5606 motivo pelas
quais pequenas aeronaves que predominantemente utilizam os 5606 tem o substituído pelos
83283.
A terceira e última família de óleos hidráulicos utilizados na aviação são os de base éster
fosfato. Comercialmente conhecido como Skydrol ® ou HyJet IV®, eles são amplamente utilizados
nos grandes jatos que voam na aviação comercial. Dentre eles os modelos 737, 767 e 747 da
Boeing, Airbus 310, 319 e 320 e os EMBRAER 145, 170 e 190. Estes óleos possuem alta resistência
ao fogo e foram desenvolvidas durante a Segunda Grande Guerra como resultado as pesquisas
para minimizar a ocorrência de fogo nos freios das aeronaves da época. Varias gerações deste
óleo foram criadas e as principais diferenças estão em suas performances. Atualmente as versões
IV e V são as mais utilizadas. Na versão IV existem duas classes diferentes, a classe I e a classe II.
Suas diferenças básicas estão na densidade e na capacidade de reduzir peso. A classe I apresenta
uma densidade menor e consequentemente menor peso se comparado a classe II. A versão V
possui maior estabilidade térmica e maior resistência ao desgaste. Ela resiste melhor as altas
temperaturas de trabalho sendo mais indicada as operações em pressões elevadas.
A experiência mostra que grande parte dos problemas encontrados nos sistemas
hidráulicos foi proveniente de algum tipo de contaminação. Dentre estes problemas destacam-
se as falhas de componentes ocasionadas pelo mau funcionamento das unidades ou sua
destruição completa. Dentre os contaminantes estão:
Uma das formas de verificar se o sistema hidráulico esta contaminado é por meio da inspeção
visual dos elementos filtrantes. Eles normalmente estão instalados nas linhas de pressão e
retorno do sistema e possuem função de reter todas as impurezas que se encontram no óleo
hidráulico. Uma inspeção visual em busca de partículas metálicas, não metálicas e outros tipos
de contaminação podem apresentar importantes pistas quanto a problemas de desgaste e
degradação de componentes do sistema.
O reabastecimento do reservatório hidráulico com o óleo correto é outro item que deve ser
cuidadosamente observado, pois vários deles não são compatíveis e misturá-los poderá
ocasionar contaminação. Um exemplo é a contaminação pelo reabastecimento errôneo de óleo
de base éster fosfato (Skydrol®) em um reservatório de óleo mineral. O Skydrol® irá deteriorar
os anéis e selos de vedação que são fabricados de borracha sintética para a operação com óleo
mineral ocasionando vazamentos internos nas linhas de alimentação e componentes do sistema.
Os sistemas hidráulicos podem ser divididos em três partes: o sistema de geração que são
constituídos pelos reservatórios que armazenam o fluído hidráulico, filtros, bombas, motores e
acumuladores. O Sistema de distribuição e controle que é constituído por válvulas controladoras
de pressão, vazão e válvulas direcionais. E finalmente o sistema de aplicação de energia,
constituído por motores, cilindros e osciladores. A Figura 1 mostra a configuração básica de um
sistema hidráulico utilizado em uma aeronave de pequeno porte. Nele, pode-se visualizar o
reservatório (reservoir), o filtro (filter), a bomba manual (hand pump) e a bomba elétrica (motor-
driven pump) que contemplam o sistema de geração. Também pode ser visualizada a válvula de
92
alívio de pressão (pressure relief valve), uma válvula de única via (one-way check valve) e um
Page
válvula direcional que conecta as linhas de pressão (pressure) e retorno (return). Estes
componentes fazem parte do sistema de distribuição. O sistema de aplicação de energia é
representado pelo atuador hidráulico (actuating cylinder).
O funcionamento do circuito hidráulico se dá no momento em que a bomba começa a
funcionar. Durante seu funcionamento baixa pressão é criada nas linhas de recalque do sistema
deslocando fluído hidráulico do reservatório para o interior da bomba. Estas linhas são mostradas
na Figura 66 na cor rosa. Neste circuito existem duas bombas: uma operada manualmente e outra
que funciona por meio de um motor elétrico.
válvula seletora tem a função de direcionar o fluído pressurizado para o atuador hidráulico e
conectar a linha de retorno do reservatório (linha verde). Na linha de retorno existe um filtro que
tem como principal objetivo a retenção de impurezas existentes no óleo permitindo que fluído
limpo chegue ao reservatório.
Filtros: os filtros são componentes utilizados para limpar o óleo hidráulico retirando dele
impurezas, partículas sólidas sejam elas metálicas ou não e prevenindo a permanência de
substancias contaminante no sistema. As principais fontes de contaminação em sistemas
hidráulicos são as partículas sólidas não metálicas provenientes do desgaste de anéis e selos de
95
filtrante (filter), este por sua vez este contido em seu interior. Este componente é o responsável
Page
pela filtragem do fluído sendo a sua construção semelhante a uma malha metálica muito fina ou
feita de papel poroso. Esta porosidade depende da arquitetura do sistema hidráulico, mas
geralmente retém partículas com dimensões inferiores a 10 microns5.
A Figura 68 mostra a relação entre o tamanho das partículas retidas pelos filtros
hidráulicos e o fio de cabelo humano.
Figura 68: Relação entre as dimensões da porosidade dos filtros e o cabelo humano.
5
1 micron equivale a 0,000394 polegadas.
Figura 69: Tubulações de pressão e retorno de uma válvula hidráulica.
Bombas: Todo sistema hidráulico aeronáutico conjuntos de bombas mecânicas que geralmente
estão instaladas no motor da aeronave, bombas elétricas que funcionam por meio de motores
elétricos trifásicos e também bombas de ação manual. Como regra geral, as bombas elétricas
são utilizadas somente em casos de emergência, quando as bombas ligadas aos motores não
estão funcionando, ou em operações com a aeronave em solo. Assim, as bombas dos motores
são consideradas a fonte primária de energia hidráulica do sistema. As bombas manuais são
utilizadas em algumas aeronaves mais antigas servindo como unidade de emergência nas
aeronaves de pequeno porte mais novas.
Um modelo muito utilizado nas aeronaves atuais, principalmente nos grandes jatos
comerciais é a bomba de pressão constante e demanda variável. Ela tem a característica de
manter a pressão nominal em diferentes situações de demanda do sistema. A Figura 6 mostra o
esquema de uma bomba deste tipo. Nota-se que ela possui um prato (Yoke) ligado aos pistões
da bomba. Quando a demanda aumenta no circuito hidráulico a pressão nas tubulações cai
abaixo do valor nominal. Isso faz com que a linha de pressão de controle (Control Pressure - P& ) –
Linha azul, acione por meio hidráulico o pistão de atuação do Yoke. Uma vez atuado ele eleva o
fluxo de fluído na saída da bomba. O contrário ocorre quando a demanda do circuito hidráulico
98
é reduzida.
Page
Figura 70: Bomba de pressão constante e demanda variável.
Válvulas: as válvulas tem a função principal de controlar a direção do óleo hidráulico no sistema.
Elas são componentes essenciais na operação de atuadores e motores hidráulicos assim como
no controle da vazão e pressão do sistema. Como exemplo de válvulas de controle de têm-se: as
válvulas seletoras, válvulas unidirecionais, válvulas de sequência, válvulas de prioridade e os
fusíveis hidráulicos.
As válvulas seletoras são utilizadas para mudar o sentido de fluxo do óleo hidráulico no
sistema. Elas são muito utilizadas na inversão no sentido de operação do atuador hidráulico linear
e na inversão no sentido de rotação de motores hidráulicos. Como exemplo pode-se citar a
extensão e retração dos trens de pouso de uma aeronave. A válvula unidirecional permite a
passagem de fluído em uma determinada direção e bloqueia ou restringe a passagem do fluído
no sentido oposto. Válvulas de sequência são instaladas em circuitos hidráulicos que necessitam
de um retardo de atuação. Elas são encontradas no circuito hidráulico de recolhimento do trem
99
de pouso de algumas aeronaves permitindo que as portas que o carena se feche após o
Page
Pode-se verificar na primeira figura as válvulas de corte hidráulicas ou shutt off valves.
Elas são utilizadas para interromper a vazão de óleo hidráulico em determinadas partes do
circuito. Na segunda figura têm-se os fusíveis hidráulicos que são utilizados na proteção do
sistema.
mostra acumuladores utilizados em aeronave de pequeno porte são semelhantes a uma esfera
Page
de aço dividida em duas câmaras separadas por um diafragma fabricado em borracha sintética.
A câmara superior contém fluído hidráulico sob pressão e a câmara inferior é abastecida com
nitrogênio ou ar.
Acumuladores cilíndricos, como o que é mostrado na Figura 73, são comumente utilizados
em aeronaves de grande porte que utilizam sistemas de alta pressão. Eles possuem um pistão
interno que substitui o diafragma de borracha sintética. O abastecimento é semelhante ao
esférico sendo que uma das câmaras contém ar ou nitrogênio e a outra o fluído hidráulico. O
nitrogênio tem a função de deslocar óleo hidráulico sob pressão para o sistema no momento em
que as bombas hidráulicas param de funcionar. Os acumuladores possuem as funções de
amortecer as vibrações causadas pelo efeito de pulsação da bomba, armazenar energia
hidráulica para utilização em casos de falha das bombas, auxiliar na alimentação de óleo
hidráulico no momento em que a demanda do sistema é grande e compensar pequenos
vazamento por meio de um suprimento contínuo de óleo.
101
Page
Figura 73: Acumulador cilíndrico.
Atuadores hidráulicos: são elementos que produzem movimento transmitindo força por meio
de um fluído hidráulico. Eles são acionados por meio de comandos que podem ser manuais,
elétricos ou mecânicos. Atuadores hidráulicos são dimensionados para converter energia
hidráulica em força mecânica de forma a executar algum trabalho. Eles normalmente produzem
movimentos lineares e são utilizados nas aeronaves para movimentar qualquer componente que
se deseje certa precisão em seu deslocamento.
Atuadores são fabricados por um corpo cilíndrico polido em seu interior. Possuem na sua
seção externa portas para a conexão de mangueiras ou tubulações hidráulicas, elas o conectam
as linhas e pressão e retorno do sistema. Em seu interior encontra-se instalado um pistão que se
desloca transmitindo movimento linear ao componente que a ele está ligado. Selos de vedação
separam as duas câmaras internas do cilindro permitindo que cada uma delas receba fluído sob
pressão por vez. A seleção das câmaras para as linhas de pressão e retorno são normalmente
feitas por meio de válvulas seletoras. Elas são atuadas conforme a necessidade de mudança do
sentido de deslocamento do pistão.
A Figura 74 mostra um atuador de ação única e um atuador de dupla ação. A diferença
básica entre eles esta na ação de retorno do pistão. No atuador de ação única, desenho A, o
102
retorno é feito através de uma mola que o empurra ao ponto de origem. No caso do atuador de
Page
dupla ação, desenho B, o efeito mola é ocasionado pelo próprio fluído hidráulico pressurizado.
Ainda na Figura 10 é possível visualizar a seta amarela que indica fluído pressurizado entrando
no atuador. A seta azul indica a saída de fluído hidráulico, à baixa pressão, do cilindro. Este fluido
seguirá pela linha de retorno do sistema até chegar ao reservatório.
Figura 74: Atuadores de ação (A) única e atuador de dupla ação (B).
vazamento, falha ou troca de algum componente. Como já citado, os reservatórios têm a função
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de armazenar o óleo hidráulico que será utilizado no sistema. Cada um possui a capacidade
aproximadamente 49 litros de Skydrol® no reservatório A e 76 litros no reservatório B.
O projeto desta aeronave também contempla a instalação de cinco bombas hidráulicas.
Duas delas estão localizadas no motor (EDP) e entram em funcionamento juntamente com ele.
Outras duas (EMDP) estão localizadas no compartimento do trem de pouso principal e funcionam
por meio de motores elétricos trifásicos. Uma última bomba (EMDP), também elétrica, funciona
somente em situações de emergência. É interessante ressaltar que são responsáveis por prover
ao sistema fluído pressurizado a 3.000psi para a operação dos componentes do sistema.
Existem dois tipos de filtros instalados no sistema hidráulico do Boeing 737: filtros de
pressão e filtros de retorno. Os filtros de pressão estão instalados na linha de descarga das
bombas EDP e EMDP. Eles são fabricados de uma fina malha de aço para suportar a alta pressão
nominal do sistema, 3.000 psi. Sua principal função é reter partículas metálicas provenientes do
desgaste interno das bombas. O filtro de retorno esta localizado na tubulação que conduz o fluído
hidráulico para o reservatório. Ele é fabricado de um papel poroso específico para filtros. Sua
principal função é reter impurezas como pequenos detritos de selos e anéis de vedação
provenientes do desgaste normal dos componentes hidráulicos como: atuadores, acumuladores,
válvulas e motores.
O acumulador hidráulico do modelo 737 é muito semelhante ao apresentado na Figura 9.
De construção cilíndrica, ele é abastecido com nitrogênio à pressão de 1.000 psi. Sua principal
função é auxiliar na redução da pulsação produzida pela bomba e funcionar como fonte
hidráulica alternada para a atuação do sistema de freios em caso de emergência.
O sistema de aplicação de energia pode ser visualizado na figura por meio das indicações
Thrust Reverses (Reversos), Rudder PCU (Atuador hidráulico6 do leme de direção), Aileron e
Elevator PCU (Atuadores hidráulicos dos ailerons e profundores). Mantendo a relação entre força
e área, o fluído desloca o pistão do atuador transmitindo movimento para os reversores
104
localizados nos motores, para as superfícies de voo primárias instaladas nas asas e também para
os trens de pouso. Pode-se observar que existem componentes que são alimentados por mais de
Page
6
Atuador hidráulico: é um elemento que produz movimento transmitindo força por meio de um fluído hidráulico. Ele
é acionado por meio de comandos que podem ser manuais, elétricos ou mecânicos.
um sistema. Como exemplo pode-se citar os ailerons (ailerons), os profundores (elevators) e os
freios (brakes) que recebem óleo hidráulico tanto do sistema A (azul) quanto o sistema B (verde).
Há ainda sistemas que possuem três alimentações diferentes, como é o caso do leme (rudder).
Esta superfície recebe óleo hidráulico do sistema A, B e do sistema de emergência (stand by
rudder).
deu primeiramente nas aeronaves militares de alta velocidade e em seguida nas aeronaves
comerciais de grande porte que possuiam motor a pistão conectado à um conjunto de hélices.
Page
Após a Segunda Grande Guerra a propulsão à jato se tornou mais difundida e as velocidades
alcançaram a região transônica7. Este fato resultou numa maior carga aerodinâmica sobre as
superfícies de comandos o que tornou muito difícil o controle direcional da aeronave. A Figura
76 mostra um ensaio computacional do fluxo de ar sobre a superfície de uma aeronave. Ele
contribui para para o somatório das froças que atuam na estrutura do avião durante o voo. A
fuselagem, asas, estabilizadores e superfícies de comando devem ser projetados para suportar
tais cargas com segurança.
7 Velocidade transônica: refere-se à condição de voo no qual o intervalo das velocidades do fluxo de ar circundante
esta ligeiramente abaixo da velocidade do som. Esta faixa varia de 0,8 a 1,0 Mach.
responsáveis por movimentar os aerofólios. Este sistema, mecânico-hidráulico, proporcionaram
aos pilotos maior precisão e conforto no ato da pilotagem em alta velocidade.
A tecnologia avançou no que diz respeito aos sitemas de comando de voo até o momento
em que foi possível retirar as atuações por cabos, hastes e atuadores hidráulicos. Assim, os
pilotos passaram a confiar plenamente em sistemas elétricos e eletrônicos. Pode-se dar como
exemplo o Sistema de Aumento de Controle da Estabilidade (CSAS) que foi testado, pela primeira
109
vez, em uma aeronave modelo Panavia Tornado8. O CSAS possibilitou o comando eletro-
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eletrônico desta aeronave com grande precisão permitindo também a reversão mecânica dos
8
O Panavia Tornado: é uma família de caças bi-motor (dois motores) desenvolvido em conjunto pelo Reino Unido,
Alemanha e Itália.
comandos nos casos de falhas elétricas. A reversão mecânica é uma forma alternativa de pilotar
a aeronave caso o sistema principal, ou seja, o sistema eletro-eletrônico deixe de funcionar.
A Figura 78 apresenta uma aeronave comercial que opera por meio de controles
eletrônicos de voo, o Airbus 318. O seu sistema foi batizado de Fly-By-Wire.
Aeronaves de asa fixa são controladas por meios da deflexão de aerofólio simétricos
móveis, instaladas nas asas e estabilizadores. Elas alteram o fluxo de ar causando o aumento ou
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a perda da sua sustentação. A consequência destes efeitos é o movimento da aeronave, em
determinadas direções. Estes movimentos, que traduzem os controles direcionais da aeronave,
são conhecidos como de rolagem (roll), arfagem (pitch) e guinada (yaw).
O leme de direção (ruder) é a superfície responsável pelo movimento de guinada (yaw). Ela
normalmente esta instalada no estabilizador vertical sendo comandada pela ação dos pedais
localizados na cabine de comando. O seu acionamento faz com que a aeronave gire sobre o seu
eixo vertical causando uma sensação de deslizamento ou derrapagem. Ná prática os ailerons que
controlam o movimento de rolamento são utilizados em conjunto com o leme de direçãoe o leme
111
de direção para produz curvas coordenadas, nas quais o eixo longitudinal da aeronave está
Page
Como ilustração a Figura 79 mostra os movimentos comentados nesta seção. Como já foi
abordado o comando do profundor causa a subida ou a descida do avião por meio da variação
do ângulo de ataque da aeronave. Estes movimentos também são conhecidos no campo da
aviação como: cabrar (nariz da aeronave para cima) e picar (nariz da aeronave para baixo). As
guinadas para a direita e esquerda são proporcionados pelo comando do leme de direção e os
movimentos de rolagem são proporcionados pelos ailerons.
112
Figura 79: Movimentos causados pela atuação das superfícies primárias da aeronave.
Page
Como já foram abordadas, as superfícies de comando encontram-se instaladas na
extremidade das asas e nos estabilizadores vertical e horizontal. Estes pontos estão localizados o
mais distante possível do centro e gravidade da aeronave. Tal localização não foi escolhida por
acaso. Estas superfícies fazem usos do efeito alavanca para deslocarem todo o conjunto do avião.
Em outras palavras, quanto mais distante a superfície de comando estiver do centro de gravidade
da aeronave, menor será sua deflexão para deslocar a aeronave no ar.
Manche
Pedais do leme
Trim tabs são aerofólios simétricos instalados no bordo de fuga9 das superfícies primárias.
Eles têm a função de auxiliar no movimento destas superfícies, aliviando o efeito da carga
aerodinâmica sobre ela. Assim, o piloto fará menos força para movê-la. Este efeito segue a
Terceira Lei de Newton, segundo a qual a cada ação corresponde uma reação em intensidade
igual e sentido oposto. Desta forma, o trim irá mover no sentido contrário do movimento da
superfície primária gerando assim uma força que irá auxiliá-la a vencer a carga aerodinâmica
sobre ela.
A Figura 81 mostra a localização dos trim tabs em uma aeronave. Observa-se sua
localização no bordo de fuga das superfícies primárias. Eles movimentam no sentido oposto da
superfície em que esta conectada. Este efeito gera uma força que alivia a força feita pelo piloto
no manche.
9
O bordo de fuga de uma superfície aerodinâmica, como uma asa é a sua extremidade posterior, em que o fluxo de
ar separado pelo bordo de ataque se junta.
8.4 Superfícies de comando de hiper-sustentação
Flaps
Flap Plano ou simples: dispositivo instalado no bordo de fuga da asa que gira para baixo por meio
de dobradiças simples. Começou a ser utilizado durante a Primeira Guerra Mundial equipando
115
aeronaves de baixo desempenho. Sua função é aumentar a curvatura das asas elevando também
a sustentação. O problema deste modelo de flap é o descolamento da camada limite em altas
Page
velocidades. A Figura 83 mostra o perfil de deslocamento do aerofólio no momento do
acionamento e o tipo de aeronave que normalmente é encontrado.
Flap Ventral: dispositivo instalado na parte inferior do bordo de fuga da asa que se desloca para
baixo quando acionado. A diferença entre este flap e o flap simples é a porção da superfície que
é deslocada. No flap simples toda a superfície é deslocada para baixo. Já no caso do ventral
somente sua metade inferior é deslocada para baixo. A Figura 84 mostra o acionamento deste
modelo de flap. Observa-se que somente a parte inferior do aerofólio se desloca para baixo.
Flap com fenda: este modelo de flap funciona como o flap simples, porém produz uma fenda
entre sua superfície e a asa no momento de seu acionamento. Esta fenda permite que o fluxo de
ar percorra o aerofólio de maneira mais uniforme reduzindo perturbações na camada limite.
Observam-se na Figura 85 as fendas entre os aerofólios que compõem este modelo de flap.
116
Page
Figura 85: Flap com fenda.
Flap Fowler: o flap fowler é muito utilizado em aeronaves de alta performance. Quando acionado
suas superfícies são estendidas para trás mantendo o raio de curvatura da asa harmônico. Esta
característica reduz as perturbações no fluxo de ar e consequentemente o descolamento da
camada limite. Há uma variação do fowler que contempla as fendas existentes no modelo de flap
com fenda. Neste caso, agregam-se à superfície as vantagens existentes nos dois modelos. Nota-
se na Figura 86 a extensão harmônica da curvatura da asa após a extensão do flap.
Flaps de bordo de ataque e os slats estão localizados no bordo de ataque das asas e se
assemelham a uma aba que se desdobra no bordo de ataque. Embora estes últimos não abram
fendas para a passagem de ar, eles permitem imprimir um formato mais recurvado a parte frontal
da asa e aumentando a sustentação durante procedimentos de pouso e decolagens. Os slats são
dispositivos de hiper-sustentação auxiliar, que nada mais são do que uma porção do próprio
bordo de ataque da asa que se desloca à frente para permitir a passagem de ar da parte inferior
(intradorso) para a parte superior (extradorso) pela fenda ali formada, melhorando assim o
117
limite10. A Figura 87 mostra os slats e flaps extendidos. Observa-se que a curvatura da asa
10
Camada limite é que a camada de fluído existente nas imediações de uma superfície delimitadora, que sofre
os efeitos difusivos e a dissipação da energia mecânica. É a camada laminar de ar que passa rente a superfície do
aerofólio.
aumenta assim como sua área alar. O resultado é o aumento da sustentação da aeronave em
baixas velocidades.
Nesta seção serão apresentadas as formas utilizadas pelos fabricantes de aeronave para
transmitir o comando executado pelo piloto no cockpit para as superfícies de comando instaladas
nas asas e estabilizadores. Dentre elas estão a transmissão de comandos por hastes, por cabos,
roldanas e atuadores hidráulicos e finalmente por sinais elétricos.
Para explicar o sistema de comando de voo que utilizam hastes fabricadas de liga de
alumínio, tomaremos como exemplo a aeronave modelo Hawk 200, fabricada pela British
118
Aerospace (BAE). A Figura 88 apresenta o sistema de controle das superfícies primárias desta
Page
aeronave. Nela pode ser visualizado os ailerons, os profundores e o leme de direção. Estas
superfícies são controladas pelo piloto por meio do movimento na coluna de controle (control
column) e também dos pedais do leme (rudder pedals).
Estes mecanismos por sua vez acionam um conjunto de hastes que transmitem o
movimento mecânicos até a superfície de controle que é defletida variando sua posição no
aerofólio ao qual esta ligada. Esta deflexão eleva ou reduz a sustentação daquele respectivo
aerofólio permitindo o controle da aeronave em torno de seus três eixos principais. Uma
característica interessante deste sistema é que as superfícies sempre moverão para a condição
de neutro caso o piloto solte a coluna de controle ou os pedais. Este conjugado de retorno é feito
por meio de molas que são chamadas de unidade de spring feel unit e permite que a aeronave
119
11
Spoilerons: São spoilers que funcionam em conjunto com os ailerons para auxiliar nos procedimentos de curvas.
12
Cabos 7x19: São cabos muito utilizados nos sistemas de comandos de voo de aeronaves de grande porte. A
nomenclatura 7x19 indica que o cabo possui sete conjuntos de pequenos cabos entrelaçados. Estes por sua vez
possuem dezenove fios de aço cada um.
direção. A Figura 89 apresenta o diagrama do sistema de comando que foi descrito. Ele possui
números que apresentam a sequência de acionamento desde o manche até o aerofólio.
4
6
2
Legenda:
O sistema de comando do leme de direção segue o mesmo princípio. Sua atuação começa
Page
nos pedais localizados na cabine de comando sendo que o movimento é transmitido até os
atuadores hidráulicos localizados na cauda da aeronave. A Figura 90 apresenta detalhes deste
sistema. O detalhe 1 destaca a localização dos pedais na cabine de comando e o detalhe 2 os
atuadores hidráulicos (rudder power unit) que estão ligados a hastes que transmitem movimento
ao leme de direção (rudder).
O sistema fly-by-wire é o sistema de controle que opera por meio de sinais elétricos.
Diferente das arquiteturas descritas até aqui, neste sistema qualquer modificação da direção e
do sentido de uma aeronave feita pelo piloto é enviada ao computador central e dele e repassada
para as superfícies móveis: aileron, profundor, leme por meio de sinais elétricos. A utilização de
hastes, roldanas e cabos e drasticamente reduzida o que faz com que a aeronave tenha seu peso
122
reduzido. É interessante ressaltar que na maioria dos sistemas fly-by-wire a atuação direta na
superfície primária ainda permanece hidráulica, ou seja, por meio dos atuadores hidráulicos.
Page
As vantagens desta operação é a elevação na velocidade de reação dos comandos feitos
pelo piloto, o aumento do fator de segurança na capacidade de manobra da aeronave na forma
de impedir que se façam manobras que ultrapassem os limites estruturais de uma aeronave e a
redução de peso com a substituição de cabos de comando, hastes e componentes hidráulicos
por fios elétricos. A desvantagem é a sobreposição dos comandos da máquina sobre as do piloto,
ou seja, há condições de voo que a aeronave não permite que o piloto tome determinadas
atitudes. Isso acontece quando os computadores centrais “entendem” que aquela determinada
manobra irá colocar em risco a aeronave.
Modo de operação fly by wire total: Este é o modo normal de operação. Nele, o
computador central processa algoritmos mais complexos. Os sistemas de proteção que
contribuem para a segurança de voo, do equipamento operam em sua plenitude. Os
computadores primários e secundários13 trabalham juntos processando as informações.
Modo de conexão elétrica direta: trata-se do modo de operação que considera um dos
computadores em falha. O computador restante processa algoritmos mais rudimentares
e alguns sistemas deixam de receber sinais digitais para receberem sinais elétricos de
forma direta.
Modo de reversão mecânica: Este é o modo de emergência que considera os dois
computadores em falha. Os sinais digitais não são processados cabendo aos sinais
elétricos à função de operação dos componentes do sistema. Neste modo vários funções
serão desativadas permanecendo em operação as funções essenciais ao voo.
13
Os sistemas fly-by-wire operam geralmente com dois ou até três computadores para o processamento de sinais. Este
padrão atribui mais segurança ao sistema em caso de falhas.
Figura 92: Atuação de superfícies primárias no sistema fly-by-wire
2 Flap
Porca Fixa
O acionamento dos slats e flaps de bordo de ataque são diferentes. Neste caso cada
superfície esta ligada a um atuador hidráulico que é responsável pela sua extensão ou retração
quando é aplicado fluído hidráulico sobre pressão. A Figura 94 apresenta um esquema de
acionamento dos slats e flaps de bordo de ataque de uma aeronave Boeing 737-700 e 800. As
linhas verdes indicam fluido hidráulico pressurizado a 3.000psi. Cada linha chega aos atuadores
hidráulicos ligados a cada superfície.
126
Page
Figura 94: Sistema de atuação dos slats e flaps de bordo de ataque.
A Figura 95 mostra a localização dos spoilers sobre a asa. Eles possuem a função de
“quebrar” a sustentação da aeronave. São utilizados para descidas rápidas quando totalmente
estendidos ou auxiliando os ailerons em curvas quando utilizados no modo spoileron. Algumas
aeronaves ainda são equipadas com spoilers de solo (Ground Spoilers). Estes dispositivos, assim
como os spoilers, são utilizados para “quebrar” a sustentação da asa em condições de pouso.
Esta ação é importante para evitar que a aeronave sofra o efeito de flutuação, ou seja, percorra
parte da pista de aterrisagem sem tocar os trens de pouso no chão.
127
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Spoiler
Ground spoilers s
Figura 95: Spoilers instalados sobre a asa de uma aeronave modelo 737-700.
129
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9 Trem de Pouso
A Figura 97 mostra os diversos modelos de trem instalados nas aeronaves que se encontram
em operação. A foto A mostra um Airbus 380 que opera em grandes aeroportos mundiais. Seu
trem de pouso e composto por rodas para facilitar seu deslocamento em solo. A foto B mostra
um helicóptero. Seu trem de pouso na forma de esquis torna mais flexível o pouso em diversos
tipos e níveis de terreno. As fotos C e D mostram aeronaves com esquis e flutuadores
respectivamente. Eles auxiliam no deslocamento da aeronave em pousos e decolagens nos
terrenos que as rodas não podem operar.
131
Page
14
Estrutura primária: componentes estruturais de um avião responsáveis por suportar as maiores cargas mecânicas
durante as operações em voo e em solo.
Figura 97: Tipos de trem de pouso instalados em aeronaves.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
Existem ainda modelos de aeronaves que possuem dois tipos diferentes de trens instalados
em um mesmo conjunto. Este é o caso dos modelos mostrados na Figura 98. Nela, pode-se ver a
composição de flutuadores e rodas na primeira foto e esquis e rodas em na segunda foto. O
objetivo é aumentar a flexibilidade da operação da aeronave em diversos tipos de terrenos.
É também conhecida como trem de pouso convencional por terem sido muito utilizadas
nas primeiras aeronaves projetadas. Neste arranjo trem de pouso principal, que é formado pelo
conjunto das duas rodas principais, esta localizada à frente do centro de gravidade da aeronave
fazendo com que a cauda seja suportada por uma terceira roda que é conhecida no Brasil como
bequilha. O ângulo formado pela fuselagem das aeronaves que usam esta configuração de trem
de pouso permite a utilização de longas pás de hélice em motores de baixa potência. A Figura 99
mostra dois modelos de aeronaves que utilizam trem de pouso tipo bequilha. Observa-se um
ângulo positivo de fuselagem em função dos trens de pouso principais estarem localizados à frete
do centro de gravidade da aeronave.
Figura 99: O DC3 (esquerda) e o STOL Maule (direita) utilizam trem de pouso tipo
bequilha .
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
133
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Existem dois modelos de bequilhas disponíveis para instalação: a que utiliza controle
mecânico direcional e a bequilha sem controle. A bequilha sem controle se alinha ao eixo
longitudinal da aeronave no momento em que a aeronave esta se deslocando na pista, sendo
normalmente instalada em aeronaves de baixa velocidade. A dirigibilidade do avião é feita por
meio do acionamento dos freios. Desta forma, curvas para a esquerda são feitas ao acionar o
freio da roda esquerda e curvas para a direita são feitas ao acionar o freio da roda direita. As que
possuem controle direcional estão ligadas ao leme de direção da aeronave. Assim, a bequilha se
move quando os pedais do leme são acionados na cabine de comando permitindo a dirigibilidade
da aeronave em solo. Nestes casos o freio também é utilizado para auxiliar nos ajustes
direcionais. A Figura 100 mostra uma bequilha com controle direcional instalado em aeronaves
como o Pitt Special.
Figura 100: Bequilha com sistema direcional instalado (esquerda) e o Pitt Special
(direita).
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
134
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Trem de pouso tipo tandem - tandem landing gear
Algumas aeronaves utilizam trens de pouso com a configuração tandem. Nela, o conjunto
de trens principais está alinhado ao eixo longitudinal da aeronave. Esta configuração é muito
utilizada por aeronaves militares como o bombardeiro B52, o VTOL Harrier e o avião espião U2.
A vantagem da utilização deste trem de pouso reside em permitir a utilização de asas flexíveis ou
retrateis. A Figura 101 mostra alguns modelos de aeronaves que utilizam este tipo de trem de
pouso. Nela, da esquerda para a direita, pode-se ver um planador, o bombardeiro modelo B-52
fabricado pela Boeing e um VTOL Harrier. Estas aeronaves possuem os trens de pouso alinhados
ao seu eixo longitudinal.
a) Permitir que seja aplicadas forças intensas de frenagem na aeronave sem que ela perca
estabilidade longitudinal.
135
b) Permite uma visibilidade maior para o piloto que está localizado na cabine de comando
Page
da aeronave.
c) Evita o ground-looping ou giro repentino de cauda que pode ocorrer durante uma corrida
de decolagem. Este efeito ocorre principalmente nas aeronaves que possuem bequilha
instalada.
A Figura 102 mostra duas aeronaves que utilizam o trem de pouso triciclo. O Learjet 55
(esquerda) possui um trem retrátil que é recolhido e escamoteado após a decolagem da
aeronave. O Cessna 152 (direita) possui trem de pouso triciclo fixo. O recolhimento do trem de
pouso é vantajoso em aeronave de alto desempenho, pois reduz o consumo de combustível e
evita danos a estrutura da aeronave. Por outro lado, apresentam custo de manutenção mais
elevado.
O trem de pouso de nariz da maioria das aeronaves que possuem a configuração triciclo é
controlável por um conjunto de hastes mecânicas ou por atuadores hidráulicos. Estes últimos
mais utilizados em aeronaves de grande porte. O comando é feito por meio dos pedais do leme
de direção ou de um volante, ambos localizados na cabine do piloto. O número de rodas também
depende do tamanho e peso da aeronave. A Figura 103 apresenta um trem de pouso principal
de uma aeronave 777 (esquerda) e os trens de um King Air C90 (direita). Observa-se que o
número de rodas e a construção deste equipamento é proporcional às dimensões das aeronaves.
136
Page
Figura 103: Trens de pouso utilizados em aeronaves de grande e pequeno porte.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
A Figura 104 mostra um sistema de controle do trem de pouso do nariz de uma configuração
triciclo atuado por pistões hidráulicos. A linha vermelha mostra o fluido hidráulico pressurizado
atuando o atuador hidráulico e este por sua vez mudando a direção das rodas. A linha verde
mostra o retorno para o reservatório do sistema. Ele é utilizado em aeronaves como o 737, 767,
747 entre outros.
Figura 104: Sistema hidráulico de atuação direcional das rodas do trem de nariz.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
137
Page
9.3Componentes e a operação do sistema de trem de pouso
Como qualquer outro sistema da aeronave o trem de pouso também possui diversos
componentes que executam diversas funções durante seu funcionamento. Dentre eles testão os
mecanismos de extensão e retração, de amortecimento e frenagem. Todos estes componentes
podem ser visualizados na Figura 105. Nela, pode-se ver o conjunto do trem de pouso principal
utilizado nos grandes jatos comerciais. Ele possui atuação de recolhimento e extensão hidráulica.
Sua estrutura é composta pela walking beam, side strut, drag strut, axle e pelo schock strut. Este
último também responsável pelo amortecimento das vibrações durante os regimes de pouso,
decolagem e taxi.
9.3.1 Amortecedores
Outra função do sistema de trens de pouso, além de suportar a aeronave em solo, é controlar
as forças de impacto durante pousos, corridas de decolagem e taxi. Isso pode ser feito de duas
maneiras: dissipando a energia de impacto de forma proporcional por toda a fuselagem da
aeronave ou a absorvendo e a convertendo em calor. Esta é a função dos amortecedores. Eles
são normalmente instalados entre as rodas e a estrutura da aeronave apresentando
funcionamento puramente mecânico ou hidráulico. Este último sendo mais utilizado nas
aeronaves de médio e grande porte.
Dentre a categoria dos amortecedores mecânicos estão os Leaf-Type Spring Gear. Eles são
compostos simplesmente de uma barra de aço usinada que quando instalada na aeronave
suporta seu peso criando um efeito mola. Trata-se de uma solução simples, barata e eficiente
para controlar a energia de impacto e as vibrações. Atualmente, eles são instalados em aeronaves
de pequeno porte que possuem em sua maioria trens de pouso fixos. A Figura 106 mostra uma
aeronave que opera com o Leaf-Type Spring Gear. Pode-se observar que se trata de um
139
seguinte, de compressão (compression stroke), pode-se ver o óleo fluido novamente para a
Page
câmara superior. Esta etapa ocorre no momento em que a aeronave toca as rodas na pista de
pouso dos aeroportos. A passagem restrita do óleo pelos orifícios calibrados gera o
amortecimento.
A Figura 108 mostra um amortecedor hidráulico típico. Nela, pode-se identificar o inner
Page
cylinder e o outer cylinder e suas conexões com as rodas (wheel axle) e com a estrutura da
aeronave. Na primeira foto (esquerda) é possível visualizar as duas câmaras separadas pelo
orifício calibrado (orifice plate). Elas são preenchidas por óleo e ar. O abastecimento é feito pela
válvula de serviço (sevicing valve). A segunda foto (direita) mostra outro modelo de amortecedor
hidráulico. Nele, verifica-se a existência de um conjunto de furos calibrados (center cam e
metering tube) que permitem uma amortecimento mais suave. É interessante ressaltar que o
óleo é o componente responsável pela absorção dos impactos de maior energia, como por
exemplo, no momento em que as rodas tocam a pista de pouso. O ar amortece as pequenas
oscilações como durante o taxi da aeronave do terminal à cabeceira da pista de decolagem.
As rodas e os freios são os componentes dos trens de pouso que permitem a aeronave
deslocar e parar durante sua operação em solo. Eles estão instalados no eixo do cilindro interno
do amortecedor que absorve a energia de impacto e as vibrações geradas durante esta operação.
São componentes construídos de materiais resistentes a cargas mecânicas e térmicas, pois
grande parte da energia de impacto e de frenagem é convertida em calor. A seguir serão
discutidos detalhes de cada um destes componentes.
Na aeronave, o conjunto da roda é montado como mostra a Figura 111. Nesta vista em corte
verifica-se a instalação da roda no eixo do trem de pouso. Ela é suportada por dois rolamentos
cônicos. Eles recebem uma graxa especial que suporta altas e baixas temperaturas além das
intemperes já conhecidas como água e sujeira. A resistência as variações extremas de
temperaturas é necessária devido ao trem de pouso ficar exposto as baixas temperaturas
ambientes durante o voo (até -60c°) e as altas temperaturas durante o pouso pela dissipação de
calor do conjunto de freio ( até 400 c°).
144
Page
Figura 111: Montagem do conjunto da roda no trem de pouso.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
O sistema de freio da maioria das aeronaves funciona por meio da atuação hidráulica, ou
seja, é composto basicamente por um reservatório hidráulico, tubulações, mangueiras, pedais
de acionamento e o freio propriamente dito. A tecnologia aplicada em seu projeto
depende do tamanho e do modelo da aeronave. Por exemplo, em uma pequena aeronave Cessna
152 o sistema de freios é composto apenas dos componentes já citados. Já em um grande jato
747, o sistema de freio possui agregado ao sistema básico a função antitravamento das rodas
(antiskid), proteção contra expansão térmica e sistema de freio de emergência.
A Figura 112 mostra um sistema de freio básico utilizado em aeronaves de pequeno porte.
Nela podem-se ver as mangueiras por onde passa o fluido hidráulico, o conjunto de pistões de
acionamento das pastilhas e o disco de freio.
145
Page
Amortecedor
Mangueiras
Discos de
Conjunto pistões e
freio
pastilhas
Os conjuntos de freio são normalmente montados com discos rotores e discos estatores. Os
discos rotores são aqueles que giram acompanhando o movimento da roda, e os estatores os
permanecem estáticos. Normalmente este último contém as pastilhas que são comprimidas nos
discos rotores pela atuação dos pistões hidráulicos para que ocorra a frenagem. As pastilhas de
freio são fabricadas, em sua maioria, de materiais compósitos como fibras de vidro, fibra de
carbono e materiais cerâmicos e os discos estatores de ligas de aço. Contudo, vale ressaltar que
os avanços tecnológicos no campo de materiais tem proporcionado a construção de discos
estatores em fibra de carbono. Isso tem proporcionado maior vida útil do componente
combinada a significativa redução de peso para a aeronave.
Dentro das categorias de freios aeronauticos têm-se: os freios de disco único (single disc
brakes), freios de disco duplo (dual disc brakes), freio de discos múltiplos (multiple disk brakes),
freio com rotores segmentados (segmented rotor-disc brakes). Os freios de disco único são muito
utilizados em aeronaves pequenas e leves. Sua montagem contempla somente um disco rotor
(brake disc) e as pastilhas de fricção (lining puck) (Figura 33). O acionamento é feito por meio da
força hidráulica e o retorno por ação de uma mola calibrada.
146
Page
Figura 113: Montagem de um conjunto de freio de disco único.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
Nos conjuntos de freio que possuem disco duplo há um disco de pressão (pressure plate) e
o disco traseiro (back plate). Entre eles estão as pastilhas fabricadas de material compósito e são
responsáveis pela fricção. Assim como o freio de disco único, os pistões (pistons) são acionados
pela força hidráulica, no momento em que o piloto aciona os pedais de freio na cabine de
comando da aeronave (Figura 114a), comprimindo todo o conjunto e criando a frenagem. A
Figura 114b mostra um conjunto de disco duplo em detalhes. Sua ação de frenagem é mais
efetiva do que o conjunto de disco único.
147
Page
Figura 114a: Montagem de um conjunto de pedais de acionamento dos freios e do leme
de direção (rudder).
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
O conjunto de multiplos discos possui um arranjo mais complexo do que os outros dois. Eles
148
foram projetados para trabalhar com a tecnologia de válvulas de controle de freios (brake control
valves) e o sistema de aumento de energia (power boost brake). O conjunto é formado por vários
Page
pistões hidráulicos que acionam diversos discos estatores. Estes por sua vez comprimem os
discos rotores que giram com a roda ocorrendo assim a frenagem. Estes freios são muito
eficientes sendo utilizados em grande parte dos jatos comerciais. Para se ter uma idéia de seu
poder de frenagem, o conjunto de freios da aeronave 777 é capaz de mantê-lo estático uma vez
aplicada toda a potência de seus motores15.
149
Page
15
O Boeing 777 utiliza motores dois GE90 que geram 90.000 libras de empuxo cada um.
Figura 115: Montagem de um conjunto de freio de múltiplos discos.
150
151
Page
Figura 117: Montagem de um conjunto de freio de múltiplos discos no trem de pouso de
uma aeronave.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
A retração e extensão dos trens de pouso de grande parte das aeronaves atuais são feito de
duas maneiras: por meio elétrico ou hidráulico. O sistema que opera eletricamente equipam
normalmente as aeronaves leves e de pequeno porte. Seu conjunto principal é formado por um
motor elétrico e engrenagens de redução. Eles ainda possuem um conjunto chamado de power
pack que contém um pequeno circuito hidráulico acionado por uma bomba elétrica ou manual
para casos em que o motor elétrico principal não esteja funcionando. O sistema power pack faz
parte dos sistemas de emergência da aeronave.
A Figura 118 mostra um mecanismo de acionamento elétrico do trem de pouso. Nela pode-
se ver o conjunto do trem que é formado pelo drag strut, schock strut, drag strut e o conjunto de
acionamento elétrico formado pelos componentes landing gear motor, gear box.
152
153
Page
Figura 119: Mecanismos de acionamento hidráulico do trem de pouso - Extensão.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
Na Figura 120 o movimento executado pelo trem é de retração ou recolhimento (Up). Nota-
se que as linhas que antes recebiam fluído hidráulico sob pressão, agora funcionam como linhas
de retorno.
154
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Figura 120: Mecanismos de acionamento hidráulico do trem de pouso – Retração ou
recolhimento.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
Assim como, as aeronaves que possuem o sistema de operação elétrico do trem de pouso
incorporam a power pack como unidade de emergência, o free fall ou queda livre faz parte do
sistema de operação hidráulica. A queda livre é utilizada somente em casos em que a extensão
155
hidráulica dos trens de pouso não esta funcionando. Ela é composta por um conjunto de cabos
ligados aos acoplamentos mecânicos que mantém os trens de pouso travados na posição
Page
recolhida. Quando acionados, pela cabine de comando, estes cabos deslocam estes
acoplamentos que liberam os conjuntos dos trens para caírem por gravidade até o travamento
na posição estendida.
A Figura 121 mostra as manetes de acionamentos dos cabos de free fall localizados
geralmente no piso da cabine de comando da aeronave. Elas são puxadas uma por uma pelo
piloto em situações de perda do sistema hidráulico para liberação dos trens de pouso. É
interessante ressaltar que há um sensor (emergency extended - Fig. 122) na porta de acesso às
manetes que quando acionado, ou seja, quando a porta é aberta, modifica a posição da válvula
seletora (free fall valve - Fig. 122) do sistema de trem de pouso. Isso faz com que a linha hidráulica
de retração dos trens de pouso seja direcionada para o retorno do reservatório hidráulico. Tal
ação evita calço hidráulico no momento da queda livre.
157
Page
10 Elétrica
força eletromotriz,
corrente elétrica,
corrente alternada
158
corrente contínua.
Page
10.1 Introdução
Como exemplo do conceito de redução de tamanho e peso por meio da eletrônica tem-se
o caso dos conjuntos mecânicos giroscópicos. Eles são utilizados em sistemas de navegação que,
em sua grande parte, foram substituídos por pequenas e leves plataformas eletrônicas a laser.
Estas plataformas deixaram de utilizar os giroscópios para trabalhar com diodos emissores de luz
e espelhos. O resultado foi a redução do tamanho e peso do componente além de maior
sensibilidade às atitudes da aeronave, o que proporcionou melhorias na navegação.
energia que pode ser uma bateria ou um gerador, a resistência elétrica que pode ser
caracterizado como um motor, uma lâmpada ou uma placa de circuito impresso e os condutores
Page
elétricos. A função da fonte é criar uma diferença de potencial (D.D.P.) entre dois pontos do
circuito elétrico, permitindo que corrente elétrica flua de um ponto ao outro desse circuito. A
função da resistência elétrica ou carga elétrica é criar resistência à passagem da corrente elétrica.
Vale ressaltar que a energia retida pela resistência é dissipada na forma de calor pelo efeito Joule.
E por fim, os condutores elétricos, que possuem a função de fazer a ligação entre a fonte
geradora e a resistência elétrica.
Sistemas elétricos para aeronaves devem ser confiáveis, possui baixo peso, apresentar
pouca manutenção e quando esta for necessária permitir que seja feita da forma mais simples e
rápida possível. Este último fator é importante, pois eleva a disponibilidade da aeronave para
voo. Uma tendência dos fabricantes de componentes para sistemas elétricos de aeronaves como
a Honeyweel, Hamilton Sundstrand e Collins é fabricar componentes no formato LRU ou Line
Replacement Unit.
A filosofia LRU pode ser exemplificada de diversas formas. Uma delas, e mais utilizada,
consiste em diversas placas de circuito impresso que possui cada uma seu processador e sua
função dentro e um determinado sistema. Estas placas estão acondicionadas em uma única
unidade que é instalada no avião. Quando uma falha ocorre, um modo de auto teste da unidade
detecta qual placa esta apresentando problema. Desta forma não é necessário substituir todo o
componente. Substitui-se somente a placa que apresentou problema. Esta ação é feita soltando
apenas dois parafusos, o que permite rapidez na ação de manutenção e retorno rápido da
aeronave para voo.
Neste tópico serão apresentados alguns conceitos básicos sobre eletricidade. Dentre eles a
definição de força eletromotriz, corrente elétrica, resistência elétrica, lei de Ohm, corrente
160
Conceitos básicos:
A eletricidade é uma das formas de energia mais utilizadas atualmente e pode ser gerada
por meio da luz, do calor, da pressão, das reações químicas e da força eletromagnética. A seguir
serão exemplificadas cada uma delas:
A força eletromotriz que também é conhecida como tensão elétrica pode ser entendida como
Page
a força que empurra elétrons de um ponto ao outro em um condutor elétrico (fio elétrico). Ela é
medida entre dois pontos do condutor e o instrumento utilizado para isso chama-se voltímetro.
O voltímetro é instalado em paralelo com o circuito elétrico durante a medição e sua unidade de
medida é o volt (V). É importante ressaltar que a força eletromotriz existe quando há uma
diferença de potencial entre dois pontos do circuito elétrico. Como exemplo pode-se citar os
polos de uma bateria projetada para gerar 12 volts e alimentar circuitos elétricos utilizados em
uma aeronave modelo Cessna 172RG. Medindo a diferença de potencial entre o polo negativo e
o polo positivo da bateria será indicado no mostrador do voltímetro o valor de 12 volts.
A Figura 125 pode exemplificar esta discussão. Ela mostra duas caixas d’água conectadas uma
à outra. Percebe-se que a caixa A possui mais água do que a caixa B. Mantendo o registro fechado
verifica-se a existência de uma diferença de potencial entre as caixas. Abrindo-se o registro
ocorrera a transferência de água da caixa A para a caixa B até que os níveis permaneçam
idênticos. A força que desloca a água pode ser comparada a força eletromotriz gerada pela
bateria de 12 volts. A tubulação pode ser comparada aos condutores elétricos e a água ao fluxo
de elétrons. A este fluxo também se dá o nome de corrente elétrica.
Figura 125: Diferença de potencial entre as caixas d’água. Situação semelhante ocorre em
circuitos elétricos.
(Al), e este por sua vez fluem por ele no momento em que é aplicada uma D.D.P. entre suas
Page
A Figura 127 mostra um circuito elétrico básico formado por uma bateria, uma lâmpada
e condutores elétricos. Pode-se observar que corrente contínua flui de um polo ao outro da
164
bateria. Ela é gerada por meio da reação química que ocorre dentro da bateria. Esta reação libera
Page
Corrente contínua
Como exemplos práticos de geração de corrente alternada pode-se citar a energia elétrica
utilizada em nossas casas. Sua frequência gira em torno de 60 Hz, isso que dizer que o gerador
da usina hidroelétrica executa sessenta vezes os passos mostrados na Figura 5 a cada segundo.
Os geradores do Boeing 737 funcionam da mesma maneira. A diferença é que eles trabalham na
frequência de 115 Hz gerando 115 ciclos a cada segundo.
165
Page
Figura 128: Passos para a geração de corrente elétrica alternada.
166
Figura 129: Perfil dos sinais de corrente continua e alternada vistos em um osciloscópio.
Condutores devem possuir a característica de baixa resistência, pois sua função é conduzir
corrente pelo circuito com a menor resistência possível. Normalmente eles são fabricados de
ligas metálicas como o cobre e o alumínio. Isso porque estes materiais possuírem elétrons livres
nas últimas camadas de seus átomos facilitando seu deslocamento de um átomo para o outro.
Porém, há componentes fabricados propositalmente para resistir ao fluxo de elétrons, são os
resistores. Eles são encontrados na maioria dos circuitos eletrônicos como, por exemplo, as
placas de circuitos de computadores, fontes de energia e corrente e são muito utilizados para
limitar valores de corrente e tensão a determinados valores operacionais.
167
Outros fatores que afetam os valores de resistência dos condutores e resistores, além do
material de seu material de construção, são suas dimensões e a temperatura de operação. O
Page
comprimento e a temperatura possuem uma relação direta com a resistência, ou seja, quanto
maior a temperatura e o comprimento do condutor ou resistor maior será o valor de resistência.
Porém, se for avaliado o diâmetro do condutor ou resistor, será verificado que a relação é inversa.
Em outras palavras, quanto maior o diâmetro menor será a resistência.
= (. * (1)
Onde,
O próximo tópico tratará das fontes geradoras de energia elétrica. Dentre elas as baterias, os
geradores e os alternadores. Estes componentes serão descritos e detalhados para uma melhor
compreensão de seu funcionamento.
Baterias são dispositivos que permitem armazenar energia elétrica na forma de energia
química de forma que esta possa ser convertida em eletricidade. Uma bateria é formada pelos
seguintes componentes: dois terminais, o eletrólito e a caixa que contém o conjunto. Os dois
terminais precisam ser quimicamente diferentes (geralmente dois metais diferentes), um rico em
elétrons e outro com escassez deles. O terminal rico em elétrons recebe o nome de anodo e o
outro de catodo. O eletrólito que geralmente é um fluido, esta localizado entre os dois terminais
e tem a função de facilitar a passagem de elétrons de um terminal ao outro. Ele funciona de
forma semelhante aos condutores elétricos que foram citados no item 4.1.
baterias destas baterias instaladas. Desta forma sua autonomia de operação, em casos de
Page
A Figura 131 mostra uma típica bateria modelo chumbo-ácido aeronáutica. Elas são blindadas
e não permitem manutenção como as baterias de níquel-cádmio. Nos detalhes internos podem-
se verificar os terminais anodo e catodo da bateria (battery terminals), as placas de chumbo
instaladas em seu interior (lead plates) e a solução de ácido sulfúrico de água que compõem o
seu eletrólito (sulfuric acid and water solution). Estas baterias são muito utilizadas em aeronaves
de pequeno porte como os cessna modelo 152, 172 e 182.
170
Page
danos.
Baterias chumbo-ácido devem ser mantidas distantes de baterias níquel-cádmio. Caso
haja ações de manutenção simultâneas nestes dois componentes, atenção especial deve ser
tomada para evitar contaminação. Caso ocorra derramamento de eletrólito na aeronave ou em
qualquer outro local, a neutralização deve ser feita por meio de solução de carbonato de cálcio
para derramamento de ácido sulfúrico e ácido bórico para derramamento de hidróxido de
potássio.
Diferente das baterias, que convertem energia química em energia elétrica, os geradores são
equipamentos mecânicos que tem a função de converter energia mecânica em energia elétrica.
Eles produzem corrente alternada e continua, dependendo do campo de aplicação. Para isso,
possuem um conjunto composto por bobinas de campo, armadura, anéis coletores ou
comutadores (geradores de corrente contínua) e em alguns casos escovas de carvão ou grafite.
172
A Figura 132 mostra as partes que compõem um destes geradores. Na primeira foto podem-se
ver as bobinas de campo instaladas nas paredes internas da carcaça do gerador, elas são
Page
reesposáveis por induzir o campo magnético nas bobinas (Coils) da armadura vista na foto
seguinte. O comutador (commutator) esta ligado às bobinas da armadura servindo de superfície
de contato para o transporte da corrente gerada.
173
Page
Figura 133: escovas utilizadas em geradores e alternadores.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
Porém, para que este sinal se torne um sinal contínuo, torna-se necessário o uso de
dispositivos conversores como os comutadores. Os comutadores já foram abordados ao longo
do texto e possuem a função de converter corrente alternada em contínua. Esse processo ocorre
por meio das ranhuras existentes em seu corpo. As ranhuras podem ser vistas com detalhes na
Figura 135. Quando as escovas estão em contato com a superfície do comutador elas dão origem
174
ao padrão de sinal mostrado no gráfico na mesma figura. Nota-se que nele não há mais a
existência do semi-ciclo inferior da onda senoidal. Isso caracteriza a conversão da corrente
Page
alternada para contínua. É interessante ressaltar que a diferença básica entre um gerador de
corrente alternada e um gerador de corrente contínua esta superfície de captura do sinal de
tensão. Para que a saída seja alternada basta que ela seja lisa, sem as ranhuras existentes no
comutador.
A Figura 136 mostra um típico gerador de 24 volts utilizado na maioria das aeronaves de
médio porte. Pode-se notar que eles possuem uma construção robusta e ventilação para troca
de calor.
diodos que forma a ponte retificadora (rectifier assembly). O sinal de tensão senoidal, na entrada
Page
do retificador, é mostrado nesta figura ao lado do esquema elétrico. Abaixo dele, pode-se
verificar o sinal de tensão após a retificação.
Figura 138: Esquema elétrico de um alternador e padrões de sinal de tensão antes e após a
retificação.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
para contínuo. Outro dado importante é sobre a diferença de fase entre cada saída e a frequência
Page
de operação. A diferença entre as tensões utilizadas nas aeronaves atuais (115 volts) é de 120° e
a frequência, que possui relação direta com a rotação do gerador é mantida em 400 Hz. Se a
rotação variar a frequência também sofrerá variação.
Figura 139: Sinal de saída de um gerador de corrente alternada após uma rotação completa.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
Figura 140: Gerador elétrico de corrente alternada utilizados em aeronaves de grande porte.
178
A CSD e a IDG são exemplos de alternadores assistidos utilizados nos grandes jatos atuais.
Elas são responsáveis por manter a frequência do gerador em 400 Hz independente da rotação
do motor. Para isso, elas fazem usos de conjuntos de engrenagens que se acoplam mudando a
relação de rotação do alternador no momento em que o motor sofre alterações em sua rotação.
É interessante ressaltar que o mecanismo de mudança das engrenagens no controlador de
velocidade funciona por força hidráulica, proveniente de sinais de pressão de óleo do motor.
Desta forma, quando o motor da aeronave sofre uma aceleração, consequentemente a pressão
do óleo se elevará. Esta elevação na pressão de óleo é sentida pelos mecanismos do controlador
de velocidade que imediatamente muda a relação de engrenagens para manter a frequência do
alternador em 400 Hz.
A Figura 141 mostra uma CSD e uma IDG. A diferença básica entre as duas é que a CSD é
acoplada ao alternador e a IDG contém o gerador em seu interior. Esta constatação também pode
ser feita visualmente. Verificando a figura da IDG podem-se encontrar os terminais elétricos do
alternador (terminal block). Na sequencia tem-se a Figura 16. Ela apresenta o conjunto interno
de engrenagens de uma CSD que se ajustam para manter a frequência do alternador em 400 Hz.
Também se pode observar nesta figura o conjunto composto pela base variável e pelos pistões
179
A Figura 142 mostra um conjunto CSD-gerador instalado em um motor CFM56-3 que equipa
o modelo 737-300 da Boeing e a Figura 143 o diagrama de funcionamento deste equipamento
nesta aeronave. Observa-se que há sensores elétricos de proteção contra sobre temperatura
(over heat switch) e baixa pressão de óleo (low oil pressure switch).
182
Page
Figura 144: Diagrama elétrico de uma CSD – sensores de proteção contra sobre temperatura e
baixa pressão.
Fonte: http://www.k-makris.gr/
183
Page
10.5.5 Inversores estáticos
A Figura 145 mostra um típico inverso estático utilizado em aeronaves. Suas dimensões
compactas permitem sua instalação juntamente a outros equipamentos elétricos da aeronave
sem exigir muito espaço e elevar o peso.
Todos os circuitos elétricos de aeronaves são desenhados para operar com a corrente e a
tensão dentro de determinados limites. Estes valores recebem o nome de valores de operação
ou valores nominais do circuito. Manter estes valores dentro da margem estabelecida pelo
projeto da aeronave é importante, pois evita danos aos diversos componentes e equipamentos
ao sistema elétrico estão ligados.
Ainda tratando de aeronaves com múltiplos geradores, há para estes casos a proteção
contra sobre excitação de campo. Ela ocorre quando a aeronave, durante sua operação perde
um de seus geradores. Nestes casos os demais que continuaram funcionando elevam a corrente
das bobinas de campo para compensar a perda. Esta função do regulador mantém o valor de
corrente dentro de limites que não danifiquem as bobinas de campo. A verificação de tensão
diferencial existe para monitorar os valores de tensão do gerador permitindo ou não que ele seja
ligado aos barramentos elétricos da aeronave. Ele não será conectado à aeronave caso o valor
de tensão de saída esteja fora do valor nominal e o regulador não consiga ajustá-lo por meio das
bobinas de campo.
Por fim, o sensor de corrente reversa. Quando um gerador falha durante a operação da
aeronave, ele deve ser desconectado do barramento elétrico da aeronave. Caso ele não seja
desconectado do barramento pelo piloto na cabine de comando da aeronave ou pelo
automatismo do sistema de regulação, o sensor de corrente reversa funciona como uma
desconexão emergencial. A Figura 147 mostra um regulador transistorizado, utilizado em
186
aeronaves e sua posição em um circuito elétrico de regulação. Ele é responsável por cumprir as
funções de regulação e proteção descritas no texto.
Page
Figura 147: Regulador de tensão aeronáutico.
Fonte: The Aviation Maintenance Technician Handbook–Airframe, 2012.
Como já foram abordados no início desta unidade, circuitos elétricos são compostos por
fontes geradoras, condutores elétricos e a carga elétrica ou resistência. Esta estrutura básica é a
mesma que compõem os circuitos de aeronaves de pequeno, médio e grande porte. A diferença
entre eles reside apenas no número de barramentos ou seções de distribuição que cada um
possui, assim como no automatismo e no valor total da carga do circuito. Para exemplificar esta
discussão será analisado o diagrama elétrico mostrado na Figura 148. Ela mostra o circuito
elétrico da aeronave modelo 737-700.
187
Page
Bateria Bateria
Inversor estático
O diagrama elétrico da Figura será dividido da seguinte forma para simplificar a análise:
a) Geração de corrente alternada (AC) – Cor verde – Gen Drive 1 e Gen Drive 2.
b) Geração de corrente contínua (DC) – Cor vermelha - Baterias.
c) Transformação de corrente AC para DC Cor verde para magenta – TRU 1, TRU 2, TRU 3.
d) Transformação de corrente DC para AC – Cor vermelha para verde - Inversor estático.
e) Circuito de distribuição AC – Cor verde - AC transfer bus 1 e 2
f) Circuito de distribuição DC – Cor vermelha – DC bus e Battery bus.
188
Analisando a dinâmica deste circuito verifica-se que quando os motores da aeronave não
Page
Quando os motores entram em funcionamento os geradores Gen Drive 1 e Gen Drive 2 são
acionados alimentando as AC transfer bus 1 e 2. Estes barramentos são os principais da aeronave
e distribuem corrente elétrica para o main bus 1 e 2 e service bus 1 e 2. Os componentes como
rádios, computadores e outros instrumentos e navegação estão distribuídos entre os
barramentos principais (main bus). Outros como fornos, iluminação e aquecedores de água
(boilers) estão conectados as galley bus. A service bus é responsável por alimentar o inversor
estático e os carregadores das baterias. Há ainda os transformadores de corrente alternada para
continua. Eles estão conectados as transfer bus.
Toda esta distribuição não é feita por acaso. Sua arquitetura equilibra as cargas em diversos
circuitos permitindo que os geradores não trabalhem sobrecarregados. Além disso, os
barramentos agrupam os componentes da aeronave de acordo com sua importância para o voo.
Assim, caso haja uma emergência, como a perda de um dos geradores em voo, alguns
barramentos não essenciais são desligados para não sobrecarregar o gerador ainda ativo. Este
automatismo é feito pelo regulador de tensão.
189
Page
11 Comunicação e Navegação
191
Page
Figura 149: Sistema pito-estático básico.
A pressão pitot.
A pressão pitot é obtida a partir do tubo de pitot. Ela é uma medida de pressão criada
pelo impacto do ar contra o veículo no momento em que este esta em movimento. O tubo de
pitot normalmente esta localizado na seção do nariz da aeronave na parte externa da cabine de
comando ou na região frontal da asa que também é conhecida como bordo de ataque. Sua
abertura ou bocal é exposto ao vento relativo de forma a capturar e “sentir” a variação na força
do ar de impacto. Ao situar o tubo pitot em tais locais, a tomada de informações do ar se torna
mais exata uma vez que o fluxo laminar da camada de ar não é distorcido pela estrutura do avião.
Assim, quando a aeronave sofre uma variação na sua velocidade, a pressão dinâmica do ar,
capturada pelo tubo de pitot, é aumentada ou reduzida. Estas variações podem ser traduzidas
em velocidade pelo indicador localizado no painel de instrumentos do piloto. A Figura 150 mostra
as duas localizações mais comuns para os tubos de pitot na aeronave. A primeira foto destaca
192
sua instalação na fuselagem, na seção externa à cabine de comando. A segunda foto mostra a
Page
instalação no bordo de ataque da asa. Ambos estão situados em regiões onde o fluxo do ar e
laminar e não sofre efeitos turbulentos.
A pressão estática
A pressão estática é obtida por meio de uma porta ou tomada estática que são
geralmente embutidas na fuselagem da aeronave. Elas normalmente estão localizadas em
regiões onde o fluxo de ar flui sem perturbações. Algumas aeronaves podem ter apenas uma
única porta estática, enquanto outras podem ter duas ou mais. Nestas situações, elas são
instaladas na lateral esquerda e direita da fuselagem sendo enviada ao instrumento de indicação
a média dos sinais de pressão. O valor médio permite leituras mais precisas em situações de voo
específicas, como por exemplo, em situações de curvas que podem gerar pequeno distúrbio no
fluxo de ar de um determinado lado da aeronave.
Dependendo do projeto portas estáticas alternativas também podem ser instaladas. Elas
funcionam como fonte secundária de informação para casos emergenciais em que a porta
estática primária está bloqueada. Há algumas aeronaves, como os modelos 737-300/400/500 da
Boeing que possuem portas estáticas e tubos de pitot. No mesmo componente, um segundo tubo
193
coaxial com furos de amostragem da pressão estática esta instalado nas paredes da sonda, longe
Page
do fluxo de ar de impacto.
A Figura 151 mostra um tubo de pitot que incorpora as tomadas de pressão estática e
pitot. Este componente possui internamente pequenos tubos distintos que direcionam cada sinal
de pressão para o seu respectivo sistema.
Pressão Estática
Pressão dinâmica
É importante ressaltar que, nas aeronaves de grande porte como os jatos comerciais, os
sinais de pressão pitot e pressão estática não são utilizados somente para indicações de
velocidade, altimetria e razão de subida. Eles alimentam uma complexa rede de computadores
que são resposáveis pelo controle e monitoramente de diversos sistemas da aeronave. Como por
exemplo, pode-se citar o piloto automático (auto pilot), o diretor de voo (flight director), o
sistema de proteção à sobre velocidade (mach warn), pressurização da cabine (cabin diff.
pressure) e o gravador de dados de voo (flight recorder). A relação destes sistemas é apresentada
na Figura 151. Observa-se que os sinais de pressão que alimentam os indicadores também são
direcionados para todos os módulos citados acima.
194
Page
Figura 151: Distribuição das pressões de pitot e estáticas para os diversos sistemas da
aeronave.
Velocimetro
16
A ponte de Wheatstone é um esquema de montagem de elementos elétricos que permite a medição do valor de
uma resistência elétrica desconhecida.
Figura 152: Velocimetro de funcionamento mecânico.
Machimetro (Maquimetro)
Indicação em Nós
Altímetro
Internamente, ele possui uma cápsula aneroide17 (Aneroid Wafers) instalada. A cápsula
aneroide expande ou contrai, dependendo da variação de pressão ambiente. Quando a aeronave
esta ganhando altitude a pressão atmosférica diminui o que consequentemente causa a
expansão da cápsula. Tal movimento é transmitido à um conjunto de hastes e pequenas
engrenagens e deles para um ponteiro que indica a altitude da aeronave em uma escala graduada
198
em pés (ft). Assim, a altitude da aeronave é interpretada pelo piloto da seguinte forma: 2.500ft,
5.300ft, etc.
Page
17
Cápsula aneroide: cápsula feita de liga formada por cobre e berílio que funciona como uma mola que expande ou
contrai em função da variação de pressão do ambiente.
A Figura 154 mostra o mecanismo deste instrumento. As setas vermelhas indicam o
movimento dos mecanismos que transmitem movimento ao ponteiro. O ajuste barométrico
localizado na altimeter setting Window deve ser feito antes de cada decolagem e antes de cada
descida para pouso. As informações barométricas de referência são normalmente solicitadas via
rádio pelo piloto ao órgão de controle localizado nos aeroportos. O ajuste barométrico é de
extrema importância, pois ele é a referência do instrumento para a indicação da altitude em
relação ao nível do mar.
Além de climb, este instrumento também pode ser conhecido como indicador de
velocidade vertical (VSI) e indica se a aeronave está ou não em voo nivelado. Ligado ao sistema
199
pitot-estático ele possui uma cápsula aneroide instalada internamente que “sente” a variação da
Page
pressão do ar externo indicando em pés por minuto (ft/min) a razão de subida ou descida da
aeronave.
computadores que convertem os sinais analógicos em sinais digitais que são apresentados em
telas de LCD para o piloto. Isto não quer dizer que diafragmas e cápsulas aneróide deixaram de
Page
ser utilizadas. Elas ainda estão em operação até mesmo nos sistemas mais complexos. A
diferença é que os componentes mecânicos que as acompanhavam agora foram substituídos por
sensores eletrônicos micro-processados.
Boeing: a velocidade de 279 nós, número de mach de 0.530, uma razão de subida de 1.950
Page
pés/min, altitude de 12.860 pés (3.917m) e ajuste barométrico de altímetro de 277 inHg.
Figura 157: Simbologia gerada em telas para os pilotos.
Uma boa parte da comunicação e navegação aeronáutica é feita por meio da rádio
frequência. As ondas de rádio são invisíveis ao olho humano apesar de preencher boa parte da
nossa atmosfera. Cada onda possui uma frequência que corresponde a um determinado
comprimento de onda. A relação entre frequência e comprimento de onda é inversamente
proporcional. Quanto maior a frequência, menor o comprimento de onda e vice-versa. A
variedade de ondas de rádio existentes pode ser visualizada na Figura 158. Nota-se que a margem
de operação abrange desde frequências muito baixa (VLF) que trabalham na faixa de 300.000
ciclos por segundo até as altas frequências (EHF) que operam na faixa de 300.000.000.000 ciclos
por segundo. A faixa aeronáutica de comunicação encontra-se entre as altas frequências (HF) e
a frequências muito altas (VHF).
202
Page
Figura 158: Bandas de frequência de ondas de rádio.
203
Page
Figura 159: Frequências de rádio utilizadas na aviação.
Para se transmitir dados ou informação por meio de ondas de rádio é necessário que se
tenha dois equipamentos básicos: o transmissor e o receptor. O transmissor é o componente
eletroeletrônico responsável pela geração do sinal que será transmitido na atmosfera. Nele, a
onda gerada e modulada para transportar dados, informações e áudio. O receptor é responsável
por demodulara onda de rádio captada pela antena, filtrando as interferências e deixando passar
somente o sinal que se deseja receber.
Para produzir ondas de rádio é necessário que um gerador de corrente alternada seja
instalado no ponto médio de uma antena. Ele criará fluxos magnéticos e elétricos ao seu redor.
Eles entram em colapso na medida em que novos são criados. Porém, este fenômeno ocorre com
tal velocidade que um novo fluxo é criado antes mesmo do outro ser extinto. Isso faz com que
eles sejam irradiados no espaço como ondas de rádio. Os fluxos magnéticos e elétricos estão
sempre perpendiculares uns aos outros seguindo o mesmo sentido de propagação da onda. A
Figura 160 mostra o padrão de geração das ondas magnéticas e elétrica.
alterações são chamadas de modulação. Como já foi abordado, as ondas recebem os dados a
Page
Na amplitude modulada (AM), a onda de áudio tem sua amplitude alterada para carrega
os dados ou informações. Este processo pode ser visto na Figura 161. O primeiro quadro mostra
um sinal gerado na faixa 121.5 MHz. Esta frequência, na prática, é utilizada como frequência de
emergência dos transmissores de localização de emergência (ELT) instalados nas aeronaves. O
quadro seguinte mostra uma onda de áudio formada a partir de um sinal de corrente contínua
(DC) que sofreu modulação em sua amplitude. Ela será a portadora que carregará o sinal de 121.5
MHz. No terceiro quadro pode-se visualizar a forma com que o sinal de 121.5 MHz deixa o
transmissor. Esta é a onda de rádio que é transmitida para a atmosfera.
gerando perda de sinal e consequentemente baixa fidelidade. Ela é usada nos rádios de
Page
comunicação aeronáuticos que operam em VHF. Eles são os já citados VHF COM.
Vale ressaltar que é imprescindível que a onda seja demodulada no receptor. Demodular
a onda é remover a portadora por meio de um filtro eletrônico deixando passar somente o que
é interessante ao receptor, no caso apresentado o sinal de 121.5MHz. A Figura 162 mostra como
ocorre o processo de demodulação. No primeiro quadro pode-se ver a onda portadora que é
recebida no receptor. Em seguida o sinal modulado é detectado no receptor. O terceiro quadro
mostra a onda já demodulada e finalmente, no último, o áudio que seguirá para a caixa de som.
dada pelo espaçamento entre os picos e os vales das ondas. A Figura 163 mostra no primeiro
quadro a mesma onda de 121.5 MHz utilizada no exemplo anterior. O quadro seguinte mostra
Page
uma onda de corrente alternada que será modulada para o transporte do sinal de rádio. O
terceiro quadro apresenta a onda AC já modulada em 121.5 MHz.
adaptado ao sinal proveniente do processador de áudio. Como resultado tem-se a onda que será
transmitida. Ela então é enviada ao amplificador de potência (poweramplifier) onde terá sua
energia elevada para a transmissão. Este é um dos componentes chaves para determinar a
abrangência do sinal. Na antena (antenna), o sinal amplificado e irradiado na atmosfera.
210
Rádios transceptores são aqueles projetados para transmitir e receber ondas de rádio.
Eles são equipamentos que possuem circuitos eletrônicos de transmissão e recepção
incorporados a um mesmo módulo. Quando o botão do microfone ou PTT (Pushto Talk), como é
conhecido no meio aeronáutico, é acionado o funcionamento do receptor é inibido mantendo
apenas o transmissor em operação. Soltando o PTT, o funcionamento do transmissor é inibido e
o receptor começa a funcionar. Trata-se de equipamentos pequenos e versáteis muito utilizados
na aviação atual. A Figura 166 mostra dois modelos de rádios transceptores. O primeiro modelo
(rádio de mão) é muito utilizado em algumas aeronaves experimentais e ultraleves. O segundo
modelo é instalado no painel da aeronave permanecendo fixo todo o tempo. A principal
diferença entre os dois é a potência de operação. O aparelho fixo possui uma potência maior do
que o de mão.
11.3.5 Antenas
Antenas são condutores utilizados para transmitir e receber ondas de rádio frequência.
Elas devem possuir três características importantes que influenciam diretamente na qualidade
da irradiação das ondas de rádio: o comprimento, a polarização e o direcionamento. O material
na qual a antena é construída também influência nas suas características de transmissão.
211
Materiais metálicos não são bem vindos, pois podem influenciar a transmissão devida suas
Page
características ferromagnéticas, grande parte dos fabricantes têm feito uso de materiais
compósitos na fabricação de antenas.
Ambos os meios têm o objetivo de permitir que rádios multicanais funcionem da melhor
forma possível. A fórmula que pode ser utilizada para encontrar o melhor comprimento de
antena de um comprimento médio de onda pode ser descrita matematicamente como a Equação
(5). A fórmula deriva da velocidade de propagação das ondas de rádio no espaço (3 x 10- m/s) e
leva em consideração o efeito dielétrico do ar.
23-
. (*. / 0 é = (5)
4 567
A polarização da antena pode ser entendida de forma mais simples como as direções na
qual as ondas de rádio são irradiadas e recebidas na antena. A recepção e o envio de sinais em
antenas de mesma polarização caracterizam uma forte transmissão. Antenas transmissoras
polarizadas verticalmente são montadas de cima para baixo e irradiam ondas em todas as
direções. Para que a antena receptora possa receber as ondas transmitidas com intensidade
adequada ela também deve ser posicionada verticalmente. As antenas polarizadas
horizontalmente são montadas lado a lado e seu campo mais forte é gerado a partir de 90º do
comprimento de antena e não há campo gerado na extremidade final da antena. Muitas antenas
são montadas nas aeronaves em locais que não permitem uma polarização adequada, isso
porque o projeto da aeronave muitas vezes não permite tal localização ou pelo fato da aeronave
mudar sua localização e seu posicionamento diversas vezes durante o vôo. Este problema
normalmente é resolvido instalando mais de uma antena, em diversas áreas da aeronave para o
213
mesmo sistema.
Page
Existem três tipos principais de antenas utilizados em aviação: a antena Dipolo, a antena
Marconi e a antena Loop. A antena Dipolo funciona com base no conceito da antena básica
apresentado nesta seção. Ela é capaz de irradiar e receber ondas de rádio dentro de um campo
eletromagnético poderoso perpendicular ao comprimento da antena. Uma antena dipolo
comum em aeronaves é a antena VHF NAV tipo V, também conhecida como antena de VOR tipo
V. Cada braço do V forma um quarto de corpo de antena que se ao se encontrarem se completam
formando o meio corpo de antena. Ela é polarizada horizontalmente. A Figura 168 mostra uma
antena VOR tipo V e outros tipos e modelos. Elas equipam diversas aeronaves de pequeno e
grande porte em operação atualmente.
depara com obstáculos naturais como montanhas por exemplo. Assim é necessário que as
Page
antenas estejam na linha de visão uma da outra. Isso não ocorre no caso do HF. Sua transmissão
pode ser refletida na ionosfera de forma que obstáculos naturais sejam ultrapassados.
A Figura 171 mostra as diferenças entre a transmissão VHF e HF. Nota-se que ao transmitir
em VHF, a estação de rádio não consegue que o sinal ultrapasse a barreira natural (montanha).
Desta forma a onda transmitida se perde na ionosfera. O contrário ocorre no caso da transmissão
HF. A onda transmitida reflete na ionosfera, ultrapassando o obstáculo, chegando à estação
receptora. No Brasil, os transceptores VHF são considerados item No Go para qualquer condição
de voo.
Outra unidade que compõe o sistema de VHF é o painel de controle. Este componente
encontra-se instalado no painel principal da aeronave sendo o local onde o piloto seleciona a
frequência desejada. Nesta unidade também podem ser ajustados o volume e o ganho do sinal.
A Figura 173 mostra uma unidade de controle que trabalha em conjunto com o VHF 22A, a CTL
22C®. Também fabricada pela Collins, ela possui um display digital onde é mostrada a frequência
218
As antenas de VHF, que são do tipo Marconi, são instaladas uma na parte superior e outra
na parte inferior da fuselagem ao longo do eixo longitudinal da aeronave. Elas capturam e
irradiam as ondas de rádio que transportam os dados e voz. A Figura 174 mostra uma antena
modelo 16-21-1TMOD2 utilizada em aeronaves Learjet. Elas possuem sua parte interior fabricada
em alumínio e revestimento externo em material composto.
transceptores, conduzido as ondas de rádio com a menor perda possível. Estes cabos são
Page
produzidos especialmente para este fim possuindo uma alma metálica, um isolamento elétrico
em teflon e uma malha metálica externa. Todo este conjunto é encapsulado em uma camada de
borracha isolante. A malha metálica possui a função de redução de ruído no sinal que é conduzido
na alma do cabo melhorando a qualidade da onda que chega da antena para o rádio receptor ou
é enviada do rádio transmissor para a antena. A Figura 175 mostra diversos tipos de cabos
coaxiais utilizados na montagem de antenas. Observa-se a alma do cabo em coberta
representada pelo fio fino no centro do conjunto, o isolamento elétrico transparente ou branco,
a malha antirruído também fabricada em cobre e o encapsulamento de borracha.
mais complexos foram implementados nas aeronaves permitindo voos mais distantes, em
diversas condições de tempo e em qualquer lugar do globo. Neste tópico serão apresentados os
Page
principais sistemas de navegação utilizados nas aeronaves. Todos têm como base de
funcionamento a transmissão e recepção de sinais de rádio.
A Figura 176 mostra uma antena de VOR instalada em uma das cabeceiras de pista de
aeroportos de grande porte. Como os instrumentos da aeronave indicam a localização da antena
geradora do sinal consequentemente também indicará a posição do aeroporto. Desta forma cada
aeroporto, que possui o sistema de VOR instalado, possui também sua própria frequência de
VOR.
221
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A Figura 178 apresenta um exemplo claro desta operação. Observando a proa magnética
mostrada nas bussolas desenhadas na aeronave verifica-se que ela esta voando para o norte ou
na proa magnética 0° (magnetic heading). Em um dado momento o piloto selecionou a
frequência de VOR do aeroporto que ele deseja pousar (Radio station). Nesse momento o
ponteiro do instrumento indica a proa 22 ou 220°. Desta forma o piloto deverá entrar em
procedimento de curva seguindo a seta marrom do desenho (Magnetic bearing to station) até
que o nariz da aeronave esteja alinhado com o ponteiro do instrumento e consequentemente
com a direção da estação de rádio que origina o sinal.
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Outro sistema que também utiliza a frequência de VOR é o Distance Mesure Equipment
(DME). Ele é composto por uma antena, um receptor e um indicador. Funcionando como
complemento das informações apresentadas pelo VOR, este equipamento indica ao piloto qual
a distância em milhas náuticas (NM) e qual o tempo restante para que a aeronave intercepte a
antena transmissora do sinal de VOR selecionado.
A Figura 179 apresenta um painel de DME em operação. Nele pode-se ver a distância
restante até o destino (89,6 milhas náuticas), a velocidade verdadeira da aeronave (17KT – True
Airspeed) e o tempo restante ate que a aeronave intercepte a antena de VOR (99 minutos (min)).
Ao lado é apresentado o esquema de funcionamento do equipamento. Ele se baseia na altitude
da aeronave e o tempo em que a onda que carrega o sinal de VOR gasta entre a estação geradora
do sinal e aeronave. Com estas informações o software do DME é capaz de calcular a distância e
o tempo restante até a estação.
Assim como o VOR, o Automatic Directional Finder (ADF) é um sistema de navegação que
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utiliza estações em terra para sua operação. Transmitindo sinais a partir de um NDB18 ele auxilia
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NDB – Sistema de direcionamento por meio de rádio farol muito utilizado para navegação aeronáutica.
esta entre 190 KHz a 535 KHz e o áudio geralmente indica o aeroporto de origem em Código
Morse19. A indicação da direção e sentido onde esta localizada a antena é feita por meio de
ponteiros instalados em instrumentos localizados no painel da cabine de comando.
A Figura 180 mostra os principais componentes do ADF. A primeira figura mostra uma
antena de NDB. No mundo, existem milhares instalados em aeroportos e pontos estratégicos. A
segunda mostra um rádio receptor de ADF e um controle onde é selecionada a frequência do
NDB. A terceira figura mostra o esquema de funcionamento do sistema de recepção de sinais.
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Código Morse - é um sistema de representação de letras, números e sinais de pontuação através de um sinal
codificado enviado intermitentemente. Foi desenvolvido por Samuel Morse em 1835, criador do telégrafo elétrico.
11.8 Sistema de Posicionamento Global – GPS
Figura 181: Triangulação de GPS para identificação da posição geográfica e GPS aeronáutico
instalado no painel de uma aeronave.
O transponder é um sistema que permite que a aeronave seja visualizada nas telas de radar
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do controle de trafego aéreo que também é conhecido como torre de controle. Atualmente ele
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A Figura 183 mostra como as aeronaves aparecem na tela do radar do controle de tráfego
aéreo. Nela, podem-se visualizar as aeronaves que estão com o transponder ligado dentro do
espaço aéreo monitorado.
Os códigos transponder são compostos por quatro dígitos e vão de 0000 até 7777. Dentre
eles existem códigos que indicam situações especiais e de emergência. Eles são padronizados
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Sinal de transponder: Ondas de rádio codificadas que transportam dados como sua altitude de voo da aeronave e
sua identificação.
pela International Civil AviationOrganization (ICAO). Como exemplo destes códigos especiais
tem-se o 7500 que indica aeronave sequestrada, 7600 que informa ao controle de tráfego aperda
de comunicação ou falha dos sistemas de rádio e o 7700 que indica aeronave em situação de
emergência,
Conhecido também por Traffic Collision Avoidance System o sistema de TCAS trabalha de
forma muito parecida com o transponder. A diferença é que no caso do transponder a
identificação é feita na forma ar-terra, ou seja, identificação da aeronave para uma estação de
monitoramento do tráfego aéreo em solo. Já o TCAS trabalha no modo de identificação da
aeronave para aeronave. Assim, todo avião ou helicóptero que possua o TCAS instalado poderá
visualizar todas as outras que estejam operando ao seu redor. É interessante ressaltar que para
uma aeronave detectar a outra, as duas devem possuir o TCAS e o sistema deve estar ligado.
Existem duas classes de TCAS, o TCAS I e o TCAS II. O TCAS I foi desenvolvido para o uso na
comunidade que abrange a aviação executiva e comercial. Este sistema identifica tráfego a um
raio até 40 milhas da aeronave que origina o sinalapresentado sinais visuais e sonora na medida
em que o tráfego se aproxima. O seu uso é obrigatório para aeronaves que operam com
capacidade acima de 30 passageiros e possuam peso superior a 15.000 Kg.
O sistema de GPWS foi criado para alertar os pilotos sobre o risco de colisão de suas
aeronaves com o solo ou outros tipos de obstáculos. Sua instalação foi requerida nos grandes
jatos pelo Federal Aviation Administration – FAA, órgão regulamentador da aviação civil norte
americana, a partir de 1974. O sistema é composto de um computador que contém uma base de
dados sobre as condições do terreno da região onde a aeronave fará sua operação. Por exemplo,
uma aeronave que voa na América do Sul possui uma base de dados do terreno da América do
Sul. Um display onde são apresentadas alertas visuais. Um módulo de alerta sonoro. Uma
conexão com o sistema de rádio altímetro que possui antenas que emitem sinais
eletromagnéticos. O sistema de rádio altimetria é o responsável por informar ao piloto a distância
entre a aeronave e o solo abaixo da altitude de 5.000 pés. Para a referência de localização o
GPWS utiliza o sistema de navegação da aeronave como, por exemplo, o sistema de referencia
inercial – IRS.
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Ground Proximity Warning System. Ele foi lançado em 1990 e apresenta como fator inovador
uma base de dados que contempla informações de terreno do planeta e a conexão do sistema
ao Global Position System – GPS. Nesta versão é possível voar para qualquer ponto do planeta
sem a necessidade de atualização dos dados devido à mudança de região. Também há uma maior
precisão nos alertas de proximidade de solo em função da maior precisão de posicionamento
geográfico do GPS. Os alertas sonoros apresentados de forma imperativa na cabine pelo sistema
para o piloto variam de acordo com a situação de voo. Eles solicitam que a tripulação em
comando tome uma ação que minimize ou evite uma situação de risco eminente. Os alertas são:
A Figura 185 mostra modelos de computadores de EGPWS que são utilizados nas aeronaves
atuais. Vale ressaltar que eles são divididos em classes, dependendo da categoria de operação
da aeronave. Estes computadores são carregados com os dados de terreno que elevam sua
precisão devida sua conexão com o GPS. Também pode ser visto nesta Figura o cartão utilizado
para atualizar a base de dados do sistema.
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Figura 185: Modelos de computadores de EGPWS e o cartão de atualização de dados do
sistema.
Uma situação de voo muito conhecida dos pilotos é o “teto baixo” ou “lowceiling”. Esta
expressão indica que as nuvens estão muito baixas prejudicando a visibilidade para as operações
de pousos e decolagens nos aeroportos. No passado este fenômeno climático era um dos mais
sérios problemas enfrentados durante as operações das aeronaves, pois prejudicavam as
operações em determinados aeroportos fazendo com que as aeronaves se deslocassem para
outros terminais distantes. Isso trazia incomodo ao passageiro e prejuízo financeiro à companhia
aérea. Contudo, na década de 30, foi criado um dispositivo composto de transmissores de ondas
de rádio que tinham a possibilidade de indicar para o piloto qual o caminho ele deveria seguir em
condições de baixa visibilidade ou mau tempo. Com o passar do tempo, este dispositivo que foi
chamado de InstrumentLanding System (ILS) ou Sistema de Pouso por Instrumentos, foi
implementado em aeroportos de diversos países do mundo sendo considerado atualmente um
item relevante para a segurança de voo. A Figura 186 mostra condições de operação em baixa
visibilidade. Neste caso, o ILS passa a ser uma ferramenta essencial ao pouso e decolagem das
aeronaves.
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Figura 186: Condição de operação com baixa visibilidade. “LowCeiling”.
pista e muito além dela permitindo que a aeronave que se encontra em aproximação para
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pouso possa capturar o sinal a uma distância considerável sendo guiada da direção do
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Somente uma das cabeceiras da pista de pouso e decolagem é utilizada para aproximação com o auxílio do ILS.
Assim, têm-se os rádios transmissores e antenas instaladas na cabeceira menos utilizada gerando os sinais de ILS para
pouso na cabeceira mais utilizada.
eixo longitudinal da pista até o seu pouso. A Figura 187 mostra a localização das antenas
de localizer nos aeroportos. Elas estão localizadas em pontos estratégicos de forma a
criarem um campo de transmissão horizontal.
A Figura 188 mostra o perfil de distribuição do sinal de localizer. Pode-se observar que a
partir da antena geradora do sinal, abre-se um ângulo de 35° de abrangência nas primeiras dez
milhas ou dezesseis quilômetros. Nas próximas oito milhas ou treze quilômetros, a abrangência
do sinal e reduzida para 10°. Assim, a aeronave poderá capturar o sinal de localizer
aproximadamente trinta quilômetros da pista. Inicialmente em uma faixa mais estreita e
posteriormente com uma margem de abrangência maior.
A Figura 190 mostra o perfil do sinal criado pelo glideslope. Trata-se basicamente de uma
rampa virtual de descida para a aeronave. Ele pode ser capturado ao mesmo tempo em que o
localizer começa a funcionar. O sinal modulado em 90 Hz esta acima da rampa de descida e o
sinal modulado em 150 Hz esta abaixo. Quando a aeronave sobe demais ou desce
demasiadamente saindo da rampa de descida correta, um destes sinais é capturado pelo
receptor instalado na aeronave. Isto se converte em indicação visual para o piloto solicitando-o
a subir ou descer a aeronave.
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Figura 190: Perfil da rampa de descida gerada pelo glide slope.
1- Uma luz na cor azul é acesa no painel e um sinal sonoro é disparado na cabine quando a
aeronave esta a 2 km da cabeceira da pista. Este é o marcador externo ou outer marker.
2- Agora, uma luz na cor âmbar é acesa no painel e um sinal sonoro de 400.000 Hz é
disparado na cabine de comando quando a aeronave estiver a 1 km da cabeceira da pista.
Este é o marcador médio ou meddle marker.
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O sistema de ILS esta instalado na maioria das aeronaves de pequeno, médio e grande
porte hoje em operação. Tal fato se deve principalmente pela segurança que ele prove a
tripulação e aos passageiros em condições de pousos com baixa visibilidade. Os componentes e
o funcionamento do ILS nos aeroportos já foram abordados. Agora, será apresentado o seu
funcionamento na aeronave.
Os três subsistemas: localizer, glideslope, marker beacon; possuem suas próprias antenas
e receptores de rádio frequência. A Figura 193 mostra a localização das antenas do modelo 737
NG fabricado pela Boeing. Observa-se que as antenas de localizer e glideslope estão localizadas
no nariz da aeronave enquanto a de marker beacon esta localizada na parte inferior do avião.
Este posicionamento é padronizado, pois permite melhor captura dos sinais emitidos pelos
transmissores localizados em solo.
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DFDR
FDAU
Outro componente utilizado para a gravação de dados é o gravador de vozes da cabine (Voice
Recorder). Ele é um registrador utilizado para gravar o áudio na cabine de comando de uma
aeronave para fins de investigação de acidentes e incidentes eronáuticos. Isso normalmente é
feito por meio da gravação das conversas de rádio feitas com o uso dos microfones e fones de
ouvido dos pilotos ou pela gravação do ambiente do cockpit. Para este último, é utilizado um
microfone localizado no teto da cabine de comando da aeronave. Sua função é tão importante
quanto o sistema de gravação de dados de voo (DFDR), sua estrutura segue os mesmos padrões
de resistência e tolerância aos danos causados por um acidente. A cor da caixa e a instalação do
locator beacon seguem os mesmos padrões do DFRD. A Figura 197 mostra um gravador de vozes
utilizado nas aeronaves atuais.
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Locator Beacon: dispositivo que emite sinais de rádio na frequência de emergência 261,50MHz. Ele é acionado
quando entra em contato com a água facilitando sua localização dentro de rios, lagoas ou do mar.
Figura 197: Módulo de voice recorder utilizado nas aeronaves comerciais.
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Referências Bibliográficas
Bibliografia Básica
Bibliografia Complementar
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