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PROTOCOLO MÉDICO / ASSISTENCIAL

TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR

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1 – OBJETIVO
O transporte de pacientes deve ocorrer quando os benefícios esperados para ele excedem os riscos
inerentes ao transporte e, também, quando o paciente necessita de cuidados que não existam no hospital
onde está. A decisão e a efetuação do transporte são responsabilidades do médico que o assiste. Tal transporte
envolve a presença de um veículo adaptado com todos os equipamentos necessários para a monitoração e
suporte avançado de vida.
O transporte de pacientes críticos é uma atividade complexa e que está se expandindo em nosso meio. Existe
uma série de passos a ser seguida para o planejamento e a adequada execução do transporte, antevendo as
necessidades e riscos para o paciente.
É fundamental que o transporte seja realizado de modo consistente e científico, utilizando o conhecimento teórico
e prático, incorporando novas tecnologias e antecipando os erros, visando sempre tornar mais eficiente o
transporte do paciente crítico.

2 – RESPONSABILIDADE
Médicos
Fisioterapeutas
Enfermeiros
Técnicos de enfermagem

3 – DEFINIÇÕES E SIGLAS
Define-se transporte intra-hospitalar como a transferência temporária ou definitiva de pacientes por profissionais
de saúde dentro do ambiente hospitalar.
Encontra-se freqüentemente na Emergência (acolhimento) e na Terapia Intensiva pacientes graves com suportes
hemodinâmico e respiratório, fundamentais para a sua sobrevivência. Tais pacientes também necessitam de
transporte intra-hospitalar para realização de procedimentos ou exames diagnósticos. Serão acompanhados pelos
anestesista.
O transporte é um período de instabilidade e grandes riscos para o paciente, sobretudo com relação a
hemodinâmica e ventilação. Deve-se pesar os riscos potenciais e os benefícios. Se o procedimento ou o teste
diagnóstico sob consideração não for alterar a condução do caso ou prognóstico, o transporte deve ser
questionado e possivelmente cancelado.
Embora temido pelos profissionais de Medicina Intensiva, o transporte pode ser planejado a fim de oferecer um
mínimo de riscos e complicações. O planejamento adequado, a participação de pessoal qualificado em cuidados
críticos e a seleção de equipamentos próprios para a monitorização e suporte do paciente, certamente diminuem
as probabilidades de insucesso e complicações durante o transporte.
Em vários hospitais, a UTI se localiza em andares diferentes do centro cirúrgico, da sala de tomografia e da
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unidade de hemodinâmica invasiva. Este fato chega a inviabilizar muitos exames e causa ansiedade e relutância na
equipe que realiza o transporte.
O transporte intra-hospitalar consiste basicamente em três fases:
1) Preparo
a) O risco-benefício: analisar a mudança que o procedimento ou o exame trará para o manuseio do paciente;
b) Estabilizar o paciente: cuidado com a hemodinâmica e a ventilação. Rever o acesso às vias aéreas, oxigenação,
acesso venoso, pressão arterial (PA), freqüência cardíaca (FC) e a necessidade de uso de drogas vasoativas e
sedativas. Avaliar sempre se há alguma intervenção capaz de proporcionar um transporte mais seguro (por
exemplo, proceder à intubação traqueal de um paciente em insuficiência respiratória; sedar um paciente agitado e
combativo);
c) Equipe de transporte: mínimo de tres pessoas: tecnico de enfermagem,enfermeiro,medico.
d) Equipamentos e acessórios:
• Maca de transporte (idealmente leve, com suporte para bombas de infusão e cilindro de oxigênio) .
• Vias aéreas e ventilação (máscara e bolsa com reservatório de O2, tubos traqueais de diferentes tamanhos,
cânulas traqueais, laringoscópio e lâmina, cilindro de O2 ventilador de transporte) .
• Monitorização (estetoscópio, monitor multifunção: ECG, Oximetro, PNI, PAI, Frequencia cardiaca.
• ** Medicação para reanimação cardiorrespiratória (adrenalina, atropina, amiodarona); drogas vasoativas
(noradrenalina e dobutamina); sedativos e antídotos (midazolam, diazepam, fentanil, e naloxona); soluções
cristalóides - lembrar que se o transporte no hospital for se prolongar, ter soluções substitutas das quais o
paciente faz uso.
e) Cateteres venosos (funcionantes) e drenos (observar sempre obstrução; esvaziar coletores de urina, gástrico e
outros).
f) Cuidado com o dreno torácico em selo d’água: fechá-lo quando não estiver em posição inferior à do paciente.
g) Comunicação (com elevador e unidade de destino, para evitar atrasos durante o trânsito).

2) Trânsito e Período no Destino


a) Evitar atrasos durante o transporte.
b) Seguir o caminho mais curto; comunicar-se com a unidade de destino.
c) Monitorizar PA, FC, freqüência respiratória (FR), saturação de SpO2 e ECG (o médico deve sempre repetir um
exame clínico sumário: nível de consciência, sinais vitais e ausculta respiratória).

3) Chegada na UTI
a) Estabilizar o paciente (verificar os sinais vitais, reconectar ao monitor da UTI, acoplar ao ventilador, considerar
gasometria arterial)
b) Prevenir complicações (podem acontecer até quatro horas após o transporte)10
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O número e a gravidade de complicações associadas ao transporte são diretamente proporcionais ao tempo de


trânsito e à falta de preparo adequado, e são inversamente proporcionais à vigilância e monitorização durante o
transporte.

PAM - Pressão Arterial Média ou PAI - Pressão Arterial Invasiva


TC - Tomografia Computadorizada
CC - Centro Cirúrgico
PS - Pronto Socorro
PACS - Pacientes
UTI/CTI – Unidade de Tratamento Intensivo / Centro de Tratamento Intensivo
CTQ - Centro de Tratameto de Queimados
PA – pressão arterial
FC – freqüência cardíaca
FR – freqüência respiratória
ECG – eletrocardiograma
O2 – oxigênio
FDS - Finais De Semana
APACHE II – Acute Physiological and Chronic Health
VC – volume corrente
PEEP – pressão positiva no final da expiração
FiO2 – fração inspirada de oxigênio
CPAP – pressão positiva contínua nas vias aéreas
SpO2 - Saturação de pulso de O2

4 – CONDIÇÕES NECESSÁRIAS/ATIVIDADES CRÍTICAS


4.1 PLANEJAMENTO DE TRANSPORTE

A) Indicação de transporte:
É necessária a realização deste exame?
A intervenção modificará o seu prognóstico?
O exame pode esperar mais algumas horas/dias para ser realizado?

B) Quadro clínico do paciente:


Devo transportar um paciente instável, ou que poderá se tornar instável?
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C) Meios de transporte:
Há equipamento específico para o transporte deste paciente?
O equipamento possui capacidade de utilização autonômica, como, por exemplo, ter baterias com duração
suficiente?
A monitoração disponível é suficiente?

D) Rota de transporte:
Há uma rota de transporte para este paciente? As condições durante a rota são favoráveis? Ela é a mais rápida?
Ela já se encontra pronta e disponível?
Há algum obstáculo, como escadas, portas onde a maca não passa, elevadores pequenos etc.? O veículo é
adequado para o transporte?

E) Unidade de destino:
A undiade de destino possui pessoal e equipamentos para acompanhar o paciente? Ele já está pronto para receber
o paciente?
Os equipamentos de monitoração e suporte de vida funcionam neste local?

5 – CUIDADOS ESPECIAIS
5.1 - Contra-indicações ao transporte:
A) Incapacidade de manter oxigenação e ventilação adequadas durante o transporte ou durante a permanência na
unidade de destino.
B) Incapacidade de manter performance hemodinâmica durante o transporte ou durante a permanência na unidade
de destino pelo tempo necessário.
C) Incapacidade de monitorar o estado cardiorrespiratório e circulatório durante o transporte ou durante a
permanência na unidade de destino pelo tempo necessário.
D) Incapacidade de controlar a via aérea durante o transporte ou durante a permanência na unidade de destino
pelo tempo necessário.
E) Número insuficiente de profissionais treinados para manter as condições acima descritas, durante o transporte
ou durante a permanência na unidade de destino (p. ex. médico, enfermeira, fisioterapeuta).

OBS: contra-indicações definidas pelo médico responsável pelo transporte.


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5.2 - Considerações Específicas:


Seguir as etapas obrigatoriamente:
A - Preparar todo equipamento de suporte ventilatório e monitorização:
- Cilindro de oxigênio cheio (MÍNIMO DE 100 L) ou 2 cilindros (MÍNIMO DE 50 L)
- Ventilador de transporte disponível e testado
- Monitor de transporte com bateria carregada
- Ambú funcionante, máscara facial e bolsa reservatório
- Bomba de infusões com bateria carregada
- Medicações de emergência

B - Destino autorizado:
- Sala de tomografia disponível.
- # O radiologista tem que estar presente:
1. no período de 07 às 19 horas de 2ª à 6ª feira;
2. nos sobreavisos noturnos;
3. nos finais de semana nos casos de pacientes graves.
- Contato médico para relatar o quadro do paciente e o motivo da transferência.

C - Preparar o paciente:
- Checar acesso venoso: se funcionante e se adequado para o exame solicitado.
- Retirar todas as bombas de infusão, exceto de drogas vasoativas e sedação.
- Manter um acesso com soro fisiológico puro para medicações de transporte.

D - Fazer contato com centro cirúrgico para contato com anestesistas.

Nota1: Pacientes em grave estado geral, instáveis hemodinamicamente e com parâmetros ventilatórios
desfavoráveis somente serão transportados após avaliação do médico que realizará o transporte.
Nota2: Pacientes sem suporte ventilatório e que necessitem de acompanhamento anestésico para exames deverão
descer para a tomografia acompanhados apenas dos funcionários da unidade (enfermeiro e téc. de enfermagem).
Caso seja necessário algum tipo de sedação quem deverá solicitar será o médico radiologista.
Nota3: Pacientes com alergia a frutos do mar não necessariamente tem alergia ao contraste iodado. Nesses casos
se faz desnecessária a presença do anestesiologista.
Nota4: Para realização de exames, o período da manha (07hs às 12 hs) é preferencialmente reservado aos
pacientes internados na UTI.
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6 – DESCRIÇÃO/FLUXOGRAMA DO PROTOCOLO
Didaticamente, podemos dividir em cinco tipos a transferência intra-hospitalar:
A) Transferência, sem retorno do paciente, para fora da área de tratamento intensivo (UTI, Centro Cirúrgico e Sala
de Recuperação Pós-Anestésica): envolve a transferência dos pacientes com alta médica da sala de
recuperação pós-anestésica ou da UTI. Aqui a decisão de “alta da unidade” é a razão da transferência;
portanto, assume-se a responsabilidade de que o quadro clínico está estável e o paciente está apto a ingressar
em unidades de menor complexidade. Conseqüentemente, seu transporte será de pequeno risco. Normalmente,
não é necessária a presença de médico neste tipo de transporte, porém a maioria dos hospitais, por
recomendação do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), exige a presença de pelo menos um técnico de
enfermagem durante o trajeto.

B) Transferência em um único sentido de um paciente para uma área de cuidados intensivos: envolve o transporte
de pacientes da sala de emergência (clínica ou de trauma) ou enfermaria para a UTI ou para o Centro
Cirúrgico. Deve sempre ter o acompanhamento médico, e ser realizado, idealmente, após ressuscitação inicial e
estabilização do paciente, a menos que haja risco iminente de vida. Os cuidados serão, dentro do possível, uma
extensão dos cuidados iniciais: suporte ventilatório, hemodinâmico e avançado de vida.

C) Transferência da UTI para o Centro Cirúrgico, com retorno à UTI: a necessidade de intervenções cirúrgicas em
qualquer segmento do corpo torna necessário o transporte do paciente crítico, mantendo o mesmo nível de
cuidados no trajeto e dentro do Centro Cirúrgico. Tais procedimentos devem ter uma indicação precisa e em
tempo, num acordo entre o cirurgião e o intensivista, ambos responsáveis pelo paciente. Alguns procedimentos
cirúrgicos podem ser realizados à beira do leito, dentro da UTI, mas estes só estão indicados se a equipe
assumir que o risco do transporte é maior que o deles. Neste tipo de transporte há a necessidade da presença
do médico, porém não há nada redigido que indique qual profissional, seja o plantonista da UTI, cirurgião ou
anestesiologista, deva responsabilizar-se por este deslocamento. Recomenda-se, então, que o
acompanhamento seja feito pelo médico responsável pelo paciente na unidade de origem e/ou pelo anestesista.

D) Transferência da UTI para áreas não-UTI e retorno do paciente de volta a UTI: envolve as transferências para
áreas onde são realizados procedimentos diagnósticos ou terapêuticos não-cirúrgicos. Neste caso, o paciente
pode ausentar-se por períodos prolongados de tempo e, principalmente, permanecer em unidades onde não há
pessoal treinado e equipamentos adequados que permitam a continuidade do tratamento a que ele estava
sendo submetido na UTI. Conseqüentemente, isto tudo deve ser levado junto com o paciente, o que torna este
deslocamento o de maior complexidade logística.
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E) Transferência não-crítica: são incluídos aqui os deslocamentos não-emergenciais e rotineiros, inclusive o de


pacientes a serem submetidos a cirurgias eletivas, da unidade de internação ao centro cirúrgico. Recomenda-se
a presença de ao menos um técnico em enfermagem.

6.1 – Transferência das UTI’s para realização de exames:


Materiais para
Acompanhamento Médico Monitorização Observações
Transporte
Anestesiologista ou Oximetria para Ventilador de transporte,
Intensivista* pacientes estáveis conexoes, cilindro de O2
*Anestesiologista
Realizado, idealmente, após hemodinamicamente cheio, ambu com
segunda a sexta
ressuscitação inicial e estabilização. sem uso de drogas máscara facial;
de 07 as 19 hs.
Suporte ventilatório, hemodinâmico vasoativas; Laringoscópio com
Intensivista das
e avançado de vida. Obrigatoriedade de PAM lâminas e pilhas, tubos
19 as 07 hs e fds.
para pacientes em uso traqueais e guia;
Contactar a de drogas vasoativas Cateteres venosos.
TC/RADIOLOGISTA# (doses altas). ** Medicação

6.2 – Transferência do CC para UTI:


Acompanhamento
Monitorização Materiais para Transporte Observações
Médico
Ventilador de transporte,
Oximetria para pacientes estáveis
conexoes, cilindro de O2 cheio,
hemodinamicamente sem uso de
ambu com máscara facial;
Anestesiologista drogas vasoativas;
Laringoscópio com lâminas e N/A
Obrigatoriedade de PAM para
pilhas, tubos traqueais e guia;
pacientes em uso de drogas
Cateteres venosos.
vasoativas (doses altas).
** Medicação

6.3 – Transferência da UTI para o CC:


Acompanhamento
Monitorização Materiais para Transporte Observações
Médico
Anestesiologista Oximetria para pacientes estáveis Ventilador de transporte,
N/A
hemodinamicamente sem uso de conexoes, cilindro de O2 cheio,
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drogas vasoativas; ambu com máscara facial;


Obrigatoriedade de PAM para Laringoscópio com lâminas e
pacientes em uso de drogas pilhas, tubos traqueais e guia;
vasoativas (doses altas). Cateteres venosos.
** Medicação

6.4 - Transporte de pacientes não-críticos:


Neste tipo, em que os deslocamentos são considerados sempre eletivos, discute-se freqüentemente qual o
profissional que deve realizar este transporte. A maioria dos hospitais em nosso país utiliza a figura do “maqueiro”.
Ocorre que estes profissionais, na maioria das vezes, não recebem o treinamento de suporte básico de vida,
estando, portanto, inabilitados a reconhecer uma parada cardiorrespiratória e chamar por ajuda, ou seja,
salvaguardar a vida do paciente que eles transportam. Por outro lado, reconhece-se que a alocação de profissionais
de enfermagem para esta tarefa gera custos e, principalmente, aumento de contingente profissional inaceitável nos
dias de hoje. Várias propostas já foram submetidas às diversas entidades reguladoras profissionais para solucionar
este impasse. Porém, algumas experiências mostraram-se promissoras, especialmente aquelas que visam treinar
qualquer profissional que trabalhe em hospitais para reconhecer uma parada cardiorrespiratória e iniciar o suporte
básico de vida; e aquelas que sistematizam o atendimento e a reanimação cardiorrespiratória, como o “Código
Azul”. Assim, maqueiros “habilitados” poderão realizar estes deslocamentos, tendo o suporte necessário, rápido e
eficiente, em caso de emergências.

OBS: *** Pacientes muito críticos: pacientes em estado geral grave estáveis hemodinamicamente e em
ventilação mecânica que necessitem de sedação.
Pacientes em ventilação espontânea que necessitem de sedação para realização de TC deverão estar em
jejum de 8 hs.

7 – RESULTADOS ESPERADOS
Minimizar os riscos a que o paciente está submetido no transporte intra-hospitalar.

8 – AÇÕES CORRETIVAS
8.1 - SEGURANÇA E CONTRA-INDICAÇÕES
Considera-se o transporte seguro quando:
A equipe multidisciplinar responsável pelo paciente sabe quando fazê-lo e como realizá-lo, ou seja, deve haver
indicação para o deslocamento e, principalmente, planejamento para fazê-lo.
Se assegura a integridade do paciente, evitando o agravamento de seu quadro clínico.
Há treinamento adequado da equipe envolvida, desenvolvendo habilidade no procedimento.
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Há uma rotina operacional para realizá-lo.

São consideradas contra-indicações para o transporte de pacientes:


Incapacidade de manter oxigenação e ventilação adequadas durante o transporte ou durante a permanência na
unidade de destino.
Incapacidade de manter performance hemodinâmica durante o transporte ou durante a permanência na unidade de
destino pelo tempo necessário.
Incapacidade de monitorar o estado cardiorrespiratório durante o transporte ou durante a permanência na unidade
de destino pelo tempo necessário.
Incapacidade de controlar a via aérea durante o transporte ou durante a permanência na unidade de destino pelo
tempo necessário.
Número insuficiente de profissionais treinados para manter as condições acima descritas, durante o transporte ou
durante a permanência na unidade de destino (p. ex. médico, enfermeira, fisioterapeuta).

9 – RISCOS/TOMADA DE DECISÃO
9.1 - COMPLICAÇÕES:
Há dois tipos de complicações: fisiológicas e técnicas (falhas de preparo, de monitorização e de comunicação). As
principais complicações fisiológicas são: hipo ou hipertensão, hipo ou hipercapnia, hipóxia, acidose ou alcalose,
broncoespasmo, disritmias cardíacas, isquemia miocárdica, pneumotórax (barotrauma), broncoaspiração,
hipertensão intracraniana e convulsões. Muitas complicações técnicas são previsíveis e devem ser antecipadas:
desconexão do ECG ou do tubo traqueal, obstrução ou mobilização do tubo traqueal e até extubação, oclusão ou
perda de cateteres e drenos, término da fonte de O2, fim da energia das baterias, defeito na maca de transporte e
atraso na unidade de destino.
Nos pacientes em ventilação mecânica, recomenda-se o transporte com ventilador adequado e com os parâmetros
ajustados de acordo com as condições clínicas do paciente.
Existem unidades onde a freqüência de complicações é maior. Por exemplo, na sala de tomografia
computadorizada, ocorre isolamento do paciente, impossibilitando ouvir alarmes ou visualizar monitores de
ventilação ou hemodinâmica adequadamente. Há risco de hipotermia se o exame for demorado, e
desposicionamento de tubos ou cateteres nas mudanças entre a maca e a mesa de exame.
Mesmo com protocolos de transporte, a maioria dos erros durante o processo ainda são humanos (54%), em
comparação aos erros de equipamentos.As observações mais comuns foram falta de comunicação entre os
componentes da equipe de transporte e desses com outras unidades; monitorização inadequada; ajuste equivocado
dos equipamentos; e desposicionamento de tubos e cateteres. Demonstrou-se a associação entre transporte intra-
hospitalar e mortalidade. Parece haver maior mortalidade em relação a controles, quando pareados pelo escore
APACHE II realizado no dia do transporte.
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Um estudo americano de 1992 calculou o custo total de um transporte intra-hospitalar a unidade de


radiodiagnóstico. Eles incluíram honorários de médicos, fisioterapeutas e enfermeiros, uso de equipamentos
portáteis e preparo de medicações para controle de convulsões, agitação, dor, hipotensão arterial e disritmias
cardíacas. O preço médio foi de U$ 452 por transporte. Mesmo assim, este preço pode não refletir a realidade,
porque alguns transportes se tornam mais complicados ou exames são cancelados com o paciente já presente na
unidade de destino.

10 – REGISTRO/ANEXOS
F.HEC.TESTE - Check list para transporte intra-hospitalar

11 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
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12 – HISTÓRICO DE REVISÕES
Não se aplica
PROTOCOLO MÉDICO / ASSISTENCIAL

TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR

CÓDIGO: PR.HEC.039 VERSÃO: 00 PÁGINA: 13 de 13

Elaborado por: Verificado por: Aprovado por: Data elaboração: Data revisão:

Coordenador da Anestesia Qualidade SCIH 23/07/2014


Coordenadora das UTI’s Gerência de Enfermagem
Coordenadora da Cl. Médica Diretoria Técnica

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