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Cabo Verde, oficialmente República de Cabo Verde, é um país insular localizado em

um arquipélago no Oceano Atlântico central, consistindo de dez ilhas vulcânicas com uma
área de terra combinada de cerca de 4 033 km².[7] Essas ilhas ficam entre 600 a 850 km a
oeste da península senegalesa do Cabo Verde, situada no ponto mais ocidental
da África continental. As ilhas de Cabo Verde fazem parte da ecorregião da Macaronésia,
juntamente com os Açores, as Ilhas Canárias, a Madeira e as Ilhas Selvagens.
O arquipélago de Cabo Verde ficou desabitado até ao século XV, altura em que
exploradores portugueses descobriram e colonizaram as ilhas, estabelecendo assim o
primeiro povoamento europeu nos trópicos. Uma vez que as ilhas de Cabo Verde estavam
localizadas em uma localização conveniente para desempenhar um papel no comércio de
escravos no Atlântico, Cabo Verde tornou-se economicamente próspero durante os
séculos XVI e XVII, atraindo mercadores, corsários e piratas. O arquipélago declinou
economicamente no século XIX devido à supressão do comércio de escravos no Atlântico,
e muitos de seus habitantes emigraram durante esse período. No entanto, a economia
cabo-verdiana se recuperou gradualmente, tornando-se um importante centro comercial e
um ponto de escala útil ao longo das principais rotas de navegação. Em 1951, Cabo Verde
foi incorporado como departamento ultramarino de Portugal, mas os seus habitantes
continuaram a campanha pela independência, que alcançaram em 1975.[8]
Desde o início da década de 1990, Cabo Verde tem sido uma democracia
representativa estável e continua a ser um dos países mais desenvolvidos e democráticos
de África. Na falta de recursos naturais, sua economia em desenvolvimento é
principalmente orientada para os serviços, com um foco crescente no turismo e no
investimento estrangeiro. Sua população de cerca de 550 000 habitantes (em meados de
2019) é majoritariamente de herança africana e minoria europeia, e
predominantemente católica romana, refletindo o legado do domínio português. Existe uma
comunidade considerável da diáspora cabo-verdiana em todo o mundo, especialmente
nos Estados Unidos e em Portugal, com um número consideravelmente superior de
habitantes nas ilhas. Cabo Verde é um estado membro da União Africana, das Nações
Unidas e um membro-fundador da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Etimologia
O nome do país provém do vizinho Cabo Verde, na costa senegalesa,[9] avistado por
exploradores portugueses em 1444, alguns anos antes de as ilhas serem descobertas. Em
24 de outubro de 2013, foi anunciado nas Nações Unidas que o nome oficial não deveria
mais ser traduzido para outras línguas. Em vez de "Cabo Verde", a designação "República
de Cabo Verde" está a ser usada para fins oficiais, como na Organização das Nações
Unidas (ONU).[10][11]

História
Ver artigo principal: História de Cabo Verde

Colonização europeia

Igreja Nossa Senhora do Rosário, construída em


1495, a mais antiga igreja colonial do mundo, na Cidade Velha, na Ilha de Santiago
A história refere que a descoberta de Cabo Verde se deu no século XV, mais precisamente
em 1460. A colonização portuguesa começou logo após a sua descoberta, sendo as
primeiras ilhas a serem povoadas as de Santiago e Fogo. Para incentivar a colonização, a
corte portuguesa estabeleceu uma carta de privilégios aos moradores de Santiago relativa
ao comércio de escravos na Costa da Guiné. Na Ribeira Grande, na ilha de Santiago,
estabeleceu-se a primeira feitoria, que serviu ponto de escala para os navios portugueses
e para o tráfego e comércio de escravos, que começava a crescer por essa época. Mais
tarde, com a abolição da escravatura, o país começou a dar sinais de fragilidade e entrou
em decadência, revelando uma economia pobre e de subsistência.[12]
No século XX, a partir da década de 50, começam a surgir os movimentos
independentistas no continente africano. Cabo Verde vinculou-se à luta pela libertação
da Guiné-Bissau, lutando contra o colonialismo português e promovendo marchas pela
independência em todo o país.[13]
A posição estratégica das ilhas nas rotas que ligavam Portugal ao Brasil e ao resto da
África contribuiu para o facto de essas serem utilizadas como entreposto comercial e de
aprovisionamento. Abolido o tráfico de escravos em 1876, o interesse comercial do
arquipélago para a metrópole portuguesa decresceu, só voltando a ter importância a partir
da segunda metade do século XX. No entanto, a partir de então, já haviam sido criadas as
condições para o Cabo Verde independente de hoje: europeus e africanos uniram-se
numa simbiose, criando um povo de características próprias.[13]
Durante a colonização portuguesa, as secas crónicas devidas à desflorestação levaram a
fomes regulares, sem que a colónia recebesse qualquer ajuda alimentar. Entre 1941 e
1948, 50 000 pessoas morreram, ou seja, mais de um terço da população, enquanto as
autoridades portuguesas permaneceram indiferentes.[14]

O processo de independência
As origens históricas nacionais da independência de Cabo Verde podem ser localizadas
no final do século XIX e no início do século XX. Foi um processo gradual. Surgiu como
uma tentativa de solução para as reivindicações da elite crioula de então, que protestava
contra o desleixo e a negligência da metrópole portuguesa em relação ao que se passava
em Cabo Verde.[15]
Com o processo de formação nacional, muito cedo a máquina administrativa foi sendo
assegurada pelos nascidos em Cabo Verde, ou pelos que já tinham grande identificação
com a colónia, com excepção aos cargos elevados como governadores, chefes militares
etc., ainda reservados aos representantes da soberania de Portugal. Esta "auto-
suficiência" administrativa de Cabo Verde estava associada a uma escolarização
relativamente desenvolvida e à existência de uma imprensa mais ou menos dinâmica
introduzida por Portugal, que contribuíram para o surgimento de uma elite intelectual e
burocrática. Esta começou, no século XX, a discutir cada vez mais a questão da
independência, gerando um clima de atrito com os representantes da metrópole. Os
leitores que acompanhavam a imprensa oficial entendiam que se devia lutar pela
independência ou, pelo menos, por uma autonomia honrosa.[15]
O processo de independência Cabo-Verdiana esteve sempre ligada a Guiné-Bissau, na
altura também uma colónia Portuguesa. Em 1956, partidários pela independência de
ambos os países formaram o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo
Verde (PAIGC), estando entre os fundadores vários Cabo-Verdianos radicados em Guiné-
Bissau, tais como Amílcar Cabral (líder do movimento até à sua morte em 1973) Aristides
Pereira, e Luís Cabral. O PAIGC tinha como objectivo a lutar contra o que chamavam de
"deplorável política ultramarina portuguesa",[15] e eventualmente unir as duas colónias num
único sistema político. Ao contrário do que aconteceu em Guiné-Bissau, nunca foram
realizadas atividades de guerrilha no território de Cabo Verde. Apesar de o PAIGC ter
organizado uma estrutura clandestina nas ilhas, problemas de logística, controlo apertado
da PIDE, uma seca prolongada, e a falha do previsto apoio Cubano tornaram impossível
uma maior presença do movimento em Cabo Verde.[16]
Com o fim do regime político do Estado Novo em Portugal a 25 de Abril de 1974, foi criada
em Cabo Verde a Frente Ampla Nacional e Anticolonial, tendo como objectivo unir os
diferentes nacionalistas Cabo-Verdianos numa única organização. Ao mesmo tempo,
ocorreram manifestações pela libertação de prisioneiros políticos encarcerados no campo
de concentração do Tarrafal, e o PAIGC começou a enviar os primeiros guerrilheiros para
as ilhas.[16]
A 26 de Agosto de 1974 foi assinado o Acordo de Argel, que reconheceu formalmente a
independência de Guiné-Bissau e “o direito do povo de Cabo Verde à autodeterminação e
independência”. A 14 de Setembro desse mesmo ano o Presidente da República
Portuguesa, António de Spínola, visitou Cabo Verde, tendo sido recebido por
manifestações da população (incitada pelo PAIGC) a exigir uma resolução rápida para o
problema da independência.[16]
No entanto, Portugal ainda hesitava em entregar poder ao PAIGC devido a vários motivos:
a percepção por Spínola e outros políticos (como Mário Soares, que preferia autonomia
administrativa semelhante a Açores e Madeira, em vez de independência) de que Cabo
Verde era culturalmente mais similar a Portugal do que a Guiné-Bissau, a falta de
consenso sobre o PAIGC entre a população Cabo-Verdiana, e a viabilidade económica do
novo estado que atravessava uma seca de 7 anos e era muito dependente de Portugal.
Além disso, no contexto da Guerra Fria, a posição geoestratégica de Cabo Verde teria
grande interesse para os Estados Unidos, que se poderia opor à independência, visto que
o PAIGC era aliado à União Soviética. Em resposta o PAIGC tomou uma posição mais
agressiva, tendo havido confrontos entre apoiantes do PAIGC e elementos das forças
armadas Portuguesas, a PSP, e a Polícia Militar, e tendo sido realizada uma greve da
função pública com forte adesão. Ao mesmo tempo, o PAIGC começou a preparar uma
possível ação armada no arquipélago (até à demissão de António de Spínola, que levou a
uma alteração desses planos).[16][17]
A 19 de Dezembro de 1974 foi assinado um acordo entre o governo Português e o PAIGC
que afirmava “o direito do Povo de Cabo Verde à autodeterminação e independência”
(artigo 1º), e previa que um governo de transição seria nomeado até à efectivação de
independência. Esse governo de transição, liderado pelo Alto-Comissário
Almirante Vicente Almeida d’Eça, e composto por elementos apontados pelo PAIGC,
tomou posse 12 dias mais tarde. Foi função deste governo começar a lidar com os muitos
problemas do país, incluindo a seca, a falta de bens alimentares, o desemprego
generalizado, as dificuldades de financiamento, e o regresso de emigrantes vindos de
Angola.[16]
A independência foi finalmente declarada na cidade de Praia a 5 de Julho de 1975, tendo o
PAIGC (e o seu sucessor PAICV) estabelecido um sistema de partido único que governou
as ilhas até 1990, quando as primeiras eleições multi-partido foram realizadas, e o artigo
que considerada o PAICV como a única força política foi removido da Constituição.[17]
Quando obteve a independência em 1975, o arquipélago de Cabo Verde herdou uma
situação económica difícil, resultante de vários anos de seca e de vários séculos de
estagnação económica sob o domínio colonial português. A agricultura do território só
pode cobrir uma pequena parte das suas necessidades alimentares, menos de 10%. A
balança comercial é profundamente deficitária, cerca de 93%, e os cofres do Estado estão
vazios.[14]
A chegada ao poder do Movimento para a Democracia (MPD, centro-direita) em 1991
acelerou significativamente a transição para uma economia de mercado (iniciada nos anos
80). O governo lançou um programa de privatização do qual beneficiaram investidores
portugueses (bancos, centrais eléctricas, estações de serviço, etc.). Portugal recuperou
assim o que tinha perdido com a descolonização.[14]
Cabo Verde produz pouco: os seus recursos minerais são quase inexistentes, sofre de
seca crónica e a produção agrícola cobre apenas 10% das suas necessidades.[14]
Geografia
Ver artigo principal: Geografia de Cabo Verde

Mapa topográfico de Cabo Verde.

Imagem de satélite do arquipélago.

Cabo Verde é um arquipélago localizado ao largo da costa da África Ocidental. As


ilhas vulcânicas que o compõem são pequenas e montanhosas. Existe um vulcão activo,
na ilha do Fogo, que é igualmente o ponto mais elevado do arquipélago, com 2829 m. O
país é constituído por 10 ilhas, das quais 9 habitadas, e vários ilhéus desabitados,
divididos em dois grupos:

• Ao norte, as ilhas de Barlavento. Relacionando de oeste para leste: Santo


Antão, São Vicente, Santa Luzia (desabitada), São Nicolau, Sal e Boa Vista.
Pertencem ainda ao grupo de Barlavento os ilhéus desabitados
de Branco e Raso, situados entre Santa Luzia e São Nicolau, o ilhéu dos
Pássaros, em frente à cidade de Mindelo, na ilha de São Vicente e os ilhéus
Rabo de Junco, na costa da ilha do Sal e os ilhéus de Sal Rei e do Baluarte,
na costa da ilha de Boa Vista;
• Ao sul, as ilhas de Sotavento. Enumerando de leste para
oeste: Maio, Santiago, Fogo e Brava. O ilhéu de Santa Maria, em frente à
cidade de Praia, na Ilha de Santiago; os ilhéus Grande, Rombo, Baixo, de
Cima, do Rei, Luís Carneiro e o ilhéu Sapado, situados a cerca de 8 km da ilha
Brava e o ilhéu da Areia, junto à costa dessa mesma ilha.

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