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Cores, traços, textos e páginas: o projeto gráfico do livro infantil ilustrado

brasileiro e a experiência da criança

Palavras-chave

Livro, Livro infantil ilustrado, Design gráfico, Experiência, Metodologias


Introdução

“Hoje, vemos por toda parte as brilhantes cores dos


livros infantis atraindo leitores que antecipadamente
vibram com as histórias ainda ocultas por detrás
dessas vistosas figuras.” (Cecília Meireles)

A pesquisa de doutorado Cores, traços, textos e páginas: o projeto gráfico


do livro infantil ilustrado brasileiro e a experiência da criança pretende
trazer perspectivas e reflexões diferenciadas a respeito do projeto gráfico dos
livros infantis ilustrados, quando o texto e as ilustrações se conciliam em uma
proposta unificada, somando-se às definições do suporte material (formatos,
papéis, e recursos gráficos) e como essa conformação do objeto livro afeta e é
determinante para a experiência dos pequenos leitores.
Pretendo observar como se estabelece para os leitores a relação entre o texto
e a imagem nos livros infantis ilustrados e a narrativa definida exatamente por
essa relação, estabelecida por esse terceiro “autor”1, o designer gráfico, que
através de sua ação projetual, projeta, concebe e dá forma ao livro que vai ser
lido, visto e experienciado pelas crianças.

Para isso o trabalho vai se utilizar de diferentes metodologias de pesquisa,


escalonadas por fases que se complementarão. O objetivo é que ao final,
possamos cruzar os resultados das diferentes fases de pesquisa e investigação
em busca de reflexões e novas perspectivas a partir da premissa da pesquisa:
avaliar, entender e perceber o quanto o design gráfico dos livros infantis
ilustrados influi, afeta e é determinante na experiência das crianças, público-
alvo dos livros, inclusive dando a oportunidade a esse leitor de entrar em
contato com a leitura de diversas maneiras.

1
Tradicionalmente o livro infantil ilustrado é concebido a partir do texto do escritor que por sua vez guia o
trabalho do ilustrador. Vemos, no entanto, atualmente vários livros que são resultado do trabalho de
autores que escrevem, ilustram e fazem o próprio projeto gráfico do livro.
Para o desenvolvimento do trabalho, pretendo iniciar com contextualização do
livro infantil ilustrado no Brasil, entendendo-o como parte da história material e
da memória gráfica brasileira, com o objetivo de chegar até o momento
presente e o objeto de pesquisa e foco delimitador da investigação: o livro
ilustrado infantil contemporâneo brasileiro.

A história dos livros infantis ilustrados brasileiros é mais nova do que a história
do livro na Europa e nos Estados Unidos. Lá, podemos estabelecer a era
vitoriana (século XIX) como ponto de partida à medida que graças ao aspecto
industrial, foi quando o livro infantil se popularizou e se conformou, quer do
ponto de vista gráfico como conceitual, e começam a se estabelecer os códigos
e convenções visuais que permanecem até hoje. (OLIVEIRA, 2008).

Aqui no Brasil a ilustração e os formatos de livros infantis seguem uma


trajetória que é comum às demais artes visuais: partindo de olhares e modelos
europeus, foi se desenvolvendo com o tempo uma linguagem nacional própria
que veio a incorporar e misturar elementos locais como fauna, flora, luz, cor,
arquitetura, etnias, vestimentas, além de temas relacionados às expressões do
folclore e da cultura popular.

No Brasil, surgem os primeiros livros infantis sem cunho pedagógico no final do


século XIX para atender à recém-formada classe média urbana, sendo em sua
grande maioria traduções de obras estrangeiras (notadamente obras dos
alemães Jacob e Wilhelm Grimm e dos franceses Charles Perrault e Jean La
Fontaine) por autores precursores da literatura infantil como Figueiredo
Pimentel2 com seu Contos da Carrochinha (parte da Biblioteca Livraria
Quaresma), além de adaptação de obras adultas como a Biblioteca Juvenil,
com títulos traduzidos por Carlos Jansen Müller para a editora H.Lemmert & C.

2
Figueiredo Pimentel (Macaé, 1869 – 1914) foi além de poeta, contista, cronista, autor de literatura infantil
e tradutor. Publicou novelas, poesia, contos e histórias infantis como Contos da Carochinha, uma coleção
de textos oriundos da tradição oral, organizada por Figueiredo Pimentel e que veio a ser o primeiro livro
infantil não pedagógico, publicado no Brasil, em 1894.
Na década de 1920, Monteiro Lobato3 começa a se dedicar a literatura infantil
(A menina do nariz arrebitado é de 1920) e passa a ser reconhecido como um
dos nomes mais importantes e pioneiros para o desenvolvimento da literatura
para a infância no país, inclusive se notabilizando por investimentos em
modernas técnicas de impressão para época. Em 1924, temos uma inovação
gráfica formal para a literatura infantil nas obras de Monteiro Lobato, com o
livro Caçada da Onça que contém ilustrações preenchendo páginas duplas
(CARDOSO, 2009).

É a partir dos anos 1970 que ocorre um salto de qualidade na literatura infanto-
juvenil brasileira, com autores como Ziraldo 4 e autoras como Ana Maria
Machado5 e Lygia Bojunga6. Em meio à ditadura militar instaurada no país em

3
José Bento Renato Monteiro Lobato (Taubaté, 1882 – 1948) foi um advogado, promotor, escritor, editor,
ativista e tradutor brasileiro. Foi um importante editor de livros inéditos e autor de importantes traduções.
Seguindo seu precursor Figueiredo Pimentel, ("Contos da Carochinha") foi um dos maiores expoentes da
literatura infantil brasileira no começo do século XX e ficou popularmente conhecido pela sua obra de
livros infantis, que constitui aproximadamente a metade da sua produção literária. Entre as mais famosas
destacam-se Reinações de Narizinho (1931), Caçadas de Pedrinho (1933) e O Sítio do Pica-pau amarelo
(1939), e suas personagens, como Emília, Narizinho, Pedrinho, Dona Benta, Tia Anastácia e Visconde de
Sabugosa fazem parte do imaginário popular brasileiro

4
Ziraldo Alves Pinto (1932), criador de personagens como o Menino Maluquinho e a Turma do Pererê, é
um dos mais conhecidos escritores infantis do Brasil, com mais de 130 títulos e 10 milhões de exemplares
vendidos. Foi homenageado em 2014 na Feira do Livro Infantil de Bolonha. É também cartunista,
chargista, pintor, escritor, dramaturgo, caricaturista, poeta, cronista, desenhista, humorista, jornalista e
designer gráfico (autor de diversas capas de livro, cartazes de filmes e de divulgação turística além de
projetos gráficos para jornais e revistas). Sua produção de literatura infantil, traz títulos como Flicts,
Menino Maluquinho, O Bichinho da Maçã, O Planeta Lilás, Juvenal, o Joelho, entre outros.

5
Ana Maria Machado é formada em Letras pela Universidade do Brasil. Como jornalista, trabalhou por
mais de dez anos na Rádio Jornal do Brasil. Foi uma das fundadoras,na década de 80, da
primeira livraria infantil no Brasil, a Malasartes (no Rio de Janeiro), que existe até hoje. Nessa década ela
publicou mais de quarenta livros, e em 1981 recebeu o Prêmio Casa de las Américas com o livro De Olho
nas penas. O reconhecimento mundial das obras de Ana Maria Machado aconteceu em 2000, quando
recebeu o Prêmio Hans Christian Andersen, o mais importante prêmio de literatura infantil. No mesmo ano
foi agraciada com a Ordem do Mérito Cultural. Foi ganhadora do Prêmio Jabuti de Literatura em 1978. É a
sexta ocupante da cadeira 1 da Academia Brasileira de Letras (ABL).
6
Lygia Bojunga é considerada uma das mais importantes autoras de livros infantis e juvenis no Brasil e
fora dele. Sua obra mais famosa é o livro “A bolsa amarela”. Em 1982, ganhou o maior prêmio da
literatura infantil e juvenil: o Hans Christian Andersen. Seus textos valorizam a imaginação e o universo
infantil. Com uma linguagem simples, discutem questões sociais, familiares e de gênero. Dessa forma,
1964 e ao cenário da repressão militar às manifestações “subversivas”, com
censura generalizada à cultura, os livros para crianças passavam
desapercebidos, eram obras desprovidas de importância perante a atenção dos
censores, ocupados com assuntos “sérios”. E os autores infanto-juvenis
puderam com isso transmitir seu recado inconformista para as novas gerações.

Além do texto, esse salto qualitativo na produção aparece também nas


imagens com artistas pioneiros como Gian Calvi7, Eliardo França8, Juarez
Machado9 e o próprio Ziraldo, depois seguidos nos anos 1980 por Rui de
Oliveira10, Ciça Fittipaldi11 e Angela Lago12.

Essa trajetória continua nas décadas seguintes, tendo a década de 1990 sido
marcada pela participação brasileira no ano de 1995 na Feira do Livro Infantil
de Bolonha13, como país homenageado. O Brasil voltou a ser homenageado
estimulam a imaginação e o pensamento de leitoras e leitores.
7
Gian Calvi (1938-2016) foi um ilustrador italiano radicado no Brasil desde 1949, com trabalho destacado
na ilustração de livros infantis e materiais educativos. Fundou a Casa do Desenho e a Casa de Criação.
8
Eliardo França (1941) iniciou sua vida profissional em 1966, ilustrando livros para crianças. Em co-
autoria com sua esposa - a escritora Mary França - tem livros publicados em várias línguas e prêmios
nacionais e internacionais.
9
Juarez Machado (1941) é artista plástico, escultor, desenhista, cartunista, designer gráfico e ilustrou
diversos livros infantis.
10
Rui de Oliveira (?) nasceu no Rio de Janeiro e é autor e ilustrador de literatura infantil, com mais de 140
livros ilustrados. Formado em artes gráficas, estudou pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de
Janeiro, ilustração no Instituto Superior Húngaro de Artes Industriais e cinema no Pannónia Film Studio,
em Budapeste. Recebeu quatro vezes o prêmio Jabuti de ilustração e, por Cartas Lunares, o prêmio de
literatura infantojuvenil da Academia Brasileira de Letras.
11
Maria Cecília Fittipaldi Vessani (1952), mais conhecida como Ciça Fittipaldi, é uma ilustradora, escritora
e artista gráfica brasileira. É formada em Desenho e Plástica na Universidade de Brasília e professora da
Universidade Federal de Goiás. Em 2014, venceu o Prêmio Jabuti com a ilustração do livro Naninquiá, a
Moça Bonita.

12
Angela Lago (1945-2017) foi uma escritora e ilustradora brasileira e a maior parte de sua obra é
dedicada ao público infantil. Em alguns de seus livros não usa palavras, apenas imagens. Entre suas
obras destaca-se Cena de Rua, premiado na França e na Bienal de Bratislava. Durante sua carreira, foi
agraciada diversas vezes com os principais prêmios literários brasileiros, como o Prêmio Jabuti e o
Prêmio FNLIJ. Além de livros próprios, ilustrou obras de outros autores e traduziu poemas.

13
A Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha (Bologna Children's Book Fair) é a maior feira literária do
mundo dedicada à literatura infantil e juvenil. Reúne anualmente em Bolonha, na Itália, editores, agentes
literários, autores e ilustradores de todo o mundo. Sua primeira edição aconteceu em 1964.
em 2014, quando o ilustrador e autor Roger Mello 14 recebe o Prêmio Hans
Christian Andersen que já havia sido ganho por Ana Maria Machado.

Junto com a melhora da qualidade artística dos livros ilustrados no Brasil nos
anos 1990, ocorre uma grande expansão do mercado editorial para crianças e
jovens por conta de projetos criados pelo governo visando à formação de
leitores – principalmente o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) 15 e
o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

Outro ponto determinante na trajetória do livro infantil ilustrado foi a evolução


tecnológica, especialmente o uso do computador como ferramenta para o
ilustrador e principalmente para o designer gráfico e também como novo
suporte para as artes-finais que se dá a partir da década de 1990. Para a
indústria gráfica, os computadores possibilitaram um salto enorme de qualidade
para produção dos livros impressos.

E esses livros refletem consciente ou inconscientemente, direta ou


indiretamente as crenças dos indivíduos que os conceberam, escreveram,
ilustraram, projetaram, o fizeram, o compraram e o experimentam. E por
extensão as crenças das sociedades como um todo das quais esses indivíduos
fazem parte.

Essa breve trajetória tem o objetivo de localizar e contextualizar o objeto de


pesquisa: livros infantis ilustrados brasileiros, produzidos entre os anos 2000 e
2020, lidos e experenciados hoje, por crianças brasileiras. Afinal, um projeto de
design não é descolado do seu tempo ou do contexto em que foi produzido.

14
Roger Mello, Escritor e ilustrador brasiliense, nasceu em 1965. Recebeu o prêmio suíço Espace-
enfants em 2002 e no mesmo ano foi vencedor do prêmio Jabuti nas categorias literatura infanto-juvenil e
ilustração com Meninos do mangue. Com vários trabalhos premiados, tornou-se hors-concours dos
prêmios da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Por sua obra como ilustrador, ganhou
em 2014 do prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infanto-juvenil.
15
O Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), criado em 1997 pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão do Ministério da Educação (MEC), promove o acesso à
cultura e o incentivo à formação do hábito da leitura nos alunos e professores por meio da distribuição de
acervos de obras de literatura, de pesquisa e de referência.
Através de uma pesquisa bibliográfica em livros teses e dissertações, quero
abordar os fundamentos do design gráfico do livro infantil ilustrado e sua
trajetória histórica, olhando para seu plano estrutural, onde ele é composto de
três sistemas narrativos e ficcionais que se entrelaçam: o texto (sua forma, seu
estilo, sua linguagem, seus temas, seu discurso poético, sua voz pessoal), as
ilustrações (seu suporte: desenho, colagem, fotografia, pintura e também, em
cada caso, sua linguagem, seu estilo, seu tom e suas motivações estéticas) e o
projeto gráfico que tenta definir a recepção das narrativas e suas definições
materiais (a capa, a diagramação do texto, a disposição das ilustrações, a(s)
tipografia(s) escolhida(s), o formato e o tipo de papel), usados como recursos
integradores da história ao visual do livro.

Algumas obras e alguns autores discutem exatamente as tensões e


convergências entre escritor, ilustrador e projeto gráfico, como podemos ver na
definição de projeto gráfico de um livro do ilustrador e designer Odilon Moraes
(2008:p.49) onde entende-se por uma série de escolhas e partidos que
definirão um corpo (matéria: forma, tamanho, cor, tato) e uma alma (jeito do
ser: seu conteúdo, que será revelado à medida que percorremos o texto,
vemos as imagens, passamos por suas páginas, adentramos seu interior, sua
atmosfera, seus ritmos e caminhos que os livros nos propõem).

Um fato que acontece com o livro infantil ilustrado é a sua intensa exploração
formal. Ele utiliza a seu favor a força e o impacto de sua própria forma, seu
formato, muitas vezes diferenciado, com o uso frequente de cores especiais,
gramaturas e tipos diferentes de papel (seja na capa como no miolo) além do
uso de facas especiais, dobras diferenciadas, pop-ups (apliques de dobraduras
que simulam efeitos tridimensionais), acabamentos especiais como vernizes e
stampings (que podem gerar volumes e brilhos no papel) e mesmo formatos
diferenciados de encadernação e leitura do texto, como o livro sanfona, por
exemplo.

O tamanho do livro também pode vir a influenciar a resposta que vai provocar.
Livros pequenos tendem a conter uma abordagem mais delicada, enquanto
livros grandes comumente proporcionam efeitos visuais impactantes nos
pequenos leitores.
Na primeira década do século 21 diversas publicações em português vieram a
refletir sobre os livros infantis ilustrados, sendo duas delas de autores
brasileiros. Pelos Jardins Boboli: reflexões sobre a arte de ilustrar livros para
crianças e jovens (2008), do premiado artista brasileiro Rui de Oliveira,
publicado pela editora Nova Fronteira trata de diversos aspectos da arte
narrativa, em especial a ilustração para a literatura infantil.

Um outro título que traz reflexões críticas muito importantes sobre o livro infantil
ilustrado a partir da ótica dos ilustradores brasileiros é a publicação de O que é
qualidade em ilustração no livro infantil e juvenil: com a palavra o ilustrador
(2008), organizado pela pesquisadora Ieda de Oliveira, que traz depoimentos e
artigos de destacados profissionais em atividade atualmente, como Angela
Lago, Ciça Fittipaldi, Odilon Moraes, Nelson Cruz, Regina Yolanda, Renato
Alarcão, Ricardo Azevedo, entre outros, publicado pela DCL.

Outros títulos traduzidos, publicados pela Cosac Naify tratam sobre livros
ilustrados e servirão como referencial teórico para a pesquisa: Era uma vez
uma capa: história ilustrada da literatura infantil (2008), de Alan Powers, que
traz uma história do livro infantil contada a partir de suas capas, em uma edição
ricamente ente ilustrada; Livro ilustrado: palavras e imagens (2010), de Peter
Hunt, é um excelente trabalho de reflexão teórica sobre a literatura infantil,
numa edição revista, ampliada e adaptada ao público brasileiro; Para ler o livro
ilustrado (2011), de Sophie Van der Linden e Livro ilustrado – palavras e
imagens (2011), de Maria Nikolajeva e Carole Scott. Além desses, outra obra
traduzida se destaca: Livro infantil ilustrado – a arte da narrativa visual (2012),
de Martin Salisbury e Morag Styles, publicado pela Rosari

Sophie Van der Linden afirma que o livro ilustrado não é apenas texto e
imagem, mas é texto e imagem no espaço desse estranho objeto que é o livro.
A disposição das mensagens no suporte, o encadeamento do texto e das
imagens, sua diagramação, sua localização também fazem sentido (LINDEN,
2011).

Portanto, o seu projeto gráfico, o seu design gráfico, que seduz, diferencia,
torna mais legível, embute sentidos, desperta emoções e acrescenta
significados para seus leitores usuários, dentro dos seus contextos e
circunstâncias. Ele constitui efetivamente uma forma “específica de expressão”
(LINDEN, 2011), onde o design gráfico tem um papel fundamental no que diz
respeito à materialidade do livro.

Graça Ramos afirma em seu livro A imagem nos livros infantis: caminhos para
ler o texto visual que as diferentes formas com que as palavras, imagens e o
design gráfico interferem para dar sentido ao que é narrado levam a uma
dinâmica multimodal16 peculiar ao livro infantil ilustrado que não tem
equivalente na literatura adulta.

Complementamos o entendimento do livro infantil ilustrado com a definição da


autora Barbara Bader no seu livro American Picturebooks from Noah's Ark to
the Beast Within, de 1975, especialmente quando ela se refere à experiência
que ele representa para a criança:

"Um livro infantil ilustrado é texto, ilustração, design integral; um


item manufaturado e um produto comercial; um documento
histórico, social e cultural; e, acima de tudo, uma experiência para
a criança. (BADER, 1976, p. 1).

São diversas pesquisas, artigos, dissertações e teses que discutem o livro


infantil, seja a partir do texto, seja pelo viés das ilustrações, seja pelo
desenvolvimento do projeto gráfico. Vou considerar todos eles, mas priorizar na
minha pesquisa a experiência do leitor infantil brasileiro a partir desses três
sistemas narrativos que se entrelaçam.

Antes mesmo que venha a ser uma leitura, a criança apreende o livro como um
objeto e pode explorá-lo. Aos poucos, ela percebe que o livro tem uma
narrativa, existe uma história dentro desse objeto. E o projeto gráfico do livro é
o meio pelo qual esse leitor se relaciona com a narrativa.

Para o recorte da pesquisa, serão selecionados livros infantis ilustrados


dedicados às crianças a partir dos 7 anos de idade, quando estas já dominam o
pensamento intuitivo, conceitos de tempo, espaço e causa e dominam a
16
Quando dois ou mais modos ou formatos são empregados em uma mesma operação.
capacidade de classificar, enumerar, ordenar e fazer leitura interpretativas
(PIAGET, 2003).

Está sendo feito um trabalho de pesquisa para o entendimento do cenário atual


dos livros infantis ilustrados no Brasil: inventariamos e contextualizamos a
produção recente e promovermos uma curadoria, um resgate e uma seleção de
obras contemporâneas nacionais representativas. Os prêmios e seleções
literárias como o Prêmio Jabuti17, o Prêmio Literário da Biblioteca Nacional 18, o
Prêmio FNLIJ19 e a seleção de obras pela Cátedra Unesco de Leitura (PUC-
Rio)20 serviram como instrumental para recorte das obras. Os livros foram
classificados, registrados e organizados por suas características de projeto, e
como eles se inserem social e culturalmente: como experienciados pelas
crianças de hoje.

Entre os critérios para classificação e organização, estabelecemos:

1) Autoria

2) Ilustrações

3) Projeto gráfico

4) Formato da página

5) Número de páginas

6) Capa e Lombada

17
O Prêmio Jabuti é o mais tradicional e longevo prêmio literário do Brasil, criado pela CBL (Câmara
Brasileira do Livro) em 1959 com interesse em premiar autores, editores, ilustradores, gráficos e livreiros.
Desde sua primeira edição tem a categoria Literatura Infantil.
18
O Prêmio Literário Biblioteca Nacional é realizado anualmente desde 1994, contemplando autores,
tradutores e projetistas gráficos brasileiros. Desde sua primeira edição, são premiadas obras de literatura
infantil (através do Prêmio Sylvia Orthof).
19
Em 1975, a FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) iniciou a sua premiação anual, com o
Prêmio FNLIJ - O Melhor para Criança, distinção máxima concedida aos melhores livros infantis e juvenis,
que hoje conta com diversas categorias.
20
A Cátedra Unesco de Leitura da PUC Rio anualmente seleciona e distingue obras de literatura Infantil
e Juvenil com selos de Seleção, Distinção e Hors Concours.
7) Tipo(s) de papel

8) Cores

9) Acabamentos

10) Ano

11) Editora

12) Prêmios

Figura 1: Capas de livros infantis ilustrados contemporâneos (acervo do autor -


2022)
Com esse trabalho de pesquisa e seleção espero também conseguir um
entendimento do mercado brasileiro de livros infantis. Um panorama das
editoras (grandes, médias, pequenas), os números, as tiragens, a distribuição
geográfica e a influência dos programas governamentais.

Segundo dados da GfK sobre o Mercado Editorial Brasileiro, em 2021, os livros


de ficção infantis e juvenis representam 13,7% do faturamento total de livros no
país21.

Autores e ilustradores como Alexandre Rampazzo, Raquel Matsushita, Daniel


Munduruku (1964), Eva Furnari (1948), Ângela Lago (1945-2017), Rui de
Oliveira, Roger Mello (1965), Mariana Massarini (1963), Odilon Moraes (1966),
Fernando Vilela (1973), Renato Moriconi e Nelson Cruz (1957), entre outros de
destaque terão sua bibliografia estudada.

Livros que representam o estado da arte da produção e do mercado do livro


infantil brasileiro e como eles se inserem social e culturalmente: como são
vistos, lidos e experienciados pelas crianças de hoje no país. Um público
contextualizado – local e historicamente.

21
Dados da Pesquisa Mercado Editorial (Gfk e ANL - Associação Nacional de Livrarias), fevereiro de
2021.
A partir da coleção, foi delimitada uma seleção que será analisada
graficamente para servir de ferramenta de apoio e subsídios para alimentar as
entrevistas exploratórias e depois para as oficinas/entrevistas com as crianças.

Foram pré-selecionadas obras dos autores Alexandre Rampazzo, Odilon


Moraes e Fernando Vilela, que se caracterizam por sua atuação recente tanto
como autores, como ilustradores e designers gráficos de livros infantis
ilustrados, sendo os três reconhecidos e premiados.

Alexandre Rampazo (?) nasceu em São Paulo. Formado em design, atuou


como diretor de arte, é autor de livros ilustrados e artista gráfico. Escreveu e
ilustrou: Silêncio; Orbitar; Coisas para deslembrar; O que é que isso é?;
Imensamente pequeno; Eustáquio, o mágico magnífico; Um belo lugar;
Pinóquio – O livro das pequenas verdades; A história do pássaro e o realejo;
Se eu abrir esta porta agora… ; Aqui, bem perto; A cor de Coraline; Este é o
Lobo entre outros. Ilustrou também textos de outros autores e tem por volta de
70 livros editados. Recebeu a distinção “IBBY Honour List 2022” (Suíça). No
prêmio Jabuti teve 3 livros vencedores e por 10 vezes obras finalistas. É Hors
Concours do Prêmio Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil recebendo
esta premiação em 6 oportunidades. No Prêmio Biblioteca Nacional foi
laureado com 2º e 3º lugar e também recebeu o Premio Fundación
Cuatrogatos (EUA); selos “Altamente Recomendável” FNLIJ; Troféu Monteiro
Lobato; selos Cátedra Unesco e tem obras no clube de leitura ODS da ONU.
Seus livros foram publicados no Brasil, América Latina e Europa.

Figura 2: Livros de Alexandre Rampazzo


Odilon Moraes (1966) cursou arquitetura, mas sua paixão por livros e desenhos
o levou a trabalhar com ilustração de livros infantis. Já ilustrou mais de
cinquenta livros e recebeu prêmios como o Jabuti e o Adolfo Aizen (União
Brasileira de Escritores). Em 2002, recebeu o Prêmio Ofélia Fontes – O Melhor
Livro para crianças, conferido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e
Juvenil – pela obra A Princesinha Medrosa, o primeiro livro que escreveu e
ilustrou. Já publicou mais de 50 livros. Além de ilustrar e escrever, oferece
cursos e oficinas sobre a história do livro ilustrado.

Figura 3: Livros de Odilon Moraes

Fernando Vilela (1973) é artista plástico, ilustrador, autor, possui graduação em


artes plásticas pela Unicamp e mestrado em artes pela ECA-USP. Como artista
plástico, desenvolve trabalhos com gravura, desenho, colagem, escultura,
instalação e fotografia. Possui obras em importantes coleções: MoMA de Nova
York, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Pinacoteca do Estado de
São Paulo e no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Além de
artista, Fernando é autor e ilustrador com livros publicados em oito países. Em
2007 recebeu três prêmios Jabuti pela sua obra Lampião e Lancelote (Cosac
Naify, 2006) e a Menção Novos Horizontes do Prêmio Internacional Bologna
Ragazzi Award.

Figura 4: Livros de Fernando Vilela

O recorte das obras desses autores selecionados será analisado gráfica e


visualmente utilizando autores como o filósofo e semiólogo Charles William
Morris (1903-1979) e Michael Twyman (1934) para interpretação de
significados e como eles operam.

Charles William Morris (1901 – 1979) é um dos semioticistas do século XX que


mais influenciou os estudos de design. Estudioso de Peirce (1839-1914)
fundador da Semiótica Americana (ou Peirceana), Morris é o criador da divisão
triádica da semiótica nas dimensões sintática, semântica e pragmática,
fundamentada no modelo Peirceano de significação e interpretação. Também
em tópicos.

Michael Twyman é um historiador de design que se propôs a responder


algumas questões relacionadas à linguagem gráfica. Twyman, em seu artigo
Using Pictorial Language: A Discussion of Dimensions of the Problem, de 1985
(pp. 245-312) propõe um modelo que tenta conciliar a visão da linguística (que
divide a linguagem entre falada e escrita) com a visão dos designers (que
dividem a linguagem entre verbal e pictórica), onde a sua principal distinção é
feita pelo canal de comunicação.

Além disso, para entender o contexto conteúdo informacional e a produção da


linguagem e de imagens pictóricas, Twayman sugere oito variáveis para
compreender a questão operacional da linguagem gráfica:

1. Propósito: se há intenção de informar ou persuadir


2. Conteúdo: essência da informação ou mensagem
3. Configuração: as formas de organização dos elementos
4. Modo: verbal, pictórico, esquemático ou uma combinação
5. Meio de produção: à mão ou à máquina
6. Recursos: habilidades, facilidades, tempo, verba
7. Usuários: idade, habilidade, formação, interesses, experiência
8. Circunstâncias de uso: pode ser calmamente sentado em uma
biblioteca ou em um veículo em movimento, por exemplo.

As obras analisadas servirão para referenciar dois momentos de entrevistas no


trabalho. O primeiro momento será de entrevistas exploratórias 22, discursivas23,
semiestruturadas e qualitativas, com agentes protagonistas do livro infantil
ilustrado no Brasil.

Serão entrevistados os três autores selecionados: Alexandre Rampazzo,


Odilon Moraes e Fernando Vilela, além de editores, livreiros, professores de
literatura infantil, pesquisadores do livro infantil e bibliotecários para contribuir
com o entendimento dos diferentes momentos do livro infantil ilustrado.

22
A entrevista exploratória é chamada também de entrevista informal, não-padronizada, não-estruturada
e tem o propósito de explorar, com ajuda de outras pessoas, o assunto que se pretende pesquisar
(SYDNEY, 2021).
23
Entrevista discursiva é aquela onde a interação entre o entrevistado e o entrevistador é determinada
nos conteúdos, mas as modalidades nas quais as interações tomam forma não são pré-determinadas,
mas se definem a cada momento. (CARDANO, 2017)
Ao me valer de entrevistas discursivas24, semiestruturadas, qualitativas,
procurarei interagir com os entrevistados para saber sobre seus pontos de
vista, seus discursos e, com isso, obter informações, opiniões e elementos
empíricos úteis para minha pesquisa.

Como diz CARDANO (2017), nas entrevistas buscamos a obtenção de


elementos empíricos úteis para elaborar uma resposta à pergunta que dá
impulso ao estudo. Esses entrevistados deverão ocupar o centro da atenção e
poderão manifestar suas convicções e experiências, e trazer também um
pouco de suas histórias pessoais e profissionais no que estas se relacionam
com o livro infantil.

Neste primeiro momento estimamos que sejam feitas entre 8 e 10 entrevistas


de onde espero extrair insights, reflexões e apontamentos inclusive para
alimentar as entrevistas/oficinas com as crianças.

Figura 5: Card da pesquisadora Lesley-Ann Noel

24
Entrevista discursiva é aquela onde a interação entre o entrevistado e o entrevistador é determinada
nos conteúdos, mas as modalidades nas quais as interações tomam forma não são pré-determinadas,
mas se definem a cada momento. (CARDANO, 2017)
O segundo momento de entrevistas/dinâmicas de grupo ocorrerá com as
crianças. Essas crianças, de 8 a 9 anos, público-alvo dos livros selecionados e
analisados, serão ouvidas em oficinas e dinâmicas de grupo a serem
realizadas em unidades do Colégio Pedro II, Rio de Janeiro.

Nesta idade, os pequenos leitores já dominam o pensamento intuitivo,


conceitos de tempo, espaço e causa e dominam a capacidade de classificar,
enumerar, ordenar e fazer leitura interpretativas (PIAGET, 2003).

As crianças nesta fase já começam a ter um maior domínio da linguagem, com


alguma capacidade de abstração e um raciocínio mais estruturado, ainda que
exista uma predominância do texto visual sobre o texto verbal. A imaginação e
a fantasia estão bem ativas, mas a criança já começa a entender e diferenciar
fantasia de realidade. Além disso começam a ser capazes de representar, o
que as permite que elas criem suas próprias narrativas e histórias. Ao ler um
livro infantil ilustrado, elas podem por exemplo recontá-lo, recriá-lo, modificando-o.
Figura 6: Professora fazendo roda de leitura com crianças na sala de aula.
(Getty Images)

Como afirma Walter Benjamin, diante do livro ilustrado, a criança vence a


parede ilusória da superfície e, esgueirando-se por entre tecidos e bastidores
coloridos, adentra um palco onde vive um conto maravilhoso (BENJAMIN,
2009).

A reação das crianças para a pesquisa é muito importante – a experiência


delas com o objeto livro, por isso, no caso delas, além de áudio, será
fundamental a captação das entrevistas também em vídeo, à medida que as
entrevistas filmadas permitem que se apreendam significados não direta ou
intencionalmente expressos (evocações, recuos, desenvolvimentos,
hesitações, ênfases, autocorreções etc.).

Um dos referenciais teóricos que eu utilizarei para as oficinas a serem feitas


serão as experiências das pesquisas de Evelyn Arizpe e Morag Styles sobre as
respostas das crianças para a leitura de livros infantis ilustrados
contemporâneos, descritas no livro Children Reading Picturebooks –
Interpreting visual texts (2016).
Nessas pesquisas, as autoras observaram diversas crianças que tiveram a
oportunidade de experienciar várias vezes o mesmo livro, e ao final de cada
sessão, debater sobre ele e depois desenhar sobre o que haviam observado no
livro.

Finalmente, a partir das resultado das diferentes fases da pesquisa, trataremos


de articular problematizações, reflexões e partimos para as conclusões da
pesquisa.

Referências bibliográficas

ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. Rio de Janeiro: Editora FGV,


2013

ARAÚJO, Emanuel. A construção do livro - princípios da técnica de


editoração. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008. Sobre o papel do design gráfico no
objeto livro.

ARIZPE, Evelyn e STYLES, Morag. Children Reading Picturesbooks –


Interpreting visual texts. Londres: Routledge Taylor & Francis, 2016
BADER, Barbara. American Picturebooks from Noah’s Ark to the Beast
Within. Nova Yorque. Macmillan, 1976

BEJAMIN, Walter. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação.


São Paulo: Editora 34, 2009.

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2017. Fundamental para a estruturação de entrevistas e pesquisas
quantitativas.

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Brasil, 2009

COELHO, Nelly Novaes. Dicionário crítico da literatura infantil e juvenil


brasileira. São Paulo: Editora Nacional, 2008. Estabelece uma linha do tempo
e organiza a produção literária infantil e juvenil brasileira de 1808 a 1982.

DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do


grafismo infantil. Porto Alegre, RS: Zouk Editora, 2015. Sobre ilustração e o
livro infantil.

DRESANG, E. T. Radical change: books for youth in a digital age. Nova


York: H.W. Wilson Co., 1999.

FARIA, Maria Isabel; PERICÃO, Maria da Graça. Dicionário do livro:


terminologia relativa ao suporte, ao texto, à edição e à encadernação, ao
tratamento técnico etc. Lisboa: Guimarães Editores, 1988. Para equacionar a
terminologia sobre o objeto livro.

FLUSSER, Vilém. A imagem; A imagem técnica; O aparelho. In: Filosofia da


caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. São Paulo:
Annablume, 2011. Pp.21-48.

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o papel do design gráfico no objeto livro.
LAJOLO, Marisa: ZILBERMAN, Regina. A formação da leitura no Brasil. São
Paulo, EDUSP, 2019. Um panorama da formação do leitor e da literatura
infantil brasileira.

LAJOLO, Marisa: ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil Brasileira. Uma


nova outra história. Curitiba: PUCPRESS, 2017. Um panorama da literatura
infantil brasileira.

LINDEN, Sophie Van der. Para ler o livro ilustrado. São Paulo: Cosac Naify,
2011. Sobre o papel do design gráfico no objeto livro, especialmente o livro
ilustrado.

LINS, Guto. Livro Infantil? São Paulo: Rosari, 2002. Sobre ilustração e design
gráfico do livro infantil.

MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de história oral. São Paulo: Edições
Loyola, 2000. Fundamental para a estruturação de entrevistas e pesquisas
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MEIRELLES, Cecília. Problemas da Literatura Infantil. São Paulo: Editora


Global, 1951. (2016 - 4ª edição).

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no contexto brasileiro contemporâneo. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Escola de Belas Artes, Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais,
2016. Sobre as imagens do livro infantil brasileiro contemporâneo.

NIKOLAJEVA, Maria e SCOTT, Carol. Livro ilustrado: palavras e imagens.


São Paulo: Cosac Naify, 2011. Sobre a relação texto e imagem no livro
ilustrado.

OLIVEIRA, Ieda de. Org. O que é qualidade em ilustração no livro infantil e


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OLIVEIRA, Rui de. Pelos Jardins Boboli: reflexões sobre a arte de ilustrar
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PIAGET, Jean. A psicologia da criança. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

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objeto livro, especialmente o livro ilustrado.

RAMOS, Graça. A imagem nos livros infantis: caminhos para ler o texto
visual. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

Observações...

• Sempre referenciar afirmações


• Fundamentar o trabalho – deixar as pegadas para problematizar as questões

• Memória gráfica (cultura material) – não canônica | filiação da história do


design de AL e Brasil (para problematizar) – tecnologia - regional

• Livro no contexto mundial – História do livro

• Articulações

• Dialogar com as fontes

• Propor estratégias efetivas para obtenção de dados relevantes

• Se colocar textualmente de forma mais crítica, problematizadora

• Problematização no campo mais amplo da história do design (Dilnot).

• Pioneiros no design de livro infantil

• Relações organizacionais do design

• Tensões e convergências entre escritor, ilustrador e projeto gráfico

• Relações sociais desencadeadas através das práticas sociais que o livro


infantil ilustrado desperta.

• A questão do consumo infantil na sociedade capitalista também poderia ser


problematizada (nas questões trazidas pela Whitehouse).

Sugestão de sumário

Introdução

Livro infantil ilustrado (campo mais amplo da história do design)


O design gráfico do livro infantil

Seleção de livros infantis (curadoria)

Análise do discurso gráfico visual de obras selecionadas

Entrevistas com os agentes do livro infantil ilustrado – os autores selecionados,


editores, especialistas (entrevistas/história oral)

A experiências das crianças, os pequenos leitores (oficinas/grupo focal)

Problematizações, articulações e reflexões (amarrar a tese)

Considerações finais (conclusão)

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