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Escola Latino-americana
de História e Política
Escuela Latinoamericana
de Historia y Política
Educação e Revolução: a pedagogia socialista soviética
Escola Latino-americana de História e Política - ELAHP
Centro Cultural Esperança Vermelha - CCEV
Caixa de Ferramentas
Todos os direitos reservados.
Não é permitida a reprodução total ou parcial sem expressa autorização
Organização
Leandro Eliel Pereira de Moraes
Projeto Gráfico, Diagramação e Capa
Emilio Carlos Machio Font
ISBN 978-65-995590-1-3
21-76527 CDD-370.947
Caixa de Ferramentas
www.caixadeferramentas.org
Sumário
Apresentação 5
Leandro Eliel Pereira de Moraes
União Soviética, breve panorama 21
Valter Pomar
Educação, revolução e URSS: um panorama histórico sobre os fundamentos
pedagógicos e as políticas educacionais soviéticas 31
Leandro Sartori
Lênin – A educação para fins políticos e a
política como ferramenta educativa 49
Mario Borges Netto
Carlos Lucena
Os debates iniciais sobre a construção de uma pedagogia socialista:
a educação politécnica 63
Leandro Sartori
Embates entre o pragmatismo funcional e o projeto soviético 81
José Carlos Souza Araujo
Pistrak, Shulgin e a pedagogia soviética nos anos de 1920 107
Caroline Bahniuk
Sandra Luciana Dalmagro
Makarenko e o desafio para a formação da coletividade 131
Luiz Bezerra Neto
Concepção socialista de educação: a contribuição de Nadedja Krupskaya 145
Nereide Saviani
Anatoli Vassilievitch Lunatcharski e os princípios da escola soviética 159
Zoia Prestes
Elizabeth Tunes
Transformações educacionais nos anos de 1930:
planos quinquenais, formação escolarizada e educação social 175
Leandro Sartori
Legados da perspectiva histórico-cultural para a educação e a psicologia 195
Elizabeth Tunes
Zoia Prestes
Ingrid Lilian Fuhr
Gramsci, Revolução Russa e escola unitária 215
Marcos Francisco Martins
Sobre o problema da periodização do desenvolvimento psíquico na infância 251
D. B. Elkonin
Sobre os Autores 277
Apresentação
Leandro Eliel Pereira de Moraes
Introdução
Esse livro é resultado de um curso organizado conjuntamente
pelo Centro Cultural Esperança Vermelha (CCEV)1, Escola Latino-a-
mericana de História e Política (ELAHP)2 e a Caixa de Ferramentas3,
realizado no segundo semestre de 2020, com as contribuições de pro-
fessores e professoras que ministraram voluntariamente as aulas desse
roteiro e que enviaram seus textos para publicação.
Como coordenador pedagógico desse curso, mediando todas as
aulas, tive a grata oportunidade de acompanhar um roteiro de conteú-
dos fundamentais para a compreensão não só do processo histórico da
educação soviética, mas das polêmicas e dilemas vivenciados por uma
geração revolucionária, permitindo-me organizar uma breve síntese
nesta Apresentação. Evidentemente que o que está aqui sintetizado é
de minha inteira responsabilidade.
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Referências Bibliográficas
ARAÚJO, José Carlos Souza. Apresentação: Impressões de John Dewey sobre a Rús-
sia Soviética como interpretação de um contexto. In.: DEWEY, John. Impressões
sobre a Rússia Soviética. Uberlândia, MG: Navegando Publicações, 2016. Dis-
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União Soviética, breve panorama
Valter Pomar
Antes de ser comentarista do BBB, Pedro Bial teve outra vida, que
incluiu uma frase dita em 1991 no Jornal Nacional: “este dia 25 de de-
zembro é o último dia de 1917”1.
O principal noticiário da Globo destacou uma cena simbólica: no
Kremlin, a bandeira soviética desceu para não mais subir; no seu lugar,
foi içada a bandeira russa. Pouco antes, Mikhail Gorbachev -- o prin-
cipal dirigente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)
– lera o seguinte discurso2:
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Quem preferir uma análise de outro tipo, menos centrado nos in-
divíduos e mais atento para os conflitos entre as classes sociais e entre
os Estados, deve começar lembrando que a Rússia de 1917 era um dos
maiores impérios do mundo, um colosso de pés feudais num mundo
onde o capitalismo dirigia a cena.
De 1917 até 1921, o novo governo soviético lutou por sua sobrevi-
vência, ameaçada pelos exércitos alemães, pelos exércitos “brancos” (fi-
nanciados pelos latifundiários e capitalistas) e pela desorganização da
economia, após anos de conflito militar. Neste período, prevaleceu o cha-
5 Bolcheviques é uma palavra russa, que pode ser traduzida como “majoritários”. É o
nome de uma das várias frações em que se divida o Partido Operário Social Democra-
ta Russo (POSDR). O curioso é que este apelido decorre da pequena diferença obtida
durante uma votação ocorrida no segundo congresso deste partido, realizado em 1903.
Depois disso, os “majoritários” se viram várias vezes em minoria, mas o apelido per-
maneceu. A tal ponto que em 1918, quando o POSDR (b) muda seu nome para Partido
Comunista (b), mantém o apelido: bolcheviques.
6 Falamos de revolução “de Outubro”, porque quando ela ocorreu o calendário russo
era diferente do calendário ocidental. Após a revolução, o governo soviético adotou
o calendário ocidental e por isso a comemoração desta revolução russa acontece de 6
para 7 de novembro.
7 Pelos motivos já explicados, a Revolução de Fevereiro começa no dia em que, no
Ocidente, se comemorava o 8 de março...
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Educação, revolução e URSS: um
panorama histórico sobre os
fundamentos pedagógicos e as
políticas educacionais soviéticas1
Leandro Sartori
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1) que todos os jovens que vivessem da força de trabalho; 2) fazer dos afi-
liados cidadão jovens livres e conscientes da luta em que estão inseridos;
3) inseri-los na luta internacional do movimento dos trabalhadores, liga-
das ao universo do trabalho; 4) lutar pela delimitação das horas máximas
de trabalho (e de trabalho infantil), pelo aumento salarial e pela luta em
mobilização aos operários; 5) Adquirir mais conhecimentos, com instru-
ção obrigatória até os 16 anos, pressupondo que o jovem participasse de
círculos de estudo, de capacitação e de organização de locais de estudos;
6) compor uniões independentes como formas de coletividade pautada
na autogestão. (KRUSKAYA, 1978)
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Educação e Revolução: a pedagogia socialista soviética
Referências Bibliográficas
KRUPSKAYA, Nadeshda. La Educación de la Juventud. Madrid: Nuetra Cultura,
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LÊNIN, Vladimir I. O Estado e a Revolução. São Paulo: Editora Hucitec, 1982.
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LUNATCHARSKI, A. Sobre a Instrução e a Educação. Tradução: Filipe Guerra. URSS:
Edições Progresso, 1988.
LUNATCHARSKI, Anatoli. Artigos e Discursos: Anatoli Lunatcharski: Sobre a Ins-
trução e a Educação. Moscou: Edições Progresso, 1988.
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Lênin – A educação para fins
políticos e a política como
ferramenta educativa
Mario Borges Netto
Carlos Lucena
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I
Em março de 1902, foi publicado por Lênin a brochura Que fazer?
questões candentes de nosso movimento. O objetivo era oferecer uma contri-
buição teórica ao II Congresso do POSDR, que seria realizado posterior-
mente. Havia uma disputa teórico-organizativa no interior do partido.
O que estava em jogo e que Lênin enfrentou teoricamente na brochura
pode ser definido da seguinte forma: [1] o caráter e conteúdo da agita-
ção política do Partido; [2] a tarefa da organização do Partido; [3] o pla-
no para a criação de uma organização proletária centralizada para toda
Rússia. O impacto do livro foi imediato e seu objetivo foi atingido. O
resultado do II Congresso indicou a vitória das proposições defendidas
por Lênin1, quanto ao papel dirigente e o conteúdo da agitação política
do partido na luta de classes do proletariado.
1 A vitória das teses de Lênin no II Congresso do POSDR levou ao surgimento da deno-
minação bolcheviques (“maioria” na língua russa) para a corrente liderada por ele. Os
seus opositores, ficaram conhecidos como mencheviques (“minoria”). As principais
diferenças entre as duas tendências estavam na forma da organização do Partido e na
concepção teórica sobre o desenvolvimento da consciência de classe do proletariado.
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II
Nota-se dos textos pré revolucionários que a educação possui ca-
ráter político, características que são evidenciadas também nos escritos
leninianos de 1920. Já enquanto líder da Rússia revolucionária, os es-
critos de Lênin que tratam da instrução pública apresentam a educa-
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Referências Bibliográficas
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Obras Escolhidas. Tomo 3. Lisboa: Editorial Avante, 1977b. Disponível em: ht-
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LUKÁCS, György. Lenin. Um estudo sobre a unidade de seu pensamento. São Paulo:
Boitempo, 2012.
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Os debates iniciais sobre a
construção de uma pedagogia
socialista: a educação politécnica1
Leandro Sartori
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“Não, pela milésima primeira vez eu repito que o proletariado deve ter
plena propriedade da cultural universal (...) Menosprezar a ciência e a
arte do passado sob o pretexto de que elas são burguesas é tão absurdo
quanto (...) jogar fora as máquinas das fábricas ou as estradas de ferro.
(...) O Proletkult precisa concentrar sua total atenção no trabalho (...)
encontrar e fomentar novos talentos entre o proletariado (...) (LUNAT-
CHARSKI, 2018, p. 58-59)
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Como notamos, nos anos de 1920 são superados alguns dos pro-
fundos dilemas educativos da sociedade soviética pela alfabetização
de milhares de pessoas através da participação de escolares, militantes
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Educação e Revolução: a pedagogia socialista soviética
Referências Bibliográficas
ARAÚJO, José Carlos Souza. Apresentação: Impressões de John Dewey sobre a Rús-
sia Soviética como interpretação de um contexto. In.: DEWEY, John. Impres-
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LUNATCHARSKI, Anatoli. Artigos e Discursos: Anatoli Lunatcharski: Sobre a Ins-
trução e a Educação. Moscou: Edições Progresso, 1988.
LUNATCHARSKI, Anatoli. Revolução, Arte e Cultura. São Paulo: Expressão Popular,
2018.
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Embates entre o pragmatismo
funcional e o projeto soviético
José Carlos Souza Araujo
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Disciplina
Centração no professor
Centração no ensino
Memorização
Obediência
Passividade
Repetição verbal de conteúdos
Formação de hábitos
Verbalismo
Intelectualismo
Elaborado pelo autor
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Datas de
Autores Títulos das obras em vernáculo
publicação
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cia desfaz o seu próprio trabalho, e substitui uma ordem anterior por
uma nova ordem” (Ibidem, p. 480).
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dade ativa, como o fez William James, John Dewey, em obra publicada
em 1906, posiciona-se ao reunir as categorias, esforço e interesse como
precedentes à atividade: “A criança enaltecida depois da teoria do es-
forço não faz senão adquirir uma maravilhosa habilidade em parecer
ocupada com coisas pouco interessantes, enquanto seu coração e o raio
de suas energias estão em outro lugar. [...] É psicologicamente impossí-
vel provocar uma atividade sem qualquer interesse” (1922, p. 42).
Na mesma obra, retoma o liame entre a atividade e a adaptação,
centrais para a antropologia infantil escolanovista: “Ora a ação é uma
resposta, uma adaptação, um ajustamento. Uma atividade psíquica
destacada de suas condições do meio, da situação, é uma impossibili-
dade” (1922, p. 118).
Um outro co-fundador da metodologia ativa, que viveu entre 1879
e 1960, foi Adolphe Ferrière (1929). Em obra publicada em 1910, A lei
biogenética e a escola activa, é de parecer que a vida é um impulso con-
tínuo e permanente, apesar de ser irregular em sua intensidade. “[...]
a criança é um ser activo. Seu elemento vital é o movimento, é a ativi-
dade. A atividade física foi sempre a condição necessária de existência
do homem. [...]” (p. 34-35). A “[...] criança se interessa pela própria
atividade na medida da utilidade que della se deriva” (1929, p. 35-36).
Em Democracia e Educação, publicada em 1916, John Dewey des-
taca que a “[...] educação [é] a aquisição dos hábitos indispensáveis
à adaptação do indivíduo a seu ambiente” (Dewey, 1979, p. 50). Tal
adaptação significa um ajustamento às condições externas que se ex-
pressam como fixidez, o que significa que “[...] esta concepção estará
naturalmente, em correlação lógica com as relações entre estímulo e
resposta [...]” (Ibidem, p. 50). Observe-se, como em W. James, o víncu-
lo à teoria comportamentalista, da qual John Broadus Watson (1878-
1958), contemporâneo de Dewey, é considerado fundador. Mais adiante,
refere-se à reciprocidade entre a adaptação e o meio:
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Só com a liberdade total se pode levar os melhores alunos até onde po-
dem chegar, e não travá-los por causa dos fracos, estes alunos são os
mais necessários. Só com a liberdade se pode evitar um fenômeno co-
mum, evitar que surja repulsa pelas disciplinas que antes, quando havia
liberdade, eram queridas. Só na liberdade é possível saber para que a
especialidade o aluno se inclina, só a liberdade não destrói a influência
educativa. (Ibidem, p. 232).
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Pistrak, Shulgin e a pedagogia
soviética nos anos de 1920
Caroline Bahniuk
Sandra Luciana Dalmagro
Introdução
Nesse texto nos debruçamos a respeito de Moisey Mikhaylovick
Pistrak (1888 – 1937) e Viktor Nikholaevich Shulgin (1894- 1965), dois
educadores, intelectuais e militantes que participaram ativamente da
construção da Escola Única do Trabalho nas duas primeiras décadas
após a Revolução de Outubro de 1917. Ambos se dedicaram a construir
esta experiência educacional ímpar, trabalhando principalmente nos
conceitos de auto-organização, atualidade, escola do trabalho, entre ou-
tras formulações de grande importância para a compreensão das con-
cepções pedagógicas desse período. Compreendemos serem os autores
produtos de seu tempo histórico, o que significa dizer nesse caso que,
suas elaborações e experiência somente são compreendidas no bojo do
processo revolucionário em que se encontram.
No limiar do século XX a Rússia já era um país de enorme extensão,
composto por diferentes povos e religiões, eminentemente agrária, ou
seja, a maioria da população encontrava-se no campo e dispunham de
técnicas de produção bastante rudimentares. Em descompasso com o
desenvolvimento econômico-político da Europa central, a Rússia vivia
sob o auspício do czar e apenas em algumas cidades como São Peters-
burgo e Moscou existia um processo de industrialização, controlado pela
burguesia internacional, e um movimento operário incipiente, apesar de
estrategicamente localizado (TROTSKI, 2007; HOBSBAWN, 2008).
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c) Trabalho
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com alto nível tecnológico (SHULGIN; 2013). Nas aldeias onde predo-
mina o trabalho artesanal não é possível desenvolvê-la. É sobre o ritmo
de industrialização e as condições para desenvolver a Escola do Traba-
lho onde se concentram as divergências entre Shulgin e Pistrak. Pistrak
(2015) estimula escolas politécnicas onde Shulgin não vê condições.
Os embates entre eles ocorrem num momento de imenso esforço pela
industrialização – os planos quinquenais nos anos 1920 - e revelam o
esforço dos bolcheviques e de toda a sociedade russa em arrancar o
país do trabalho servil, extremamente rudimentar no campo, promo-
ver a coletivização da agricultura, eletrificar, industrializar, construir
vias de acesso, formar técnicos, ensinar.
Mas Shulgin e Pistrak convergem em muitos pontos! Um deles é
a necessidade de que a escola se articule com seu meio, com seu entor-
no, questão essencial na compreensão da pedagogia soviética. A escola
não será politécnica ou formará o homem e a mulher socialistas se o
meio que a circunda não se voltar nesta direção. Por isso a escola pre-
cisa se ligar fortemente com as forças de transformação: a indústria, os
novos maquinários, os operários, as cooperativas, os técnicos, as orga-
nizações coletivas de adultos e crianças. A escola respira no seu meio,
estuda o meio, tanto o traz para “dentro” da escola quanto “vai” até
ele. Shulgin (2013) não acredita na escola se ela se constitui como um
sistema fechado, sem articulação com a vida. Escola e meio são para ele
um caminho de duas mãos. Não se espera o incipiente Estado Socia-
lista atender as demandas, cada russo precisa se ver como construtor
do futuro, atuar em nome do socialismo de forma organizada e cientí-
fica. As escolas formam para e por meio deste processo e são espaços
privilegiados nesta direção. As formas para articular escola e meio na
direção desejada são inúmeras, mas podemos sintetizar no Trabalho
Socialmente Necessário, na auto-organização, na coletividade e nos
complexos de estudo.
A centralidade da fábrica também é presente em Shulgin. Para
ele, a fábrica deixará de ser apenas um lugar de produção de bens ma-
teriais, ela se tornará um laboratório. A produção será posta a serviço
da educação, ela será pedagogizada. As fábricas devem ser grandes
centros educativos, a serviço das pessoas, da educação ampla e as
crianças estudarão no processo de produção. Shulgin leva este debate
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Considerações Finais
Nesse texto discutimos as contribuições de Pistrak e Shulgin para
a Pedagogia Socialista Soviética. Em particular para o campo escolar,
essa concepção pedagógica visava alterar tanto o conteúdo como a for-
ma da escola, uma vez que a velha instituição não servia aos propósi-
tos da nova sociedade nascente. A contribuição dos pioneiros da edu-
cação comunista permanece de extrema atualidade se considerarmos
os avanços teórico-práticos realizados quanto à auto-organização dos
estudantes, à unidade entre ciência, trabalho e vida social e à articu-
lação da escola com o seu meio. Porém ela ainda é pouco conhecida
no Brasil e mesmo nos cursos de formação de professores, exceção à
experiência educacional do Movimento Sem Terra.
Entendemos a importância dos pioneiros da educação soviética
em construírem experiências educacionais concretas na direção do so-
cialismo. Nos nossos dias, a intenção de revisitá-los não consiste em
procurar uma receita ou a mais acabada sistematização dos conceitos
numa perspectiva marxista, mas sim em se apropriar das categorias
centrais e seu desenvolvimento, como também dos limites enfrenta-
dos, considerando que o contexto de desenvolvimento daquela ser
muito distinto do nosso na atualidade.
Nas relações sociais capitalistas nas quais estamos imersos, con-
seguimos construir germes da educação socialista, tensionando com
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Referências Bibliográficas
4 Sobre as escolas do MST e sua relação com a pedagogia socialista soviética, em espe-
cial a construção de uma proposta escolar organizada pelos complexos de estudos, in-
dicamos as seguintes referências: a) SAPELLI, M; FREITAS, L. C; CALDART, R (orgs).
Caminhos para a transformação da escola 3 – organização do trabalho pedagógico
das escolas do campo. São Paulo: Expressão Popular, 2015. b) SAPELLI, M; LEITE, V;
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Itinerante no Paraná. São Paulo: Expressão Popular, 2019.
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Makarenko e o desafio para a
formação da coletividade
Luiz Bezerra Neto
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educandos até que ele, como professor, resolveu criar regras para a
colônia. Dentre as regras estabelecidas decidiu-se que os colonos deve-
riam limpar o dormitório, aproveitou-se também para se designar um
monitor para vigiar quem entrava e quem saía da colônia. Outra regra
importante foi a que estabeleceu a proibição das saídas dos colonos
sem permissão. Com estas regras, a colônia passou a funcionar de for-
ma mais coletiva, implantando-se uma nova dinâmica na convivência
dos educandos, beneficiando todo o grupo.
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nham agora uma nova realidade objetiva, que apontava para o ultracen-
tralismo do Estado, o fim das oposições, as perseguições e eliminações
políticas, em troca de uma promessa de melhoria das condições mate-
riais de vida.
Assim, ele entendeu que o limite entre o trabalho com fins capita-
listas e o trabalho para a construção da sociedade sem exploração era
quase imperceptível e muitas vezes a educação pelo trabalho na União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas se transformou na educação para
o trabalho capitalista.
142
Educação e Revolução: a pedagogia socialista soviética
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143
Concepção socialista de
educação: a contribuição de
Nadedja Krupskaya1
Nereide Saviani
Introdução
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Considerações Finais
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Anatoli Vassilievitch Lunatcharski
e os princípios da escola soviética1
Zoia Prestes
Elizabeth Tunes
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à mãe continuava igual. Ele mantinha uma boa relação com ela, gosta-
va muito dela e respeitava-a.
Anatoli Lunatcharski nutria um verdadeiro ódio pela escola e o
declarou ao falar do ensino de matérias desnecessárias que eram en-
sinadas de forma “seca”, sem despertar nenhum interesse. Por ser um
aluno mediano, terminou a escola primária e o ginásio com notas mé-
dias. Muitos pesquisadores da vida e da obra de Lunatcharski ainda se
impressionam com o fato de que ele se formou no ginásio apenas com
20 anos, ou seja, bem mais tarde que seus colegas. Ele mesmo registrou,
em sua biografia, que repetiu de ano e por isso perdeu dois anos. Mas
vale revelar um fato curioso: enquanto na escola era considerado um
aluno mediano, tanto em conhecimento como em comportamento, em
casa, já tinha lido os grandes filósofos: aos quatorze anos leu Marx e
estudou Mill. Em sua autobiografia, contou que com quinze anos já ti-
nha lido o primeiro volume de O Capital, de Marx, e que com a mesma
idade ingressou no Partido Social-Democrático Russo, considerando-
-se um “social democrata”, porém marxista (LUNATCHARSKI, 2017).
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tado no final do século XIX e início do século XX, na Rússia. Por ser um
jovem politicamente suspeito, as portas da Universidade da Rússia es-
tavam fechadas para ele. Então, tentou convencer a mãe de que a saída
seria estudar fora da Rússia. Depois de resistir muito, ela aceitou que
ele fosse para uma Universidade em Zurique, onde tornou-se aluno
de Pavel Akselrod, filósofo russo marxista que praticamente o adotou.
Além disso, estudou também com Avenarius, filósofo francês. Lunat-
charski destacou em sua biografia que estes dois pensadores influen-
ciaram sobremaneira sua visão de mundo, pois ambos deram muito
suporte a seus estudos e o ajudaram a definir seus interesses.
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V. Lunatcharski e V. I. Lenin em
1919
Fonte: http://lunacharsky.newgod.
su/
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Era o ano de 1918, mas as críticas que Lunatcharski fazia são atu-
ais até hoje. A formação de professores e pedagogos ainda se apresen-
ta como um grande nó na educação, especialmente em países como o
Brasil. No entanto, pode-se perceber que não se tratava de pensar em
modelos nem de escola e muito menos de profissionais da educação.
Era necessária uma escola nova, em um país que estava em processo
revolucionário, era preciso avaliar e respeitar a herança cultural, mas
não havia um modelo, não se sabia aonde iriam chegar, porém, ha-
via uma proposta. E nela estava a formação do novo homem, o novo
homem livre para pensar e escolher, homem formado com visão de
mundo, com visão estética, capaz de se posicionar e conviver com as
diferenças.
Seguindo as recomendações de Lenin, Lunatcharski faz a con-
vocação e muitos intelectuais decidem deixar a Rússia, porém outros
tantos ficaram e colaboraram com o novo regime, participando do pro-
cesso de formação de novas gerações de professores. No III Congresso
da Juventude Comunista, em outubro de 1920, Lenin fez um discurso
167
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“A educação política das novas gerações, que deverão tomar o lugar das
actuais, está longe de ser tudo: as tarefas econômicas exigem com não
menor premência uma atenção em relação ao indivíduo. Reeducar os
adultos, educar os adolescentes e as crianças são outras tantas premis-
sas para ulteriores êxitos, econômicos e políticos, sem falar do facto de
que assim se transforma a vida dos homens, o que confere a todo movi-
mento proletário o seu verdadeiro sentido. É dentro deste espírito que o
processo pedagógico ocupa um dos lugares capitais.
Vladimir Ilitch [Lênin] tinha razão quando dizia que a nossa ge-
ração será obrigada a empreender a reconstrução da vida dos homens se
bem que esteja ainda atolada nos velhos preconceitos e nas antigas tor-
pezas. Somos pessoas mutiladas, ainda não somos socialistas: estamos
sobremaneira a ver a tendência para isso, mas é com dificuldade que
sabemos mais ou menos correctamente adaptar o nosso comportamento
àquilo que queremos.”
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174
Transformações educacionais nos
anos de 1930: planos quinquenais,
formação escolarizada e educação
social1
Leandro Sartori
Resumo
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(...) seria por demais dizer que essas instituições são deliberadamente
planejadas com o único objetivo de desintegrar a vida familiar; há ou-
tras causas mais visíveis sem dúvida. Elas fazem parte de toda uma
rede de agências por meio do qual o governo soviético demonstra seu
cuidado especial com a classe trabalhadora a fim de obter o seu apoio
político e ministrar uma lição prática da importância do trabalho no
regime comunista. (DEWEY, 2016, p. 72)
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... é preciso considerar várias etapas: a luta por espaço político dentro
3 Curioso que na década de 1930, as vésperas da II Guerra Mundial, o “atroz regime
socialista” tinha um índice de processos no sistema penal que correspondia a 0,29% de
sua população – de acordo com dados de Lewim (2007). A “democracia brasileira” no
ano de 2017 tem um índice de 0,34% da população vinculada ao sistema penitenciário
(INFOPEN, 2019).
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Não se pode afirmar que a reforma dos anos de 1930 é uma com-
pleta ruptura para a educação soviética. Como podemos notar, a con-
juntura demanda intensificação da produção econômica e o avanço da
pauta política da transição socialista, como forma de fazer frente aos
países de capitalismo central e ao crescimento do nazi-fascismo. As
discussões educacionais sinalizam para um caminho de profissionali-
zação de trabalhadores – de forma a ampliar o leque de técnicos que
pudessem atuar produtivamente, - de maneira rápida e comprometida
com as demandas locais. Apesar da ênfase na profissionalização, não
se perde totalmente de vista a polectinização do ensino.
189
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Anexo 1
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Anexo 2
193
Legados da perspectiva
histórico-cultural para a educação
e a psicologia
Elizabeth Tunes
Zoia Prestes
Ingrid Lilian Fuhr
“Aproximam-se os tempos, em que fica cada vez mais evidente, até mes-
mo para um cego, que, enquanto em um sexto da Terra as pessoas lutam
pela libertação de toda a humanidade, pelas possibilidades reais de for-
mação de um tipo de personalidade superior, nova e jamais vista na his-
tória, enquanto povos humilhados e atrasados são postos na vanguarda
da humanidade, no campo da burguesia, a consciência das pessoas se
orienta pelos cacos da Idade Média que está sendo ressuscitada.”
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Não seria exagero dizer que Vigotski era um gênio. Em mais de cinco
décadas de trabalho no meio científico, nunca mais encontrei qualquer
pessoa cujas qualidades se aproximassem das de Vigotski: sua clareza
mental, sua habilidade na identificação da estrutura essencial de pro-
blemas complexos, a extensão de seu conhecimento em vários campos,
e a capacidade que tinha de antever o desenvolvimento futuro de sua
ciência (LURIA, 1992, p. 43).
Dados biográficos
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Dados biográficos
Aleksandr Romanovitch Luria foi o fundador da neuropsico-
logia soviética. Nasceu em Kazan, capital da República do Tartaris-
tão, em 1902. Formou-se em 1921, na Faculdade de Ciências Sociais
da Universidade de Kazan. Em 1937, concluiu o curso de medici-
na no Instituto de Medicina de Moscou. Foi o primeiro a traduzir as
obras de Freud para o russo, na década de 1920. A partir de 1923, le-
cionou na Academia de Educação Comunista e na Universidade de
Moscou. Em 1937, obteve o título de Doutor em Ciências Pedagógicas
e, em 1943, em Ciências Médicas. Em meados da década de 1940, tor-
nou-se professor da Universidade de Moscou e membro da Academia
de Ciências Pedagógicas da Federação Russa. Em 1968, passou a fazer
parte da Academia de Ciências Pedagógicas da URSS e assumiu a chefia
da Cátedra de Psicologia Médica da Faculdade de Psicologia da Univer-
sidade de Moscou. De 1969 até 1972, ocupou o cargo de vice-presidente
da União Internacional de Psicologia Científica.
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Que efeito exerce uma notável capacidade de memória sobre outros as-
pectos importantes da personalidade, sobre os hábitos de pensamento e de
imaginação de um indivíduo, sobre o comportamento e o desenvolvimen-
to de sua personalidade? Que mudanças ocorrem no mundo interno de
uma pessoa, no seu relacionamento com os outros, no seu próprio estilo
de vida, quando um elemento de sua constituição psíquica, sua memória,
desenvolve-se num grau tão excepcional que começa a alterar todos os
outros aspectos de sua atividade? (LURIA, 1990, p.3-4).
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tais. Eram dois gêmeos idênticos, com cinco anos de idade, com algum
tipo de déficit que criava as condições para atraso no desenvolvimento
da fala. Além disso, a situação gemelar era uma condição adicional de
atraso, na medida em que os gêmeos não necessitavam desenvolver a
fala para se comunicarem. Eles constituíam um par autossuficiente. Foi
feita, então, a separação dos gêmeos que passaram a ter a companhia
de outros meninos falantes, na creche em que estavam. Em três meses,
os resultados começaram a aparecer: os gêmeos não só começaram a
desenvolver a fala como também demonstravam mudanças notáveis no
desenvolvimento intelectual. Mais uma vez, Luria apresentava funda-
mentos empíricos para a tese de Vigotski sobre a relação pensamento e
fala e sobre a importância do coletivo para o desenvolvimento cultural
da criança.
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Educação e Revolução: a pedagogia socialista soviética
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Gramsci, Revolução Russa e escola
unitária
Marcos Francisco Martins
Introdução
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[...] algo für ewig [...] segundo um plano preestabelecido [...] sistema-
ticamente de alguns temas [...]. São eles: 1) uma pesquisa sobre [...] os
intelectuais italianos [...]; 2) Um estudo de linguística comparada [...];
3) Um estudo sobre o teatro de Pirandello e sobre a transformação do
gosto teatral italiano [...]; 4) Um ensaio sobre os romances de folhetim e
o gosto popular na literatura. (GRAMSCI, 2005a, p. 128-129 – Carta
a Tatiana, 19 mar. 1927)
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Fontes para essa discussão são encontradas, por exemplo, nos Ca-
dernos Especiais 10 e 11. Considerando os termos tradução e tradutibili-
dade, ao observar o plano de produção de escrita “für ewig” que Grams-
ci elaborou na prisão, é evidente o interesse dele nas questões literárias
e linguísticas. Aliás, ele foi estudante na Faculdade de Letras em Turim,
pois sonhava em ser professor de Literatura, mas teve que abandonar
o curso antes da conclusão. A propósito, alguns cadernos tratam des-
5 Cabe observar que essa questão suscita a discussão sobre as proximidades e dis-
tanciamentos entre Gramsci e Trotsky. Mesmo considerando que as referências de
Gramsci a Trotsky (por vez tratado com pseudônimo: Leão Davidovitch Bronstein)
nos Cadernos são críticas, sendo a única referência explícita a Stálin (Cad. 14, § 68) feita
em sua defesa, há autores que consideram ser essa uma questão aberta, que exige mais
estudos e pesquisas, como é o caso de Bianchi (2008).
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sas questões, como o 21, 23 e o 29, para ficar com apenas três exemplos
de Cadernos Especiais. Autores como Larcorte (2014), Lo Piparo (2008),
Silveira Júnior (2015), Schirrù (2017) e Boothman (2017a e 2017b) são al-
guns comentaristas renomados sobre esse tema em Gramsci.
O interesse acadêmico pela questão linguística foi despertado em
Gramsci pela experiência de vida que teve. Veja-se, por exemplo: a Itália
se compunha de uma miríade de dialetos, com parca difusão do idioma
oficial; havia a exigência de dominar línguas pelo intercâmbio político
que Gramsci fazia no movimento comunista; a atividade jornalística que
desempenhava requisitava apreensão da literatura socialista internacio-
nal; no cárcere fascista, fez exercícios de tradução em quatro dos cader-
nos.
Contudo, tradução e tradutibilidade são tomados por Gramsci
como conceitos não restritos às dimensões da literatura e da linguísti-
ca. A eles é imputada evidente dimensão política, na medida em que
o comunista revolucionário da Sardenha assumiu o desafio posto por
Lênin no IV Congresso da Internacional Comunista: “Em 1921, tratando
de problemas de organização, Vilitch [Lênin] escreveu ou disse (mais
ou menos) o seguinte: não soubemos ‘traduzir’ nas línguas européias a
nossa língua” (GRAMSCI, 1999, p. 185 – Cad. 11, § 46), referindo-se ao
fracasso da revolução socialista no ocidente. Assim, é colocada em pauta
para Gramsci a questão sobre como traduzir a revolução socialista para
outras formações econômico-sociais, outros contextos e culturas, até
porque ele próprio liderou um movimento revolucionário que tentou
traduzir, como uma transposição simples, a experiência russa na Itália
(os Conselhos de Fábrica, durante o Biênio Vermelho – 1919 a 1920), mas
fracassou. Disse ele no artigo intitulado “Contra o pessimismo”, publi-
cado em 1924 no L’ordine Nuovo:
[...] nós, por uma série de razões, não partimos – para definir nossa ação
– daquilo que ocorria na Itália [...] limitamo-nos a insistir em questões
formais, de pura lógica, de pura coerência, e fomos derrotados, já que a
maioria do proletariado organizado não nos deu razão, não nos seguiu
[...] não soubemos traduzir em linguagem compreensível por todo operá-
rio e camponês italiano o significado de cada um dos eventos italianos dos
anos 1919-1920” (GRAMSCI, 2004b, p. 242-243).
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[...] havia dois níveis de ensino: o primário, para crianças dos oito aos
13 anos, e o secundário, que envolvia jovens de 13 a 17 anos. No pri-
meiro segmento, o ‘trabalho’ que caracterizava a escola era definido,
oficialmente, como um princípio que deveria ‘dirigir para o conheci-
mento do mundo criativo, vivo e ativo’. ‘Nesse bloco, a proximidade
com o trabalho tem essa significação de tornar o ensino ativo, de modo
que não seja livresco, um ensino que não seja só de ouvir o professor
falar em sala de aula’ [...] ‘Trabalho tem aqui o sentido de que a vida
em geral é um palco de aprendizagem e ela pode ser assim tomada pela
escola’. Já no segundo nível, a ideia era colocar os estudantes em contato
com os variados trabalhos, com base no estudo da ‘cultura politécnica’.
‘Aí o trabalho está mais formalmente presente, mas ainda na forma de
oficinas escolares de metal, madeira e também com o que será desen-
volvido como trabalho socialmente necessário, ou seja, um conjunto de
atividades de conexão da escola com a vida, com o bairro. [É a ideia de]
que os estudantes se conectem com essa vida para resolver problemas
concretos que estão acontecendo na comunidade’ [...] ressaltando que a
especialização em alguma profissão só poderia acontecer a partir dos 17
anos. (FREITAS, 2020, s/p.)
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Educação e Revolução: a pedagogia socialista soviética
A crise [escolar] terá uma solução que, racionalmente, deveria seguir esta
linha: escola única inicial de cultura geral, humanista, formativa, que
equilibre de modo justo o desenvolvimento da capacidade de trabalhar
manualmente (tecnicamente, industrialmente) e o desenvolvimento das
capacidades de trabalho intelectual. Deste tipo de escola única, através de
repetidas experiências de orientação profissional, passar-se-á a uma das
escolas especializadas ou ao trabalho produtivo. (GRAMSCI, 2000a, p.
34 – Cad. 12, § 1)
23 “Na velha escola, o estudo gramatical das línguas latina e grega, unido ao estudo
das literaturas e histórias políticas respectivas, era um princípio educativo na medida
em que o ideal humanista, que se personifica em Atenas e Roma, era difundido em
toda a sociedade, era um elemento essencial da vida e da cultura nacionais. Até mes-
mo a mecanicidade do estudo gramatical era encaminhada a partir dessa perspectiva
cultural. As noções singulares não eram aprendidas com vistas a uma imediata finali-
dade prático-profissional: tratava-se de algo desinteressado, pois o que contava era o
desenvolvimento interior da personalidade, a formação do caráter através da absorção
e da assimilação de todo o passado cultural da civilização européia moderna. Não se
aprendia o latim e o grego para falá-los, para trabalhar como garçom, intérprete ou
correspondente comercial. Aprendia-se para conhecer diretamente a civilização dos
dois povos, pressuposto necessário da civilização moderna, isto é, para ser e conhecer
conscientemente a si mesmo. As línguas latina e grega eram aprendidas segundo a
gramática, mecanicamente; mas existe muita injustiça e impropriedade na acusação de
mecanicidade e de aridez.” (GRAMSCI, 2000a, p. 45 e 46 – Cad. 12, § 2)
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Krupskaya, por sua vez, além de ter a mesma posição de Lênin so-
bre a profissionalização precoce e sobre a instrução geral e politécni-
ca, advogava que deveria ser a educação soviética “[...] direcionada
para o desenvolvimento de todas as capacidades de cada criança, ele-
vando o nível de sua atividade e de sua consciência, em prol do de-
senvolvimento pleno de sua personalidade, de sua individualidade”
24 “A tendência atual é a de abolir qualquer tipo de escola “desinteressada” (não
imediatamente interessada) e “formativa”, ou de conservar apenas um seu reduzido
exemplar, destinado a uma pequena elite de senhores e de mulheres que não devem
pensar em preparar-se para um futuro profissional, bem como a de difundir cada vez
mais as escolas profissionais especializadas, nas quais o destino do aluno e sua futura
atividade são predeterminados.” (GRAMSCI, 2000a, p. 34 – Cad. 12, § 1)
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[...] não acredito nestas inclinações genéricas tão precoces [...] Acredito
que [...] coexistam todas as tendências [...] em todas as crianças, tanto
a prática quanto a teoria ou fantasia, e que seria correto guia-los neste
sentido, para um ajuste harmonioso de todas as faculdades intelectuais
27 “A ‘espontaneidade’ é uma destas involuções” (GRAMSCI, 2000a, p. 63 - Cad. 1, §
123).
28 “Se no ensino fundamental a relação é implícita e indireta, no ensino médio a
relação entre educação e trabalho, entre o conhecimento e a atividade prática deverá
ser tratada de maneira explícita e direta” (SAVIANI, 2007, p. 160).
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Pela catarse o processo educativo atinge seu ápice, propiciando aos edu-
candos atingir uma concepção superior, liberta de toda magia e bruxaria.
Pela catarse dá-se a passagem do nível puramente econômico ao momen-
to ético-político. Igualmente, pela catarse dá-se a elaboração superior da
estrutura em superestrutura na consciência dos homens, ou seja, ocorre
a assimilação subjetiva das condições objetivas, permitindo a passagem
da condição de classe em-si para a condição de classe-para-si. É, enfim,
pela catarse que tudo aquilo que era objeto de aprendizagem se incorpora
no próprio modo de ser dos homens, operando uma espécie de segunda
natureza que transforma qualitativamente sua vida integralmente, isto
é, no plano das concepções e no plano da ação. (SAVIANI, 2013, p. 74)
244
Educação e Revolução: a pedagogia socialista soviética
À guisa de conclusão
Se para Marx a teoria pode ser uma arma concreta nas mãos das
classes subalternas, Gramsci esperava instrumentalizá-las intelectual
245
Educação e Revolução: a pedagogia socialista soviética
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Sobre o problema da periodização
do desenvolvimento psíquico na
infância1
D. B. Elkonin
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curso podem dar uma base segura para a definição das principais épo-
cas de construção da personalidade da criança que denominamos de
idades” (1984, T. 4, p. 247).
Ao caracterizar as principais especificidades do período de tran-
sição do desenvolvimento, L.S. Vigotski disse: “Assim, desvenda-se,
diante de nós, um quadro regular. Idades de estabilidade são inter-
rompidas por idades de crises. Estas últimas são os pontos de ruptura
e de transição no desenvolvimento, que, novamente, confirmam a tese
de que o desenvolvimento da criança é um processo dialético em que
a transição de um estágio para o outro ocorre não por evolução, mas
por revolução.
Mesmo que as idades críticas não tivessem sido empiricamente
descobertas, ainda assim, com base na análise teórica elas deveriam
ser introduzidas, conceitualmente, no esquema de desenvolvimento.
Seja como for, cabe à teoria apenas a tarefa de conhecer e dar sentido
ao que já foi estabelecido pela investigação empírica” (idem, p.252).
Do nosso ponto de vista, as abordagens ao problema da perio-
dização, esboçadas por P. P. Blonski e L. S. Vigotski, devem ser man-
tidas e, ao mesmo tempo, desenvolvidas de acordo com os saberes
contemporâneos. Primeiramente, é a abordagem histórica aos ritmos
do desenvolvimento e à questão do surgimento de certos períodos da
infância, no curso do desenvolvimento histórico da humanidade. Em
segundo lugar, a abordagem a cada período etário do ponto de vista
da posição que ocupa no ciclo geral do desenvolvimento psíquico da
criança. Em terceiro, a ideia de desenvolvimento psíquico como um
processo dialeticamente contraditório, que ocorre não ao longo de um
caminho evolucionário, mas de um caminho marcado por rupturas
na sua continuidade e pela emergência de estruturas qualitativamen-
te novas no seu percurso. Quarto, a identificação de pontos críticos
e de rupturas obrigatórios e necessários como indicadores objetivos
importantes das transições de um período para o outro. Em quinto
lugar, a discriminação de transições heterogêneas por seu caráter e,
de acordo com isso, a distinção de épocas, estágios e fases no desen-
volvimento psíquico.
P. P. Blonski e L. S. Vigotski não conseguiram realizar os prin-
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Fases I II I II I II I II I II I II
Primeira Início da Pré
Períodos Bebê
infãncia
Pré Escolar
escolarização adolescência
Adolescência
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É claro que apenas com mais pesquisa poderemos ver o quão acu-
radamente nossa hipótese reflete a realidade do desenvolvimento psí-
quico da criança.
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Sobre os Autores
Carlos Lucena
Doutor em História e Filosofia da Educação, pela Universida-
de Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor do Programa
de Pós-Graduação em Educação (PPGED) e da Faculdade de
Educação (FACED), da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU).
E-mail: lucenabonsais@gmail.com
Caroline Bahniuk
Doutora em Educação pela Universidade Federal de Santa Ca-
tarina e Pós- doutora em Serviço Social pela mesma Universi-
dade. Professora da Faculdade de Educação da UNB.
E-mail: carolbahniuk@yahoo.com.br
Elizabeth Tunes
Graduada em Psicologia, Mestre e Doutora em Psicologia. Pro-
fessora do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Edu-
cação da Universidade de Brasília (UnB), do Curso de Psicolo-
gia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Centro
Universitário de Brasília (UniCEUB).
E-mail: bethtunes@gmail.com
277
Educação e Revolução: a pedagogia socialista soviética
Leandro Sartori
Doutor em educação pela Faculdade de Educação da Univer-
sidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e graduado em Pe-
dagogia pela Faculdade de Educação da Baixada Fluminense
(FEBF/UERJ). Atualmente, é professor substituto do Departa-
mento de Gestão de Sistemas Educacionais da Faculdade de
Educação da Baixada Fluminense (FEBF/UERJ).
E-mail: leandrosartorigoncalves@yahoo.com.br
278
Educação e Revolução: a pedagogia socialista soviética
Nereide Saviani
Possui graduação em Pedagogia (1972) pela Pontifícia Univer-
sidade Católica de São Paulo PUC-SP, Mestrado em Educação
(Supervisão e Currículo) pela PUC-SP (1981) e doutorado em
História e Filosofia da Educação pela PUC-SP. Atualmente é
Diretora de Formação da Fundação Maurício Grabois.
E-mail: nereide.saviani@gmail.com
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Educação e Revolução: a pedagogia socialista soviética
Valter Pomar
Professor no Bacharelado de Relações Internacionais da Uni-
versidade Federal do ABC. Professor na pós-graduação de
Economia Política Mundial da Universidade Federal do ABC.
Graduado em História pela Universidade de São Paulo (1996),
mestre em História Econômica pela Universidade de São Paulo
(2000) e doutor em História Econômica pela Universidade de
São Paulo (2006).
E-mail: pomar.valter@gmail.com
Zoia Prestes
Graduada em Pedagogia e Psicologia Infantil, Mestre e Dou-
tora em Educação. Professora da Faculdade de Educação (Ni-
terói) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e do Progra-
ma de Pós-Graduação em Psicologia do Centro Universitário
de Brasília (UniCEUB).
E-mail: zoiaprestes@uahoo.com.br
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profundamente os destinos na humanidade,
humano.
Escola Latino-americana
de História e Política
Escuela Latinoamericana
de Historia y Política
www.elahp.com.br
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