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Pesquisadores:
Renato Dirk
Lucas Roberto Laboratório de Análise
Pedro Aguiar (Graphisme) da Violência / Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Revisão Rua São Francisco Xavier, 524, 9º
Marilene de Paula andar, bloco F, sala 9103
Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Projeto gráfico e diagramação: CEP 20550-900
Beto Paixão +55 21 2334-0944
fb.com/bpstudiodesign lav@uerj.br
betopaixao.jf@gmail.com www.lav.uerj.br
R696s
Rodrigues, Robson
A segurança privada no Rio de Janeiro e no Brasil: tamanho e evolução.
Robson Rodrigues, Eduardo Ribeiro, Ignacio Cano. – Rio de Janeiro :
Fundação Heinrich Böll, 2019.
75 p.
ISBN 978-85-62669-33-0
CDD 363.10981
PREFÁCIO
Marilene de Paula
Coordenadora de Programas
Fundação Heinrich Böll - Rio de Janeiro
SUMÁRIO
1. A segurança privada no Brasil e no mundo 7
2. Objetivos da Pesquisa 12
4. Fontes de Dados 16
4.1. Escolha das fontes 19
4.2. Descrição das fontes de dados utilizada 22
4.2.1 Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) 22
4.2.2 Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) 23
4.2.3 Departamento de Polícia Federal 23
4.2.4 Pesquisa Perfil das Instituições de Segurança Pública 23
4.2.5 PNAD e PNAD Contínua 24
5. Definições e classificações
sobre segurança privada e pública 25
5.1. Sistemas de classificação
de ocupação e atividade econômica 27
5.2. Definições de segurança pr vada
e pública nos sistemas de classificação 28
6. Dimensionamento da Segurança
Privada no Rio de Janeiro 37
7. Dimensionamento e distribuição
da Segurança Privada no Brasil 44
Referências Bibliográficas 71
A SEGURANÇA
PRIVADA NO
BRASIL E NO
MUNDO
Nas últimas décadas, alguns estudos têm ticamente todos os países desenvolvidos
alertado para o crescimento da seguran- do mundo ocidental (SHEARING, 2003,
ça privada no Brasil, a exemplo do que p.437), mesmo naqueles com um policia-
já vinha ocorrendo em outros países. Se- mento mais centralizado, como é o caso
gundo boa parte da literatura internacio- da França (OCQUETEAU, 1997) e da Es-
nal, essa é uma tendência que vem trans- panha (TORRENTES, 2016).
formando rapidamente a configuração
mento revelou-se uma tendência em pra- especializada aponta que esse é o maior
movimento centrífugo de meios coerciti- da sociedade civil, notadamente o setor
vos no período posterior à assunção do econômico, como a saída para os proble-
policiamento por parte do Estado, com o mas da segurança pública que, segundo
nascimento da polícia moderna no século ele, se agravarão em um futuro próximo,
XIX (JOHNSTON, 1992; SHEARING, 2003; com o consequente esgotamento dos re-
REINER, 2004; MONJARDET, 2003; MO- cursos do Estado diante do aumento do
NET; 2001; BAYLEY, 2002). crime patrimonial. Não obstante reco-
nhecer o risco de, nesses arranjos, os par-
Embora essa expansão da segurança pri-
ceiros com maior poder econômico virem
vada suscite importantes questões sobre
a conduzir a política pública, definindo e
o Estado e sua relação com a sociedade
mantendo seletivamente a ordem a seu
civil, ela ainda tem sido pouco estudada.
favor em detrimento do interesse públi-
Mesmo nos EUA, onde tal expansão vem
co, Bayley observa que a desoneração
sendo pesquisada há mais tempo, os da-
do Estado de parte significativa de suas
dos ainda são dispersos. Muito em razão
atribuições originárias permitirá à polí-
de tais lacunas, há mais especulações so-
cia se concentrar em áreas mais pobres
bre o tema do que pesquisas empíricas
e menos atendidas atualmente (BAYLEY,
sistematizadas, o que gera diferentes ex-
2002, p.230).
pectativas sobre seus possíveis impactos.
As mais pessimistas o veem como amea- Por outro lado, argumenta-se que tais
ça à soberania do Estado, o que gera des- mudanças possam representar ameaças
confianças sobre sua real capacidade de concretas à soberania do Estado, se elas
prover a segurança de seus cidadãos de comprometerem a sua pretensão ao mo-
forma democrática. As mais otimistas o nopólio legítimo da força física ou se per-
veem como o efeito de inescapáveis pro- mitirem a terceiros exercer efetivamente
cessos mais amplos de mudança. o controle de áreas estatais estratégicas.
Nesse sentido, a “mercantilização da se-
Nesse sentido, Shearing (2001) alega,
gurança”, orientada para fins lucrativos,
sob um olhar otimista, que, à medida
Durão (2008) e Moore (2003), por exemplo. Com uma critica semelhante à de Wacquant, Nils Cristie
Dentro dessa mesma linha, desconfia-se “vigilância e guarda” havia crescido 112%
também da capacidade do Estado para (MUSUMECI, 1988). Utilizando a mesma
defender adequadamente o interesse pú- fonte, André Zanetic atualizou as análises
blico, frente às pressões de um mercado de Musumeci com dados da PNAD 2001,
em franca expansão, que poucas vezes revelando que entre 1985 e 2001 houve
se constrange diante de mecanismos frá- um crescimento de 77 %, do pessoal ocu-
geis de controle. Casos dando conta de pado em atividades de segurança priva-
abusos e desvios seletivos da segurança da, o que, em números absolutos, repre-
pública, bem como de violação de direi- sentou um salto de 640.539 empregados,
tos civis praticados por agentes de segu- em 1985, para 1.134.113, em 2001.
rança privada, por exemplo, aumentam
No mesmo trabalho, Zanetic (2006)
ainda mais essas desconfianças.
mostrou que o número de vigilantes ca-
Além da possibilidade de violação de di- dastrados pelo Departamento de Polícia
reitos, talvez o ponto central desta dis- Federal (DPF), órgão responsável pela
cussão sobre os impactos sociais da regulamentação do setor, praticamente
segurança privada sobre a garantia do quadriplicou entre 1998 e 2004, passan-
direito à segurança pública, seja a se- do de 280.193 vigilantes, em 1998, para
letividade da segurança privada. Vista 1.148.568, em 2004, com a razão de 2,9
como nova forma de “governança” ou vigilante para cada policial em 2004 (ZA-
como “mercantilização”, a privatização NETIC, 2006).
da segurança implica um direcionamento
Em conjunto, Musumeci (1998) e Zanetic
para aqueles que possam pagá-la, o que,
(2006) confirmaram essa tendência de
no limite, pode significar a acentuação
expansão da segurança privada anterior-
da desigualdade na prestação do servi-
mente verificada em outros países, além
ço. Assim, a possibilidade de violações e
de apontar uma tendência à terceirização
abusos, que também são seletivos, pode
e especialização desses serviços. Musu-
ser vista inclusive como uma consequên-
meci (1998; p.19) observou que, enquanto
OBJETIVOS
DA PESQUISA
A pesquisa teve como objetivo geral co- 6. Levantar os marcos regulatórios
nhecer a atividade de segurança privada da segurança privada no Brasil.
no Brasil, mas com particular atenção no Assim, para além do objetivo principal do
Rio de Janeiro, observando por um lado, estudo, o dimensionamento do setor de
suas normativas e estruturas e, por outro segurança privada, existia a intenção de
lado, seu alcance e evolução. Nesse últi- levantar um leque mais amplo de dados.
mo caso, pretendia-se dimensionar a ati- Estes deveriam nos informar, por exem-
vidade de segurança privada a partir das plo, sobre o montante das armas e mu-
fontes oficiais, utilizando tanto registros nições controladas pelo setor, expressan-
administrativos quanto pesquisas popula- do sua capacidade de uso da força letal;
cionais por amostragem. A pesquisa pos- também sobre o tamanho do mercado,
suía os seguintes objetivos específicos: com dados como o montante do capital
OS MARCOS
REGULATÓRIOS
DA SEGURANÇA
PRIVADA NO BRASIL
A atividade de segurança privada no Brasil cia já executava nas agências financeiras
foi oficialmente instituída em plena ditadura públicas8, passou a ser exigida em todas
militar, enquanto atividade formal e autori- as agências bancárias privadas: a “segu-
zada pelo Estado, através do decreto-lei fe- rança ostensiva privada”9.
deral N°. 1.034 de 1969, que obrigava toda Assim, a segurança privada nasce ofi-
instituição financeira privada a contratar fir- cialmente no Brasil de mãos dadas com
mas de segurança para a proteção de seus
FONTES
DE DADOS
Para dimensionar o tamanho do setor ça, como no caso do Departamento
de segurança privada no Rio de Janei- da Polícia Federal, a partir de sua Co-
ro e no Brasil, avaliar sua evolução e ordenação Geral de Controle de Se-
realizar comparações com os núme- gurança Privada (CGCSP), ou não es-
ros da segurança pública, uma primeira pecíficos, como no caso dos registros
tarefa consistiu em mapear as fontes da Relação Anual de Informações
que poderiam ser empregadas. Nosso Sociais (RAIS) e do Cadastro Geral
principal intuito era estimar o número de Empregados e Desempregados
de vigilantes, vigias, guardas e demais (CAGED), ambos sob a responsabili-
agentes envolvidos em atividades de dade do Ministério do Trabalho;
segurança privada. Além do quantitativo
b) pesquisas e levantamentos po-
de vigilantes, o número total de empresas
pulacionais, que também podem ser
Coordenação Geral
CGCSP de Controle de DPF X X X
Segurança Privada
Pesquisa Perfil
Perfil das Instituições de SENASP X X X
Segurança Pública
Relação Anual de
RAIS MTE X X X X
Informações Sociais
Cadastro Geral
CAGED de Empregados e MTE X X X
Desempregados
Pesquisa de
ESTADIC Informações Básicas IBGE X X X
Estaduais
Grande parte das fontes citadas anterior- fontes permitem explorar o número de
mente pode ser utilizada para conhecer o empresas registradas: o CAGED, que cor-
número de agentes registrados (vigilan- responde a um cadastro de empresas; e
tes, vigias e guardas de segurança), pois os dados da Polícia Federal, que além do
são fontes cuja unidade de análise é o in- número de vigilantes registra também o
18
TABELA 2
Fontes de dados identificadas
e anos com estatísticas disponíveis
ANOS COM
SIGLA FONTE DE DADOS ESTATÍSTICAS
DISPONÍVEIS
Coordenação Geral de Controle
CGCSP 1998 a 2004, 2016
de Segurança Privada
Pesquisa Perfil das Instituições
Perfil 2004 a 2016
de Segurança Pública
Os dados produzidos pelo IBGE, a PNAD foram ambas encerradas em 2015, sendo
e a PME possuem séries históricas am- substituídas por uma nova pesquisa, inti-
plas, com microdados14 disponibilizados tulada PNAD Contínua. Esta última come-
na Internet15. No entanto, as pesquisas çou a ser realizada em 2012 e vem sendo
realizada anualmente sem interrupções,
14 Microdados consistem em bases de dados com alto
nível de desagregação. de modo que existem microdados dispo-
15 Além dos microdados, o portal eletrônico do IBGE
níveis de 2012 a 2018. Os Censos Demo-
(www.ibge.gov.br) também disponibiliza uma solução gráficos são decenais, e apenas os anos
que facilita o acesso aos dados pelo usuário, chamada
Sistema IBGE de Recuperação Automática – SIDRA (ht-
19
ca/analise-e-pesquisa/estudos-e-pesquisas/pesquisas-
-perfil-da-instituicoes-de-seguranca-publica policiais para as quais encaminharíamos
pedidos similares. Contudo, a negativa tipo de recurso. Contudo, este não foi
em relação à solicitação do quantitativo utilizado devido ao escasso tempo dis-
de pessoal das empresas causou surpre- ponível para a realização da pesquisa.
sa. A alegação de que tais informações Em suma, não tivemos acesso direto aos
faziam parte da “esfera íntima” das em- registros da Polícia Federal, seja sobre
presas e que, portanto, não poderiam ser segurança privada (que deveriam ser dis-
fornecidas a terceiros, nos termos do ar- ponibilizados pela Coordenação Geral de
tigo 31 da Lei nº 12.527/2011 (Lei de Aces- Controle de Segurança Privada - CGCSP),
so a Informação) pareceu pouco razoá- seja sobre o próprio efetivo da PF. So-
vel. Com efeito, nenhuma informação de bre as empresas de vigilância e guarda,
caráter íntimo, pessoal ou individual so- obtivemos indiretamente, os dados de
bre os funcionários das referidas empre- 2016, que foram coletados e disponibili-
sas havia sido solicitada, mas sim infor- zados pelo FBSP em seu anuário de mes-
mações genéricas e agregadas, sobre a mo ano. Além disso, uma série de 1998
quantidade de funcionários por unidade a 2004 aparece no artigo de Zanetic
da federação. Portanto, as informações (2006). De fato, outros pesquisadores e
provenientes da Polícia Federal ficaram instituições, como Zanetic (2006) e FE-
prejudicadas por conta de limitações de NAVIST (2014), conseguiram estes mes-
acesso aos dados impostas pela própria mos dados em anos anteriores.
instituição que deveria cedê-las. Tendo em vista os objetivos do estudo e
Quanto aos pedidos relacionados aos os anos para os quais as bases de dados
dados da própria Polícia Federal, a ale- estavam disponíveis e puderam ser cole-
gação para a negativa foi que tais dados tadas, os seguintes critérios foram elen-
não poderiam ser fornecidos por esta- cados para a escolha das fontes:
rem protegidos pelo sigilo declarado em 1. Acessibilidade e disponibilidade de
“Termo de Classificação de Informação dados;
do Ministro da Justiça”. Este último teria
ces.ibge.gov.br/base-de-dados/metadados/mte/relacao-
-anual-de-informacoes-sociais-rais gundo a Classificação Brasileira de Ocu-
pações (CBO 2002), utilizada a partir da de segurança. Essas empresas, por sua
RAIS 2003; enquanto as atividades eco- vez, podem ser especializadas em servi-
nômicas dos estabelecimentos são codi- ços de vigilância e transporte de valores,
ficadas a partir da Classificação Nacional ou podem ser empresas autorizadas a
de Atividade Econômica (CNAE 2.0), vi- constituir seus próprios setores de segu-
gente a partir da RAIS 200620. rança patrimonial, denominados serviços
orgânicos de segurança.
É interessante notar que a definição de
4.2.2 Cadastro Geral de Empregados
vigilante pode ser bastante específica. Ela
e Desempregados (CAGED) 21
inclui, segundo a Portaria Nº 3.233/2012 da
Também sob responsabilidade do Minis- Polícia Federal, profissionais capacitados
tério do Trabalho e Emprego (MTE), o especificamente para essas atividades de
Cadastro Geral de Empregados e Desem- vigilância e guarda, que estão empregados
pregados (CAGED) foi criado pela Lei em empresas especializadas ou possuido-
Nº 4.923/1965. O CAGED é um registro ras de serviço orgânico de segurança, e
administrativo nacional de caráter censi- que estejam registrados no DPF, que emite
tário, mas, diferentemente da RAIS, tem a Carteira Nacional de Vigilante (CNV).22
periodicidade mensal e registra apenas a
movimentação (admissões e demissões)
de empregados celetistas. 4.2.4 Pesquisa Perfil das
Instituições de Segurança Pública
Instituído para o acompanhamento e fis-
calização de admissões e demissões de A pesquisa Perfil das Instituições de Se-
trabalhadores regidos pela CLT, o CAGED gurança Pública vem sendo realizada
é um registro administrativo cujo objetivo desde 2004. A última edição com dados
era subsidiar o auxílio e políticas públicas disponíveis foi realizada em 2016, de for-
relacionadas ao desemprego. Seus fins ma que a pesquisa parece ter sido encer-
estatísticos incluem a geração de medi- rada. Ela coletava dados a partir de um
21 Informações compiladas a partir dos metadados do lante. Possui validade de 5 anos e é de uso obrigatório
Comitê de Estatísticas Sociais do IBGE. No link: em serviço.
4.2.5 PNAD e PNAD Contínua Por outro lado, é importante frisar que a
PNAD Contínua incorpora tanto a ocu-
A Pesquisa Nacional por Amostra de
pação principal quanto a secundária dos
Domicílios (PNAD), realizada pelo IBGE,
indivíduos. Adicionalmente, ela inclui ou-
é uma das pesquisas amostrais mais
tras posições na ocupação, além da posi-
tradicionais do país, tendo sido iniciada
ção de empregados, como empregado-
em 1967. Encerrada em 2016, quando foi
res ou trabalhadores por conta própria e
substituída pela chamada PNAD Contínua,
profissionais do setor informal.
a pesquisa investigava anualmente
e de forma permanente, diferentes Finalmente, vale lembrar que a unidade de
temas, características sociodemográficas análise da PNAD é o indivíduo, enquanto a
da população, educação e trabalho, da RAIS é o vínculo empregatício.
rendimento e habitação, tendo como
unidade de investigação o domicílio.
A PNAD Contínua substituiu a PNAD,
atualizando sua metodologia e oferen-
do uma cobertura territorial mais ampla.
Passou também a oferecer informações
mensais e trimestrais, disponibilizando
dados conjunturais sobre a força de tra-
balho23. A pesquisa começou a ser im-
plantada, em caráter definitivo, a partir
de 2012, e está atualmente funcionando.
Tanto a PNAD como a PNAD Contínua
registram informação sobre a ocupação
e área de atividade econômica das ocu-
pações dos entrevistados. Esses dados,
DEFINIÇÕES E
CLASSIFICAÇÕES
SOBRE SEGURANÇA
PRIVADA E PÚBLICA
Há um certo consenso na literatura espe- mentam ou concorrem com o próprio Es-
cializada quanto à precariedade e à falta de tado na preservação de uma ordem25.
consistência dos dados disponíveis sobre a O problema é complexo. Por isso Shea-
segurança privada. Alguns aspectos podem ring & Stenning (1981) procuraram pre-
ajudar a explicar o problema. Em primeiro liminarmente definir segurança, por seu
lugar, a distinção entre público e privado escopo, para depois distinguir suas duas
não é tão rígida nem tão natural quanto
TABELA 3
Organização Hierárquica na CBO/2002 e CNAE 2.0
TABELA 5
Categorias empregadas para filtrar ocupações da segurança privada
na Classificação Brasileira de Ocupações – CBO/200229
TABELA 6
Categorias empregadas para filtrar ocupações da SEGURANÇA
PÚBLICA na Classificação Brasileira de Ocupações – CBO/2002
TABELA 6
TABELA 7
Categorias empregadas para filtrar ocupações da segurança pública
na Classificação de Ocupações para Pesquisas Domiciliares – COD
No que tange às atividades econômicas, A partir daí está dividida em dois grupos:
a segurança pública aparece na CNAE
Grupo:
2.0 na seguinte estrutura:
84.1 Administração do estado e da
Seção O. Administração pública, defesa
política econômica e social
e seguridade social
Classe:
Divisão 84. Administração pública, de-
35
36
6
DIMENSIONAMENTO
DA SEGURANÇA
PRIVADA NO RIO
DE JANEIRO
Ao final da identificação e avaliação das utilizado nas análises. Adicionalmente, os
fontes de dados, optou-se por utilizar, no dados da Polícia Federal foram utilizados
dimensionamento do setor de segurança pontualmente, apenas para o ano de 2016,
privada, os registros administrativos do Mi- único para o qual conseguimos acesso33.
nistério do Trabalho (RAIS), bem como os
Especificamente, este estudo concentrou
dados gerados pela PNAD Contínua, pes-
suas análises nas ocupações e grupos de
quisa amostral realizada pelo IBGE. Tais
5173-30 Vigilante
5174-20 Vigia
* Foram considerados na definição todos aqueles que não eram servidores públicos estatutários.
Apresentamos a seguir, segundo as três pela Polícia Federal. Por sua vez, os resul-
fontes supracitadas, as estatísticas do tados obtidos a partir da PNAD Contínua
número de trabalhadores do setor de se- levam a uma estimativa de 111.825 pessoas
gurança privada para o estado do Rio de em ocupações da Segurança Privada35 – um
Janeiro. Uma primeira observação a ser pouco mais do que o dobro do valor regis-
realizada, no que se refere à comparação trado pela Polícia Federal e 14,5% maior do
entre as fontes, consiste na diferença nos que os números registrados pela RAIS. Já
valores absolutos das estatísticas obtidas. no ano de 2017, foram registrados 91.289
vínculos ativos na RAIS, enquanto a PNAD
De acordo com a Coordenação Geral de
Contínua levantou 113.292 pessoas em ocu-
Controle de Segurança Privada (CGCSP), da
pações da segurança privada, uma cifra
Polícia Federal, existiam no Rio de Janeiro,
24% maior do que a apontada pela RAIS.
no final de 2016, um total de 53.899 vigilan-
tes cadastrados. Para o mesmo ano, a Re- 35 Esta é a estimativa pontual do total de pessoas em
ocupações da segurança privada em 2016. Como a PNAD
lação Anual de Informações Sociais (RAIS) Contínua é uma pesquisa por amostragem, existe uma
registrou um total de 97.582 vínculos ativos margem de erro associada a essa estimativa pontual. Es-
tatisticamente, o número de trabalhadores da Segurança
em ocupações da segurança privada – um
38
GRÁFICO 1
Efetivos da Segurança Privada no Rio de Janeiro
97.582
100.000 91.289
80.000
60.000 53.899
40.000
20.000
TABELA 10
Composição das ocupações do efetivo da segurança
privada na RAIS – Rio de Janeiro, 2016 e 2017
2016 2017
Família CBO/2002 Ocupação CBO/2002
FREQ % FREQ %
Supervisores dos serviços
Supervisor de vigilantes 2.439 2,5 2.215 2,4
de proteção e segurança
Agente de proteção
748 0,8 646 0,7
de aeroporto
Monitor de sistemas
eletrônicos de 59 0,1 179 0,2
Instaladores e mantenedores segurança interno
de sistemas eletrônicos
de segurança Monitor de sistemas
eletrônicos de 3 0,0 57 0,1
segurança externo
Fonte: MTE/RAIS
TABELA 11
Efetivo nas ocupações da segurança privada pelos setores de atividades
econômicas das empresas na RAIS. Rio de Janeiro, 2016 e 2017
Ocupações
Efetivo
Atividades Outras Total da
Econômicas ocupações Vigilantes Vigias Segurança
da Segurança (5173-30) (5174-20) Privada
Privada
2016 2017 2016 2017 2016 2017 2016 2017
Vigilância e Freq. 1.854 1.720 45.213 42.164 775 615 47.842 44.499
Segurança % sobre
Privada 30,6% 30,5% 77,7% 79,5% 2,3% 1,9% 49,0% 48,7%
41
Ocupação
Freq. 182 159 4.784 2.902 0 0 4.966 3.061
Transporte
de Valores % sobre
3,0% 2,8% 8,2% 5,5% 0,0% 0,0% 5,1% 3,4%
Ocupação
Outras Freq. 3.976 3.692 8.128 7.903 32.354 31.767 44.458 43.362
atividades % sobre
econômicas 65,6% 65,5% 14,0% 14,9% 97,0% 97,4% 45,6% 47,5%
Ocupação
Freq. 6.065 5.637 58.170 53.038 33.347 32.614 97.582 91.289
Total % sobre
100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Ocupação
Fonte: MTE/RAIS
TABELA 12
Efetivo nas ocupações da segurança privada pelos setores de atividades
econômicas na PNAD Contínua – Rio de Janeiro, 2016 e 2017
Ocupações
43
7
DIMENSIONAMENTO
E DISTRIBUIÇÃO
DA SEGURANÇA
PRIVADA NO BRASIL
No Brasil, segundo dados do Departa- total de 1.207.334 pessoas em ocupações
mento de Polícia Federal, existiam em da segurança privada36 – esta estimativa
2016 um total de 519.014 vigilantes for- é 2,3 vezes o valor registrado pela Polí-
malmente cadastrados. Nesse mesmo cia Federal e cerca de 20% maior do que
ano, com os registros da RAIS observa- os números da RAIS. Em 2017, o número
de vínculos ativos registrados pela RAIS
mos um total de 1.003.817 vínculos em-
para as ocupações da segurança privada
TABELA 13
Efetivos da Segurança Privada no Brasil
36 Considerando a margem de erro da estimativa da PNAD Contínua, o número de pessoas em ocupações da segurança
privada no Brasil em 2016, está provavelmente entre 1.036.346 e 1.378.321 pessoas, com um nível de confiança de 95%.
44
37 Com a margem de erro, o valor oscilaria entre 1.003.587 e 1.301.335 pessoas ocupadas.
GRÁFICO 2
Efetivos da Segurança Privada no Brasil
1.400.000
1.207.334
1.200.000 1.152.461
1.003.817
959.840
1.000.000
800.000
600.000 519.014
400.000
200.000
0
PF/CG CSP RAIS PNAD Contínua
Observando a distribuição das estatísticas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul. Consi-
sobre segurança privada para os estados derando o ano de 2017, Minas Gerais foi o
brasileiros e o Distrito Federal para os anos terceiro estado com maior efetivo (8,0%
de 2016 e 2017, verificamos que o estado pela RAIS e 9,5% pela PNAD Contínua),
de São Paulo concentra o maior número pouco menos do que seu peso populacio-
desses profissionais, seguido de Rio de Ja- nal que eram de 10,1% nesse mesmo ano.
neiro. Dependendo da fonte e do ano ob- Já Bahia e Rio Grande do Sul se alternaram
servados, estes dois estados concentram entre a quarta e a quinta posição. A Bahia
sionais da segurança privada foram Minas da Polícia Federal para o ano de 2004.
Naquele ano estes mesmos cinco estados na segurança privada e o peso do estado
apareciam com os maiores efetivos no na população geral. Em São Paulo e Rio
país, embora Rio Grande do Sul e Bahia de Janeiro há uma sobrerrepresentação
tivessem apresentado números maiores do efetivo da segurança privada, que é
do que o estado de Minas Gerais. A par- proporcionalmente mais relevante no
ticipação conjunta destes cinco estados Rio de Janeiro. Já Minas Gerais e Bahia
era de 60,7%, também muito próxima da registraram uma sub-representação do
registrada com os dados de 2016 e 2017. percentual de profissionais da segurança
Outra consideração interessante, reside privada em relação à população. Por sua
no fato de não terem sido registradas, en- vez, no Rio Grande do Sul as estatísticas
tre estes cinco estados, grandes diferen- populacionais e da segurança privada ti-
ças entre o percentual de profissionais veram a mesma magnitude.
TABELA 14
Efetivos da Segurança Privada no Brasil e UFs, 2016 e 2017
GRÁFICO 3
Efetivos da Segurança Privada por 100.000 habitantes
Brasil e UFs, 2017
Tocantins 378,9
Sergipe 473,9
Bahia 399,2
Acre
Paraíba
Mato Grosso do Sul
Paraná
Alagoas
Santa catarina
Piauí
Mato Grosso
Rio Grande do Sul
Espírito Santo
Rio Grande do Norte
Goiás
São Paulo 624,8
Amapá
Rio de Janeiro 677,6
Rondônia 678,2
1.000,3
Distrito Federal 1.267,0
1200
100.000 habitantes
800
600
400
200
0
0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000
Fontes: DPF/CGCSP. MTE/RAIS. IBGE/PNAD Contínua. IBGE/Produto Interno Bruto dos Municípios.
38 As análises foram realizadas para 2016, último 39 Todos os coeficientes de correlação marcados em ne-
48
ano para o qual os dados estavam disponíveis na grito foram estatisticamente significativos com nível de
página do IBGE. significância de 5%. N = 27 unidades da federação.
Entre as unidades da federação, o Dis- para guardas e vigias não acontece. Tais
trito Federal apresentou-se como um instituições públicas provavelmente
caso atípico, mostrando um padrão contratam através de licitação empre-
bastante diferenciado daquele observa- sas privadas de segurança, que empre-
do no conjunto dos estados. As taxas gam majoritariamente vigilantes. Os da-
de profissionais de segurança privada dos revelaram que no Distrito Federal,
por 100.000 habitantes foram as mais existem pouco mais de 6 vigilantes para
elevadas, atingindo 1.000 profissio- cada vigia registrado na RAIS, isto é
nais por 100.000 habitantes segundo 2,75 vezes a média nacional, o que traz
os dados da RAIS e 1.267 profissionais indícios de que a hipótese dos serviços
por 100.000 habitantes com os dados privados de segurança em instituições
da PNAD Contínua (ver Gráfico 3). Es- públicas é verossímil.
ses resultados foram, respectivamente
99% e 87% maiores do que as estatís- Finalmente, as taxas por unidade da fe-
ticas registradas em Rondônia, segun- deração de profissionais da segurança
da unidade da federação com as taxas privada por 100.000 habitantes também
mais elevadas. Esse resultado chega a foram utilizadas para avaliar a consistên-
influenciar a magnitude e a significância cia das fontes de dados testadas neste
dos coeficientes de correlação. Numa trabalho. Para tanto, foram calculados
análise sem o Distrito Federal, os coe- novos coeficientes de correlação entre os
ficientes são consideravelmente meno- valores das três fontes utilizadas (Polícia
res, e passam a indicar uma correlação Federal, RAIS e PNAD Contínua) (Tabela
moderada. Para os dados da Polícia Fe- 16) nos dois anos.
deral a relação deixa de ser estatistica-
O maior coeficiente de correlação acon-
mente significativa.
tece entre os registros da RAIS em 2016
Uma possível hipótese para entender a e 2017 (0,973), o que revela uma grande
posição diferenciada do Distrito Federal consistência destes registros no tempo,
PNAD
PNAD Contínua
Fonte RAIS 2016 RAIS 2017 Contínua DPF/CGCSP 2016
2017
2016
RAIS 2016 1,00
RAIS 2017 0,973 1,00
PNAD Contínua 2016 0,801 0,773 1,00
PNAD Contínua 2017 0,771 0,769 0,526 1,00
DPF/CGCSP 2016 0,865 0,767 0,836 0,559 1,00
40 Todos os coeficientes de correlação não marcados em vermelho foram estatisticamente significativos com nível de
significância de 5%. N = 27 unidades da federação.
8
EVOLUÇÃO
DA SEGURANÇA
PRIVADA NO RIO
DE JANEIRO E BRASIL
No estado do Rio de Janeiro, segundo tanto no número de pessoas ocupadas
as estimativas obtidas a partir das amos- na PNAD Contínua quanto no número
tras da PNAD Contínua, o total de pes- de vínculos empregatícios ativos regis-
soas ocupadas como guardas de segu- trados na RAIS. Segundo a PNAD Con-
rança privada ou em serviços privados tínua, no ano de 2012 existiam 1.179.686
GRÁFICO 5
Evolução do efetivo da Segurança Privada na RAIS e PNAD Contínua.
Rio de Janeiro – 2012 a 2017
160.000
140.000
120.000
100.000
80.000
60.000
40.000 PNAD Contínua RAIS
20.000
GRÁFICO 6
Evolução do efetivo da Segurança Privada na RAIS e PNAD Contínua.
Brasil – 2012 a 2017
140.000
120.000
100.000
80.000
60.000
40.000
PNAD Contínua RAIS
20.000
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017
52
GRÁFICO 7
Evolução dos efetivos da Segurança Privada na RAIS e PNAD Contínua e Total
de Estabelecimentos em atividades de vigilância, segurança e investigação.
Rio de Janeiro – 2012 a 2017
160.000 6.000
140.000
5.000
120.000
4.000
100.000
80.000 3.000
60.000
2.000
40.000
1.000
20.000
4.155 5.131 4.831 2.801 3.544 2.089
0 0
Fontes: MTE/
CAGED. MTE/ 2012 2013 2014 2015 2016 2017
RAIS. IBGE/PNAD
GRÁFICO 8
Evolução dos efetivos da Segurança Privada na RAIS e PNAD Contínua e Total
de Estabelecimentos em atividades de vigilância, segurança e investigação.
Brasil – 2012 a 2017
1.400.000 50.000
45.000
1.200.000
40.000
1.000.000 35.000
30.000
800.000
25.000
600.000
20.000
400.000 15.000
10.000
200.000
43.068 43.094 44.051 37.539 34.340 25.973 5.000
0 0
Fontes: MTE/
CAGED. MTE/ 2012 2013 2014 2015 2016 2017
54
RAIS. IBGE/PNAD
Contínua Total de Empresas PNAD Contínua RAIS
GRÁFICO 9
Evolução dos efetivos da Segurança Privada na RAIS
e PNAD Contínua e Taxas de Desocupação.
Rio de Janeiro – 2012 a 2017
16,0
14,0
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
7,4 6,9 6,4 7,2 11,4 15,6
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017
GRÁFICO 10
140.000 14,0
120.000 12,0
100.000 10,0
80.000 8,0
60.000 6,0
40.000 4,0
20.000 2,0
7,5 7,4 6,8 8,3 11,3 13,0
0 0
2012 2013 2014 2015 2016 2017
GRÁFICO 11
Evolução dos efetivos da Segurança Privada na RAIS
e PNAD Contínua e Variação percentual do PIB real a preços
de mercado em relação ao mesmo período do ano anterior.
Brasil – 2012 a 2017
1.400.000 6,0
1.200.000
4,0
1.000.000
4,02 2,0
800.000
600.000 0,99
0,42
0 -4,0
2012 2013 2014 2015 2016 2017
PNAD Contínua
RAIS
COMPARAÇÕES
ENTRE OS SETORES
DE SEGURANÇA
PRIVADA E PÚBLICA
Para o dimensionamento do setor de segu- A CBO/2002 permite separar os policiais
rança pública no Rio de Janeiro e no Brasil militares por patente, enquanto a COD
foram utilizados, basicamente, os registros apenas os divide entre oficiais e praças.
da RAIS e os dados da PNAD Contínua, O mesmo ocorre entre os policiais civis.
ambos com uma série histórica no mesmo A CBO permite uma distinção mais fina,
TABELA 18
Categorias ocupacionais empregadas para selecionar ocupações
da SEGURANÇA PÚBLICA na RAIS (CBO/2002) e PNAD Contínua (COD)
Ocupações da CBO/2002 utilizadas na definição da segurança privada na RAIS
TABELA 19
Efetivos da Segurança Pública no Rio de Janeiro
78.577
80.000
68.226
66.279
60.000
40.000
20.000
RAIS PNAD Contínua
GRÁFICO 13
Efetivos das Polícias civil e militar no Rio de Janeiro
60.999
47.517
46.171
40.000
20.000
Perfil / SENASP RAIS PNAD Contínua
100.000
80.000
60.000
40.000
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017
GRÁFICO 15
Evolução dos efetivos de segurança pública e privada na RAIS.
Rio de Janeiro – 2012 a 2017
140.000
120.000
100.000
80.000
60.000
40.000
Fontes: MTE/RAIS.
GRÁFICO 16
Evolução dos efetivos de segurança pública e privada na PNAD Contínua.
Rio de Janeiro – 2012 a 2017
160.000
140.000
120.000
100.000
80.000
60.000
40.000
20.000 Segurança Pública Segurança Privada
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017
62
2,50
RAIS PNAD Contínua
2,04
1,96
2,00 1,85 1,86
1,66 1,67
1,56 1,54
1,50 1,43 1,42 1,38
1,28
1,00
0,50
0,00
2012 2013 2014 2015 2016 2017
No estado do Rio de Janeiro, como vis- dito, parte dessas flutuações podem ser
to em análises anteriores, os efetivos da provocadas por erro amostral. Já as esti-
segurança privada computados por meio mativas da segurança pública registraram
da RAIS se mantiveram estáveis entre um crescimento constante e moderado
2012 e 2014, na faixa dos 114 mil vínculos no tempo, uma tendência que aproximou
empregatícios registrados. A partir daí, os valores das séries, como ocorrera com
passam a registrar uma queda regular e os dados da RAIS. No período observa-
sistemática, até atingir em 2017 um to- do, a razão entre as estimativas cai de 2
picos de alta em 2013 e 2015. Como já foi efetivos calculados por UF, para ambas as
fontes, em 2016 e 2017. Nela é possível no- bastante inferiores àquelas levantadas
tar que pelo menos 13 estados possuem pela PNAD Contínua. Por esse motivo,
problemas sérios de subnotificação (em optamos por analisar os dados para todo
vermelho), com as estatísticas da RAIS Brasil utilizando apenas essa última fonte.
TABELA 20
Efetivos da Segurança Pública no Brasil e UFs, 2016 e 2017
GRÁFICO 18
Evolução dos efetivos de segurança pública e privada na PNAD Contínua.
Brasil – 2012 a 2017
140.000
120.000
100.000
80.000
60.000
40.000
0
2012 2013 2014 2015 2016 2017
GRÁFICO 19
Evolução da razão entre os efetivos de segurança pública e privada
PNAD Contínua. Brasil – 2012 a 2017
2,00
1,50
1,50 1,37 1,37
1,22 1,21 1,20
1,00
0,50
0,00
2012 2013 2014 2015 2016 2017
65
CONSIDERAÇÕES
FINAIS: A
PRIVATIZAÇÃO
DA SEGURANÇA
NO RJ E NO BRASIL
Desde as últimas décadas do século pas- incapacidade de o Estado para resolver,
sado vem se observando uma expansão somente com seu aparato burocrático, os
das atividades empresariais de seguran- desafios contemporâneos da segurança
TABELA 21
Evolução do efetivo da Segurança Privada na RAIS e PNAD Contínua.
Rio de Janeiro e Brasil: 2012 -2017
2012 2013 2014 2015 2016 2017
Rio de Janeiro
PNAD 124.841 131.557 118.657 141.452 111.825 113.292
RAIS 114.462 114.144 114.051 106.635 97.582 91.289
Dif. abs 10.379 17.413 4.606 34.817 14.243 22.003
Dif.% 8,31 13,24 3,88 24,61 12,74 19,42
Brasil
PNAD 1.179.686 1.168.903 1.185.286 1.182.659 1.207.334 1.152.461
RAIS 1.111.560 1.135.342 1.132.262 1.071.748 1.003.817 959.840
Dif. abs 68.126 33.561 53.024 110.911 203.517 192.621
Dif.% 5,77 2,87 4,47 9,38 16,86 16,71
Percebe-se que a maior distância relativa Ou seja, muitas empresas ativas e formais
entre as duas fontes de dados ocorreu em de Segurança Privada não estavam cadas-
2015 (24,61%), no Rio de Janeiro, e em 2016 tradas na Polícia Federal e, portanto, irre-
44 Essa comparação precisa atentar para o fato, con- da RAIS poderia estar levemente superestimado. A pro-
68
tudo, de que a RAIS registra vínculos e não pessoas, porção dessa superestimação não deveria superar 5%,
razão pela qual o número de pessoas estimado a partir conforme já foi explicado.
TABELA 22
Porcentagem de Evolução do efetivo da Segurança Privada na RAIS e na
PNAD Contínua. Rio de Janeiro e Brasil – 2012 a 2017
Nesse sentido, presume-se que o pico da 2015, tanto no Rio de Janeiro quanto no
informalização da Segurança Privada no Brasil. Assim, a PNAD Contínua revela que
Brasil tenha ocorrido entre 2015 e 2016, em 2012 havia dois agentes de segurança
período em que o desemprego dispa- privada para cada agente da segurança pú-
ra. A PNAD Contínua estimou, em 2016, blica no Rio de Janeiro. Já em 2017, após a
1.207.334 pessoas ocupadas em ativida- queda na segurança privada e o aumento
des de segurança privada no país, das da pública, a razão havia caído para 1,38.
quais 111.825 estavam no Rio de Janeiro. De acordo com a RAIS, os valores eram,
Enquanto isso, no mesmo período a RAIS respectivamente, de 1,85 em 2012 e 1,28 em
registrava nesse setor, respectivamente, 2017. Por sua vez, para o Brasil como um
1.003.817 vínculos no Brasil e 97.582 no todo, de acordo com os dados da PNAD
Rio de janeiro. A diferença de 34.817 en- Contínua, encontramos em 2012 uma pro-
tre as duas estatísticas indica um número porção de 1,5 guardas privados para cada
diferença entre ambos vem caindo, desde ca, que se expande e se contrai confor-
me o desenvolvimento econômico dos Em suma, se as pesquisas internacionais
estados e de acordo com o ciclo econô- haviam confirmado a expansão das ativi-
mico, crescendo mais em períodos de dades empresariais de segurança como o
expansão econômica e reduzindo a sua motor da privatização da segurança, no
expansão ou inclusive contraindo-se em Brasil, a exemplo do que já ocorria em
épocas de recessão. Esta evolução é bem outros países, a presente pesquisa mos-
diferente daquela da segurança pública,
tra que, tais atividades, pelo menos as re-
que registra um impacto menor da cri-
gularizadas, vêm recuando em função de
se econômica e, portanto, um compor-
tamento menos cíclico. Assim, o cenário um ciclo econômico recessivo. A preca-
está longe daquele clichê da segurança rização resultante desse processo incre-
privada como um setor em permanente menta a preocupação pela histórica falta
e imparável crescimento linear, que vai de controle do setor, sobretudo no Rio
apresentando uma hegemonia cada vez de Janeiro (HERINGER, 1992; HERINGER
maior em relação à segurança pública. e CORTES, 2003).
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por Amostra de Domicílios: 1967-2015/IBGE,
MUNIZ, J. O.; PAES-MACHADO, E. Polícia para Gerência de Biblioteca e Acervos Especiais. Rio de
71
Pesquisas e levantamentos
Registros Administrativos
(Sistema estatístico nacional )
Ano
Exemplos: RAIS, CAGED Exemplos: PNAD Contínua, Censo
1982 CBO/1982
1994 CBO/1994
1995 CNAE/95