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RESUMO DE ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO

- Conceito

O art. 111 da CF/1988 define como órgãos da Justiça do Trabalho:

 o Tribunal Superior do Trabalho (TST);


 os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs);
 os juízes do trabalho.

O Judiciário trabalhista, portanto, é dividido em três graus de jurisdição,


quais sejam: TST (terceiro grau de jurisdição), TRTs (segundo grau de
jurisdição) e os juízes do trabalho (primeiro grau de jurisdição, que
exercem a jurisdição nas Varas do Trabalho).

A EC 45/2004 implementou algumas mudanças na organização da Justiça


do Trabalho, as quais serão examinadas neste capítulo.

- Tribunal Superior do Trabalho

O TST surgiu em 1946, ano em que a Justiça do Trabalho foi integrada ao


Poder Judiciário.

O Tribunal Superior do Trabalho é o órgão de cúpula da Justiça do


Trabalho, com sede em Brasília e jurisdição em todo o território nacional

O TST é composto por 27 ministros, escolhidos dentre brasileiros com


mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo Presidente da República,
após aprovação da maioria absoluta do Senado Federal.

A EC 24/1999 extinguiu a representação classista em todos os níveis na


Justiça do Trabalho. Da totalidade de 27 ministros, deverá ser observado o
quinto constitucional em relação aos membros provenientes do Ministério
Público do Trabalho e da OAB, sendo o restante dos magistrados
escolhidos dentre juízes dos TRTs, oriundos da magistratura de carreira.

A escolha dos membros oriundos do quinto constitucional ocorre da


seguinte maneira: primeiro é apresentada ao TST uma lista sêxtupla
elaborada pela OAB e pelo Ministério Público indicando os nomes.
Recebidas as indicações, o tribunal formará uma lista tríplice. Essa lista é
encaminhada ao chefe do Poder Executivo, que, no prazo de 20 dias,
escolhe um dentre os três nomes. O escolhido é sabatinado e, se aprovado
pelo Senado, ele será nomeado pelo Presidente da República.
Para provimento dos cargos ocupados por magistrados de carreira são
elaboradas pelos Ministros do TST listas tríplices, dispensando-se o
respeito aos critérios de antiguidade/merecimento. É importante mencionar
que, mesmo se o Juiz integrar essa lista por três vezes seguidas ou cinco
alternadas, não será promovido obrigatoriamente.

A competência do Tribunal Superior do Trabalho será fixada em lei.


Atualmente, a Lei que a regula é a de n. 7.701/1988.

Os magistrados do TST recebem o título constitucional de ministros, a


exemplo de todos os tribunais superiores e do próprio Tribunal de Contas
da União.

O TST editou a Resolução Administrativa 1295/2008 (Regimento Interno


do TST), definindo, em seu art. 59, os órgãos que compõem o próprio TST,
quais sejam:

 Tribunal Pleno;
 Órgão Especial;
 Seção Especializada em Dissídios Coletivos;
 Seção Especializada em Dissídios Individuais, dividida em duas
subseções; e
 Turmas.

Frise-se, por último, que o art. 95, parágrafo único, V, da CF/1988, com
redação dada pela EC 45/2004, proíbe que o juiz exerça a advocacia no
juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do
desligamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

Portanto, sendo aposentado ou exonerado um Ministro do TST, este não


poderá exercer a advocacia, pelo prazo de três anos perante o próprio TST,
órgão em que atuou antes da aposentadoria ou exoneração.

- Tribunais Regionais do Trabalho

A exemplo do TST, em 1946, quando a Justiça do Trabalho foi integrada


ao Poder Judiciário, surgiram os TRTs, em substituição aos Conselhos
Regionais do Trabalho.

Anteriormente, a Constituição da República previa que haveria pelo menos


um TRT em cada Estado, o que nunca chegou a ocorrer, visto que os
Estados de Tocantins, Roraima, Acre e Amapá nunca possuíram TRT.
O território nacional está dividido em 24 regiões para efeito da Jurisdição
dos Tribunais Regionais. Portanto, hoje existem 24 regiões e 24 Tribunais
Regionais do Trabalho, sendo dois deles situados no Estado de São Paulo,
o da 2.ª Região (capital de São Paulo, região metropolitana e Baixada
Santista) e o da 15.ª Região (cidade de Campinas e cidades do interior de
São Paulo). Não há Tribunal Regional do Trabalho nos seguintes Estados:
Tocantins, Amapá, Acre e Roraima.

Compete aos Tribunais Regionais do Trabalho elaborar seu próprio


Regimento Interno (art. 96, I, “a”, da CF/1988).

O art. 115 da Constituição da República estabelece que os TRTs são


compostos, no mínimo, de sete juízes, recrutados, quando possível, nas
respectivas regiões, e nomeados pelo Presidente da República, dentre
brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos.

Na composição dos TRTs também deve ser observado o quinto


constitucional de membros oriundos do Ministério Público do Trabalho e
da OAB, com os demais juízes nomeados mediante promoção de
magistrados do trabalho vinculados às Varas, alternadamente, por
antiguidade e merecimento, sendo o número de magistrados variável (no
mínimo sete juízes), atendendo ao critério da necessidade de
desmembramento em Turmas em função do movimento processual.

Uma inovação trazida pelo art. 115 da CF/1988 foi a criação da


denominada “justiça itinerante”, com a realização de audiências e demais
funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva
jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. Isso, sem
dúvida, vai favorecer a população, pois a justiça “móvel” propiciará melhor
acesso ao Judiciário das pessoas que residem em lugares distantes dos
centros urbanos.

Ainda em relação ao art. 115 da Constituição, outra novidade é que os


TRTs poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em
todas as fases do processo. Essas “Câmaras regionais” deverão atuar,
principalmente, nos Estados que não possuem TRT, como é o caso de
Tocantins, Amapá, Roraima e Acre.

- Juízes do trabalho
Em função da extinção das Juntas de Conciliação e Julgamento (EC
24/1999), a jurisdição trabalhista no primeiro grau passou a ser exercida
por um juiz singular, denominado juiz do trabalho, que exerce suas funções
nas denominadas Varas do Trabalho.

Estabelece o art. 112 da Carta Maior (com redação dada pela EC 45/2004)
que “a lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não
abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso
para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho”

A Súmula 10 do STJ dispõe que, instalada a Vara do Trabalho, cessa a


competência do juiz de direito em matéria trabalhista, inclusive para a
execução das sentenças por ele proferidas.

Por sua vez, determina o art. 113 da Carta Maior que a lei disporá sobre a
constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de
exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho.

O art. 650 da CLT estabelecia que a jurisdição de cada Vara do Trabalho


abrangia todo o território da Comarca em que tinha sede, somente podendo
ser estendida ou restringida por lei federal.

A Lei 6.947/1981 estabelece normas para criação de uma vara do trabalho,


definindo como requisito que a frequência de reclamações trabalhistas em
cada órgão já existente exceda, seguidamente, a 1500 reclamações
trabalhistas por ano.

Nas comarcas onde não houver juiz do trabalho, por lei, os Juízes de
Direito poderão ser investidos da jurisdição trabalhista. Das sentenças que
proferirem caberá recurso ordinário para o respectivo Tribunal Regional do
Trabalho (art. 112 da CF/1988 e art. 668 da CLT).

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