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Nº 1/15

A TRIBUTAÇÃO ANGOLANA (V): O NOVO


IMPOSTO SOBRE A APLICAÇÃO DE
CAPITAIS

INTRODUÇÃO

Na sequência da linha definida pelo


projecto da Reforma Tributária angolana,
foi publicado, em Diário da República, o
Decreto Legislativo Presidencial n.º 2/14,
de 20 de Outubro, que procede à revisão e
republicação do Código do Imposto sobre
a Aplicação de Capitais (“IAC”), em vigor
desde o passado dia 19 de Novembro de
2014.

O crescimento económico e financeiro do


mercado angolano, bem como a assumida
TAX & BUSINESS introdução de um mercado de capitais,
motivou a necessidade de actualizar este
imposto, por forma a criar um sistema de
tributação mais justo e tornar também
mais eficiente a arrecadação de receitas
tributárias no âmbito destes rendimentos
que, de forma crescente, vão assumindo
A presente Informação Fiscal destina-se a ser distribuída entre Clientes e Colegas e a maior relevância no contexto económico
informação nela contida é prestada de forma geral e abstracta. Não deve servir de base para
qualquer tomada de decisão sem assistência profissional qualificada e dirigida ao caso angolano.
concreto. O conteúdo desta Informação Fiscal não pode ser reproduzido, no seu todo ou em
parte, sem a expressa autorização do editor. Caso deseje obter esclarecimentos adicionais
sobre este assunto contacte contacto@rffadvogados.pt.
Tal como tem sucedido na generalidade 01
***
dos restantes, as alterações introduzidas
Esta Informação Fiscal é enviada nos termos dos artigos 22.º e 23.º do Decreto-Lei n.º
7/2004, de 7 de Janeiro, relativa ao envio de correio electrónico não solicitado. Caso em sede deste imposto não se
pretenda ser removido da nossa base de dados e evitar futuras comunicações semelhantes,
por favor envie um email com “Remover” para o endereço email
consubstanciam numa total reformulação
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e ruptura com o sistema anterior, visando, de IAC – como se de uma verdadeira
ao invés, tornar mais claro e certo o distribuição de lucros se tratasse – à taxa
regime de tributação dos diversos de 10 %.
rendimentos provenientes da aplicação de
capitais. • Os rendimentos de títulos de dívida

A INCIDÊNCIA OBJECTIVA Foi também clarificado o regime aplicável


aos rendimentos provenientes de títulos
O Código do IAC mantém a distinção de dívida pública e privada que passam a
anteriormente existente entre os estar, expressamente, sujeitos à
rendimentos incluídos na denominada tributação, em sede de IAC, à taxa de 5%.
Secção A e B.
Por sua vez, os juros de títulos de dívida
No que respeita à Secção A, o legislador pública e privada que venham a ser
optou por não efectuar alterações apurados, após a data do último
relevantes, mantendo nesta secção os vencimento, emissão, primeira colocação
juros provenientes de mútuos, de ou endosso, desde que ainda não tenha
contratos de abertura de crédito e os juros ocorrido vencimento, até à data da
ou compensações pela mora no transmissão dos mesmos, também estão
pagamento. sujeitos a tributação, sendo-lhes aplicada
a referida taxa de 5%.
Já no que respeita à Secção B que,
tradicionalmente, abrange um leque de Os prémios de amortização e reembolso
rendimentos mais vasto, designadamente, ou quaisquer outras formas de
diversos tipos de juros, dividendos, mais- remuneração desses títulos estão
-valias e royalties, foram efectuadas, igualmente sujeitos a tributação, à mesma
designadamente, as seguintes alterações: taxa de 5 %.

• repatriamento de lucros • mais e menos-valias

A transferência de lucros de um No que respeita à tributação de mais e


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estabelecimento estável situado em menos valias (que anteriormente incidia
Angola, para a sua casa-mãe, residente no apenas sobre os ganhos), estabelece-se
estrangeiro, passa a ser tributada em sede que a mesma passa a incidir sobre o saldo

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positivo apurado – em cada ano – entre actividade de empresas, singulares ou
mais-valias e menos-valias realizadas pela colectivas, anteriormente tributado a uma
alienação de participações sociais, bem taxa de 15 % passa a ser tributado à taxa
como pela alienação de quaisquer outros de 5%.
instrumentos que gerem rendimentos
sujeitos a IAC, ao qual se aplicará uma A AUTOLIQUIDAÇÃO
taxa de 10%, salvo no caso de os referidos
rendimentos serem tributados em sede de O mecanismo de autoliquidação nos
Imposto Industrial ou de Imposto sobre os rendimentos da Secção A sofreu também
Rendimentos do Trabalho. ligeiras alterações.

De referir, é também, neste âmbito, a Com efeito, o IAC que incida sobre
possibilidade que agora é conferida aos rendimentos pagos a pessoas singulares,
contribuintes de poderem deduzir por pessoas colectivas ou singulares que
despesas incorridas com a alienação e a possuam contabilidade organizada, passa
aquisição dos títulos às mais ou menos- a ser liquidado por estas últimas, ou seja,
valias realizadas. pelos devedores dos rendimentos.

Por outro lado, se as mais ou menos-valias A RETENÇÃO NA FONTE


realizadas decorrerem da alienação, em
mercado regulamentado, de participações No que diz respeito à retenção na fonte de
sociais e títulos de dívida pública ou rendimentos integrados na Secção B,
privada e a sua emissão apresentar uma foram efectuadas algumas alterações, no
maturidade igual ou superior a 3 anos, a sentido de tornar a retenção na fonte,
sua tributação incidirá, apenas, sobre como regime-regra (alargando o seu
50% do seu valor, à taxa reduzida de 5% âmbito) e clarificando, também, certas
(durante os 5 anos seguintes à entrada em situações.
vigor deste novo Código do IAC).
Desde logo, com o intuito de alargar os
• indemnização por suspensão de rendimentos sujeitos à retenção na fonte,
actividade o legislador estabelece que as entidades
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sujeitas ao pagamento do IAC deverão
O rendimento decorrente da passar a fazê-lo, também, quanto aos
indemnização por suspensão de juros, prémios de amortização ou de

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reembolso ou outras formas de
remuneração de títulos de dívida, bem
como quanto ao saldo positivo que se
verifique entre mais-valias e menos-valias
decorrentes da alienação de participações
sociais ou outros instrumentos sujeitos a
tributação em sede de IAC.

Por sua vez, com o objectivo de facilitar o


pagamento do imposto e evitar a evasão
fiscal, o legislador inverteu a obrigação de
liquidação do IAC, nos casos em que os
rendimentos sujeitos a este imposto
sejam pagos por entidades sem
residência, sede, direcção efectiva ou
estabelecimento estável em Angola.
Assim, nestas situações, a liquidação do
IAC fica a cargo dos beneficiários dos
rendimentos (residentes em Angola).

Por sua vez, o legislador clarificou,


expressamente, que os rendimentos
obtidos por beneficiários isentos de IAC
não estão sujeitos a retenção na fonte,
que, regra geral, é realizada pela entidade
devedora do rendimento.

Lisboa, 02 de Janeiro de 2014

Rogério M. Fernandes Ferreira


Marta Machado de Almeida
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José Diogo Mègre Pires
Francisca de Landerset Gomes

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