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Sérgio Piedras
Introdução
Os peixes são animais que têm uma capacidade incrível de adaptação, o que lhes
permite colonizar os mais diferentes habitats; esta plasticidade se reflete nas suas mais
variadas estratégias, principalmente de alimentação e reprodução. O animal desenvolve
mecanismos que lhe permitem tirar o máximo de vantagens do ambiente que dispõe.
Realizam migrações, constroem ninhos, incubam ovos e protegem os filhotes, entre
inúmeras outras particularidades Fig. 1). A reprodução é a fase mais importante na vida
do animal, pois através dela ele garante a manutenção da sua espécie. É um processo
fisiológico mediado pela complexa atuação de eventos neurohormonais que,
desencadeados por estímulos ambientais, provocam no peixe reações especificas que
culminam com a desova.
Técnicas de reprodução
Técnicas de reprodução
Carpa comum
Traíra, Catfish
Figura 1
A desova natural assistida (Fig. 1) é utilizada naquelas espécies que desovam em águas
lenticas (paradas), que não fazem piracema (migração). Nesses casos, conhecendo o
período e hábitos reprodutivos das espécies, estimulamos a reprodução através do
oferecimento de condições ambientais, físicas e biológicas para que a reprodução ocorra
naturalmente de forma controlada por nos (período, local, quantidade de matrizes, etc).
Reprodução Induzida
A reprodução em peixes pode ser vista como o resultado de numerosos fatores bióticos
e abióticos que exercem efeitos, tanto de longo prazo sobre o crescimento ovariano,
quanto de curto prazo sobre a maturação final e ovulação dos oócitos. Uma resposta
temporalmente adequada a sinais exógenos (como temperatura, fotoperíodo, chuvas
etc.) e endógenos maximizam o sucesso reprodutivo, pela obtenção de um equilíbrio
ótimo entre a sobrevivência dos adultos que estão desovando e a sua progênie.
Obviamente, o custo de um esforço reprodutivo temporalmente inapropriado varia
bastante com a estratégia reprodutiva, sendo maior naquelas espécies que ovulam uma
única vez e morrem a seguir, como o salmão do pacífico e, consideravelmente menor
em reprodutores parciais, que ovulam muitas vezes sobre um extenso período de
desova, como as tilápias, por exemplo.
Os peixes de piracema (fazem migração) têm uma estratégia intermediária, mas que
também demanda em considerável esforço. Eles passam grande parte do ciclo
reprodutivo preparando seus gametas para desová-los de uma única vez, maximizando
esse esforço com a deposição de milhões de ovos simultaneamente.
Situações ambientais diferentes fornecem sinais específicos que podem ser explorados
para predizer o tempo em que a reprodução tem mais probabilidade de sucesso. Em
ambientes previsivelmente inóspitos como extremas latitudes e altitudes, fotoperíodo e
temperatura são sinais confiáveis associados com a previsão de condições de primavera
ou semelhantes ao verão. Enquanto que os ambientes tropicais não sofrem extremos
sazonais em fotoperíodo e temperatura, freqüentemente existem períodos de seca e
umidade regularmente repetidos. É por isso que temos períodos de reprodução
razoavelmente definidos, variáveis conforme a região. Assim, o timing da reprodução
em peixes pode ser influenciado por vários fatores, incluindo temperatura, fotoperíodo,
salinidade, conteúdo iônico da água, fluxo da água, abundância de alimento,
disponibilidade de local para nidificar e condições sociais.
Controle neuroendócrino da
reprodução de peixes
Eixo hipotálamo – hipófise - gônadas
Maturação sexual depende de fatores internos
(idade, condição corporal) e externos
Estímulos ambientais
Hipotálamo
C GnRH
G
B Hipófise
Gonadotrofinas
Gônadas
Hormônios sexuais
Figura 2
A hipófise é uma glândula que produz vários hormônios, entre eles as gonadotropinas,
responsáveis pelo controle da reprodução. Essas gonadotropinas vão atuar sobre as
gônadas, promovendo a liberação de hormônios esteróides, estes com atuação na
maturação dos gametas, tanto durante o ciclo reprodutivo quanto nas fases finais de
maturação e ovulação. Os esteróides retornam ao hipotálamo e hipófise via corrente
sanguínea, para modular as funções subsequentes desses órgãos.
Diferente do que acontece com mamíferos, onde o embrião é nutrido através da mãe, o
embrião da maioria dos peixes realiza o seu desenvolvimento às expensas da reserva
acumulada no ovo, sob a forma de compostos de lipofosfoglicoproteínas chamados
genericamente de vitelo (Fig. 3). Na maioria dos ovócitos de vertebrados, o vitelo não é
sintetizado in situ, mas sim derivado de uma proteína precursora conhecida como
vitelogenina, sintetizada no fígado do animal.
Figura 4
Larva ao nascer não se apresenta completamente formada. Destaca-se o vitelo que vai
servir com alimento até o 3° ou 5° dia, enquanto a larva conclui seu desenvolvimento.
GnRH (+)
Dopamina (-)
Hipófise
GtH I GtH II
Desova
Vitellogênese Gônadas
Maturação
dos ovócitos
Figado Progestinas
Β-estradiól
Figura 5
Durante o desenvolvimento testicular, que também está sob o controle das
gonadotropinas (GtH I e GtH II), estão envolvidos no processo de espermatogênese
(Fig. 6).
GnRH (+)
Dopamina (-)
Hipófise
GtH I GtH II
Gônadas
Testosterona Espermatogênese
Figura 6
Na maioria dos peixe os óvulos permanecem férteis apenas por um breve período
(carpas, pacus, etc. são um bom exemplo) a desova ou extrusão deve acontecer
rapidamente. Idealmente, a injeção dos hormônios deve ser cronometrada para produzir
ovulação em uma hora conveniente do dia. Ovulação e supermaturação dos óvulos
mantidos na cavidade do corpo são altamente temperatura-dependentes.
Como já foi visto, a reprodução nos peixes é controlada pelo eixo hipotálamo-hipófise-
gônadas (Fig. 2). Esse mecanismo seqüencial permite intervenções em vários níveis,
para promover ou interferir no processo de maturação, com o uso de compostos
específicos (Fig. 7).
Para os machos utiliza-se dose única de 2,5 mg/kg, aplicada juntamente com a 2ª dose
da fêmea. Fig. 9.
Técnicas de reprodução
Figura 8
O local de injeção (Fig. 9) varia de acordo com a experiência do técnico, podendo ser na
região dorsal, região caudal, região peitoral ou ventral. É importante que a região
escolhida apresente bastante irrigação sanguínea, para que o hormônio seja absorvido
mais rapidamente.
Técnicas de reprodução
Figura 9
É recomendável que o processo de indução hormonal seja planejado, pois de acordo
com a espécie a desova vai ocorrer x horas após a aplicação da segunda dose (Fig. 11).
Etapas da desova
1. Extrusão do sêmem;
2. Extrusão dos óvulos;
3. Fecundação (diluição do
sêmem em 100 ml de
solução fisiológica).
Mistura do sêmem com
óvulos por um minuto (em
30’ a micrópila fecha).
4. Hidratação: adicionar
água aos poucos. Os
ovos aumentam muito de
volume.
Figura 10
De acordo com espécie utilizada a desova vai ocorrer em x horas após a segunda dose.
Este tempo é chamado hora-grua (Fig 11).
Figura 11
Recomendação : https://www.youtube.com/watch?v=dR1Ax3z3HXY 8 minutos
Referências: