Informações Bibliográficas da Leitura: Collins, G. R. Aconselhamento cristão: edição século 21. São Paulo: Vida Nova, 2004.
A obra Aconselhamento cristão de Garry R. Collins constitui-se como um
manual para nortear pastores e conselheiros em suas tarefas de aconselhar indivíduos. Em seu primeiro bloco o autor descreve a relevância do aconselhamento especialmente utilizando-se do exemplo de Cristo. De acordo com ele o Mestre despendia bastante tempo para dar uma palavra de ânimo aos necessitados e lhes ajudar em seus dramas. Com esta premissa a igreja deve prosseguir com esta tarefa. Sendo assim, uma responsabilidade recai a igreja em especial sua liderança. Para tal tarefa os crentes devem dispor de ferramentas bem selecionadas que advém da psicologia para empreender tal tarefa. Antes de adentrar nas técnicas propostas, Collins observa ser importante o aconselhando realizar uma autoanálise para saber suas reais motivações para ser um conselheiro eficiente. Nesta proposta são elencados alguns fatores ruins que levam um indivíduo querer aconselhar. São eles: a necessidade de manter relacionamentos, pois o conselheiro sente-se sozinho; para exercer controle, devido o conselheiro ser autoritário ele gosta de dar conselhos mesmo sem ser solicitado; necessidade de socorrer, o que parece ser um desejo legítimo e nobre contudo isenta a responsabilidade do aconselhando em suas mudanças; necessidade de informação, está ligada a curiosidade do conselheiro e devido muitas informações complexas serem apresentadas esquece-se do indivíduo e foco apenas em extrair mais; cura pessoal, diz respeito a manipular as pessoas para deixar de lado sua própria culpa ou insegurança tornando algo muito maléfico. Ainda o autor pontua os objetivos do aconselhamento que em sua visão são constituídos por seis elementos: autoconhecimento, comunicação, aprendizado e mudanças de comportamento, auto realização, apoio, integridade espiritual. Autoconhecimento segue a premissa de que diversos problemas são gerados pelo próprio indivíduo, portanto a necessidade de entender a si mesmo. Comunicação é para sanar as falhas que ocorrem em relacionamentos, sejam eles interpessoais ou conjugais. Aprendizado e mudança de comportamento diz respeito em desaprender comportamentos nocivos substituindo-os por saudáveis. A auto realização é um tanto complexo pois para o mundo de modo geral é conceito de chegar ao ápice do potencial e permanecer ali entretanto para os crentes a ideia é desenvolver nosso potencial através do poder de Jesus. Apoio está ligado ao tópico anterior em que um indivíduo atinge seus objetivos mas devido períodos de estresse ou alguma vicissitude apresentam dificuldades emocionais e para isso necessitam de apoio. Integridade espiritual é a íntima ligação do espiritual com o emocional e para Collins quando muitos aconselhados trazem problemas espirituais isto está ligado a problemas emocionais assim como o contrário também ocorre. Agora para que o auxiliar os aconselhando em todas as suas dificuldades algumas técnicas são apresentadas pelo autor. Elas são: dar atenção, isto envolve focar na pessoa sendo pelo contato visual a postura e os gestos; ouvir de forma atentiva respeitando os momentos de silêncio do aconselhando mas interagindo com o mesmo sobre tudo olhando para ele sem encará-lo; responder pois o aconselhamento não reside apenas me ouvir mas contém respostas para isso pode-se perguntar mais sobre algo ou realizar um comentário sem julgamento ou ainda confrontar o que está sendo dito; ensinar através da instrução e orientação ou até mesmo pelo exemplo o aconselhando a lidar com os problemas da vida; filtrar o que está sendo dito pois muitas vezes partes da narrativa dos fatos são omitidos para tanto deve-se perguntar o que o aconselhando quer de mim? Essas são as técnicas descritas pelo autor para auxiliar pastores e conselheiros para empregar em suas tarefas. No último bloco questões delicadas são apresentadas ao leitor para fazê-lo refletir sobre seus preconceitos e fazer uma auto análise e saber se não necessita de aconselhamento também. Questões de ordem espirituais são apresentadas pois elas são o que normalmente os indivíduos naturalmente vão apresentar aos seus líderes eclesiásticos. Problemas como a aids e reflexões sobre como poderíamos aconselhar tal pessoa auxiliam no preparo dos futuros conselheiros a saberem o que podem enfrentar dentro de seus gabinetes pastorais ou em suas sessões. Portanto, embora a obra tenha sido escrita em 1988 e depois revisada em 2004 contendo em algumas partes contextos já arcaicos, penso que continua sendo um bom manual. As descrições minuciosas de técnicas, teorias e como aplicá-las no meio cristão torna a obra de grande valia para pastores e leigos na tarefa do aconselhamento. Da mesma forma lança reflexões sobre temas controversos que são pouco discutidos em círculos cristãos como o caso de famílias de militares ou mesmo pessoas soro positivo. Dessa maneira indico este livro a todos que buscam um manual de consulta para auxiliar em seus aconselhamentos sendo mais destinado para indivíduos desse meio devido sua finalidade ser cumprida.