O quadro seguinte mostra as articulações multideterminadas das mediações
em jogointervenções sociais.
As estratégias de fortalecimento
do usuário, na particularidade do
trabalho social, precisam articular as
mediações presentes nas redes
abertas, fundadas no relacionamento
intersubjetivo, com as existentes nas
redes mais ou menos fechadas, pelos
contornos biológicos, ecológicos,
religiosos ou outros. Estas se
aproximam mais do que se define
como redes primárias, que se
configuram mais significativas para o
eu, como as relações afetivas
familiares e de amizade. As redes
secundárias são formais,
institucionalizadas e dizem respeito à
socialização do sujeito e a vínculos
sociais mais amplos . As estratégias de
intervenção devem combinar as
mediações da rede de relação primária
com as da rede secundária para
fortalecer o patrimônio, o poder, a
crítica e a autonomia do sujeito.
A fragilização afetiva, resultante,
por exemplo2e , da rejeição familiar,
que se manifesta em drogadição ou
doença mental, implica uma estratégia
voltada, tanto para as relações
familiares onde se imbricam de
imediato como para a relação com
instituições, com a garantia dos direitos
sociais, com a cultura.29 Assim, o
enfrentamento de uma questão de
drogadição pode ter um
encaminhamento estratégico da
seguinte forma: consumo de drogas 1~
rejeição ~T abandono ÍT
família ÏÌ rede familiar ~Ì relações de
solidariedade ~T políticas de
atendimento ÏÌ garantia de direitos Í~
imaginário da droga 1Ï atividade
laboral, implicando 0 envolvimento dos
atores que vão dando suporte, tanto à
compreensão da questão, como à
mudança de trajetória do sujeito. O
processo deve ser coordenado
estrategicamente para implicar
familiares, vizinhos, grupos de auto-
ajuda, policiais, defesa de direitos, não
sendo, de modo algum, linear, mas
cumulativo, podendo sofrer reveses, é
claro.
A ênfase estratégica na mudança de
trajetória significa, ao mesmo tempo,
uma mudança da representação da
questão para o sujeito e de suas
relações nas i eren s re e .
c) a dinâmica do trabalho das
mediações e a construção das
estratégias
As estratégias se constroem no cam o
das possibilidades artre, 1979) que
surgem, justamente,
as con ra es e mediações. É na
correlação de forças que vão se abrir
as possibilidades de ação, as
oportunidades estratégicas de
mudança. É na dinãmica complexa das
pressões e contrapressões, dos
tempos históricos e historicidades em
conflito, da perda e aquisição de
patrimônios, das rupturas e No espaço deste artigo não podemos
continuidades que se pode vislumbrar a
superação das relações de
fragiliz_ação, opressão, discriminação,
exclusão, exploração.
A construção das estratégias vai
favorecer, assim, o process e o
p~ó~éfo m a do sujeito, no
L/
Já faz parte da tradição sociológica a
distinção entre comunidade e
sociedade (Tánnies), solidariedade
orgãnica e solidariedade mecãnica
(Durkheìm), interesses económicos e
imediatos e interesses políticos (Lénin),
redes naturais e contraturais.
dar outros exemplos, mas o paradigma
da intervenção permanece o mesmo.
Indusive com a cultura do prazer, do
consumo.