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Universidade Federal Fluminense

Curso de Graduação em Produção Cultural

Natalia Felix Trancozo

A CRISE DOS ANOS 1920 E A


REVOLUÇÃO DE 30

NITERÓI
2021
No livro de 2003 “O Brasil republicano”, organizado por Jorge Ferreira e Lucilia
de Almeida Neves Delgado. A partir do capítulo “A crise de 1920 e a revolução de
30” escrito por Marieta de Moraes Ferreira e Surama Conde Sá Pinto. É abordado o
contexto histórico daquele período e as diferentes análises e interpretações acerca
do período de crise na política oligárquica brasileira de 1920 e as consequências
como o fim do pacto oligárquico entre Minas Gerais e São Paulo ao qual levou a
revolução de 1930. Essa leitura nos ajuda a entender melhor como ocorreu de fato
esse processo de ruptura da política dos governadores.
O ano de 1922 reuniu vários acontecimentos importantes no mundo e no Brasil,
um exemplo disso é a semana de arte moderna, a criação do partido comunista, o
movimento tenentista, comemoração do centenário da Independência brasileira e a
sucessão presidencial, demonstrando assim o cenário dessa década a qual ocorreu
diversas transformações na política brasileira. As autoras do texto descrevem todo
acontecimento desse período, relatando as análises recentemente feitas por autores
que retiraram a visão de um pacto pacífico entre Minas e São Paulo, demonstrando
a instabilidade dessas oligarquias desde o começo, visto que o Rio Grande do Sul
se apresentava mais próximo e preferencial dos Mineiros.
A política dos governadores foi a grande aliança entre estados e governo federal,
ao qual era movido a troca de favores, o governo sustentava os grupos dominantes
e eles em troca apoiavam a política do presidente da república votando no
congresso a favor. Com essa política, há também uma troca de favores entre
governadores e coronéis, que então controlavam a massa eleitoral e exerciam seu
poder sobre eles, dessa forma se iniciou o coronelismo. A partir disso, é evidente
que a república brasileira se mantivera com a troca de favores entre quem tinha
poder, transformando o voto em moeda de troca.
No texto é analisado que por mais que essa troca de favores entre chefes locais,
governadores e presidente da república, obteve uma longevidade ao esquema
intra-oligárquico minimizando conflitos, esse tipo de política gerou uma
desigualdade entre os estados, provocando uma separação entre oligarquias de
primeira e segunda grandeza. É de grande importância essa análise, pois
percebe-se como foi montado o pacto entre Minas e São Paulo e como ele iria aos
poucos sendo derrubado.

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Desse modo, a disputa pela sucessão da presidência de 1922 começa a indicar o
esgotamento do modelo político da primeira república, com a chamada reação
republicana, composta por Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul,
estados que estavam de fora das oligarquias de primeira grandeza. Com isso, é
apresentado diferentes interpretações sobre a separação dessas oligarquias por
diferentes autores.
Castro (1932) diz que a divisão se deu pela escolha de um vice do estado do
Maranhão, ao qual frustrou RJ,BA e PE, assim colocando em uma perspectiva mais
rasa da situação. Boris Fausto (1982) então dá uma perspectiva mais profunda em
uma análise econômica, ao qual o conflito é gerado por interesses opostos no
terreno econômico, ligado à terceira política de valorização do café. A terceira
interpretação é de Michael Conniff (1981), que identifica a reação republicana como
um primeiro surgimento do que seria o populismo no Brasil, visto que líderes de
governo como Nilo Peçanha utilizaram o apelo das camadas urbanas para apoiar o
fim do pacto entre Minas Gerais e São Paulo.
De acordo com tais interpretações, chega-se ao fim de que na verdade nenhuma
dessas análises era de fato o que ocorreu, visto que o surgimento da reação
republicana é referente a insatisfação das oligarquias de segunda grandeza frente a
união Minas e São Paulo. A partir disso pode-se perceber uma luta dessas
oligarquias para obter apoio, pois apoio popular não era de fato algo que traria
resultado. É assim que se chegam aos militares, pedindo a ajuda deles que antes
não estavam inseridos na política.
O que observei nessa leitura é a diferença de como foi ensinado esse contexto
histórico, o movimento tenentista é ensinado em algumas escolas como um
descontentamento de militares de patentes intermediárias com a política vigente,
mas não é falado sobre as oligarquias como pilar nessa luta tenentista. Nilo
Peçanha, ao perder a eleição para a patente Minas-São Paulo, é apoiado pela
oposição e pela imprensa pró-nilo a não aceitar os resultados.
Acredito que é de extrema importância o texto trazer informações sobre à
imprensa naquele período, denunciando as perseguições feitas aos tenentes que
estavam contra Bernardes, e defendiam a intervenção armada caso não tivesse
Tribunal de Honra. Pois essas informações trazem contexto e enriquecem o
entendimento da história da república brasileira.

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A evidência de informações nesse texto sobre o ocorrido na revolução de 30 nos
faz entender que de fato teve uma união de setores para a derrubada daquela
república, porém ao perceberem a corrente político-social presente no movimento
tenentista, concordam em igualar e recompor o pacto oligárquico e assim
apresentando estabilidade e elegendo Washington Luís a presidência para manter
essa relativa estabilidade, pois era um candidato apoiado por todos os estados.
Porém, ele decide passar a candidatura de sucessor para Júlio Prestes, outro
paulista, dessa forma culminando no fim do pacto mineiro e paulista.
A discussão ao final do texto sobre a Revolução de 30 e as análises feitas sobre
o acontecimento, são necessárias para uma melhor observação da leitura. Visto
que, alguns autores negam a importância da Revolução, outros dizem que esta
revolução foi de fato em 1928 e outros como um marco da história contemporânea.
Com todas essas análises e reflexões do texto, acredito que esse texto tem como
objetivo demonstrar esse processo político e histórico na sociedade brasileira e o
quanto isso culminou e culmina na realidade socioeconômica atual do Brasil, é
como se nada tivesse de fato mudado, apenas se transformado em normas formas
de política, mas que no fim favorecem a mesma elite dominante brasileira.

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