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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS


CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

RENATA KAMILA DE ANDRADE LIMA

RESENHA
ESTADOS UNIDOS: AINDA POTÊNCIA DOMINANTE NO SÉCULO XXI?

Boa Vista

2022
1. DESCRIÇÃO DA OBRA
Globalização e Fragmentação no Mundo Contemporâneo, é um livro escrito pelo autor e
organizador Rogério Haesbaert, publicado em 1998 pela editora EDUFF, contendo 218
páginas escritas. É uma obra composta por sete artigos diferentes, onde ao decorrer das
páginas é retratado as diversas particularidades nas transformações e crises do mundo
atual, visando em uma reflexão pautada no desenvolvimento contextual histórico e nas
variações de geografias desiguais.

2. BIOGRAFIA DO AUTOR
O capítulo resenhado, “Estados Unidos: Ainda Potência no século XXI?” é um artigo
com a autoria de João Rua. Um geógrafo graduado pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), em 1968, em 1992 João se tornou mestre em Geografia pela
Universidade de São Paulo (USP) e em 2003 concluiu seu doutorado também pela USP.
Nos dias de hoje, ele é um professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, além de editor da GeoPUC - Revista da Pós-Graduação em Geografia da PUC-
Rio. Sua atuação dentro da área de geografia envolve extrema relevância, João é um
pesquisador e escritor com outras obras publicadas a respeito sobre geografia agrária,
carioca, populacional (migrações), além de outros. Preocupa-se acima de tudo, em
contribuir para a propagação do conhecimento geográfico de forma acessiva, através da
produção de livros, capítulos de livros e artigos.

3. RESUMO DA OBRA
O texto proposto para a resenha traz consigo diversas teorias e questionamentos a
respeito dos Estados Unidos enquanto uma grande potência mundial e indagações a
respeito ao futuro do desempenho desta nação. Desde os anos 80 o país norte-americano
vem sendo reconhecido como dominante dentro da nova ideia de ordem mundial, dando
destaque para sua ação militar. Ao longo dos anos, a força dos Estados Unidos foi se
alterando e, desta maneira, dividindo opiniões se o seu poder estaria enfraquecendo ou
apenas mudando de caráter.

A hegemonia dos Estados Unidos é fundada em diversos aspectos, um exemplo


disso é a sua administração das relações internas e externas, que é uma área de valor que
recebe grande atenção e prudência. O Estado consegue ter a capacidade de
internacionalizar suas crises econômicas, desta maneira utilizando como base as suas
alianças com múltiplos organismos políticos. Além disso, os Estados Unidos são
eficientes em manter o controle entre diferentes combinações de recursos brutos e
brandos para o poder no mundo contemporâneo: militar, econômico e poder brando. De
acordo com a análise citada no texto (p.4), por Nye (2002, p.80)
“O poder militar é predominantemente unipolar e exercido pelos Estados
Unidos. [...] Poder econômico é compartilhado com a Europa, Japão e China. [...] As
relações transnacionais que transpõem as fronteiras e escapam ao controle
governamental.”

O presidente Theodore Roosevelt foi quem colocou os Estados Unidos debaixo dos
holofotes da cena internacional, apesar de o país já ser bem desenvolvido
economicamente. Para o presidente, as relações internacionais se tratava de relações de
força e, desenvolveria para isso, um poder bruto. O soft power dos EUA é
extremamente potente e se trata da habilidade do Estado de influenciar indiretamente o
comportamento e interesses de pessoas por meio da cultura e ideologia. Assim,
utilizando-se de múltiplas bases simbólicas como fatores para reafirmar cada vez mais a
sua hegemonia e difundir a ideia de uma vida perfeita com o American Way of Life.
Assim como as ideias de Berque (p.1983):

Inúmeros têm sido os aspectos que favoreceram o projeto norte-americano de tornar-


se uma potência mundial. Alguns são fruto de ações deliberadas de organização da
produção econômica e de expansionismo político/ideológico, outros ocorreram por
acaso e são resultantes da prodigalidade da natureza e da paisagem que, aqui, mais do
que em outros lugares, funcionou como “matriz”

3.1. Recursos naturais de um vasto e rico território


Os Estados Unidos constituem o quarto maior país do mundo em extensão territorial, na
qual é um país bem provido de riquezas naturais, sendo este um fator extremamente
importante para ser uma das maiores potências mundiais. Seu território foi dividido em
três regiões divididas pelos seus principais elementos naturais: leste, centro e oeste, na
qual suas características foram de um fator de extrema importância no processo de
colonização, cada um com suas especificidades, como por exemplo, o Sul e a sua
cultura racista escancarada.
A natureza norte-americana apesar de bastante rica, teve um alto sofrimento no
processo de colonização, pois os colonizadores não tinham alguma informação dos
territórios e nem podiam aprender com os nativos, já que eram considerados inimigos
perigosos e foram sistematicamente eliminados. Trazendo em consequência uma
conquista veloz da natureza e suas matérias primas, mas de uma maneira extremamente
brutal. O avanço da tecnologia trouxe a concepção que a natureza é infinita para os
norte-americanos, a acelerada expansão agrícola trouxe várias consequências com essa
perspectiva, assim como a erosão dos solos e à salinização de grandes extensões de
ecossistemas como o semiárido e o Deserto. Também foram criadas medidas políticas
de restauração, que apesar de muito efetivas, tem o altíssimo custeio.
3.2. Povoamento acelerado: migrações, força de trabalho, expansão do espaço
produtivo
Um importante fator para a potência norte-americana foi a grande quantidade de força
de trabalho disponível, na qual grande parte era fornecida por imigrantes. Desta
maneira, o povoamento inicial da costa leste, onde hoje se estabelece os Estados
Unidos, ocorreu com base no individualismo, acreditando-se que para se obter a
salvação, riqueza e a felicidade, era preciso ser pelo esforço individual. Com o avanço
da colonização, em 1845 uma doutrina chamada Destino Manifesto foi instaurada pelo
colono Fracis Sullivan, onde era representada a crença de que o povo norte-americano
tinha uma vocação divina para expandir seu domínio sobre o mundo, essa doutrina
trouxe consigo uma imensa onda de propagação de ódio a minorias, alimentou o
racismo expansionista e o idealismo internacional.
À medida que a industrialização crescia e necessitava de mais demanda de trabalho, a
imigração aumentou significativamente. Muitos estrangeiros adentraram ao país,
visando o claro crescimento econômico e expansionismo territorial eminente. Em
consequência, foram formados atritos regionais, onde os conflitos da região norte e sul
geraram a Guerra de Secessão. Após a guerra, a vitória da região norte estabeleceu
grandes mudanças para a vida econômica norte-americana. Acelerou-se o grande
desenvolvimento industrial e urbano da região norte, em contrapartida, os derrotados da
região sul além de sofrer economicamente, também foi perdido vários territórios, o que
criou um grande fluxo de migrações internas.

3.3. Dilemas, paradoxos e polaridades da sociedade americana: rumo a uma


reestruturação espacial
Os Estados Unidos foi um país que desde sua fundação, teve diversos dilemas que
marcaram sua sociedade. Contudo, apesar da ideia de um país livre, a liberdade e
igualdade não é uma realidade plena para todos os seus habitantes. Principalmente para
os imigrantes, após o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001, foram restringidas
as liberdades civis, diminuindo significativamente as garantias contra os direitos
fundamentais.
A distribuição de renda se encontrou em contraste, segundo o autor do texto, João Rua
(p.71) “Em 2010, os 20% mais ricos detinham 80% da renda nacional, enquanto os 15%
mais pobres detinham apenas 3,4% […] Em 2010, de acordo com a mesma fonte, 46,2
milhões de americanos viviam abaixo da linha da pobreza (15,1% da população)”. Além
disso, as taxas de desemprego aumentaram cada vez mais, onde os dados fornecidos
demonstram como a diferença étnica no mercado de trabalho é gritante, com a maioria
desempregada imigrante ou negra em contraste com a minoria branca.
Com a eleição de Barack Obama, a longa crise econômica e suas medidas para reverter
a situação, os grupos de ódio (brancos neonazistas, skinheads e negros separatistas)
foram associados a miséria, pobreza e frustração. A hegemonia dos estados unidos se
consolidou depois da segunda guerra mundial, tendo suas forças armadas a posse de
bombas atômicas e o domínio de bases militares pelo mundo. Sendo significativamente
de extrema ajuda o processo de empresas norte-americanas que se tornaram
multinacionais com filiais espalhadas por todo o mundo e o seu orgulho americano,
exercendo influência na famosa Ideia Americana.
4. DIÁLOGO COM O AUTOR
A leitura deste texto foi uma experiência extremamente enriquecedora intelectualmente
para compreender os Estados Unidos como uma grande potência mundial e o seu
processo até se tornar no que é dentro do mundo contemporâneo. Acima de tudo, o
processo me fez compreender melhor como o país norte-americano usou de múltiplas
estratégias, dando destaque ao soft power e suas artimanhas para a manipulação social,
muitas vezes passada despercebida, onde indivíduos do mundo todo são coagidos a agir
e pensar com a ideia de que os Estados Unidos é um grande conto de fadas. Este é um
exemplo de conhecimento adquirido que considero importante para o pensamento
crítico na vida em sociedade e na propagação em massa da mídia.
Em diversos aspectos o autor deixa claro que os Estados Unidos permanece sendo o país
mais poderoso do mundo e as diversas circunstâncias que levam para este fato.
Entretanto ainda existe a tentativa de uma hegemonia compartilhada, em busca de um
novo equilíbrio de poder econômico que não se concentre apenas entre EUA e a Europa.

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