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Os desafios do
mercado de
trabalho na era da
inteligência
artificial.
Introdução
Em sua célebre obra "Tempos Modernos", Charles Chaplin
estabelece uma crítica à desumanização do operário das
fábricas no processo de Revolução Industrial. Entretanto, o
advento da era digital trouxe ainda mais efeitos coisificantes ao
trabalhador, instituindo um novo formato laboral no qual se
anuncia o mérito como fator de recompensa. Nesse âmbito, a
"otimização" tecnológica e a ilusão de reconhecimento
converteram a mão de obra humana em outro cenário de
escravidão.
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Série Black Mirror

No episódio "Fifteen Million Merits", da série "Black Mirror", aborda-se uma realidade em que a
população mais pobre tem que pedalar bicicletas ergométricas para sobreviver. Ainda que
pareça exagero, o roteiro anuncia um dos cruciais problemas humanos do século XXI: enfrentar
os desafios no mercado de trabalho diante do avanço da inteligência artificial. Diante desse
cenário, é fulcral o debate sobre os impactos do uso da tecnologia a serviço do capitalismo e a
impossibilidade de manutenção de dignidade humana.

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Banco de Palavras
Trabalho Capitalismo de plataforma Robótica
Emprego Totalitarismo econômico Dispositivos eletrônicos
Ofício Exército de reserva Mecanização laboral
Ocupação Pejotização laboral Produtividade
Função Precarização da mão de obra Inovação artificial
Cargo Reificação - coisificação Algoritmo funcionais
Labor Autoexploração
Exercício de carreira Submissão voluntária
Tarefa Alastramento da informalidade
Laboração Terceirização da produção
Lavor Sociedade performática

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Repertório
Para Émile Durkhéim, em sociedades bem
desenvolvidas, na divisão do trabalho, ocorreria uma
interdependência funcional entre os indivíduos,
promovendo, dessa forma, a solidariedade orgânica.
Essa característica, quando ausente, remete as
relações de trabalho a um resultado de sociedade
anômica, ou seja, aquela em cujas interações não há
efetivo funcionamento das regras de coesão social.

Faustino
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O trabalho e a noção de dignidade
"Arbeit match frei" ("O trabalho liberta")

-A noção do trabalho como garantidor da dignidade e de um

sentido da vida foi um dos pilares da manipulação da
exploração dos sujeitos.
"O trabalho está matando as pessoas e
ninguém se importa." (Stanford)"

Jeffrey Pfeffer - professor da Escola de Pós Graduação em Negócios, nos EUA.

Nos EUA, a pesquisa de Jeffrey para seu livro destaca que 61% dos trabalhadores consideram
que o estresse laboral trouxe danos a sua saúde.
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O mercado de trabalho para profissionais
do futuro
A ONU elaborou um perfil de 10 habilidades que os profissionais terão no futuro.

Flexibilidade cognitiva - capacidade de ampliar o modo de pensar com caminhos

distintos para superar os problemas do cotidiano.
Negociação - Com o processo de automação do trabalho e ascensão das máquinas, as
habilidades sociais serão imprescindíveis. As relações interpessoais estarão no ponto
essencial para negociar com clientes, colegas, gestores. Essa habilidade está no topo
da lista.

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Orientação para servir - o mercado exige orientação para servir o outro. Como atender
às preocupações dos clientes. Há muitas dúvidas sobre privacidade e segurança e se o
cliente não é esclarecido, isso conduz à perda de credibilidade.
Julgamento e tomada de decisão - profissionais capazes de fazer a leitura e a
interpretação das informações e dados relevantes e, assim, ter condições de julgar e
tomar decisões estratégicas.
Inteligência emocional - envolve a avaliação das emoções de outras pessoas, o
estabelecimento de empatia e a partir daí conseguir resultados esperados. Além disso,
a inteligência emocional compreende a identificação dos nossos próprios sentimentos
para que consigamos gerir as emoções dentro de nós.

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Coordenações com outros

Conexão e colaboração entre profissionais no ambiente de trabalho, e nesse

ponto, as máquinas ainda não se comparam aos humanos.
O bom relacionamento com a equipe para coordenar diferentes ações. Conseguir
transformar diferenças em colaboração comum.

Gestão de pessoas - Embora haja muito avanço em áreas de automação do trabalho e

inteligência artificial, os funcionários são recursos valiosos. Contudo, como qualquer
outro ser humano, eles têm dias complicados, ficam doentes, cansados, desmotivadas.
Por isso, saber direcionar pessoas é saber maximizar produtividade, criar ambiente de
acolhimento, dar espaço para o desenvolvimento de criatividade. Essa habilidade está
direcionada à inteligência emocional.
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Criatividade - O profissional criativo tem a capacidade de conectar informações
aparentemente diferentes e, a partir dessa conexão, construir ideias inovadoras para
apresentar algo novo.
Pensamento crítico - ser um profissional crítico é muito valioso, pois a criticidade
envolve capacidade de usar a lógica como o raciocínio para questionar determinados
problemas.
Resolução de problemas complexos - Elasticidade mental para resolver problemas.
Os solucionadores de problemas difíceis são profissionais requisitados.

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Problematização I
Estamos atrasados para o debate sobre a formação profissional do século XXI.
ainda predomina, no Brasil, o ensino fragmentado das disciplinas, o que interfere na
dificuldade de construir conexões entre os saberes.

- Segundo Sofia Esteves - Presidente do Conselho da DMR e da Cia de Talentos - maior

empresa de Recursos Humanos da América Latina.

- De acordo com dados divulgados pela DMR 1,2 milhão de jovens se candidatou para
6.000 posições oferecidas no processo seletivo da Companhia de Talentos, posições essas
que não foram completamente preenchidas - o perfil de profissionais aderentes às
qualificações exigidas não atinge o grupo necessário.

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Problematização II
É preciso discutir, promover e atuar em uma educação que seja capaz de desenvolver
competências que não sejam automatizadas.

Nos próximos anos, a inteligência artificial tende a substituir empregos e funções. Em estudo
da Universidade de Oxford, em 2019 - prevê que em 20 anos 47% dos empregos terão
desaparecido.

Atualmente um site chamado WebMD, uma coleção de sites de saúde, no qual as pessoas
podem fazer consultas online, recebe mais visitas do que todos os médicos dos Estados
Unidos.

No mundo das disputas judiciais, todos os anos, mais de 60 milhões de desacordos entre
comerciantes do eBay, são resolvidas através de resolução de disputas online. Ou seja, robôs
em vez de advogados ou juízes.
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O capitalismo de plataforma
O uso da inteligência artificial - como estratégia do capitalismo - amplia a noção de lucro
pela automação excessiva. Esse dispositivo contribui para a desvalorização do trabalho
humano, tornando-o substituível.

Esse impacto produzido pelas "Inteligências artificiais" pode ganhar ainda mais substâncias
com:

Inteligência artificial restrita ou fraca - realiza tarefas limitadas: tradução automática,

reconhece voz, etc.
Não possuem consciência.

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Inteligência artificial geral ou forte - capaz de realizar qualquer tarefa intelectual.
Teria habilidades cognitivas: planejamento, criatividade...
Ainda não foi alcançada, mas é o objetivo.

Inteligência artificial superinteligente -

IA muito mais avançada - seria capaz de
superar os humanos em habilidades de
aprendizado, criatividade.

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Os Lawtechs - são startups com matriz tecnológica que
desenvolvem produtos ou prestam serviços da área jurídica -
buscam aplicar soluções de inteligência artificial no Direito.

Além das lawtechs já existem também:

edtechs
fintechs
healthtechs
adtechs

O vaticano concedeu a primeira licença digital a um

aplicativo chamado Confissão, que vai ajudar as pessoas a
se prepararem para se confessar.

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O que fazer se uma sociedade perder a sua empregabilidade?

Hoje já se pensa em uma renda básica universal. (RBU)

Impressora 3D

Costureiras de Bangladesh

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Esse cenário de legiões de indivíduos ociosos pode gerar um caos sem precedentes,
principalmente no âmbito da saúde.
Doenças como estresse, depressão, obesidade e até suicídio podem se agravar ainda
mais.

"Um dos pilares da 'economia política da incerteza' é o desmantelamento do "welfare state

- que contém implicitamente a declaração política de que a sociedade se responsabiliza
pelas aflições socialmente produzidas nos contingentes mais vulneráveis e das redes de
proteção social. O fim do welfare state revela a preponderância de uma política social em
que os indivíduos se tornam os únicos responsáveis no poder, a primeira ministra Margaret
Thatcher declarou: não existe essa coisa chamada sociedade."

65% dos adolescentes que estão no Ensino Médio atualmente trabalharão em um

emprego que ainda não existe.

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Como nosso sistema educacional - escolas e universidades podem lidar com essa
questão?
O conhecimento técnico é muito importante, mas também muito volátil. Máquinas já têm
as respostas prontas; mas e as Soft skills - atitudes, valores, cultura,
autoconhecimento, são aspectos atemporais.

Disparidades educacionais
No Brasil, as distâncias de realidade educacional ampliam o cenário de insegurança quanto
ao futuro.
Considerando 10% das escolas com as maiores notas do ENEM 2017 - 18% são públicas e
82% são particulares. Vale dizer que todas as públicas nesse grupo de elite são federais
ou estaduais de ensino técnico, segundo levantamento da Folha de São Paulo, feito como
dados do MEC.
No outro extremo, 10% das escolas com menores notas, todas são públicas.
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A média do ENEM de 2016 foi 514,65, 70% das escolas públicas ficaram abaixo desse
patamar. Já entre as escolas privadas, somente 2% tiveram desempenham inferior.

A sabotagem educacional

Bourdieu demonstra como a concentração

de diferentes tipos de capitais - econômico,
social e cultural - podem ser empregados
como forma de dominação de algumas
classes sociais sobre outras. Os indivíduos
utilizam o acúmulo desses capitais como
forma de dominação de outros indivíduos.

4 em cada 10 professores do país dão aulas de disciplinas para as quais não têm
formação específica, MEC.
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Universidades e Escolas
Hard Skills - conhecimento técnico, o saber formal.
Soft Skills - relacionamentos, tomada de decisão.

- Repensar o profissional de educação e o ambiente - é

fundamental construir ambiente propício para isso: uma
escola com mais abertura para situações-problemas,
tomadas de decisão, discussão ética.

- O profissional do futuro precisa aprender como pensar e não apenas o que pensar. O
profissional do amanhã terá que ser um "long life learner" - aprender para vida toda.

- A inteligência artificial avança e o profissional do futuro terá que lidar com isso.
As IAGs já têm conhecimento digital, mas não se desenvolveu consciência artificial.
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Um dos grandes problemas da ampliação da inteligência artificial é seu limite ético e
a responsabilidade de seu uso.

E quem é o dono do Chat GPT? A organização

OpenAI, criada em 2015, em tese é sem fins
lucrativos, e vem recebendo aporte financeiro
de diversas empresas com objetivo de
desenvolver a tecnologia. Elon Musk, criador da
Tesla e da SpaceX, é também um dos
cofundadores da OpenAI, mas deixou a
empresa. Além dele, estão na lista Sam Altman,
que está à frente das operações; Peter Thiel,
cofundador do PayPal; e Reid Hoffman,
cofundador do LinkedIn, entre outros.
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Bons
Estudos!
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