Você está na página 1de 1

Programa de Pós-Graduação em Cardiologia e Ciências

Cardiovasculares, Faculdade de Medicina, Universidade Federal


do Rio Grande do Sul

Disciplina: Ensaio Clínico Randomizado


Sigla: CAR00097

Início: 29/05/2023 (segunda-feira)

Término: 31/07/2023 (segunda-feira)

Regente Leila B. Moreira, PhD (PPG Cardiologia, UFRGS)

Co-regente: Lucas Helal, PhD (PPG Cardiologia, UFRGS)

Monitora Paula Portal Teixeira (PPG Endocrinologia, UFRGS)

Materiais do curso Os materiais referentes a este curso estão depositados no GitHub do Prof. Lucas Helal
(www.github.com/lhelal1/car00097) e no moodle.ufrgs.br da disciplina.

Método de Avaliação

A composição de nota será atribuída por nota única, da seguinte maneira:

A - Participação em aula (peso 1): 0, 0 − 10, 0

B - Frequência (peso 1): 0, 0 − 10, 0

C - Entrega das atividades em Moodle (peso 3): 0, 0 − 10, 0

D - Trabalho de Conclusão de Disciplina (peso 5): 0, 0 − 10, 0

A × (1,0) + B × (1,0) + C × (3,0) + D × (5,0)


Nota f inal = 1,0 + 1,0 + 3,0 + 5,0

Para aprovação na disciplina, a nota final deve ser ≥ 7, 0 . O aluno poderá realizar prova individual de recuperação de nota, caso não alcance
média = 7, 0 . Esta será uma prova escrita e a aplicação ser definida individualmente com os professores da disciplina. Casos omissos devem
ser tratados diretamente com os professores por meio de seus contatos.

Súmula
Ensaio clínico randomizado é o delineamento de escolha para avaliar eficácia e efetividade de intervenções em saúde. Entender os aspectos
teóricos, metodológicos, regulatórios e práticos envolvidos no seu planejamento e execução é fundamental para a formação de alunos de pós-
graduação. Nessa disciplina serão abordadas etapas de planejamento de um ensaio clínico randomizado envolvendo definição da questão de
pesquisa, objetivos, tipos de hipóteses (superioridade, equivalência e não-inferioridade), tipos de delineamento (e.g., paralelo, fatorial, crossover,
etc.), população em estudo, recrutamento de participantes, técnicas de randomização, sigilo da alocação, cegamento, escolha das intervenções
e grupos controle, definição de tipos de desfechos, cálculo de tamanho da amostra, plano de análise estatística, controle de qualidade, questões
éticas e regulatórias da pesquisa clínica.

Objetivos
Objetivo Geral
Apresentar e discutir os aspectos metodológicos, regulatórios, práticos e éticos envolvidos no planejamento e condução de um ensaio clínico
randomizado para avaliação de intervenções terapêuticas ou preventivas em Cardiologia.

Objetivos específicos
Ao final da disciplina, o aluno deverá ser capaz de:

Reconhecer questões éticas e de boas práticas em pesquisa clínica/regulatórias fundamentais e envolvidas ao longo de um ensaio clínico
randomizado;

Caracterizar os diferentes tipos de ensaios clínicos randomizados; Estabelecer a hipótese operacional em investigação;

Elaborar a pergunta de pesquisa a ser testada; objetivos; e operacionalizá-los em conjunto a hipótese;

Definir e justificar o grupo intervenção e controle em termos práticos;

Definir e classificar o tipo de desfecho, seu método de quantificação e justificá-los;

Identificar e exercitar as diferentes técnicas de randomização de acordo com as situações mais adequadas;

Definir e diferenciar o conceito de sigilo da alocação e cegamento, e identificar potenciais fontes de quebra dos mesmos;

Identificar potenciais vieses (erros sistemáticos) em ensaios clínicos randomizados e como evitá-los;

Reconhecer elementos necessários para o cálculo do tamanho da amostra de um ensaio clínico randomizado de acordo com os
parâmetros necessários;

Planejar a análise estatística adequada ao tipo, hipótese, objetivo e desfechos do estudo;

Discutir aspectos adicionais como perdas de seguimento, análises de subgrupo, interação de efeito, registro prospectivo, encerramento
precoce, análises interinas, relatos de eventos adversos maiores e relato total do estudo.

Conteúdo Programático

Aula 01 (29/05/2023)
Tema : Introdução e Aspectos Éticos/Regulatórios

Professores: Leila Beltrami e Lucas Helal; Monitora: Paula Teixeira

Aspectos éticos e regulatórios fundamentais;

Sistema CEP/CONEP: Resolução Nº 466/2012, CEP, CONEP e Plataforma Brasil;

Boas Práticas Clínicas/Regulatórias (GCP-ICH E6-R2);

Justificativa para conduzir um ECR;

Eficácia versus efetividade;

Protocolos de ensaios clínicos randomizados;

O que é um ensaio clínico randomizado;

Por que um ensaio clínico randomizado é necessário;

Quando não devo fazer um ensaio clínico randomizado;

Um breve histórico de ensaios clínicos randomizados que marcaram o mundo;

Fases de ensaios clínicos randomizados.

Para a próxima aula:

Aula 02 (05/06/2023)
Tema: Tipos de ensaios clínicos randomizados

Professores: Leila Beltrami e Lucas Helal; Monitora: Paula Teixeira

Paralelo; fatorial;

Crossover (cruzado);

Clusters (conglomerados);

Sequencial;

Com uso de routine-collected-data (dados de prontuário).

Para a próxima aula:

Aula 03 (12/06/2023)
Tema: Pergunta de pesquisa, estratégias para definição da pergunta de pesquisa (e.g., PICOS), tipos de hipóteses, e introdução a elementos
estruturais fundamentais.

Professores: Leila Beltrami e Lucas Helal; Monitora: Paula Teixeira

Como definir a pergunta de pesquisa?;

“A pergunta de pesquisa que vale à pena ser respondida?”;

Factibilidade, Interessante, Novo, Ético e Relevante;

População, Intervenção, Comparador, Outcome (desfecho) Settings (tipo de delineamento);

Como acessar o estado da arte da minha questão de pesquisa?;

Operadores booleanos e chave de busca;

Etapas para implementação de ensaio clínico, anteprojeto de pesquisa, projeto Completo;

Protocolos, Plano de Cálculo Amostral, plano de análise de estatística e Política de Copyright/Data Sharing;

Tramitação ética e regulatória; Registro prospectivo (e.g., ClinicalTrials.gov, ReBeC, etc);

Elaboração de documentos complementares (Manual de Operações, POPs, CRFs, etc).

Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (HCPA)

Para a próxima aula:

Aula 04 (19/06/2023)
Tema: Detalhamento de um ensaio clínico randomizado.

Professores: Leila Beltrami e Lucas Helal; Monitora: Paula Teixeira

Randomização: quasi-experimento e randomizado;

unidade de randomização: unicêntrico vs multicêntrico, paciente vs cluster;

estrutura da alocação dos grupos: em paralelo, cruzado, etc;

tipo de controle: ativo, inativo e controlado para vieses cognitivos (placebo/sham);

implementação do tratamento: single vs fatorial;

tipo de hipótese: superioridade, não-inferioridade e equivalência.

Para a próxima aula:

Aula 05 (26/06/2023)
Tema: Técnicas de Randomização

Professores: Leila Beltrami e Lucas Helal; Monitora: Paula Teixeira

Simples;

Estratificada;

Blocos;

Permutações;

Minimização;

Adaptativa.

Atividade prática

Execução de randomizações simuladas no software R.

Tutorial para a atividade desta aula.


Requer leitura deste tutorial e instalação dos softwares indicados . Tutorial a ser disponibilizado via Moodle

Para a próxima aula:

Aula 06 (03/07/2023)
Tema: Definição e operacionalização de desfechos

Professores: Leila Beltrami e Lucas Helal; Monitora: Paula Teixeira

Quanto à hierarquia clínica (primordiais, intermediários e substitutos);

Quanto à natureza da unidade de análise (tipo de variável);

Quanto à natureza da contabilização (simples ou compostos);

Relevância estatística vs. relevância clínica.

Para a próxima aula:

Aula 07 (10/07/2023)
Tema: Tópicos Especiais em Ensaios Clínicos Randomizados

Professores: Leila Beltrami e Lucas Helal; Monitora: Paula Teixeira

Análise por intenção de tratar;

Análises interinas;

Análise de futilidade;

Encerramento precoce por benefício e por futilidade;

Desfechos de segurança;

Comitês e financiamento;

Envolvimento do participante na pesquisa;

Uso de guias de relato.

Leituras

Lista de Referências Bibliográficas (obrigatórias e não-obrigatórias)


Livros

1 Hulley, Stephen B and Cummings, Steven R and Browner, Warren S and Grady, Deborah G and Newman, Thomas B, Delineando a Pesquisa
Clínica, 2015, Artmed Editora

2 S. A. Julious. Sample Sizes for Clinical Trials. Chapman and Hall/CRC, May. 2023. doi: 10.1201/9780429503658
https://doi.org/10.1201/9780429503658

3 L. M. Friedman, C. D. Furberg, D. L. DeMets, et al. Fundamentals of Clinical Trials. Springer InternationalPublishing, 2015
https://doi.org/10.1007/978-3-319-18539-2

Normas Técnicas, Bioética e Regulamentação

4 ICP GCH E6(R2) - FDA Good Clinical Practices Guidelines, 2018 https://www.fda.gov/media/93884/download

5 Resolução 466/2012, Conselho Nacional de Saúde, Brasil, 2012 https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf

6 Biblioteca de Normas Técnicas, Resoluções e Guias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária sobre medicações, 2012
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/regulamentacao/legislacao/bibliotecas-tematicas/arquivos/medicamentos

7 Regulamentação da Condução de Ensaios Clínicos no Brasil - RDC 09/2015 ANVISA, 2015


http://antigo.anvisa.gov.br/documents/10181/3503972/RDC_09_2015_COMP.pdf/e26e9a44-9cf4-4b30-95bc-
feb39e1bacc6;https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/pesquisaclinica/arquivos/6683json-file-1/\@\@download/file/6683json-
file-1.pdf

8 Fernandes, MS & Goldim, JR. A responsabilidade civil do pesquisador “responsável” nas pesquisas científicas envolvendo seres humanos e a
Resoluçãoo CNS 466/2012. Journal of Contemporary Private Law, 2015

9 B. P. Genro, F. S. L. Vianna, G. dos Santos Dalmolin, et al. “25 anos de Bioética Clínica no HCPA: um pioneirismo que se renova”. In: Clinical &
Biomedical Research, 2018 https://doi.org/10.4322/2357-9730.87256.

10 J. R. Goldim, C. da Fonte Pithan, J. G. de Oliveira, et al. “O processo de consentimento livre e esclarecido em pesquisa: uma nova
abordagem”. In: Revista da Associação Médica Brasileira, 2003. doi: 10.1590/s0104-42302003000400026. https://doi.org/10.1590/s0104-
42302003000400026

11 L. Askie. Trial registration records, updates, and protocols. Lancet, 2016. doi: 10.1016/S0140-6736(16)30965-5. PMID:27477162

12 J. P. A. Ioannidis. Why Most Clinical Research Is Not Useful. PLoS Medicine, 2016. doi: 10.1371/journal.pmed.1002049. PMID: 27328301

13 B. Megan, R. M. Pickering, and M. Weatherall. Design, objectives, execution and reporting of published open-label extension studies. Journal
of Evaluation in Clinical Practice, 2012. doi:10.1111/j.1365-2753.2010.01553.x. PMID: 21040252

14 M. S. Ewer and J. Herson. Cardiovascular adverse events in oncology trials: understanding and appreciating the differences between clinical
trial data and real-world reports. Cardio-Oncology, 2022. doi: 10.1186/s40959-022-00139-w. PMID: 35854393

15 J. Whitehead. Monitoring and evaluating clinical trials data. Intensive Care Medicine, 2000. doi: 10.1007/s001340051123. PMID: 10786963

16 J. Whitehead. On being the statistician on a Data and Safety Monitoring Board. Statistics in medicine, 1999. PMID: 10611616

17 A. M. Younes, M. Salem, A. Maraey, et al. Safety outcomes of SGLT2i in the heart failure trials: A systematic review and Meta-analysis.
International Journal of Cardiology, 2022. doi: 0.1016/j.ijcard.2022.06.059. PMID: 35777490

Methods

21 I. Boutron, F. Tubach, B. Giraudeau, et al. Methodological differences in clinical trials evaluating nonpharmacological and pharmacological
treatments of hip and knee osteoarthritis. JAMA, 2003. doi: 10.1001/jama.290.8.1062. PMID: 12941679

22 K. Broglio. Randomization in Clinical Trials: Permuted Blocks and Stratification. JAMA, 2018. doi: 10.1001/jama.2018.6360. PMID: 29872845

23 A. Chan, A. Hróbjartsson, M. T. Haahr, et al. Empirical evidence for selective reporting of outcomes in randomized trials: comparison of
protocols to published articles. JAMA, 2004, doi: 10.1001/jama.291.20.2457. PMID: 15161896

25 R. R. Dhungana, Z. Pedisic, and M. de Courten. Implementation of non-pharmacological interventions for the treatment of hypertension in
primary care: a narrative review of effectiveness, cost-effectiveness, barriers, and facilitators. BMC Primary Care, 2022. doi: 10.1186/s12875-022-
01884-8. PMID: 36418958

26 R. Estruch, E. Ros, J. Salas-Salvadó, et al. Primary Prevention of Cardiovascular Disease with a Mediterranean Diet Supplemented with Extra-
Virgin Olive Oil or Nuts. N Engl J Med, 2018. doi: 10.1056/NEJMoa1800389. PMID: 29897866

27 R. Estruch, E. Ros, J. Salas-Salvadó, et al. Primary prevention of cardiovascular disease with a Mediterranean diet. N Engl J Med, 2013. doi:
10.1056/NEJMoa1200303. PMID: 23432189

28 R. Estruch, E. Ros, J. Salas-Salvadó, et al. Retraction and Republication: Primary Prevention of Cardiovascular Disease with a Mediterranean
Diet. N Engl J Med, 2013. doi: 10.1056/NEJMc1806491. PMID: 29897867

29 G. Gómez, M. Gómez-Mateu, and U. Dafni. Informed choice of composite end points in cardiovascular trials. Circulation: Cardiovascular
Quality and Outcomes, 2014. doi: 10.1161/CIRCOUTCOMES.113.000149. PMID: 24425702

31 A. Granholm, B. S. Kaas-Hansen, T. Lange, et al. An overview of methodological considerations regarding adaptive stopping, arm dropping,
and randomization in clinical trials. Journal of Clinical Epidemiology, 2023. doi: 10.1016/j.jclinepi.2022.11.002. PMID: 36400262

32 N. Marx, D. K. McGuire, V. Perkovic, et al. Composite Primary End Points in Cardiovascular Outcomes Trials Involving Type 2 Diabetes
Patients: Should Unstable Angina Be Included in the Primary End Point? Diabetes Care, 2017. doi: 10.2337/dc17-0068. PMID: 28830955

35 J. Pogue, P. J. Devereaux, L. Thabane, et al. Designing and analyzing clinical trials with composite outcomes: consideration of possible
treatment differences between the individual outcomes. PloS One, 2012. doi: 10.1371/journal.pone.0034785. PMID: 22529934

38 R. Stefanos, D’. Graziella, and T. Giovanni. Methodological aspects of superiority, equivalence, and non-inferiority trials. Internal and
Emergency Medicine, 2020. doi: 10.1007/s11739-020-02450-9. PMID: 32705494

39 Z. W. Tan, A. C. Tan, T. Li, et al. Has the reporting quality of published randomised controlled trial protocols improved since the SPIRIT
statement? A methodological study. BMJ Open, 2020. doi:10.1136/bmjopen-2020-038283. PMID: 32847919

40 J. Whitehead. Interim analyses and stopping rules in cancer clinical trials. Br J Cancer, 1993. doi: 10.1038/bjc.1993.500. PMID: 8260370

Conceituais

41 R. Berghmans and H. C. Schouten. Sir Karl Popper, swans, and the general practitioner. BMJ, 2011. doi: 10.1136/bmj.d5469. PMID: 21968125

42 D. Moher, S. Hopewell, K. F. Schulz, et al. CONSORT 2010 explanation and elaboration: updated guidelines for reporting parallel group
randomised trials. BMJ, 2010. doi:10.1136/bmj.c869. PMID: 20332511

43 L. Bero. Addressing Bias and Conflict of Interest Among Biomedical Researchers. JAMA, 2017. doi: 10.1001/jama.2017.3854. PMID:
28464166

44 D. A. Morrow and S. D. Wiviott. Classification of Deaths in Cardiovascular Outcomes Trials. Circulation, 2019.
doi:10.1161/CIRCULATIONAHA.118.038359. PMID: 30742536

45 C. McLeod, R. Norman, E. Litton, et al. Choosing primary endpoints for clinical trials of health care interventions. Contemporary Clinical Trials
Communications, 2019. doi: 10.1016/j.conctc.2019.100486. PMID: 31799474

46 P. Goyal, A. J. Sauer, and M. W. Rich. All-Cause Mortality as an End Point for Heart Failure With Preserved Ejection Fraction:
Underperformance or Overambitious? Journal of Cardiac Failure, 2022. doi:10.1016/j.cardfail.2021.12.001. PMID: 35000864

47 V. L. Serebruany. The FDA prasugrel review: adjudication of myocardial infarction controversy. Cardiology, 2009. doi: 10.1159/000224157.
PMID: 19506374

48 A. G. Singal, P. D. R. Higgins, and A. K. Waljee. A primer on effectiveness and efficacy trials. Clinical and Translational Gastroenterology, 2014.
doi: 10.1038/ctg.2013.13>. PMID: 24384867

49 R. Collins, C. Reith, J. Emberson, et al. Interpretation of the evidence for the efficacy and safety of statin therapy. Lancet, 2016. doi:
10.1016/S0140-6736(16)31357-5. PMID: 27616593

50 M. A. Hernán and S. Hernández-Díaz. Beyond the intention-to-treat in comparative effectiveness research. Clinical Trials, 2012. doi:
10.1177/1740774511420743. PMID: 21948059

51 J. Wittes. Stopping a trial early - and then what? Clinical Trials, 2012. doi: 10.1177/1740774512454600. PMID: 22879573

Você também pode gostar