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21/05/2022 21:04 Roteiro de Estudos

Saúde Baseada em Evidências

Roteiro de

Estudos
Autor: Ma. Camila Girotto da Silva
Revisor: Dr. Teresa Schimidt

As pesquisas científicas permitem chegar às respostas aos problemas ou ao caminho mais


adequado para solucioná-los. Na área da saúde, as pesquisas avançam continuamente,
possibilitando inúmeras descobertas e a necessidade de reajuste/mudanças na forma de
raciocinar e agir diante das mais distintas situações. Para tanto, é importante enfatizar que os
conhecimentos sobre novas doenças e o desenvolvimento de técnicas para diagnósticos e
métodos de tratamento, juntamente com outros fatores, podem contribuir consideravelmente
para a melhoria da qualidade de vida.
Caro(a) estudante, ao ler este roteiro, você vai:
conhecer os elementos necessários para a elaboração de um protocolo de pesquisa;
conhecer os passos e os requisitos na elaboração de uma questão de pesquisa;
compreender como são realizados os estudos transversais e de caso-controle;
conhecer a Medicina Baseada em Evidências, os níveis e graus de recomendação e a
análise crítica de estudos;
compreender a importância dos princípios éticos e bioéticos e dos conflitos de interesse
no desenvolvimento das pesquisas.

Introdução
As pesquisas científicas são primordiais para a área da saúde. A partir delas, é possível ter o
conhecimento de novas doenças e o desenvolvimento de novas técnicas para diagnóstico e

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métodos de tratamento, pautados no rigor científico, que busca segurança, efetividade,


eficiência e eficácia das práticas a serem utilizadas.
Dessa forma, é fundamental conhecer como devem ser realizados os protocolos de pesquisa,
verificando: a importância de cada elemento, a origem dessa pesquisa, a classificação dos
estudos que podem ser aplicados, a diferença entre os estudos observacionais e os
experimentais, os princípios éticos envolvidos e como tratar os dados obtidos, a partir de uma
análise criteriosa, auxiliando na tomada de decisão dos profissionais da área da saúde.

Elaboração de um Protocolo de
Pesquisa Componentes
Necessários
Para o desenvolvimento de uma pesquisa, inicialmente, precisamos ter em mente que é
necessário desenvolver um protocolo de pesquisa, descrevendo o plano escrito do estudo a ser
executado. Visto que, de acordo com Lopes e Harrington (2015, p. 38), “Todo médico deve
oferecer o melhor cuidado a seus pacientes, baseando suas práticas nas evidências geradas
por pesquisas clínicas em combinação com o próprio julgamento clínico.”
Como sabemos, os protocolos de pesquisa são muito utilizados como instrumentos para a
solicitação de recursos financeiros, além de configurarem elementos obrigatórios para a
avaliação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). O CEP é um comitê composto por uma
equipe interdisciplinar, criado para defender os interesses dos participantes da pesquisa em
sua integridade e dignidade, objetivando o desenvolvimento da pesquisa dentro dos padrões
éticos. O processo ocorre com uma avaliação do protocolo pelo comitê, iniciado somente
mediante autorização.
Para destinar um protocolo à revisão ética, o pesquisador responsável precisa submetê-lo à
apreciação do sistema CEP/Conep. Esse sistema é formado pela integração entre o CEP e a
Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), sendo a Plataforma Brasil o sistema oficial
para o lançamento de pesquisas à análise e ao monitoramento do sistema. É importante frisar,
aqui, que o pesquisador precisa estar cadastrado para ter acesso e que os protocolos somente
serão analisados a partir dessa plataforma e com toda a documentação solicitada.
Assim, o projeto encaminhado ao CEP deve:
conter os componentes básicos de um protocolo de pesquisa;

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descrever todos os propósitos e as hipóteses a serem testadas;


fornecer os dados que justifiquem a realização da pesquisa;
detalhar a descrição do projeto e a especificação da duração total da pesquisa;
apresentar um documento obrigatório denominado Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE).
Além de todos esses requisitos, atente-se para o fato de que o TCLE deverá:
trazer a justificativa, os objetivos e os procedimentos que serão realizados na pesquisa;
informar os possíveis riscos e os benefícios provenientes da pesquisa;
fornecer o consentimento de autorização para a coleta;
informar dados sobre depósito, armazenamento e utilização de material biológico;
esclarecer a forma sob a qual será realizado o acompanhamento, assim como a garantia
de sigilo das informações obtidas durante a pesquisa (BRASIL, 2012).
Fica claro, assim, que, somente a partir do protocolo, o pesquisador poderá organizar a sua
pesquisa de forma mais lógica, objetiva e com maior eficiência (HULLEY
et al.
, 2015).
Veja, no Quadro 1, a seguir, os componentes de um protocolo de pesquisa.

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Elemento Objetivo

●     Questões de pesquisa. Quais questões serão abordadas pelo estudo?

●     Relevância (
background
). Por que essas questões são importantes?

●     Delineamento.

●     Eixo temporal.


Como o estudo é estruturado?
●     Abordagem epidemiológica.

●     Sujeitos.

●     Critérios de seleção.

Quem são os sujeitos e como eles serão


●     Critérios de exclusão.

selecionados? Como serão acompanhados?


●     Desenho amostral.

●     Critérios de descontinuação.

●     Variáveis.

●     Variáveis preditoras.

Quais medições serão realizadas?


●     Variáveis confundidoras.

●     Variáveis de desfecho.

●     Aspectos estatísticos.

●     Hipóteses.

●     Tamanho de amostra.


Qual é o tamanho do estudo e como ele será
●     Técnica e instrumentos de coletado e analisado?
coleta de dados.

●     Abordagem analítica.

Quadro 1 − Elementos de um protocolo de pesquisa

Fonte: Adaptado de Hulley


et al
. (2015).

Para melhor compreensão acerca desse tema, observe as principais características dos
elementos do protocolo de pesquisa, na sequência.
Questão de pesquisa: diz respeito àquilo que o investigador deseja resolver. Essas
questões partem de uma preocupação geral, que se reduz a um objetivo mais específico,
delimitando, dessa forma, o tema de estudo para a elaboração do protocolo.
Relevância: visa trazer maior contextualização à pesquisa, ou seja, mostra como o estudo
pode ser inserido em um contexto amplo, apresentando a justificativa desse estudo.
Algumas perguntas que compõem essa etapa seriam: quais são os conhecimentos sobre
o tema?; por que podemos considerar a questão de pesquisa importante?; quais são as
respostas que o estudo poderá fornecer? Assim, podem ser inseridos os conhecimentos
prévios sobre o tema, os de outros autores ou, até mesmo, os conhecimentos a respeito

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de pesquisas desenvolvidas pelo próprio pesquisador. A partir desse processo, os


resultados obtidos podem ser muito eficazes no auxílio da resolução das incertezas que
motivaram a pesquisa, estabelecendo uma nova compreensão científica, além de também
servirem como uma influência para a tomada de decisões.
Delineamento experimental: tem o objetivo de descrever como será estruturado o estudo.
Assim, é possível destinar a pesquisa a um estudo observacional, realizando aferições nos
sujeitos do estudo ou a partir de um ensaio clínico, sendo viável uma intervenção e o
exame dos efeitos dela.
Sujeitos do estudo: seria a especificação dos critérios de inclusão e de exclusão no
momento de definir a população-alvo, ou seja, são as características que devem ser
observadas, a fim de definir as pessoas adequadas à questão de pesquisa. Além da
definição, é necessário recrutar um número apropriado de pessoas de um subconjunto
acessível dessa população, que serão os reais sujeitos do estudo.
Variáveis: é um conjunto de decisões que devem ser tomadas no delineamento e que se
referem à escolha de quais variáveis medir. Em um estudo analítico, por exemplo, o
investigador estuda a associação entre duas ou mais variáveis para, só assim, predizer os
desfechos e, dessa forma, fazer inferências sobre causa e efeito. Na associação entre duas
variáveis, existe a que precede a análise, chamada de
variável preditora
(exemplo: idade,
sexo, raça, história de tabagismo), e a
variável de desfecho
(exemplo: infartos, acidentes
vasculares encefálicos, odor desagradável). Além dessas duas, há as variáveis
confundidoras, que são capazes de gerar outros desfechos e, assim, confundir a
interpretação dos achados. Para isso, em ensaios clínicos, é utilizada a randomização.
Aspectos estatísticos: o pesquisador precisa planejar como estimar o tamanho da amostra
e como será realizada a análise dos dados obtidos. Para isso, geralmente, há o
envolvimento da especificação de uma hipótese.

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LIVRO

Delineando a pesquisa clínica


Autores
: Stephen B. Hulley, Steven R. Cunnings, Warren S.
Browner, Debora G. Grady e Thomas B. Newman
Editora
: Artmed
Ano
: 2015
Comentário
: o livro aborda, de forma clara, rica e em detalhes,
os elementos que devem estar presentes em um protocolo de
pesquisa, como modo de complementar os estudos. Sugerimos
a leitura dos Capítulos 1 e 2, da Seção I, para melhor
compreensão do assunto tratado no tópico.
Disponível na Minha Biblioteca.

LIVRO

Compreendendo a pesquisa clínica


Autores:
Renato D. Lopes e Robert A. Harrington
Editora:
Grupo A
Ano:
2015
Comentário:
a obra é essencial para quem busca compreender
os resultados de estudos clínicos. Ela aborda a evolução da
pesquisa clínica, além de apresentar suas fases e revisar os
princípios básicos, operacionais e suas melhores práticas.
Disponível na Minha Biblioteca.

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Origem de uma Questão de


Pesquisa
Para iniciar uma investigação, é necessário delimitar um tema ou um assunto, a partir da
elaboração de um problema ou de uma questão de pesquisa. A pergunta de pesquisa é a
primeira etapa desse processo, e pode ser entendida como objeto de estudo ou objeto da
pesquisa. Ela também pode ser caracterizada como uma incerteza ou uma dificuldade acerca
dos conhecimentos, seja de ordem teórica ou prática, que o pesquisador pretende resolver ao
desenvolver o estudo (DYNIEWICZ, 2014).
Com base nesses aspectos, podemos entender que a pergunta deve ser específica, clara,
explícita e operacional, bem como ser relevante e original, trazendo inovações e possibilitando
novos achados. Então, para a identificação e a formulação do problema da pesquisa, é
necessário que o pesquisador tenha um pensamento crítico, já que a definição, a formulação e
a análise é que definirão o tipo e o delineamento da pesquisa.
Mesmo quando é possível responder a uma questão, é provável que as incertezas persistam,
como é o caso dos estudos clínicos, por exemplo, em que são realizados testes que verificam a
efetividade de uma nova substância, mas que, ao mesmo tempo, trazem questionamentos
acerca do período de tratamento ou das reações adversas.
Há um grande desafio em se chegar a uma questão de pesquisa, pois é necessário definir uma
questão importante, que possa ser transformada em um plano de estudo factível e válido. Para
pesquisadores experientes, as questões de pesquisa são originadas a partir de “achados” e de
problemas observados em estudos anteriores, assim como a partir de estudos já realizados por
outros pesquisadores da área; enquanto um pesquisador iniciante ainda não teve a
oportunidade para desenvolver essa experiência (HULLEY, 2015).
Para tanto, é necessário estar sempre atento às publicações científicas das áreas pelas quais se
tem maior interesse. Possivelmente, em algum momento, o interesse sobre determinado
estudo de algum tratamento que já tenha considerado inadequado surgirá. Isso refletirá no
que poderia ser realizado para melhorar o desfecho.
É muito importante, também, ter um domínio da leitura publicada na área de estudo pela qual
se tem interesse, constituindo esse aspecto um precursor necessário para uma boa pesquisa.
Além disso, o comparecimento em congressos em que são apresentados trabalhos recentes na
área é muito útil.

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LIVRO

Metodologia da pesquisa em saúde para iniciantes


Autora
: Ana Maria Dyeniewicz
Editora
: Difusão
Ano
: 2014
Comentário
: é muito importante ter conhecimento a respeito
de como devem ser elaborados os projetos de pesquisa. Esse
livro apresenta uma linguagem clara e objetiva sobre as etapas
de elaboração de um projeto de pesquisa. Sugerimos a leitura
das Unidades 2, 3 e 4 para uma maior compreensão do
conteúdo.
Disponível na Biblioteca Virtual.

Estudos Transversais e de Caso-


controle
Nos estudos epidemiológicos, pode haver estudos observacionais, em que os objetivos são,
basicamente: descritivos, ao examinar as distribuições das variáveis preditoras e de desfecho
de uma população, e analíticos, ao caracterizar as associações entre as variáveis.
No estudo transversal, as medições são realizadas em um único momento ou durante um curto
período. Assim, delimita-se uma amostra da população, em que são examinadas as variáveis
preditora e de desfecho, com base na plausibilidade biológica e em informações provenientes
de outras fontes. De acordo com Lopes e Harrington (2015, p. 183),

Os estudos transversais coletam dados sobre a saúde e o status de exposição


de uma população em um único ponto do tempo. Diferente dos estudos de
coorte, os membros de um estudo transversal não são acompanhados
longitudinalmente.

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Um bom exemplo desse processo pode ser o de um pesquisador que tenha interesse em
estudar a relação entre peso corporal e pressão arterial. Ele pode realizar as medições das
variáveis nos participantes em uma única visita e, assim, avaliar se os participantes com maior
peso corporal apresentam maior probabilidade de hipertensão (HULLEY, 2015).
Nos estudos transversais, geralmente, obtêm-se informações apenas sobre a prevalência, ou
seja, a proporção de pessoas que têm a doença ou a condição clínica em determinado
momento. A prevalência torna-se um instrumento útil para os médicos, pois eles necessitam
estimar a probabilidade de o paciente ter determinada doença. Assim, quanto maior é a
prevalência de uma doença em indivíduos que apresentam determinados sintomas, maior
deverá ser o planejamento com profissionais da área da saúde sobre o tratamento e, assim,
alocar recursos para cuidar dos indivíduos.
Um dos pontos fortes dos estudos transversais é o fato de que não é necessário esperar a
ocorrência do desfecho, sendo os estudos mais rápidos e de baixo custo. Além disso, esse pode
ser o primeiro passo para um ensaio clínico. No entanto, para estudos de doenças raras, os
estudos transversais podem ser pouco práticos, a não ser que, nesse caso, a amostra tenha
sido sorteada de uma população composta por pessoas doentes, e não da população geral.
Uma vez que os estudos transversais medem a prevalência, mas não a incidência, é necessário
ter cautela ao inferir sobre causalidade, prognóstico ou história natural da doença. Por
exemplo: em um estudo em que se observa que a obesidade está associada à maior sobrevida
em pacientes em diálise, um estudo transversal sobre os preditores de doença renal crônica
poderia fazer com que houvesse uma superestimação da associação entre a obesidade e a
doença renal crônica (HULLEY, 2015).
Portanto, o estudo transversal pode ser caracterizado pela impossibilidade de se ter certeza a
respeito da exposição, se ela antecede ou é se é uma consequência da doença ou uma
condição relacionada à saúde (LIMA-COSTA; BARRETO, 2003). Ainda segundo Lopes e
Harrington (2015, p. 41),

Os melhores estudos transversais utilizam amostragem estatística para


selecionar indivíduos para o estudo que representam precisamente a
população de interesse. Isso, por sua vez, torna quaisquer resultados de estudo
prontamente generalizáveis.

Por sua vez, os estudos de caso-controle e os estudos de coorte são muito utilizados como um
o primeiro passo na investigação da etiologia de doenças ou de condições relacionadas à
saúde, além disso, também podem ser utilizados para a avaliação de ações e serviços de saúde.
Os estudos de coorte também são utilizados na investigação da história natural das doenças
(LIMA-COSTA; BARRETO, 2003).

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Os estudos de caso-controle podem ser utilizados para responder às questões que envolvem
doenças raras. No desenho experimental, há uma comparação entre pessoas que têm a
doença (casos) e um grupo livre da doença (controle). Nesses estudos, a proporção de casos e
controle é determinada de acordo com o número de indivíduos que o pesquisador deseja
amostrar, e não pelas proporções na população. Veja o que apresenta o autor:

Um exemplo de estudo caso-controle seria investigar o possível efeito de uma


dieta rica em sal sobre doença cardiovascular. O estudo inicia-se com um
grupo de pacientes com doença cardiovascular (casos) e um grupo de
indivíduos sem doença cardiovascular (controle). É realizado um questionário
para investigar os hábitos alimentares dos pacientes e, então, estabelecer uma
possível relação de associação entre os pacientes que ingeriram dieta rica em
sal e que desenvolveram ou não doença cardiovascular (EL DIB, 2007, p. 3).

Nos estudos experimentais (ou estudos não observacionais), há uma intervenção deliberada,
em que o planejamento é realizado pelo pesquisador, no sentido de provocar um efeito
enquanto controla outras condições. O objetivo desses estudos é determinar o resultado da
intervenção, geralmente realizada por meio de uma comparação com um grupo que não sofreu
nenhum tipo de intervenção e por outro que sofreu uma intervenção.

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LIVRO

Manual de Pesquisa Clínica Aplicada à Saúde


Autora:
Adriana Claudia Lunardi
Editora:
Blucher
Ano:
2020
Comentário:
a autora faz uma análise sobre as pesquisas
clínicas aplicadas na saúde, por meio de um olhar das
metodologias quantitativas e qualitativas, favorecendo
interpretação e apresentação de resultados após o
desenvolvimento de estudos clínicos. É uma obra imprescindível
para aqueles que se dedicam às pesquisas na área de saúde.
Disponível na Minha Biblioteca.

LIVRO

Fundamentos de pesquisa clínica


Autora:
Rania Esteitie
Editora:
Grupo A
Ano:
2015
Comentário:
a obra visa orientar estudantes interessados em
compreender e realizar projetos de pesquisa em saúde. O título
apresenta as ferramentas essenciais para que o iniciante
consiga entender e aplicar o processo por completo.
Disponível na Minha Biblioteca.

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Medicina Baseada em Evidências:


Avaliação Crítica de Estudos
A prática baseada em evidências apresenta um enfoque na solução de problemas, a partir de
evidências científicas. Por sua vez, a Medicina Baseada em Evidências (MBE) pode ser entendida
como uma interligação entre a pesquisa científica e a prática clínica. A partir da MBE, serão
utilizadas provas científicas existentes e que estão disponíveis na atualidade, apresentando
uma boa validade interna e externa, para que os resultados possam ser aplicados na prática
clínica.
A utilização de um tratamento que apresenta evidências científicas para uso está direcionada,
especificamente, a: segurança, efetividade, eficiência e eficácia. Veja os detalhes de cada um
desses aspectos a seguir.
Segurança: significa que a intervenção contém características que são confiáveis,
tornando dificultada a ocorrência de algum efeito indesejável para o paciente.
Efetividade: diz respeito ao funcionamento do tratamento realizado em condições reais.
Eficiência: tem relação com o tratamento, que deve ser acessível, possibilitando a
utilização pelos pacientes.
Eficácia: ocorre quando o tratamento está em funcionamento e em condições de mundo
ideal (EL DIB, 2007).
De acordo com esses aspectos, para uma eficiente utilização dos conceitos da MBE, é
necessário realizar a comparação de uma determinada intervenção com um grupo-controle.
Assim, é possível comprovar a eficácia do tratamento para uma doença ou, ainda, corroborar o
desenvolvimento de estudos mais aprofundados por parte da comunidade científica. O grupo-
controle não receberá a intervenção que será utilizada para teste, dessa forma, ele poderá
receber um tratamento convencional, um placebo ou, até mesmo, nenhuma intervenção. O
grupo-controle será constituído por um conjunto de pessoas que são utilizadas como
parâmetros para comparação do grupo de interesse. Caso seja possível verificar diferenças
entre os resultados, há fortes indícios de que o tratamento de interesse foi efetivo,
considerando que as demais variáveis entre os grupos foram idênticas.
Conforme o delineamento dos diferentes estudos, surgem diferentes níveis de evidências, que
são hierarquizados em ordem de importância e de qualidade.
1. Revisões sistemáticas.
2. Ensaios clínicos randomizados.
3. Estudos de coorte.
4. Estudos de caso-controle.

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5. Série de casos, relato de caso e opinião de especialistas a partir de pesquisas in vitro e


pesquisas in vivo com a utilização de animais.
De acordo com El Dib (2014), a partir do sistema grade, a qualidade da evidência pode ser
classificada em quatro níveis:
A. alta;
B. moderada;
C. baixa;
D. muito baixa.
Você já deve ter percebido que uma nova prática na área da saúde tem se desenvolvido, de
maneira significativa, e recebido um grande destaque. Trata-se da medicina de precisão, que
busca promover um tratamento individualizado para o paciente, de acordo com as
características biológicas deste. A medicina personalizada oferece ao paciente um
medicamento preciso, com dose exata, atuando no momento certo, como prática mais
eficiente e auxiliando na redução dos custos da atenção médica. Essa prática é polêmica e
ainda se encontra em estágios iniciais, mas há grandes expectativas em torno do potencial de
novas tecnologias genômicas na promoção de tratamentos e, até mesmo, de prevenção de
doenças mais complexas (IRIART, 2019).
Para o desenvolvimento das pesquisas na área da saúde, é fundamental que sejam realizadas
pesquisas que comprovem a indicação de um tratamento, um diagnóstico ou o
desenvolvimento de uma vacina. Vale afirmar que a vacina passa pela realização de ensaios
clínicos para a verificação da sua eficácia, podendo levar anos para que possa ser
disponibilizada à população. A partir das evidências encontradas, é necessário realizar uma
análise crítica dos resultados, pautando-se sempre em análises estatísticas para auxiliar na
tomada de decisão. Assim, caso possa ser verificado o risco da administração do tratamento
em determinado parâmetro, será possível suspender o uso ou realizar experimentos utilizando
diferentes variáveis.

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LIVRO

Saúde baseada em evidências


Autores:
Maurício Gomes Pereira
Editora:
Grupo GEN
Ano:
2016
Comentário:
o autor se pauta em evidências de pesquisas e
estudos para embasamento nas tomadas de decisão dos
gestores da área de saúde, em um texto que alia a teoria à
prática, permitindo que os profissionais que atuam na área
tenham compreensão dos direcionamentos que devem seguir
para atingir seus objetivos.
Disponível na Minha Biblioteca.

LIVRO

Medicina
Autores:
Lange
Editora:
Grupo A
Ano:
2011
Comentário:
o livro é dividido por tópicos, em ordem alfabética,
contendo diagnósticos e tratamentos para 519 distintas doenças
e seus sintomas, com apresentação de tabelas e de gráficos que
ilustram e esclarecem a temática. Inclui, ainda, apêndice,
apresentando recursos
on-line
.
Disponível na Minha Biblioteca.

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Princípios Éticos no
Desenvolvimento de Pesquisas
Para o desenvolvimento de pesquisas, além de verificar todos os aspectos relacionados ao
protocolo adequado, também é necessário se atentar aos princípios éticos. As pesquisas que
envolvem os seres humanos geram preocupações éticas, já que os voluntários aceitam
participar da pesquisa, conhecendo os possíveis riscos, em benefício do conhecimento
científico. Segundo Lopes e Harrington (2015, p. 53),

A proteção de voluntários humanos está no centro da ética da pesquisa clínica.


Na maioria dos países, ela é regulada por um conjunto de leis e regras que são
moldados pelos princípios éticos. Estes, por sua vez, formam os requisitos
mínimos da ética na pesquisa clínica. Para entender a aplicação dos valores
éticos à pesquisa clínica, é importante considerar a definição e o escopo da
pesquisa clínica.

De acordo com esse comportamento, podemos reconhecer que, em primeiro lugar, as pessoas
têm o direito de tomar suas próprias decisões ao participar ou não da pesquisa. Assim, o
princípio do respeito à pessoa, ou princípio de autonomia, exige que os pesquisadores tenham
o consentimento informado dos participantes da pesquisa, permitindo, também, que essas
pessoas possam abandonar o estudo a qualquer momento, além da proteção daqueles que
apresentam capacidade decisória reduzida (HULLEY, 2015).
Em segundo lugar, o princípio da beneficência e não maleficência exige que o conhecimento
científico adquirido por meio da pesquisa supere a inconveniência e o risco aos quais os
participantes estão submetidos, promovendo uma minimização desse risco, prezando o bem-
estar do participante. É importante frisar que, aqui, entendemos por riscos não somente os
danos físicos mas também os riscos psicossociais, decorrentes da quebra de confidencialidade
e da discriminação. Portanto, assegurar ao participante a confidencialidade de suas
informações é fundamental.
Já o princípio de justiça requer a igualdade na distribuição dos bens e benefícios às pessoas,
distribuindo-os, portanto, de forma justa. Durante uma pesquisa, esse princípio pode ser
aplicado ao afirmar, por exemplo, que um determinado tratamento ou medicamento não deve
ser oferecido a somente um grupo, deixando de fornecê-lo a outro; ou seja, as pessoas não
podem ser tratadas de forma diferente, sem que o benefício seja recebido por todos os
participantes. Assim, independente de acesso a seguro de saúde, renda ou escolaridade, o
acesso aos benefícios deve estar disponível a todos (HULLEY, 2015).

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Os principais interesses do pesquisador devem ser pautados, principalmente, no fornecimento


de conhecimentos válidos a questões importantes e na proteção da segurança dos
participantes. Os pesquisadores podem, também, ter outros tipos de conflitos de interesses,
como em relação à reputação e à renda, que podem comprometer a investigação, gerando
uma desconfiança da população a respeito da pesquisa.
Sabe-se que a indústria farmacêutica financia uma grande quantidade de estudos de novos
medicamentos, dessa forma, há uma grande preocupação ética na influência que os laços
financeiros podem exercer na condução do experimento, levando a um resultado positivo,
muitas vezes, com uma interpretação exagerada, e na omissão de resultados negativos.

LIVRO

Delineando a pesquisa clínica


Autores
: Stephen B. Hulley, Steven R. Cummings, Warren S.
Browner, Deborah G. Grady e Thomas B. Newman
Editora
: Artmed
Ano
: 2015
Comentário
: o livro aborda, de forma clara e rica em detalhes,
questões éticas, trazendo informações sobre a história das
regulamentações, a pesquisa clínica e como devem ser as
condutas do pesquisador perante o desenvolvimento de
pesquisas com humanos. Sugerimos a leitura do Capítulo 14,
Seção III.
Disponível em Minha Biblioteca.

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21/05/2022 21:04 Roteiro de Estudos

Conclusão
Como vimos em nosso estudo, o processo para o desenvolvimento de pesquisas científicas na
área da saúde requer o conhecimento do pesquisador sobre peças importantes como a
elaboração de um protocolo de pesquisa, que servirá como guia para o desenvolvimento desta.
Esse protocolo estará pautado em um problema de pesquisa, que faz parte, sobretudo, da
curiosidade do pesquisador em obter êxito em sua pesquisa. Além disso, ele também poderá
auxiliar na condução do conhecimento diante de uma nova doença e, assim, prosseguir para
outras pesquisas diagnósticas e terapêuticas.
A MBE está centrada na utilização de provas científicas existentes e disponíveis na atualidade,
que apresentem boa validade interna e externa, para que seus resultados possam ser
aplicados na prática clínica. A partir dos resultados obtidos e de uma análise criteriosa de
resultados, os conhecimentos podem ser utilizados para melhor tomada de decisão dos
profissionais da área da saúde.

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