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Processos de Conformação

Plástica
Professor: DSc. Aureliano Xavier

Cabo de Santo Agostinho - PE


Apresentação
• Professor DSc Aureliano Xavier
• Engenheiro de Materiais – UFCG
- Atuei 12 anos na Indústria Metalúrgica ( Metal-Mecânica)
Experiência em: - Processos de Conformação Mecânica
- Processos de Soldagem
- Tratamento de superfície
• Mestre em Engenharia Mecânica com ênfase em Soldagem – UFCG

• Doutor em Ciências Engenharia de Materiais com ênfase em Corrosão – UFCG

• Líder do grupo de pesquisa CNPQ/UFRPE/UACSA


Processos de Fabricação Metálica e Corrosão

• Vice Coordenador curso de Engenharia de Materiais –


UFRPE/UACSA

aureliano.xavier@ufrpe.br
Processos de Conformação Plástica

Disciplina: Processos de Conformação Plástica


Carga Horária: “60 h” Pré-requisito: Transformação de Fases

Ementa:
Tensões e deformações. Elasticidade e plasticidade. Atrito e lubrificação.
Fatores metalúrgicos na conformação mecânica de metais. Trefilação e Extrusão.
Forjamento. Laminação. Estampagem. Tratamentos Termomecânicos.

Objetivos:
Proporcionar subsídio para que os alunos possam entender as variáveis
envolvidas e os fundamentos das tensões e deformações e os efeitos metalúrgicos
introduzidos sobre os vários processos de conformação plástica: forjamento, extrusão,
trefilação, laminação e estampagem. Tratamentos termomecânicos.
BIBLIOGRAFIA Processos de Conformação Plástica

BÁSICA:

[1] CETLIN, P.R.,HELMAN, H. E; Fundamentos da Conformação Mecânica dos Metais, 2ª


edição, São Paulo: Art Liber, 2005.
[2] CHIAVERINI, Tecnologia Mecânica vol. 2 – Processos de Fabricação e tratamento,
2ª edição, Makron Books, 1995.
[3] GROOVER, M. P., Introdução Aos Processos De Fabricação Mecânica, Rio de
Janeiro: LTC, 2014.
[4] BRESCIANI FILHO, E. Conformação plástica dos metais / 1ª. edição. digital. -- São Paulo
: EPUSP, 2011

COMPLEMENTAR:
[1] CALLISTER, W. D., Fundamentos de ciência e engenharia de materiais, 4ªedição,
Rio de Janeiro: LTC, 2014.
[2] NUNES, L. P., KREISCHER, A. T., Introdução à Metalurgia e aos Materiais Metálicos,
Rio de Janeiro: Intersciência, 2010.
[3] SCHAEFER, L., Conformação Mecânica, 2ªedição, Porto Alegre: Imprensa Livre, 2004.
[4] SWIFT, K. D., BOOKER, J. D., Manufacturing Processing Selection Handbook,
Oxford: Butterworth-Heinemann, 2013.
[5] TRENT, E., WRIGHT, P., Metal Cutting, 4ªedição, Oxford: Butterworth-Heinemann; 2000.
Processos de Conformação Plástica
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Processos de Conformação Plástica

1. Introdução: Conceitos Gerais; Classificações dos Processos de


Conformação Plástica: Conformação Volumétrica e Conformação de Chapas;
2. Comportamento dos Materiais Metálicos na conformação plástica:
Tensões - Deformação; Teoria da deformação plástica dos metais
“encruamento e recristalização”;
3. Aspectos Metalúrgicos: Influência dos contornos de grãos; Influência do
tamanho dos grãos; Conformabilidade dos metais e ligas; Limite de
temperatura nos Processos conformação plástica; Tensão de Escoamento nos
Processos de Conformação;
4. Fatores dos Processos de Conformação Plástica: Temperatura de Trabalho,
Velocidade de conformação; Transferência de Calor; Atrito e Lubrificação;
5. Forjamento: Forjamento em Matriz Aberta; Forjamento em Matriz
Fechada; Forjamento de Precisão; Martelos de Forjamento, Prensas e
Matrizes; Outros Processos Relacionados com o Forjamento;
Processos de Conformação Plástica

6. Extrusão: Tipos de Extrusão; Análise da Extrusão; Matrizes e Prensas de


Extrusão; Outros Processos de Extrusão; Defeitos em Produtos Extrudados.;
7. Trefilação de Barras e Arames: Análise da Trefilação (Mecânica da
Trefilação); Prática da Trefilação (Equipamento de Trefilação, Fieira de
Trefilação, Preparação).
8. Laminação: Laminação de Planos e sua Análise; Laminação de Perfis;
Laminadores; Outros Processos Relacionados com a Laminação;
9. Conformação de Chapas Metálicas: Corte de chapas; Dobramento;
Estampagem; Outras operações de conformação em chapas; Matrizes e
Prensas empregadas nos processos de conformação de chapas; Operações
de conformação de chapas não realizadas em prensas;
10. Processamentos termomecânicos de materiais metálicos: Laminação
controlada, Laminação a quente, Evolução microestrutural nos tratamentos
termomecânicos;
Processos de Conformação Plástica

MÉTODOS DIDÁTICOS DE ENSINO IMPORTANTE !!!

i. Será feito o controle da frequência nas aulas (ATAS);


Aulas expositivas dialogadas ii. Não irei emitir declaração para dispensar alunos
matriculados que estão em estágios ou trabalhando;
“slides” iii. A disciplina será ministrada 100% “presencial”,
entretanto, podendo ou não termos, momento
“artigos” remotos.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

• Avaliações escritas.

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Datas das Avaliações

1ª VA 27/11/2023 (PROVA ESCRITA)

2ª VA 19/02/2024 (PROVA ESCRITA)

3ª VA 26/02/2024 (PROVA ESCRITA)

Final 04/03/2024 (PROVA ESCRITA)


Processos de Conformação Plástica

1 Introdução

Figura 1- Organograma dos Processos de Fabricação


Processos de Conformação Plástica

Classificação de Processos Fabricação

i. Em função do tipo de energia envolvida:


 Processos Mecânicos – utilizam as “forças” (tensões / esforços) para dar a forma
necessária ao produto. São classificados em função do tipo de esforço e da
magnitude do trabalho.
Exemplo: conformação mecânica a frio e Usinagem.
 Processos Metalúrgicos – utilizam o “calor” (temperatura/energia térmica) para,
através da mudança do estado físico, dar a forma ao produto. São classificados em
função da temperatura de trabalho.
Exemplo: Fundição e Soldagem.
 Processos Intermediários – utilizam tanto a “força” como o “calor”, que através da
transformação da estrutura cristalina, dão forma aos produtos.
Exemplo: conformação mecânica a quente.
Processos de Conformação Plástica

ii. Em função do tipo da temperatura de trabalho


 Trabalho a quente
 Trabalho a frio

iii. Em função da tensão de trabalho


 Deformação Plástica – onde as tensões de conformação aplicadas são
menores que a tensão de ruptura do material e seus volumes e
massas são mantidos constantes.
 Ex.: laminação, extrusão, forjamento, etc.
 Remoção Metálica – onde as tensões de conformação aplicadas são
maiores que a tensão de ruptura do material e os volumes e massas
variam durante o processo, pois ocorre remoção de material.
 Ex.: usinagem, estampagem de corte, etc.
Processos de Conformação Plástica

2 Conformação Plástica
2.1 Histórico “Conformação plástica”

• Os primeiros relatos foram 7.000 anos a.C., lá na


antiga União Soviética, os primeiros artesãos
descobriram que, apesar de bastante dúctil e
maleável, o cobre ficava mais duro quando
martelado com outra ferramenta “pedra”,
produzindo joias e armas;

• O ferro só começou a ser usado muito depois (por volta de 3500 a.C.),
Esse homem trabalhava o ferro por uma técnica chamada forjamento,
na qual o metal é aquecido até ficar vermelho, e martelado até atingir a
forma desejada.
Processos de Conformação Plástica

2.2 Conceito “Conformação plástica”


Considerações:
• Processos de manufatura que usa a deformação plástica para mudar a
forma do metal;
• A deformação é resultado do uso de uma ferramenta, geralmente uma
matriz, que aplica tensões que excedem o limite de escoamento do
metal .

esboço

Fig. 1. Processo de laminação (especificamente, laminação de planos)


Processos de Conformação Plástica

Forjamento em matriz aberta;

Forjamento de virabrequim

Vídeos Laminador Mannesman

Calandra
Forjamento em matriz aberta;
Forjamento de virabrequim
Laminador Mannesman
Calandra
Processos de Conformação
Plástica
Professor: DSc. Aureliano Xavier

Cabo de Santo Agostinho - PE


Processos de Conformação Plástica

Quais as propriedades desejadas no material metálico a ser


conformado

• Baixa resistência ao escoamento;


• Elevada ductilidade
Processos de Conformação Plástica

Como essas propriedades podem ser


alteradas para favorecer a execução do
processo de conformação plástica
Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica

2.2.1 Classificação dos Processos de Conformação Plástica

a)quanto a forma do material trabalhado ou do produto final;


b)quanto ao tipo de esforço predominante;
c) quanto a temperatura de trabalho.
Processos de Conformação Plástica

2.2.1.1 Quanto a forma do material trabalhado ou do produto


final

i. Processos de conformação de volumes


Caracterizado por deformações
significativas e grandes mudanças na
forma. A razão área
superficial/volume da peça é
pequena.
Processos de Conformação Plástica

Formas iniciais das peças (esboço)

Tarugos maciço
Processos de Conformação Plástica

2.2.1.1 Quanto a forma do material trabalhado ou do produto final

i. Processos de conformação em chapas

Caracterizado por pequenas


deformações e mudanças na forma. A
razão área superficial/volume da
peça é alta.
Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica

2.2.1.2 Quanto ao tipo de esforço predominante

Tensões
• Compressivas;
• Trativas;
• De dobramento;
• Cisalhamento.

Tensões aplicadas para deformar plasticamente o material são geralmente compressivas.


Processos de Conformação Plástica

• Processos de conformação por compressão direta:


Nos processos de conformação por compressão direta, predomina a força
compressão externa aplicada sobre a peça de trabalho.

Exemplos:
Processos de Conformação Plástica

• Processos de conformação por compressão indireta


Nos processos de conformação por compressão indireta, as forças
externas aplicadas sobre a peça podem ser tanto de tração como de
compressão. Porém as que efetivamente provocam a conformação plástica do
metal são de compressão indireta, forças desenvolvidas pela reação da matriz
sobre a peça.

Exemplo:
Processos de Conformação Plástica

• Processos de conformação por tração (estiramento)

Em que a peça toma a forma da matriz por meio da aplicação de forças


de tração em suas extremidades.
Processos de Conformação Plástica

• Processos de conformação por cisalhamento:


por cisalhamento envolvem forças cisalhantes suficientes
para romper o metal no seu plano de cisalhamento.

• Processos de conformação por flexão:


por flexão as modificações de forma são obtidas
mediante a aplicação de um momento fletor.
Processos de Conformação Plástica

Resumo:

• Laminação, Forjamento, Trefilação, Extrusão (Compressivas);

• Estiramento (tração); Dobramento (tração e compressão) e Corte (cisalhamento).


Processos de Conformação Plástica

2.2.1.3 Quanto a Temperatura de Conformação “Trabalho”

• Conformação a frio ;

• Conformação a Morno ;

• Conformação Quente;

Por que aumentar a


temperatura do processo de
conformação plástica
Processos de Conformação Plástica

Conformação a frio
Processo realizado à temperatura ambiente ou ligeiramente acima < 0,3Tf

Fig. Ilustração do processo de conformação a frio por laminação.

• O trabalho a frio é acompanhado do encruamento ;


• A deformação plástica produz também um aumento no número de discordâncias,
as quais, em virtude de sua interação, resultam num elevado estado de tensão
interna na rede cristalina;
• A estrutura característica do estado encruado examinada ao microscópio
eletrônico, apresenta dentro de cada grão, regiões pobres em discordâncias,
cercadas por um emaranhado altamente denso de discordâncias nos planos de
deslizamento;
• Aumento de resistência e dureza num decréscimo da ductilidade do material.
Processos de Conformação Plástica

Conformação a frio
Vantagens

• maior precisão, logo, tolerâncias mais estreitas que podem ser obtidas;
• melhor acabamento de superfície;
• maiores resistência e dureza da peça devido ao encruamento;
• a orientação de grãos desenvolvida durante a deformação faz com que possam
ser obtidas propriedades direcionais desejáveis no produto final;
• nenhum aquecimento do metal é necessário, o que economiza custos de
equipamentos e combustíveis de fornos e permite maiores taxas de produção;
• Fornecem tolerâncias de precisão e superfícies regulares, minimizando a
quantidade de usinagem requerida, de modo que estas operações podem ser
classificadas como processos net shape ou near net shape.
Processos de Conformação Plástica

Desvantagens
• elevadas forças e potências são exigidas para realizar a operação;
• cuidado deve ser tomado para assegurar que as superfícies do
esboço inicial de trabalho estejam livres de carepas e sujeiras;
• a ductilidade e o encruamento do metal de trabalho limitam o
quanto de conformação pode ser feito na peça. Em algumas
operações, o metal deve ser recozido para permitir que deformação
adicional seja realizada;
• Em outros casos, o metal não é dúctil o suficiente para ser
trabalhado a frio.
Processos de Conformação Plástica

Recozimento para Recristalização


Tratamento é realizado para corrigir a morfologia dos grãos de
metais deformados plasticamente. Quando um metal é conformado a frio
(deformado plasticamente a frio) sua dureza aumenta, pois com a
movimentação de discordâncias outras são formadas, ocorrendo o
aumento da densidade de discordâncias
Grão Encruado
(Energia acumulada)

Microestrutura de um aço antes e após a conformação mecânica. Neste caso a força foi
aplicada na direção vertical, logo a peça, assim como os grãos, foram “achatados”. 47
Processos de Conformação Plástica

Recozimento para Recristalização

Quando este material encruado é aquecido (geralmente acima de 600 ºC


para os aços) a estrutura cristalina adquire mobilidade suficiente para recuperar o
nível de discordâncias original.

Grão Encruado

(Energia acumulada)

Fig 5. Efeito da recuperação, recristalização e crescimento de grão nas propriedades mecânicas e na


forma e tamanho dos grãos.
Processos de Conformação Plástica

“Recuperação e Recristalização”
Deformação dos Grão Cristalinos

Laminação
Processos de Conformação Plástica

Energia de deformação “Aspecto termodinâmico”


Processos de Conformação Plástica
Considerações:
Processos de Conformação Plástica

• A energia de deformação armazenada, altera a energia interna,


que está associada à formação de defeitos cristalinos durante a
deformação plástica;
• Durante a deformação, há a geração de um número muito
grande de discordâncias na rede cristalina, mas além das
discordâncias há geração de vazios, menor quantidade, de
defeitos intersticiais, caracterizados por átomos que durante a
deformação ficam aprisionados em interstícios da rede;
• A quantidade de energia armazenada varia com o tamanho do
grão cristalino e com o teor de impurezas;
• Quanto menor o tamanho do grão, maior a quantidade de
contornos que agem como obstáculos no movimentos das
Processos de Conformação Plástica

Grau de Deformação

• Percentagem de encruamento em função da redução de


área

• Ao : área original da secção transversal


• A : área da secção transversal após a deformação
Processos de Conformação Plástica

Exemplo 1:
Duas barras A e B de um mesmo material metálico, com diâmetro inicial de 10
mm e 12 mm, respectivamente, são submetidas a um processo de trefilação a
frio para redução do diâmetro. Considerando que a barra A tem seu diâmetro
reduzido para 6 mm e a barra B tem eu diâmetro reduzido para 8 mm,
determine qual das duas apresentará maior encruamento no final do
processo.
Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica

• Coeficiente de encruamento (n, strain hardening)


Designação e classificação dos aços
American Iron and Steel Institute
Designação AISI/SAE SAE - Society of Automotive Engineers

 Classe 1045 → aço-carbono com 0,45%C em média;

 Classe 4025 → aço-molibdênio com 0,25%C em média.


Designação e classificação dos aços

Baixo

Médio

Alto

 As propriedades mecânicas dos aços são sensíveis ao teor de carbono,


que é normalmente inferior a 1% em peso.
40XX Aços ao molibdênio 59
60
61
Processos de Conformação Plástica

• Os cristais plasticamente deformados, tem mais energia que os


cristais não deformados, devido ao fato de apresentarem muitas
discordâncias e outras imperfeições.

Material Encruado

• Havendo oportunidade, os átomos desses cristais se reacomodam


de forma a ter um rearranjo perfeito e não deformado.

Material Recristalizado
Processos de Conformação Plástica

Recuperação
• A recuperação do material encruado está relacionada com a eliminação parcial
dos efeitos gerados na deformação plástica da sua microestrutura.

Quais efeitos da deformação plástica


Processos de Conformação Plástica

Recuperação

• A recuperação ocorre em temperatura não muito elevada;


• Reações entre defeitos puntiformes (vazios e átomos intersticiais);

Fig.: Representação esquemática de um vazio e de átomo intersticial na rede cristalina


Processos de Conformação Plástica

• Rearranjo de discordâncias de modo a gerar configurações de


menor energia;

Fig. A: Estrutura emaranhada de Fig. B: Ordenação das discordâncias no


discordâncias nos contornos de grãos. contorno de grão após a recuperação.
Processos de Conformação Plástica

• Na recuperação não há formação de novos grãos, mas


somente a movimentação de algumas discordâncias
que são reorganizadas e, eventualmente, anuladas
formando-se uma estrutura interna com subgrãos;

Fig. - (a) Distribuição aleatória das discordâncias em um material deformado plasticamente;


(b) alinhamento das discordâncias após a recuperação formando paredes poligonais e dando
origem a subgrãos durante a recuperação.
Processos de Conformação Plástica

Tempo de Recuperação

O processo de recuperação é ativado termicamente e,


portanto, depende da temperatura.
Processos de Conformação Plástica

Recristalização

A recristalização visa eliminação total dos efeitos da deformação plástica na


estrutura e nas propriedades do material metálico através da nucleação e crescimento
de grãos cristalinos não deformados no interior da estrutura deformada até a completa
substituição desta.
Processos de Conformação Plástica

Grão Encruado
(Energia acumulada

Fig. Microestrutura de um aço antes e após a conformação mecânica. Neste caso a força foi
aplicada na direção vertical, logo a peça, assim como os grãos, foram “achatados”.
Processos de Conformação Plástica

Mecanismo de Nucleação
• O processo de nucleação, exige energia de ativação, havendo, necessidade
de se elevar a temperatura do material a valores bem mais altos que
aqueles para a recuperação;
• O processo se inicia em regiões com alta densidade de discordâncias;

• Contornos de grão são também regiões preferencias porque apresentam


uma mobilidade maior que os contornos de pequenos ângulo,
característicos dos subgrãos, facilitando a formação dos núcleos;
• A força motriz para a recristalização vem da liberação da energia
armazenada durante a deformação plástica.
Processos de Conformação Plástica

Fig . Efeito da recuperação, recristalização e crescimento de grão nas


propriedades mecânicas e na forma e tamanho dos grãos.
Processos de Conformação Plástica

Temperatura de Recristalização

Temperatura de recristalização é definida como a


temperatura na qual um material metálico é totalmente
recristalizado em um intervalo de tempo de uma hora.

• Tipo de Material;

Fatores de dependência • Condições iniciais;

• Grau de Encruamento.
Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica

Fatores que Influenciam a Recristalização

Tamanho de Grão inicial:

• Quanto menor o tamanho de grão do material antes da


deformação, maior o número de contornos, que se constituem
em obstáculo para o movimento das discordâncias. e, portanto,
maior a quantidade de regiões com altas concentração de
discordâncias, o que aumenta a energia armazenada,
facilitando a recristalização. Assim, para uma mesma
deformação plástica a frio, quanto menor o tamanho do grão
inicial maior a velocidade de recristalização.
Processos de Conformação Plástica

Grau de deformação:

• Quanto maior o grau de deformação plástica, mais fácil


e rápida a recristalização. Uma deformação mais
intensa provoca a geração de um número maior de
discordâncias que, ao se acumularem nos contornos
de grão, criam regiões mais extensas propícias para a
nucleação e com energia armazenada maior.
Processos de Conformação Plástica

Pureza do material:

• Os metais com alto grau de pureza apresentam uma


temperatura de recristalização bem menor que os materiais
com pureza comercial, indicando que a recristalização é
mais fácil em materiais mais puros;
• Isso ocorre porque pequenas quantidades de impurezas
atomicamente dissolvidos no material inibem o
movimento dos contornos de grãos, dificultando o
processo de nucleação e crescimento dos grãos isentos
do efeito da deformação plástica.
Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica

Crescimento de grãos Recristalizados

Considerações:

• Se o material já recristalizado for mantido a uma


temperatura alta, há tendência de alguns continuarem a
crescer, provocando o desaparecimento de outros;
• Como a energia de deformação armazenada já foi
totalmente consumida no processo de recristalização, a
força motriz para o crescimento dos grãos está associada
à redução da energia superficial dos contornos de grãos.
Processos de Conformação Plástica

Recristalização
Conformação a Morno
Processos de Conformação Plástica

Processo realizado na faixa de temperatura de 0,3Tf – 0,5Tf


Vantagens
• menores valores de resistência mecânica e encruamento em temperaturas
intermediárias, favorecendo a maior ductilidade;
• forças e potências mais baixas;
• Boa acabamento superficial;
• possibilidade de geometrias mais complexas;
• necessidade de recozimento pode ser reduzida ou eliminada.
Desvantagens
• Oxidação em baixos níveis;
• Tensões residuais em baixos níveis;
• Maior custo do processo quando comparado a conformação a frio.
Processos de Conformação Plástica

Conformação Quente
Processo realizado em temperaturas pouco acima 0,5Tf (Acima da
temperatura de rescristalização).


Vantagens:
 Menor energia requerida para deformar o metal, já que o limite de escoamento
decresce com o aumento da temperatura;
 Aumento da capacidade do material para escoar sem se romper (ductilidade);
 Homogeneização química das estruturas brutas de fusão (e.g., eliminação de
segregações) em virtude da rápida difusão atômica interna;
 Eliminação de bolhas e poros;
 Eliminação e refino da granulação grosseira e colunar do material fundido,
proporcionado grãos menores, recristalizados e equiaxiais;
 Aumento da tenacidade e ductilidade do material trabalhado em relação ao bruto de
fusão.
Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica

Conformação Quente

Desvantagens

• Necessidade de equipamentos especiais (fornos, manipuladores, etc.) e


gasto de energia para aquecimento das peças;
• Reações do metal com a atmosfera do forno;

• Formação de óxidos, prejudiciais para o acabamento superficial;

• Desgaste das ferramentas é maior e a lubrificação é difícil;

• Necessidade de grandes tolerâncias dimensionais por causa de


expansão e contração térmicas.
Conformação Quente
Processos de Conformação Plástica

Exercício 1
Verifique o quadro abaixo e explique os resultados para cada
tipo de conformação plástica realizada nas etapas de
temperaturas indicadas.

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Processos de Conformação Plástica

Comportamento dos Materiais Metálicos na


conformação plástica: Tensão x Deformação
Deformação plástica e Limite de Escoamento

Fig.4. Estágio de um ensaio de tração em uma liga metálica


Processos de Conformação Plástica

Fig. : Curva tensão-deformação verdadeira para o gráfico de tensão-deformação de


engenharia
Na região plástica, o comportamento do metal pode ser
descrito pela curva de escoamento:
Onde: K = o coeficiente de resistência, MPa
(lbf/in2) e n é o expoente de encruamento
Processos de Conformação Plástica

Determinação da tensão de escoamento processos de conformação


plástica.
Tensão de escoamento
A resistência ao escoamento do metal em função da deformação, é expressa por:

Onde: σe -Tensão de escoamento, MPa


K - coeficiente de resistência, MPa (lbf/in2)
n - expoente de encruamento

Processo a frio;
Processo a quente.
Processos de Conformação Plástica

Tensão Média de Escoamento

Fig. Curva tensão-deformação indicando a localização da tensão média de


escoamento em relação à tensão de escoamento inicial σei e à tensão de
escoamento final σef.

- tensão média de escoamento, Mpa;


ϵ o valor da máxima deformação durante o processo de deformação.
Processos de Conformação
Plástica
Professor: DSc. Aureliano Xavier

Cabo de Santo Agostinho - PE


Processos de Conformação Plástica

Questionamentos
1. Como poderíamos justificar o aumento contínuo da tensão de
escoamento durante a deformação plástica?
2. Justifique porque a tensão de escoamento cresce com o
aumento da taxa de deformação.
Processos de Conformação Plástica

Propriedades do Material na Conformação Plástica

Propriedades desejáveis do material:


• Baixa tensão de escoamento e alta ductilidade.

(Al-Mg ou Mn ou Cu)
Processos de Conformação Plástica

Fig. Curvas tensão-deformação para materiais de alta e baixa tenacidade


Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica

Revisão Sistema Fe-C


Transformações na faixa dos Aços

Diagrama de Fases
Fe-C
Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica

Diagrama de Schaeffler
Processos de Conformação Plástica

Metalurgia da Deformação
Plástica
Processos de Conformação Plástica

Metalurgia da Deformação
Plástica
Metalurgia da Deformação Plástica
Processos de Conformação Plástica

Mecanismo de Deformação Plástica por Escorregamento


“deslizamento ou cisalhamento”
Sistema de deslizamento
“Escorregamento” Rede cúbica de face centrada - CFC

12 sistemas de deslizamento
(ou cisalhamento)
Família de 4 planos {111} com 3 direções compactas [110]
Processos de Conformação Plástica

Planos de baixos índice


Direções de escorregamento especifica, entretanto, devem ser direções compactas
Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica

Sistema de deslizamento
“Escorregamento”
Rede cúbica de corpo centrado - CCC

12 sistemas de deslizamento
(ou cisalhamento)
Família de seis planos {110} com duas direções compactas [111]
Processos de Conformação Plástica

Sistema de deslizamento
“Escorregamento”

Rede Hexagonal Compacta - HC

3 sistemas de deslizamento
(ou cisalhamento)
plano basal {0001} tem três direções compactas [1120]
Processos de Conformação Plástica

Sistema de deslizamento
“Escorregamento”
• O plano preferencial é o de maior densidade planar;
• a direção preferencial é a que apresenta a maior densidade
linear.
Sistema de Escorregamento
Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica

Questionamento

Quais os parâmetros cristalinos que melhor indicam a


facilidade de deformação de um monocristal?

- A deformação plástica só pode acontecer em regiões ou superfícies destes


cristais quem demandam uma menor energia;

- A deformação plástica deve ocorrer por cisalhamento de planos densos e


espaçados, onde as interações de natureza eletrostática seja fracas.
Processos de Conformação Plástica

Sistema de Escorregamento
Processos de Conformação Plástica

Questionamentos:
• Por que os metais com estruturas dos tipos CFC e CCC
são dúcteis e os metais com estrutura HC são frágeis?

• Por que o metal alumínio pode ser conformado


plasticamente até uma espessura de uma folha de papel
(Esse é o caso daqueles rolos de folhas de alumínio que
compramos em supermercados)?

• Em qual situação podemos conformar plasticamente o


aço 1010 até espessuras bem finas.
Processos de Conformação Plástica

EFEITO DA TEMPERATURA NA DUCTILIDADE


&
LIMITE DE ESCOAMENTO
• Ductilidade aumenta e a tensão de escoamento diminui com o
aumento da temperatura.

Fig. -Influência do aumento da temperatura no limite de escoamento e na ductilidade da liga metálica.


Processos de Conformação Plástica

Efeito da Temperatura

• Difusão Atômica
Processos de Conformação Plástica

Efeito da Temperatura

• Movimento de discordâncias

• Com o aumento da temperatura há um aumento na velocidade de


deslocamento das discordâncias favorecendo o destruição mútuo das
mesmas e formação de discordâncias únicas;
• A temperatura favorece a quebra das ligações, contribuindo para a
movimentação das discordâncias.
Processos de Conformação Plástica

Taxa de deformação

Fig.6 – Influência do aumento da taxa de deformação no limite de escoamento de um metal dúctil.


Processos de Conformação Plástica

Considerações - Deformação Plástica

• Em escala microscópica a deformação plástica é o resultado do movimento


dos átomos devido à tensão aplicada;

• O escorregamento de planos atômicos envolve o movimento de


discordâncias;

• Nos sólidos cristalinos a deformação plástica geralmente envolve o


escorregamento de planos atômicos, o movimento de discordâncias;

• a formação e movimento das discordâncias têm papel fundamental para o


aumento da resistência mecânica em muitos materiais. A resistência
mecânica pode ser aumentada restringindo-se o movimento das
discordâncias.
Fatores Metalúrgicos na
Processos de Conformação Plástica

conformação plástica “mecânica”


dos metais

Temperatura Velocidade de
de trabalho Deformação

Estrutura
Formabilidade
Metalúrgica
Processos de Conformação Plástica

Quanto a Temperatura de Conformação “Trabalho”

• Conformação a frio ;

• Conformação a Morno ;

• Conformação Quente;

Por que aumentar a


temperatura do processo de
conformação plástica
Processos de Conformação Plástica

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA EM PROCESSOS


DE CONFORMAÇÃO MECÂNICA EM METAIS
 Metais e suas ligas são comumente conformados em temperaturas que variam desde a
ambiente até próximas ao início de sua fusão.

 Figura: Variação típica do limite


de escoamento de um metal com
aumento de 𝑇ℎ
𝑻
𝑻𝒉 =
𝑻𝑭
𝑇ℎ → Temperatura Homóloga
𝑇 → Temperatura da peça (K)
𝑇𝐹 → Temperatura de início de fusão do metal (K)

É comum, na conformação plástica, tomar a


temperatura de trabalho em relação a
temperatura de fusão do material.
Processos de Conformação Plástica

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA EM
PROCESSOS DE CONFORMAÇÃO MECÂNICA
EM METAIS
 Pela figura da variação típica do limite de escoamento de um metal com
aumento de 𝑇ℎ , percebe-se que:
USUALMENTE
LIMITA O VALOR
A resistência dos metais cai
DE 𝑻𝒉 .
A medida que 𝑇ℎ Menor potência será necessária Metais como
aumenta para executar a operação Zircônio e o Titânio,
oxidam-se
violentamente a altas
Usualmente as taxas de oxidação temperaturas, e o
do metal ao ar crescem oxigênio absorvido
os tornam frágeis.
Processos de Conformação Plástica

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA EM PROCESSOS DE


CONFORMAÇÃO MECÂNICA EM METAIS
OBSERVAÇÃO:
 Para o material sendo deformado a operação pode ser Metais com
classificada como: Temperatura de fusão
Ocorre normalmente baixa, pode realizar
processamento a
para valores de 𝑻𝒉 quente na
acima de 0,6. Ocorre
A QUENTE um amaciamento
temperatura
ambiente. Um
simultâneo com o exemplo, CHUMBO
DEFORMAÇÃO encruamento. ↑ 𝑻 ↓ 𝒀 (𝑇𝐹 ≈ 327°𝐶).
O NIÓBIO (𝑇𝐹 ≈
2415°𝐶), deveria ser
O material endurece aquecido a cerca de
A FRIO por encruamento 1000°C para ser
durante a deformação conformado a quente.
Processos de Conformação Plástica
Processos de Conformação Plástica

VELOCIDADE DE DEFORMAÇÃO

Considerações:
 Quando se deforma um metal, maior parte da energia cedida a este metal é
transformada em calor;
↑Velocidade de deformação ↓Dissipação deste calor
↑ Temperatura do produto fabricado
 Este problema é mais importante na deformação a quente, já que o aumento de
temperatura poderá causar a fusão do metal, caso a temperatura inicial seja
elevada.

121
Processos de Conformação Plástica

INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE DEFORMAÇÃO EM PROCESSOS DE


CONFORMAÇÃO PLÁSTICA
 A dependência entre a velocidade de deformação e a tensão necessária para
deformar o material é dada por:
Onde:
𝑌 → Tensão de escoamento
𝒅𝜺 −𝟏 𝑌0 →Constante (coeficiente de resistência)
𝒀 = 𝒀𝟎 𝜺 ሶ𝒎 𝜺ሶ = (𝒔 ) 𝜀ሶ → Velocidade de deformação
𝒅𝒕 𝑚 → Coeficiente de sensibilidade da tensão de
escoamento a deformação.

Mostra o quão sensível é a tensão


de escoamento a variações em 𝜀.ሶ

122
Processos de Conformação Plástica

123
Processos de Conformação Plástica

124
Processos de Conformação Plástica

INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS METALÚRGICAS


EM PROCESSOS DE CONFORMAÇÃO MECÂNICA
LEMBRANDO:

Processamento
Composição

Propriedades Estrutura
dos metais
Propriedades
Microestrutura

Desempenho
125
Processos de Conformação Plástica

INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS METALÚRGICAS EM PROCESSOS DE


CONFORMAÇÃO PLÁSTICA
 Para Metais puros

 O ponto de fusão da um indicativo de qual forte estão as ligações entre os


átomos e assim:
↑Tfusão ↑ Resistência para uma dada temperatura
 Para ligas
 A adição de elementos de liga, faz com que o ponto de fusão diminua,
porém a sua resistência é aumentada.

Logo, as ligas são mais difíceis de deformar a quente,


que os correspondentes materiais puros, já que a
temperatura máxima que pode ser trabalhada é menor. 126
Processos de Conformação Plástica

INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS METALÚRGICAS EM Matriz : O material


que está presente em
PROCESSOS DE CONFORMAÇÃO PLÁSTICA maior quantidade
Segunda fase:
Material restante

“Quando a adição de
um elemento de liga a
um metal ultrapassa
certos limites, pode
ocorrer a formação de
uma segunda fase”

Formação de fase:
 (Matriz) Ferro α ou
ferrita: Dúctil
 (Segunda fase)
Cementita ou carbeto
de Ferro: Muito Dura 127
Processos de Conformação Plástica

INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS METALÚRGICAS EM


PROCESSOS DE CONFORMAÇÃO PLÁSTICA
 As propriedades das misturas são fundamentalmente afetadas pelas
fases presentes e quantidade presentes.
Influências:
Quanto maior a quantidade da segunda fase, maior será seu efeito;
 Exemplo: A cementita está mais finamente dispersa em aço carbono hipoeutetóide normalizado
(resfriado a ar) que recozido (resfriado em forno).
Para a mesma quantidade da segunda fase e distribuição espacial, quanto
mais ampla a área de interface , maior o efeito da segunda fase
 Exemplo: aço carbono hipoeutetóides recozidos ( cementita em forma de lamelas) tem resistência
maior que esferoidizados (cementita em forma de esferas, com menor área da interface
matriz/segunda fase).

128
INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS METALÚRGICAS EM
PROCESSOS DE CONFORMAÇÃO PLÁSTICA
 Quanto menor o grão, maior é a área da superfície dos contornos de grão e
mais resistência terá o material (serve também para materiais puros);

 Quando a segunda fase tem um ponto se fusão inferior ao da matriz, se a


temperatura de processamento for suficiente para fundir está fase , pode
ocorrer rupturas durante a deformação (fragilidade a quente).

129
Processos de Conformação Plástica

Obrigado !

Professor DSc Aureliano Xavier


Engenheiro de Materiais - UFCG
Mestre em Engenharia Mecânica -UFCG
Doutor em Ciências Engenharia de Materiais - UFCG
Laboratório de Soldagem & Corrosão – LabSolCorr
aureliano.xavier@ufrpe.br
Processos de Conformação
Plástica
Professor: DSc. Aureliano Xavier

AULA 5
Cabo de Santo Agostinho - PE
132
Processos de Conformação Plástica

Aspecto Metalúrgico da Mecânica


do Contínuo
Influência dos Contornos de Grãos

133
Processos de Conformação Plástica

Pequena desorientação Grande


entre grãos desorientação
entre grãos

134
Processos de Conformação Plástica

Influência do Tamanho de Grãos na Deformação

135
Processos de Conformação Plástica

Conformabilidade (Formabilidade)

• A conformabilidade plástica pode ser definida como a


capacidade do metal, ou da liga metálica, poder ser
processada por deformação plástica sem apresentar defeitos
ou fraturas na peça trabalhada;

• Está associada à ductilidade do material;

• É difícil estabelecer um limite mínimo para a ductilidade


que ainda garanta uma boa conformabilidade dos metais.

136
Processos de Conformação Plástica

137
Processos de Conformação Plástica

Ligas Trabalháveis

Aços
• Um maior percentual de carbono resulta numa menor
trabalhabilidade;
Alumínio
• Tem boa trabalhabilidade pois tem estrutura CFC;
• Em aplicação para resistências até 550 MPa;

138
Processos de Conformação Plástica

Magnésio
• É frágil à temperatura ambiente por possuir estrutura HC;
• É trabalhável para temperaturas acima de 200°C.

Cobre
• É um metal muito dúctil, possui estrutura CFC;
• A maioria das ligas de cobre (zinco, estanho, alumínio, manganês)
possuem boa conformabilidade.

Ligas de Titânio
• É frágil a temperatura ambiente, possui estrutura HC;
• Para temperaturas maior que 800°C é muito dúctil e possui
estrutura CCC. 139
Processos de Conformação Plástica

Ligas resistentes a altas Temperaturas


Níquel e Ni-30%Cu (monel)
• são muito dúcteis;
• Super ligas à base de níquel (Hastelloy, Inconel, Waspaloy, etc) são de
alta resistência a quente e possuem ductilidade limitada a
uma estreita faixa de temperatura;

Ligas de metais refratários (Mo, W, Nb)


• são de difícil trabalhabilidade, apenas em altas temperaturas
e em atmosferas isentas de oxigênio.

140
Aços Inoxidáveis
Processos de Conformação Plástica

Caracterísicas gerais dos aços inoxidáveis

• Principais elementos de liga – Cr e Ni (pelo menos 10 – 12 % Cr);

• Formação de camada protetora de CrO;

• Efeito do Cr na resistência à corrosão.

- Adição de outros elementos de liga: Al, Mo, Cu, Ti, W, Nb e Co. Impurezas: O, P e S
141
Processos de Conformação Plástica

Classificação dos aços Inoxidáveis

• Martensíticos
Liga Fe-Cr-C com Cr (12-18%); C (0,1 até 1%)

• Ferríticos
Liga Fe-Cr-C com Cr: 12-30 %, C: <0,1%

• Austeníticos

Liga Fe-Ni-Cr-C com Ni: 6-26 %, Cr: 16-30 %, C: < 0,3 %

• Duplex

Liga Fe-Cr-Ni-Mo-N com Cr: 18 a 30 %, Ni: 3,5 a 8 %, Mo: 1,5 a 4,5 %, N (0 a 3,5
%) 142
Processos de Conformação Plástica

Aços Inoxidáveis Martensíticos

Características
- Elevada temperabilidade (martensita em resfriamento ao ar
livre)
- Resistência à corrosão satisfatória (meio corrosivos fracos)
- Elevada resistência mecânica, dureza e abrasão

Aplicações

- componenetes de turbina a gás;


- cutelaria;
- Instrumentos cirurgicos;
- mancais; 143
- etc.
Processos de Conformação Plástica

Aços Inoxidáveis Ferríticos

Características
-Não endurecíveis por têmpera (não podem ser completamente austenitizáveis)

-Baixo coeficiente de expansão térmica

-Boa resistência à corrosão e à oxidação à temperatura elevadas elevadas

-Ductilidade e tenacidade satisfatórias (T.ambiente e c/grãos finos)

-Aplicações: caldeiras, eletrodomésticos, balcões frigoríficos, sistemas de


exaustão, recipientes etc

-Classificação AISI 4XX


144
Processos de Conformação Plástica

Aços Inoxidáveis Austeníticos

Características
-Não endurecíveis por tratamento térmico;

-Alto limite de resistência e elevada ductilidade;

-Melhor resistência à corrosão;

-Melhor soldabilidade;

-Aplicações: Indústria química, refinarias de petróleo, eixos, parafusos,


porcas, etc
145
Processos de Conformação Plástica

Materiais para Ferramentas


Requisitos:

• Os materiais para ferramentas são selecionados de


acordo com o processo de conformação mecânica para o
qual serão usados;
• Os materiais devem atender uma série de propriedades,
porém, na busca de produtividades cada vez maiores, um
fator fundamental é sua vida útil;
• A grande maioria do material usado para ferramentas na
conformação plástica são os aços de alta liga. Além destes
se usa ainda o metal duro e a cerâmica de alto146
desempenho.
Processos de Conformação Plástica

Propriedade dos aços para ferramentas


• Dureza a temperatura ambiente
Na maioria dos casos se procura obter a máxima dureza
possível, principalmente em ferramentas/matrizes para
operação de corte.

• Resistência ao desgaste
Fatores influem na resistência ao desgaste:
- dureza do material
- a composição química (composição dos carbonetos);
- endurecimento por encruamento superficial;
- resistência mecânica do aço;
-Fatores não relacionados ao material(tipo de
lubrificação e a temperatura de operação de
147
conformação.. (...)
Processos de Conformação Plástica

Também se pode aumentar a resistência ao desgaste


de ferramentas de aço, através do endurecimento
superficial pela formação de carbonetos e nitretos.
(...)

Tratamento termoquímicos

• Cementação;
• Nitretação

148
Processos de Conformação Plástica

Resistência mecânica
• Em função dos elevados esforços a que estão submetidas as
ferramentas é indispensável que o material possua elevada
resistência mecânica;
• São exigidos altos valores tanto para o limite de resistência
quanto para o limite de escoamento.

Tenacidade
• É uma característica desejável para ferramentas e matrizes;
• Tensões internas, excessiva dureza, reduzem
significativamente a tenacidade do material.

149
Processos de Conformação Plástica

Dureza a quente
- É uma propriedade fundamental para ferramentas e
matrizes utilizadas na conformação a quente (da ordem de 600
°C para aços rápidos);
- A composição química está diretamente relacionada à
dureza a quente (W, Mo e V).

Temperabilidade
-Uma maior penetração de dureza durante a têmpera
garante maior uniformidade de características mecânicas em
grandes seções;
-Os elementos Cr e Mn são os que mais contribuem com o
aumento da temperabilidade dos aços para ferramentas.
150
Processos de Conformação Plástica

Atrito e Lubrificação nos Processos de Conformação Plástic

Como surge o atrito nos processos de conformação


plástica dos metais

• Contato direto entre o ferramental e as superfície do metal;


• Pressões elevadas que mantêm as superfícies em contato nestas operações
151
Processos de Conformação Plástica

Atrito

Efeito do Embarrilamen

152
Processos de Conformação Plástica

Atrito
Mecanismo pelo qual se desenvolve forças na superfície de
dois corpos em contato produzindo resistência ao deslizamento de
um corpo sobre outro.

Fig. Representação esquemática das regiões


de contato verdadeiro entre duas superfícies
Causas: deslizantes

• As forças de atrito entre superfícies metálicas parece residir em forças


de atração (chamadas forças de adesão) entre as pequenas regiões em
contato das superfícies deslizantes;
153
• Estas superfícies apresentam irregularidades microscópicas.
Processos de Conformação Plástica

Efeito do atrito na Conformação Plástica:

• Produção de fluxos irregulares de metal durante a conformação p


• Aparecimento de tensões residuais no produto.
154
Processos de Conformação Plástica

• influência sobre a qualidade superficial dos produtos;


• elevação da temperatura do material a níveis capazes de
comprometer as propriedades mecânicas;
• aumento do desgaste de ferramentas;
• aumento do consumo de energia necessária para conformação
plástica.

155
Processos de Conformação Plástica

Considerações da Força de Atrito

Por que durante o processo de conformação plástica, pode ocorrer o


caldeamento?

Devido as superfícies apresentam irregularidades microscópicas


que chegam a constituir uma solda no estado sólido, devido a uma
deformação plástica localizada. 156
Processos de Conformação Plástica

• Uma pequena força, P, de compressão é suficiente para produzir


deformação plástica nestas irregularidades microscópicas e
gerar uma solda na fase sólida. A força de atrito será, então, o
resultado da resistência ao cisalhamento destas uniões;

• O deslocamento de um corpo em relação a outro exigirá um


esforço de cisalhamento suficiente para romper estas uniões,
aplicado sobre os planos contendo as áreas de contato.

157
Processos de Conformação Plástica

Lubrificação nos Processos de Conformação Plástica

Objetivo: Reduzir o atrito através da introdução de uma camada de


fácil cisalhamento entre ferramenta e peça.
Funções dos Lubrificantes

• Redução de aderência;
• Redução de forças e potências para deformação;
• Aumentar deformação possível antes da fratura;
• Diminui o desgaste da ferramenta;
• Melhorar o acabamento superficial do produto;
• Resfriar a peça e/ou ferramenta;
• Possuir condutividade elétrica para evitar as cargas elétricas 158
Processos de Conformação Plástica

Principais situações de
lubrificação
• Lubrificação hidrodinâmica: filme contínuo do lubrificante;

• Lubrificação marginal: Filme descontínuo do lubrificante;

• Lubrificação elastohidrodinâmica: altas pressões resulta em que o filme


não suporta todo o carregamento. Ocorre pontos de metal contra metal.

159
Processos de Conformação Plástica

Lubrificação hidrodinâmica: filme contínuo do


lubrificante;

• Condições hidrodinâmica, existem quando uma espessa camada de


lubrificante está presente entre as matrizes e a peça;
• A eficácia da lubrificação hidrodinâmica diminui com o aumento da força e
a temperatura entre as superfícies.
160
Processos de Conformação Plástica

Lubrificação marginal: Filme descontínuo do lubrificante;

161
Processos de Conformação Plástica

Lubrificação elastohidrodinâmica: altas pressões resulta em que o


filme não suporta todo o carregamento. Ocorre pontos de metal contra
metal.

162
Processos de Conformação Plástica

Critério para Seleção do


Lubrificante
• Tipo de processo de conformação plástica;
• Se usado no trabalho a frio ou a quente;
• Material da peça conformada;
• Reatividade química como os metais da ferramenta e de
trabalho;
• Facilidade de aplicação;
• Toxidade;
• Custo.

163
Processos de Conformação Plástica

Lubrificantes de acordo com a Temperatura de


trabalho
Trabalho a frio
• Óleo minerais;
• Graxas e óleos graxos;
• Óleo emulsionáveis em água;
• Sabões.

Trabalho a quente
• Óleos minerais;
• Grafite;

164
Processos de Conformação Plástica

Exemplo Prático
No processo de extrusão a quente uma lubrificação adequada é necessária para o
sucesso da operação. Quando a extrusão é realizada em metais que apresentem
tendência de aderir à parede da matriz, qual a lubrificação mais adequada ?

165
Processos de Conformação Plástica

TIPOS DE LUBRIFICAÇÃO

LUBRIFICAÇÃO SECA

• Qualquer sólido de resistência baixa ao cisalhamento


pode ser empregado como lubrificante. Mais frequente é o
uso de lubrificantes sólidos, como polímeros, sabão etc.

166
Processos de Conformação Plástica

LUBRIFICAÇÃO LÍQUIDA

• Neste caso, a película do material interposto entre os corpos é


líquida (óleos etc.) e o parâmetro característico mais
importante a ser considerado é sua viscosidade.

• Se a pressão na película é consequência do movimento das


partes em contato, devido ao arrastamento de líquido para a
interface, o sistema denomina-se "Iubrificação hidrodinâmica"
(situação de operação frequente na conformação mecânica de
metais). 167
Processos de Conformação Plástica

Principais lubrificantes
I. água - apresenta alto calor específico e é o principal constituinte
quando se deseja refrigerar e remover contaminadores
simultaneamente. Com a finalidade de evitar efeitos químicos
secundários, ela deve ser pura (destilada) ou pelo menos tratada;
II. óleos minerais puros –
• geralmente pouco usados;
• São extensamente utilizados quando agregados a óleos e ácidos
graxos. Por exemplo, emprega-se óleo mineral com 2 a 3% de óleo
graxo para laminar pequenas seções; óleo mineral sulfurado com
óleos graxos para estampagem profunda ou extrusão. 168
Processos de Conformação Plástica

III. óleos e ácidos graxos - os ácidos graxo são os mais usados,


formando sabões metálicos devido a ação química sobre o metal. Os
óleos graxos são saponificados e combinados com óleos minerais,
formando graxas utilizadas na trefilação de arames;

IV. ceras - as ceras são razoavelmente bons lubrificantes, conseguindo


suportar altas pressões, principalmente quando combinadas com
ácidos graxos e sabões. São frequentemente empregadas na
estampagem profunda, extrusão e laminação.

169
Processos de Conformação Plástica

V. sabão - sabão metálico em pó é frequentemente empregado na


estampagem profunda e trefilação de arames. Exemplo: oleato de cálcio,
estearato de cálcio etc.
VI. sólidos minerais - podem ser constituídos de componentes ativos e
passivos. Os ativos são usados sob a forma de suspensão coloidal, para
melhorar as propriedades lubrificantes sob alta pressão e/ou alta
temperatura, que se encontram além do intervalo de utilização dos
aditivos orgânicos. A grafita e o bissulfeto de molibdênio são exemplos
comuns. Os passivos são minerais inertes agregados a outros
lubrificantes, que melhoram a adesão ao metal e seu comportamento
em condições críticas de trabalho. São geralmente usados: cal, talco,170
Processos de Conformação Plástica

VII. sólidos metálicos - metais duros podem ser cobertos por metais
macios, tais como o chumbo, cádmio, cobre, índio etc., para facilitar os
processos de trefilação de barras e tubos etc.
VIII. vidros - · são usados como capas de baixo atrito em operações que
alcançam temperaturas suficientemente altas para que o vidro se tome
plástico. Pode ser mencionada a extrusão a quente de aços, trefilação de
tubos etc;
IX. materiais sintéticos - formam uma proporção crescente de lubrificantes
para serem empregados na conformação mecânica de metais . Incluem
materiais tais como o polietilenglicol e o silicone; ambos possuem grande
intervalo de temperaturas de trabalho e a vantagem de se queimar sem
171
Processos de Conformação Plástica

X. Polímeros – materiais como o polietileno, “nylon” e teflon. São


frequentemente empregados sob a forma de laminas de alguns
micra de espessura, em operações de embutimento profundo e
estampagem.

172
Processos de Conformação Plástica

Obrigado !

Professor DSc Aureliano Xavier


Engenheiro de Materiais - UFCG
Mestre em Engenharia Mecânica -UFCG
Doutor em Ciências Engenharia de Materiais - UFCG
Laboratório de Soldagem & Corrosão – LabSolCorr
aureliano.xavier@ufrpe.br
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