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(Da Sra. Ana Caroline Silva Braz/4296731, João Pessoa Polo Epitácio)
Art. 1º Fica criado o Programa Lugar de Mulher, destinado a acolher e apoiar mulheres
em situação de rua vítimas de qualquer modo de violência.
II- Cadastrar, aquelas que ainda não estão cadastradas, no Sistema Único de Saúde
(SUS), garantindo assistência de saúde além da oferecida no programa; e
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III- Combater a pobreza menstrual, distribuindo absorventes e tampões no local sede
do programa.
Art. 3º A Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres poderá delegar a entidades não
governamentais e sem fins lucrativos a seleção de voluntariado para o programa de
que trata o Art. 2º, parágrafo 4, inciso III dessa Lei.
JUSTIFICATIVA
De acordo com Rosa e Brêtas (2015), dentre tantas causas, as violências doméstica e/ou
familiar fazem algumas mulheres chegarem ao limite do que podem suportar. Diante
disso e da extrema necessidade de fugir para salvar a própria vida (algumas vezes a vida
dos filhos também) por falta de outras opções, as mulheres optam por abandonar o lar
e recorre à vida nas ruas. Entretanto, nas ruas as mulheres seguem sendo vítima de
violências, das mais variadas. Passam por opressão apenas por ser mulher, humilhação
geralmente ligada a higiene, abusos sexuais, violência física, entre outras. Em 2022 a
repórter Beatriz Calais escreveu uma matéria contendo depoimentos reais de mulheres
em situação de rua da cidade de São Paulo, entre os depoimentos colhidos está o de
Jandira Mariana Senna de 56 anos que vive em situação de rua há mais de 20 anos. Em
um trecho Jandira relata um caso de violência física sofrido: “Um marido que tive na rua
me batia muito e, um dia, atirou em mim. O resultado foi esse. Tenho que tomar isso
para o resto da minha vida.” A “isso” Jandira se refere a uma injeção diária que precisa
tomar para aliviar as dores causadas por uma hérnia abdominal consequente da
violência. Há ainda relatos de mulheres recém-chegadas as ruas que ficam dias sem
dormir pelo fator medo, e muitas outras que já possuem uma vivência de rua que
adotaram suas próprias estratégias para fugirem da violência. Optam por se disfarçarem
de homem para conseguirem dormir sem serem abusadas sexualmente, dormem (ou
pelo menos tentam) com faca ou qualquer outro objeto que possa ser usado como arma
para se defender e até procuram abrigos disponibilizados pelas prefeituras para
passarem a noite, porém, esses não são o suficiente.
Em várias cidades do Brasil existem abrigos para pessoas em situação de rua, a grande
maioria com horário fixo de entrada até às 19 horas e de saída no máximo às 6 horas.
Em João Pessoa existem dois Centros POP (Centros de Referência Especializado para
População em Situação de Rua) com camas, kit de higiene, espaço para banho, refeições
e espaço de lazer. Entretanto, a grande questão ainda é a que se diz respeito às mulheres
em situação de rua vítimas de violência. Isso porque um lugar para dormir adequado e
espaço privado para higiene não é suficiente para essas mulheres. Além de assistência
social e atendimento médico, elas precisam de acompanhamento psicológico e jurídico,
no mínimo. Se essas mulheres são ou podem ser violentadas de diversas maneiras, por
que oferecer um tratamento único para todas? Isso não pode acontecer. Sendo assim,
a criação do Programa Lugar de Mulher irá garantir atenção especial individualizado
para cada mulher em situação de rua vítima de violência, além de um abrigo feminino
onde possam dormir longe do medo de ser violentada ou de não acordar.
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Brasil tem mais de 31 mil
denúncias de violência doméstica ou familiar contra as mulheres até julho de 2022.
[Brasília] Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, 8 ago. 2022. Disponível
em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2022/eleicoes-2022-periodo-
eleitoral/brasil-tem-mais-de-31-mil-denuncias-violencia-contra-as-mulheres-no-
contexto-de-violencia-domestica-ou-familiar. Acesso em: 19 jan. 2023.
OLIVEIRA, Juliana Lopes; ANDRADE, Laura Freire de. Mulheres em situação de rua:
desigualdade de gênero e estratégias de sobrevivência. Minas Gerais, 2019.