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Escola Superior Politécnica do Bie

José Eduardo Dos Santos

Curso de Enfermagem Superior

Fascículo No 4

Disciplina: Processo Ensino Aprendizagem

Professor(a): Lic. Liset Rodríguez Martínez

Ano Académico 2014


Tema III: A identificação das Necessidades de Aprendizagem da pessoa sã ou doente, da família, do
grupo e da comunidade, A importância da Educação Sanitária.
 A identificação das Necessidades de Aprendizagem do pessoal de saúde e da pessoa sã ou
doente, da família, do grupo e da comunidade. A sua definição. Os seus componentes.
 A Educação Sanitária. A sua definição. As suas formas. A sua importância.

A Identificação das Necessidades de Aprendizagem.


É um facto universalmente aceito que todo profissional e especialista requer duma atualização
sistemática da sua preparação, devido ao incessante desenvolvimento da Ciência e das suas
aplicações. As sociedades que obtiveram um nível de desenvolvimento que possibilita uma existência
ampla de profissionais e especialistas, concentram os seus esforços em evitar a obsolescencia do
conhecimento dos mesmos e em manter um sistema de atualização da preparação, que lhes permita
um desempenho profissional efectivo, a tom com as exigências do desenvolvimento incessante da
sociedade.
Esta realidade gerou uma certa experiência internacional no campo específico desta tarefa, que enfoca-
se a partir da própria trajectória acumulada que tenham os especialistas, da sua preparação teórica e
práctica, das possibilidades de capacitação que brinda a organização na que desempenham-se, do
interesse e da sua motivação e do objectivo específico que se persegue, entre outros fatores principais
a considerar.
A Educação Permanente é um processo sistemático, constante e conscientemente planejado, apoiado
nas necessidades reais e nas perspectivas do Sistema Nacional de Saúde como um tudo e das do
território onde realiza-se. Devem se ter em conta as necessidades dos especialistas como indivíduos e
grupos sociais, enfocadas, obrigatoriamente, para uma transformação qualitativa dos conhecimentos,
das habilidades e das atitudes do capacitado, para assegurar um desenvolvimento integral do indivíduo,
da organização, do território e do Sistema Nacional de Saúde, com o fim de elevar a qualidade e a
efectividade dos resultados do mesmo.
Todo isso supõe, necessariamente, que para abordar a organização da capacitação mediante a
Educação Permanente, seja uma condição prévia que se realize uma investigação que quantifique
esses fatores, para projectar uma capacitação dirigida a um fim concreto e determinado com precisão.
Essa investigação, que abrange o médico, o social, o trabalhista, o organizativo e outros elementos
importantes, denomina-se Identificação das Necessidades de Aprendizagem (INA) e é um passo prévio
e obrigatório à definição do conteúdo, dos métodos e da organização de qualquer tipo de Processo
Educativo. O ponto de partida para começar a investigação da INA é o patrão de trabalho existente pelo
Sistema, desenhado para o posto de trabalho correspondente.
A necessidade de aprendizagem (INA) pode se definir como a separação real entre o desempenho
práctico do indivíduo e o que o Sistema tem previsto nessa função ou posto de trabalho, sempre que
essa diferença obedeça à falta de conhecimentos, preparação ou treinamento.
Quando o desempenho é inferior por outras causas (organizativas, materiais, psico-sociais ou outras,
alheias ao conhecimento, aptitude e qualificação) o problema não tem solução com a capacitação; e por
isso, em toda investigação de Identificação de Necessidades de Aprendizagem é metodológicamente
necessário dividir os problemas e fatores encontrados em dois (2) grandes grupos:
- Os problemas que poden ser resolvidos com a capacitação.
- Os problemas alheios à capacitação e que devem ser resolvidos com outras medidas (organizativas,
técnicas, etcétera).
O processo de Educação Permanente requer, portanto, avaliar o resultado das tarefas de capacitação,
melhorar o desempenho dos especialistas e a qualidade do Sistema, obtida ou não obtida com o
esforço conjunto dos seus componentes, e um desenvolvimento em espiral, onde cada avaliação do
conseguido origina um reinicio do ciclo. Portanto, o Sistema de Educação Permanente é um ciclo
contínuo, cuja primeira etapa (INA) reveste uma importância fundamental, já que:
 Proporciona os elementos necessários para elaborar os cursos e as actividades de capacitação
requeridos para cumprir as Metas e as Políticas de Saúde.
 Subministra elementos complementares sobre as dificuldades e os problemas alheios à
Educação Permanente, para conhecimento da Direcção do Sistema de Saúde.
 Erradica os gastos desnecessários em capacitar por capacitar, centrando os esforços no
necessário e efectivo.
 Induz a uma aceitação geral da capacitação, a obter um Programa de Trabalho que todos os
fatores aceitam como aquele que resolve os problemas que confrontam.
 Garante que os recursos sejam empregados naquilo que terá maior benefício e efectividade para
o melhor cumprimento das Metas e das Políticas de Sistema de Saúde.
 Gera o volume de dados e elementos essenciais para permitir um seguimento e comparar, a
posterioridade, o salto qualitativo do Sistema de Saúde em cada lugar concreto.
A INA constitui uma ferramenta trascendental da Educação Permanente, a qual deve se aplicar com um
enfoque sistêmico e participativo e deve ter muito em conta o contexto que se estuda. Na sua aplicação
é de utilidade o critério epidemiológico e a situação de saúde, assim como os elementos referenciais
derivados da análise das deficiências do desempenho.
Em resumo, as necessidades de aprendizagem ou a capacitação são a resultante de um processo de
comparação entre um patrão de conhecimentos ou habilidades e a realidade. Essa comparação resulta
de contrastar um desempenho ideal ou proposto com o desempenho real, bem seja para um indivíduo
ou para um grupo determinado.

Classificação das necessidades:


Segundo o interesse e o tipo de necessidade, aceita-se por diversos autores a existência dos seguintes
tipos de necessidades:
I. Pela sua forma de se manifestar:
1. Manifestas: São aquelas que resultam evidentes e que surgem como resultado das
mudanças de estrutura, organização, transferência de pessoal, introducção de novas equipes,
métodos de trabalho, programas ou procedimentos, que originam mudanças nos patrões de
atuação planejados. Conhecem-se como acções preventivas, já que, geralmente, váo dirigidas
àquelas pessoas envolvidas desde antes de que aconteçam ditas mudanças, já que as que terão
que enfrentar.
2. Encobertas: São aquelas não evidentes, que vão surgindo pela obsolencia dos
conhecimentos dos especialistas e as transformações na necessidade de atuar, impelidas pelo
desenvolvimento da sociedade e da qual não se está consciente, mas que originam crescentes
diferênças entre o patrão de desempenho e o desempenho real, freando o desenvolvimento do
próprio indivíduo, do Sistema no seu conjunto e das suas metas. Denominam-se acções
corretivas aquelas que desenham-se para enfrentar e resolver estas necessidades, pois sáo
executadas a posteriori de estas se manifestar. Estas necessidades são mais difíceis de
determinar e as acções para as corrigir, geralmente, enfrentam a resistência dos próprios
indivíduos e dos dirigentes intermédios, que não conseguem compreender a sua magnitude e o
perigo que encerram para as metas do Sistema no seu conjunto.
II. Pelo alcance das necessidades:
1. Organizacionais: São aquelas que surgem como conseqüência de transformações no
acionar de toda a organização, por uma mudança no sistema de trabalho, na estrutura ou no
objectivo da instituição. Um caso típico é a introducção de um novo Programa de Trabalho ou
uma mudança no Modelo de Atenção em algum degrau do Sistema (a introducção do Médico da
Família), que obrigam a capacitar a todos os degraus da instituiçao para mudar a forma de acção
a tom com os novos métodos e programas de trabalho.
2. Ocupacionais: Refere-se àqueles especialistas que ocupam um posto específico na
instituição. Um caso típico é por exemplo a introducção de uma nova técnica e um novo
equipamento em uma especialidade, o qual obriga a treinar e capacitar a todos os especialistas
nessa área.
3. Individuais: Trata-se de pessoas específicas a quem se requer capacitar por determinadas
circunstâncias, como pode ser uma designação para um cargo especializado.
4. Normativas: São aquelas que surgem do estabelecimento de um «patrão» desejável e a
sua comparação com a realidade. A diferença entre a preparação desejada e a preparação do
grupo ou indivíduo é a necessidade normativa. Geralmente podem se associar com as
necessidades encobertas.
5. Sentidas: São aquelas que um indivíduo ou grupo desejam conscientemente satisfazer.
Surgem pelo autoexamen individual ou colectivo frente a uma pesquisa ou indagação.
6. Expressas ou explícitas: São a transformação da necessidade sentida em uma demanda
real do indivíduo ou do grupo.
7. Comparadas: São aquelas necessidades que identificam-se quando o ponto de partida da
investigação é a comparação entre os serviços (ou a qualidade e os resultados dos mesmos) de
uma área de saúde ou território e os de outros, explicando as diferenças pela necessidade de
capacitação.
A Educação Permanente constitui uma estratégia de desenvolvimento da Saúde apoiada nos processos
da aprendizagem, pressente durante toda a vida trabalhista do trabalhador, que tem como eixo
fundamental a problematização e a transformação dos serviços de saúde, a participação consciente e
activa dos trabalhadores e um alto grau de motivação e compromisso na elevação da qualidade do
desempenho profissional, que satisfaça as demandas de capacitação nos serviços, a través da
introducção de novas tecnologias e técnicas, o aperfeiçoamento e a atualização dos conhecimentos,
dos hábitos, das habilidades e dos modos de atuação dos trabalhadores e a superação das deficiências
na qualidade da producção e dos serviços.
O Subsistema de Educação Permanente constará de quatro (4) fases ou etapas fundamentais:
1. A Identificação de Necessidades de Aprendizagem.
2. O processo educativo.
3. O controle.
4. A avaliação.
Nesta nova política da Educação Permanente, que tem como modalidade essencial a Educação no
Serviço, o pessoal de saúde não desvincula-se do seu posto de trabalho e utiliza as técnicas
pedagógicas da problematizaçáo, ligadas às situações concretas que enfrenta o trabalhador no
desempenho das suas funções. Desta maneira obter-se-á uma aprendizagem emoldurada na própria
realidade do serviço de saúde e da comunidade. Isso implica dois (2) passos fundamentais:
a) A Identificação das Necessidades de Aprendizagem (INA): Para derivar os conteúdos
educativos.
b) A capacitação: Das Equipes do Facilitadores Locais nos novos enfoques e nas novas técnicas
da Educação Permanente.
O segundo passo importante de caráter metodológico refere-se aos Processos Educativos que apóiam,
consolidam e fortalecem a aprendizagem obtida no serviço; em outras palavras, se faz uso da
capacidade de autoaprendizagem que cada trabalhador tem. Entre as técnicas que se utilizarão estão
incluídas o estudo de módulos múltiplos de autoaprendizagem e a ampla gama de técnicas de
educação a distância.
Nesta nova política parte-se do princípio da estreita integração da assistência, da docencia e da
investigação. Esta integração se faz efectiva mediante o processo permanente de Controle e
Seguimento, que recolhe informação sobre o progresso da acção educativa e o momento de feedback,
no que complementa-se, fortalece-se e consolida-se a aprendizagem, naquelas áreas nas que seja
detectada uma aprendizagem insuficiente. As fontes fundamentais do controle são:
 A análise dos problemas habituais dos serviços de saúde.
 Os resultados da supervisão realizada pelos próprios professores e pelas autoridades locais do
Sistema Nacional de Saúde.
 As investigações educacionais participativas.
Como pode se compreender, a Educação Permanente é um processo contínuo, sistemático e
estreitamente vinculado ao trabalho que desempenha-se, e que termina só com a incapacidade
trabalhista. O seu fim essencial é melhorar constantemente o desempenho e a qualidade dos
resultados do trabalho, e por isso o seu ponto de partida é obrigatoriamente a análise crítica do que se
faz, como se faz e os resultados quantitativos e qualitativos do que se faz.
Assim, as metas e as políticas existentes no âmbito trabalhista onde cada qual desempenha-se, serão o
patrão de medição inicial para avaliar as necessidades do aperfeiçoamento dos Recursos humanos
encarregados das obter. Identificar os pontos fracos a reforçar e os problemas específicos a resolver,
definirá a preparação, a qualificação, a capacitação e o adestramento que requer se organizar e
repartir; quer dizer, os métodos e as técnicas investigativas qualitativas que utilizam-se neste acampo
para determinar o que na literatura internacional denomina-se Identificação das Necessidades de
Aprendizagem (INA) ou também Necessidades de Capacitação.
Para o desenvolvimento dos recursos humanos em saúde, dentro do enfoque da Educação
Permanente, devem se aplicar diferentes metodologias que compreendem os aspectos da Avaliação do
Desempenho da equipe de saúde, em relação com a análise da qualidade do serviço que se oferta e
que permite a Identificação das Necessidades de Aprendizagem baseada nas verdadeiras
necessidades de capacitação. Esta análise deve se ver através de eixos de eqüidade, eficiência e
eficácia, para o qual devem se ter em conta três (3) componentes fundamentais:
1. A avaliação do serviço de saúde pela própria equipe de saúde, desde uma perspectiva
problematizadora.
2. A avaliação do desempenho dos trabalhadores do serviço de saúde, realizado pelo pessoal de
saúde do nível correspondente.
3. A formulação de processos educativos que derivem-se da avaliação do desempenho.

O diagnóstico das necessidades deve contemplar:


 As condições de saúde e o contexto.
 As políticas educacionais e de saúde.
 As características dos serviços.
 As condições da práctica e o conhecimento.
 As características e as demandas do pessoal.

A(s) fonte(s) de informação que recomendam-se são:


1. As estatísticas, os censos, as investigações epidemiológicas e outros elementos
secundários. Como fonte primária, as necessidades sentidas e expressas pelos membros da
comunidade, as normativas e comparadas, que abranjam todas as categorias do pessoal
existentes. O cotejo ou contraste dos elementos estatísticos objectivos da área e as situações
problema, assim como as pesquisas, as entrevistas e os trabalhos investigativos de grupo,
definirão com claridade as condições de saúde e o contexto.
2. As técnicas de análise documentário, as entrevistas dirigidas, a análise de grupo, são de
utilidade para identificar as políticas de saúde e educação, a sua coerência, a discrepância e os
seus conflitos, não no estabelecido juridicamente, mas sim nos hábitos e costumes (política
implícita).
3. A dinâmica e a estructura da unidade e do serviço é um elemento de capital importância
para inserir a Educação Permanente, baseada na aprendizagem no serviço. Resulta necessário
investigar a distribuição das responsabilidades e dos róis, a comunicação, o processo de
trabalho, a administração, a divisão do trabalho e outros elementos. Recomenda se utilizar os
métodos inquiridores de grupo, os sócio-psicológicos, e outros.
4. A observação das rotinas de trabalho, a análise das tendências estatísticas dos
indicadores, o cumprimento das normas e a entrevista indagadora para conhecer o sustrato das
acções observadas, são os elementos fundamentais da investigação quantitativa e qualitativa
para estabelecer a análise, a prática e o conhecimento.
5. Emoldurar concretamente a trajectória de formação de todo o pessoal, como referência
necessária para o processo educativo, que inclui os necessários elementos culturais,
administrativos, sócio-psicológicos e de aspirações e motivações do pessoal, que permita
caracterizar os trabalhadores e as suas demandas.

A educação Sanitária. A sua definição. As suas formas. A sua importância.


A Educação Sanitária é o Processo de Ensino Aprendizagem, mediante o qual promovem-se prácticas
saudáveis de higiene para proteger a saúde e prevenir enfermidades; assim como também promove-se
a valoração e o uso adequado e sustentável dos serviços sanitários, serviços que abrangem o
abastecimento de água segura, a disposição sanitária das excretas e das águas residuais com ou sem
rede de esgoto sanitário, o manejo pluvial e o seu tratamento, e o manejo, tratamento e a disposição
final dos resíduos sólidos.
A Educação Sanitária é o processo através do qual a gente aprende sobre a sua saúde e, mais
especificamente, sobre como melhorá-la. Muitas pessoas distintas oferecem Educação Sanitária e há
muitos modos distintos nos que brinda-se a educação sanitária, apoiados em vários modelos de
mudança de conduta.
A Educação Sanitária é de importância crítica para melhorar a saúde das comunidades e dos indivíduos
e tem como objectivo aumentar o conhecimento sobre o tema, o qual conduz a uma mudança nas
atitudes sobre as condutas saudáveis e não saudáveis. Esta mudança de atitude conduz idealmente a
uma mudança de condutas não saudáveis por condutas saudáveis, o que leva a uma melhoria na
saúde, o qual é o objectivo final da Educação Sanitária.
A Educação Sanitária abrange não só a informação ligada aos comportamentos saudáveis, mas
também sobre como obter tais condutas com o desenvolvimento de habilidades e pode, às vezes,
incluir as motivações para mudar. Por exemplo, além de conhecer que mantimentos são saudáveis,
saber como os preparar e conhecer os modos simples de os incorporar à dieta. Todos estes aspectos,
no seu conjunto, fazem que seja mais provável alcançar mudanças de conduta que levem a uma
melhor saúde.
Os médicos, os enfermeiros, os assistentes de médicos e practicantes de enfermagem devem prover
Educação Sanitária individual aos pacientes sobre as condutas que melhoram a sua saúde.
Outro grupo que oferece Educação Sanitária são os educadores sanitários. Estes profissionais diferem
dos professores de saúde pelo facto de que concentram-se na mudança de conduta e não trabalham
com o formato de uma aula escolar. Os educadores sanitários podem trabalhar com indivíduos ou com
grupos.
A Educação Sanitária, além disso, acostuma a ser provida aos jovens na escola com o formato de uma
aula semanal regular.

As Técnicas de Educação para a Saúde:


As principais técnicas utilizadas na educação para a saúde são as seguintes:
1. A Entrevista.
2. A Palestra.
3. A Demonstração.
4. O Painel.
5. A Mesa Redonda.

1. A Entrevista educativa: É uma técnica de comunicação verbal direta (cara a cara) entre dois (2)
pessoas onde uma delas reclama informação ou a outra está em disposição de oferecê-la. Portanto,
qualquer tipo de conversa não é uma entrevista, para ser considerada como tal deve:
- Ter um objectivo prévio.
- Propiciar o lucro das metas que estabelecidas pelo entrevistador.
- Produzir um resultado novo.
Isto faz que a entrevista não esteja determinada por um local específico ou ambiente de privacidade,
ambos os aspectos devem ser considerados para um tipo específico de entrevista.
Para o cumprimento dos objectivos do trabalho, uma entrevista será toda comunicação planejada, onde
vão se obter uma série de dados que, a sua vez, vão servir para brindar, como resposta, uma
orientação ou um conselho de saúde.

Aspectos a destacar na entrevista educativa:


- É um método de comunicação direta com a pessoa.
- Permite, como nenhum outro método, penetrar nos aspectos profundos do indivíduo, por exemplo: as
atitudes, as motivações, os interesses, os sentimentos, os preconceitos, as preocupações, os conflitos
e as aspirações.
- É uma técnica para obter e oferecer informação.
- Ambos os integrantes contribuem com elementos.
- Deve transcorrer de forma aberta e espontânea, embora, como já se expressou anteriormente, deve
ser planejada.
- Pode se desenvolver em qualquer lugar, por exemplo: na sala do lar, no centro de trabalho, no
consultório, etcétera.
Etapas da entrevista:
1. Etapa de preparação: Aprofunda-se na situação que gera a necessidade de desenvolver a
mesma. Nesta etapa deve se ter em conta:
- A situação atual e os antecedentes do problema na pessoa.
- Determinar os objectivos a alcançar.
- Determinar as possíveis soluções em função da informação e das mudanças que propõem se obter.
2. Etapa de execução: Nesta estabelecem-se três (3) subetapas:
• Fase inicial ou de introducção: Dirigida à busca de um clima psicológico de amizade e
cordialidade; a forma cortês e os bons maneiras do entrevistador são imprescindíveis.
Se se obtiver que o entrevistado se convença da importância da entrevista, de seguro oferecerá toda a
informação necessária. Portanto, nesta fase, todos os esforços devem ir encaminhados a obter um
relaxamento das tensões e para obtê-lo, é preciso considerar os seguintes elementos:
a) O entrevistado precisa sentir que a conversa que sustentará será prazenteira e frutífera. Para
isso, o entrevistador deve se mostrar como uma pessoa pormenorizada, que está verdadeiramente
interessada nessa pessoa; dar relevância ao que o entrevistado vai relatar é de muita utilidade. Nunca
deve se fingir, isso serã detectado pelo entrevistado; é preferível suspender a entrevista para uma outra
ocasião.
b) O entrevistado precisa ver a entrevista como um facto importante e amplo.
c) É necessário superar as barreiras que existem na mente do entrevistado e utilizar os elementos
da comunicação que são de grande importância.
Como pode se apreciar, não sempre estabelece-se uma boa comunicação devido às barreiras ou aos
preconceitos que existem: por determinada enfermidade, pela falta de confiança e pelo temor a
confessar os aspectos íntimos da vida.
Considerar estes aspectos facilita a empatia. A efectividade desta fase aumenta pelo convencimento de
que a actividade que se realiza é importante.
• Fase intermédia ou de desenvolvimento: Considera-se a parte productiva da entrevista. Uma vez
que já ganhou-se a confiança do entrevistado, estamos em condições de passar a recolher a
informação desejada e necessária para uma ulterior orientação em saúde.
As perguntas a formular e o ritmo da conversa não respondem a regras fixas; dependem de cada caso.
Entretanto, é importante ter presente os aspectos seguintes:
a) Cuidar a linguagem: Evitar o uso de termos que não estejam à altura do entrevistado.
Recomenda-se não ser protocolar nem grosseiro.
b) Estimular a participação do entrevistado: Não devem se formular perguntas a ser respondidas
com monossílabos ou sugerentes da resposta em si mesmas. Exemplos: Incorreto: Você ferve a água
que dá de beber ao seu filho? Correto: O que faz você para lhe dar água de beber ao seu filho?
c) Aceitar ao sujeito tal e como este é: Não sancionar, ajuizar ou censurar qualquer atitude que o
sujeito expresse, o objectivo é conhecer quais são as coisas que o sujeito faz, com o propósito de tratar
de as modificar ou corrigir.
d) Aprender a escutar: Quando o entrevistador fala muito inibe a participação do entrevistado. Há
que ter sempre presente que o que necessita o primeiro é conhecer o segundo. Nunca interromper-se-á
a exposição do entrevistado, esperar-se-á que este termine e, então, o entrevistador poderá responder;
nunca bloquear-se-á a sua exposição.
e) Aproveitar os silêncios: Quando os silêncios se produzem provocam tensão e, com freqüência,
conduzem ao “desafogo” verbal. Analise o aspecto da entrevista no que se produzem, já que podem ser
índice das áreas de conflitos.
f) Não ser ambicioso: Não pretenda recolher toda a informação em uma entrevista, sobre tudo se
for a primeira.
g) Ter em conta a comunicação extraverbal: Não despreze a comunicação extraverbal do
entrevistado nem a sua. Não só ouça o que ele diz, mas também como o diz. Faça saber por esta via o
seu interesse e a sua compreensão pelo que ele diz; isto é muito útil nos silêncios.
h) Controlar o curso da entrevista: Deixe que o entrevistado sinta a entrevista aberta e
espontaneamente, mas não deixe pelos “ramos”, em ocasiões será necessário retroceder, isto deve se
fazer com muita delicadeza para evitar machucar ao entrevistado. Exemplo: Como relaciona isto com o
que me disse há um momento? Poderia você me explicar de novo…?
i) Tomar notas: De ser necessário tome notas, mas não o oculte, inclusive faça o saber, mas não o
faça no momento no que o entrevistado esté a referir alguma coisa muito problemática para ele ou que
danifique a sua moral; faça os apontamentos posteriormente (ainda durante a entrevista).
• Fase final ou de fechamento: É o momento do resumo e das conclusões. É importante oferecer
uma breve recontagem dos assuntos mais importantes do tratado, na seguinte ordem:
1ro: Ressaltar os aspectos que se considerem positivos.
2do: Oferecer sugestões e recomendações para as facetas negativas que devem ser superadas. É vital
persuadir en relação ao por que? e ao como? deve as superar; não tendo um caráter de sanção, mas
sim justamente o contrário: de ajuda.
Vantagens da entrevista:
• É uma técnica flexível (adapta-se à personalidade e às dificuldades de compreensão do
entrevistado); portanto, pode ser utilizada em qualquer pessoa.
• Obtém-se a cooperação conciente do entrevistado (fundamental para a mudança de atitudes).
• O contato cara a cara permite apreciar a validez, a precisão e a sinceridade do que se diz.
• Como nenhum outro método, permite explorar as áreas íntimas da pessoa.

Desvantagens da entrevista:
• Posui um alto custo, já que por ser uma técnica individual os esforços estão dirigidos só a uma
pessoa.
• Requer de muito tempo.
Recorde:
A entrevista será um êxito se o entrevistador consegue, com a participação do entrevistado, que este
último tenha-se sentido importante.
***A Palestra e a demonstração: Em ambas, um prelector expõe brevemente um tema ante um auditório
que, geralmente, não ultrapassa as vinte pessoas. A diferença entre ambas radica em que a
demonstração leva implícita uma representação práctica em relação ao que se pretende obter no
auditório.
2. A Palestra Educativa: Considera-se uma variante da aula e é uma das técnicas mais utilizadas para
desenvolver acções educativas na esfera sanitária.
Fases da Palestra Educativa:
Como toda actividade educativa consta de uma fase de preparação ou de elaboração e de uma fase de
execução ou de desenvolvimento da actividade.
• Fase de preparação ou de elaboração: Nesta fase devem se considerar os seguintes aspectos:
a) A selecção do tema segundo as prioridades e os interesses do grupo.
b) O estudo do material bibliográfico sobre o tema.
c) A confecção de uma guia com todos os aspectos a tratar.
d) A confecção e a preparação dos meios auxiliares a utilizar.
e) O ensaio da actividade.
• Fase de execução ou de desenvolvimento: Não deve durar mais de 30 min, a menos que o
auditório mostre interesse em continuar o tema. Compreende:
A) Introdução: Será breve e sem desculpas, procurar-se-á motivar ao público para pô-lo em
disposição de escutar com avidez.
B) Descrição: Irão se sentando as bases de tudo o que sirva de fundamento à confirmação.
Oferecem-se os aspectos do conteúdo, as afirmações e reflexões medulares do tema. A narração pode
estar matizada por algumas reflexões que sejam realmente importantes e sempre sugeridas pelos
mesmos factos. A simplicidade e a naturalidade são aspectos importantes nesta etapa.
C) Confirmação: Decide-se que o auditório adopte ou não a proposta. Oferecem-se os argumentos
racionais e emocionais para isso. Deve se proceder da seguinte maneira:
- Os argumentos que provam a verdade do orador.
- As premissas que inspiram a confiança no prelector.
- Os raciocínios que podem pôr ao público na situação psicológica que convenha para que pensem e
atuem como se deseja.
Dentro dos argumentos que provam a verdade do orador, prima o aspecto racional; nos outros, o
aspecto emocional.
É importante procurar uma conexão, uma “ponte”, entre a mensagem e os interesses do auditório. As
partes persuasivas da estão constituidas por aqueles elementos que integram a “ponte”. Por tudo isto
devem se ter em conta alguns aspectos que ajudam à conexão entre a mensagem e o auditório:
a) Utilizar meios áudio-visuais.
b) Citar autores (mas com moderação).
c) Pôr exemplos da experiência pessoal.
d) Lhe dar ao auditório algo concreto para fazer.
e) Planejar actividades de controle ulterior.
f) Não incluir cuidadosamente a repetição para ajudar a esclarecer os aspectos e estimular a
recomendação.
g) Estudar cuidadosamente a repetição para ajudar a esclarecer os aspectos e estimular a
recordação.
h) A motivação apoiar-se-á nos valores positivos (onde se empregar-se-ão os argumentos
racionais) e nos temores negativos (onde empregar-se-ão as entrevistas emocionais).
i) Relacionar a palestra com os interesses ou os aspectos que tenham significação vital para o
público.
D) Resumo: Deve ser breve, precisando e recalcando os aspectos essenciais da informação
oferecida.
• Fase final: Realiza-se o intercâmbio com o auditório, lhe dando oportunidade de fazer perguntas,
o que permite conhecer o grau de interesse despertado e concluir com todas as dúvidas esclarecidas.
Recorde:
Para cumprir os objectivos educativos o promotor de saúde deve cumprir as seguintes indicações:
• Estudar o tema.
• Planejar uma guia.
• Preparar os meios de ensino.
• A exposição deve durar entre 15 e 20 min.
• O vocabulário deve ser simples (compreensível para o auditório).
• Não dar a resposta ao público.
• Manter uma atitude de complacência ante a tarefa.
• Estimular a participação dos assistentes através de perguntas.
• Fazer perguntas de comprovação.
• Despedida e agradecimento.

Vantagens da palestra:
• É muito econômica.
• Abrange muitas pessoas ao mesmo tempo.
• Só requer de uma sessão para um tópico.
• Permite, em pouco tempo, fazer uma exposição bastante completa do tópico a tratar.
• Os ouvintes podem intervir ao final.
• Dá lugar a reuniões posteriores para fixar o conhecimento adquirido.

Desvantagens da palestra:
• Não é um método que propicie mudanças de hábitos e atitudes (embora obviamente permite
obter resultados positivos) porque o auditório permanece a maior parte do tempo escutando
passivamente.
• O preceptor mantém uma atitude passiva.

2. Demonstração: A demonstração pudesse ser considerada uma palestra na que juntam-se a


palavra e a acção, com um peso fundamental nesta última. O indivíduo que executa a demonstração,
ao mesmo tempo que explica, realiza a actividade que pretende ensinar. O aprendiz, tem a
oportunidade de ver e escutar com sentido crítico, o que estimula o pensamento productivo e, daí, a
aprendizagem. Em ocasiões, e dependendo do grupo com o qual se trabalha, a palestra pode se
desenvolver em forma de relato ou narração.

Fases da demonstração:
As fases da demonstração são mesmas as da palestra. Como regra, antes de concluir, repetir-se-ão,
pacientemente, todos os passos da actividade, insistindo na importância de cada um deles.

Vantagens da demonstração:
• As mesmas da palestra.

Desvantagens da demonstração:
• As mesmas da palestra.

Recorde:
A demonstração é um processo simultâneo onde se diz e se faz ao mesmo tempo.

Dez regras gerais para se desenvolver adequadamente perante um auditório:


• Exibição do educador.
• Apresentar adequadamente o tema.
• Desenvolver umas breves palavras iniciais antes de começar a actividade, a fim de motivar ao
auditório.
• Levar uma guia, a qual não é necessário esconder.
• A velocidade ao falar deve ser normal, não se preocupe com o tempo; se você estudou o tema e
o conhece, é capaz de se ajustar ao tempo de que dispõe.
• Antes da palestra: organizar as idéias.
• Intercalar alguma mensagem engraçada para ganhar a simpatia do público.
• A preocupação pela forma pode gerar a despreocupação pelo conteúdo, esqueça-se de tudo
menos do tema, não se preocupe da “pose”.
• Experimentar um pouco de nervosismo antes da palestra é normal; a segurança, se domina-se o
tema, fará que o nervosismo desapareça em pouco tempo.
• Sempre que for possível, deve ensaiar a actividade.

Técnicas colectivas ou de grupo:


***O Painel e a Mesa Redonda: No desenvolvimento das mesmas participa mais de um educador.

Forma de desenvolver o Painel e a Mesa Redonda:


Um grupo de pessoas (entre 4 e 8), guiadas por um moderador, dirige-se ao auditório e expõe um tema
que, pelo geral, é amplo e/ou complexo. É por isso que se requer que os integrantes sejam pessoas
capacitadas e experimentadas no tema a expor.
O propósito de todos é oferecer à audiência uma visão ou compreensão mais clara e ampla de um
problema de saúde.
1. Painel: O auditório participa ao final, formulando perguntas que serão respondidas pelos
integrantes do painel.
Vantagens do Painel:
• Garante-se uma informação rápida, precisa e confiável à população, sobre temas de saúde
individual e colectiva. Exemplo: informar sobre as medidas a tomar pela população ante uma epidemia.

Desvantagens do Painel:
• Requer da participação de várias pessoas qualificadas.
• Não favorece a mudança de atitudes (pela nula ou pobre participação do auditório, que está em
posição passiva).
• É custoso pelo tempo de preparação e pela participação de pessoal qualificado.
• Quando é transmitida pela televisão, não permite conhecer a reacção do auditório.

2. Mesa Redonda: Não há participação do auditório.

Vantagens da mesa redonda:


• As mesmas do Painel.
• Não permite conhecer a reacção do auditório (nem em vivo nem pela televisão), já que só os
seus membros interactúan entre si.

Aspectos importantes:
Na Educação para a Saúde, na hora de organizar estas actividades, é importante ter em conta os
seguintes requisitos:
• Seleccionar um tema controversial.
• Organizar várias equipas para que façam a busca bibliográfica e estudem o tema.
• Seleccionar, entre os mais capacitados, o moderador e os expositores.
• O moderador é:
- O elemento de integração do grupo.
- A pessoa indicada para esclarecer ou orientar ao grupo ante uma situação de conflito agudo ou
desacordo pertinaz; e por isso, deve conhecer o tema profundamente.

Funções do moderador:
• Apresentar o tema.
• Apresentar os integrantes.
• Esclarecer ou orientar ao grupo.
• Garantir o desenvolvimento correto da actividade.

Particularidades das funções do moderador no Painel:


Concederá a palavra por uma rigorosa ordem e tomará nota do discutido para, ao final, fazer um
resumo e chegar a uma homogeneidade nas colocações.

Recorde:
Para ter êxito em qualquer actividade educativa é imprescindível considerar os fatores que dependem:
• Do educador.
• Da mensagem.
• Do educando (pessoa, família e comunidade).

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