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Turma: TJDFT (Humanística)
Professor: Rosângelo Miranda1
Material: Material de Apoio – Humanística
MATERIAL DE APOIO
HUMANÍSTICA - TJDFT
1
. ROSÂNGELO RODRIGUES DE MIRANDA. Promotor de Justiça no Estado de Minas Gerais. Pós-Doutor em Direito
pela Universidade Nova de Lisboa. Doutor em Filosofia do Direito pela Pontifícia Universidade de São Paulo - PUC-
SP. Mestre em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade de São Paulo - PUC -SP. Bacharel em Direito pela
Pontifícia Universidade de Campinas - PUCCAMP. Bacharel em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas -
UNICAMP. Experiência como membro de bancas examinadoras de concursos públicos para Promotor de Justiça do
Estado de Minas Gerais. Autor de livros jurídicos, conferencista e membro do Conselho Editorial da revista DE JURE
publicada pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais.
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REVISÃO GERAL
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Deste modo penso que se contempla os anseios dos candidatos em ter um
panorama em Humanística que os torne capazes de fazer a prova com certa segurança.
Antes, porém, faremos uma pequena análise da resolução 75/2009 do CNJ
visando aclarar para os candidatos a intenção do CNJ com a regulamentação de
Humanística como disciplina obrigatória para os concursos da Magistratura no Brasil.
No passo seguinte, irei propor questões sobre os temas, desdobrando-os e
propondo possíveis respostas, modos de postura dos candidatos e gatilhos mentais
para fugir do famoso branco.
Tal estrutura da revisão se impõe ao meu ver pois, pela minha experiência
de examinador de concursos na área, e pela experiência em formar candidatos e
alunos há vários anos, as respostas em Humanística nunca podem ser decoradas,
nunca são do tipo tudo ou nada, ao contrário, o candidato sempre deve ser capaz de
contextualizar, lembrar-se de algum conceito fora dos limites da questão, deve ser
capaz de fazer ligações, ver o mundo de modo mais amplo e, neste momento,
principalmente numa revisão de véspera da prova, cabe ao Professor ofertar ao
candidato chaves de pensamentos para que ele se saia bem diante do examinador e
obtenha a aprovação desejada.
Sabemos e compreendemos o receio que Humanística causa em alguns
candidatos, o que é quase sempre natural. No entanto, sabemos também que não
raras vezes Humanística sofre a ação de pessoas mais eruditas do que sábias, que se
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prendem a conceitos e decorebas, o que torna o estudo de Humanística árduo e
infrutífero. Mas este quadro não é insuperável, pois ao final pretendo que vocês,
amigos do MEGE, não mais temam Humanística, pois verão que é possível, com um
pouco de esforço e reflexão, formular criativamente conceitos, fazer filosofia, pois a
matéria da filosofia é a vida e todos temos nossas vidas e experiências em abundancia,
donde podermos afirmar que todos podemos e devemos pensar e fazer filosofia e, por
extensão, fazer na prova que se aproxima precisos e valiosos pensamentos e respostas
em Humanística.
Evitem menosprezar Humanística, agora ela possui peso igual a todas as
outras disciplinas ditas dogmáticas, e neste concurso, vocês que estão aqui conosco
podem extrair de Humanística um diferencial para a aprovação.
Assim, caro candidato e leitor, se entregue a este pequeno texto de
revisão, leia-o ao menos duas vezes, reflita sobre o que ele diz, faça imagens mentais
sobre o que ele discorre, desenhe em sua mente vários contextos sobre a vida
humana.
Imagine-se Juiz, leia e releia esta revisão, reflita sobre o que pretende o
examinador e o CNJ com as questões de Humanística nesta prova para o TJDFT, atente
para as respostas que proponho e os desdobramentos possíveis, e com certeza
poderemos fazer uma ótima prova.
Todos sabem que Humanística é uma disciplina nova, implementada nos
últimos anos pelo CNJ dentro dos concursos públicos para a magistratura brasileira, via
resolução 75/2009, com o objetivo de incentivar e, porque não dizer, influenciar e
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conduzir os estudos dos novos magistrados para uma visão mais aberta de mundo,
mais interdisciplinar.
Uma visão para além do mero texto normativo, uma visão que possa
aproximar o futuro juiz não apenas do que há de trágico na vida humana, com seus
medos, suas tristezas, suas mazelas, mas também com o que o humano pode produzir
de melhor, a saber: seu senso de justiça, solidariedade ou mesmo sua capacidade de
produzir o belo por meio da arte.
Humanística, meus amigos, não pode ser estudada como uma disciplina
mecânica, presa a dados, datas, números ou citações. Humanística não é uma
disciplina sobre quem foi Aristóteles, sobre em que ano nasceu Kant, ou sobre o que é
a verdade de determinado conceito.
Humanística não se decora, Humanística se sente, se compreende, se
compartilha, pois o próprio nome já diz: Humanística.
Ora, Humanística deriva de humano, e o humano não é uma máquina, não
é um sistema, não é uma enciclopédia de conhecimentos desconexos que pouco
significam.
O humano é alguém que vive concretamente seu tempo, sente emoções,
compartilha sua morada, sua cidade, seus espaços, o humano se comunica, fala,
produz discursos, ama, se emociona, tem paixão, faz política, entra em conflito, pensa,
produz o justo, cria o direito, decide.
É este dilema que, na visão do CNJ, o futuro juiz (a) - que com certeza vocês 5
serão - deve enfrentar e superar. Como ser um juiz mais humano e menos preso a uma
vida administrada, com horizontes diminutos, preso a uma rotina burocrática de
manipulação de textos legais que o afasta do seu lado melhor que é sua capacidade de
se sentir plenamente humano?
No ensino jurídico brasileiro hoje superar este dilema é difícil. O debate é
sempre raso, e a profundidade dos problemas maiores parece que deve ser sempre
evitada, seja pelo aluno seja pelo candidato. Ao regulamentar Humanística nos
concursos públicos para a magistratura, o CNJ sinaliza que o bom candidato deve
superar este dilema, e ir ao encontro de seu lado mais humano, mais artístico, menos
mecânico.
Para o CNJ o bom candidato a magistrado deve ser capaz de perceber a
profundidade das questões humanas envolvidas em todo conflito levado ao judiciário.
Antes de questões jurídicas, as lides processuais envolvem sempre questões
emocionais, conflitos psíquicos, políticos, conflitos sociológicos, luta pelo poder, e o
magistrado, se não deve ser um doutor ou um acadêmico em todos estas áreas, ao
menos deve ter a sensibilidade e a formação mínima para perceber que a prestação
jurisdicional é muito mais complexa do que a mera aplicação e subsunção do fato à
norma.
O direito é vida e de vida humana o futuro juiz deve conhecer, e bem, para
que, cumprindo os requisitos da resolução 75/2009 do CNJ, venha a ser aprovado no
concurso a que está se submetendo.
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Neste contexto, a resolução 75/2009 prescreveu algumas disciplinas
básicas que compõem o quadro maior de Humanística para concursos da magistratura,
a saber:
a) Sociologia do Direito
b) Psicologia Judiciária
c) Ética da Magistratura
d) Filosofia do Direito
e) Teoria Geral do Direito e da Política.
FILOSOFIA DO DIREITO
Vejam meus amigos, pela Filosofia do Direito o CNJ procura por a seguinte
pergunta ao candidato: Como posso conhecer o direito? O Direito se confunde com o
justo? O direito é apenas norma? O direito pode existir para além do direito posto? Há
um direito natural? Como interpretar o direito? O direito é eterno ou o direito muda
segundo as circunstâncias de tempo e lugar?
Aqui, acima de tudo, o CNJ quer que o candidato tenha sentido crítico,
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aquilo que Tércio Sampaio chama de zetética jurídica, isto é, a capacidade do
intérprete de pôr em questão os próprios conhecimentos, por em questão a própria
dogmática jurídica, e contribuir para a construção de novos conhecimentos, novas
questões, novos pontos de vista.
Em filosofia, para além da resposta, o mais importante é sempre a
pergunta, a indicar que o conhecimento humano é dinâmico, plural, e que tanto o
passado quanto o futuro se comunicam com o presente para formarem
provisoriamente um ponto de vista capaz de estabelecer com o interlocutor um
diálogo produtivo na busca de uma verdade possível e desejada, mas nunca alcançada.
SOCIOLOGIA E POLÍTICA
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sociedade. Neste passo, o futuro juiz não pode ter a ingenuidade de achar que seu ato
de decisão, seu ato de aplicar o direito não é também um ato político. Aplicar o bom
direito é um ato político dentro da democracia, às vezes um ato emancipador, de
empoderamento2 das classes menos privilegiadas.
Se ele, o Juiz, não é um revolucionário no sentido clássico da palavra, o juiz
que conhece bem a sociologia e a política do meio em que vive, ao menos é um agente
público capaz de vislumbrar o alcance social de suas ações, ponderando todos os lados
e consequências de suas decisões, capaz de encontrar, via mediação, o ponto de
equilíbrio que ponha fim ao conflito, o que o torna capaz de se aproximar do modelo
de justiça plural e mediadora buscado pelo CNJ.
Pela psicologia Judiciária o CNJ quer propor ao futuro Juiz que este procure
conhecer os problemas emocionais a que todos estamos sujeitos, em particular
aqueles que procuram o judiciário. Em situações de conflito a carga psicológica de
todos os envolvidos e também do Juiz é sempre exacerbada, daí a importância que o
CNJ dá à psicologia via resolução 75/2009 no trato interdisciplinar das relações
humanas examinadas perante o judiciário.
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Destacando a importância da Ética para a Magistratura, o CNJ via resolução
75/2009 procura tecer um fio entre o conceito, a regra e a prática, sua preocupação é
mais do campo da eficiência e da solução de problemas do que meramente conceitual
(zetético).
É este espírito de uma prática pelo exemplo, uma prática pelo concreto,
uma prática transformadora que se deve ler e apreender o código de ética da
magistratura nacional. Não se trata de exercício acadêmico ou teórico, apesar e nada
obstante incluí-los, se trata de exercício para um monitoramento da ação do juiz em
concreto, visando propiciar a este a carga ética necessária a lhe impingir legitimidade
e reconhecimento social. É uma ética com e pela democracia no judiciário.
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Empoderamento é termo da Sociologia que significa dar poder aos menos privilegiados no sentido de capacitá-los
a entender o mundo em que estão inseridos e dar a eles competências para atuar neste mundo, por exemplo:
reivindicar os próprios direitos de consumidor, de cidadão, reivindicar obras públicas, fazer críticas, participar
ativamente de situações autocompositivas de mediação de conflitos. Por exemplo, empodera-se os
hipossuficientes quando lhes é dado a representação via defensoria pública ou advogado dativo, ou lhes é garantida
a gratuidade judiciária. Bom termo para se usar no contexto da questão sobre Justiça e da questão sobre equidade.
Por exemplo: Só há equidade quando ambas as partes estão empoderadas via adequada representação judicial. Só
há justiça possível quando a diferença econômica entre as partes é superada pelo empoderamento dos menos
privilegiados via oferta a estes pelo estado da adequada representação judicial que lhes garanta o contraditório e a
ampla defesa).
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Por fim, o CNJ reconhece que o Juiz também deve ter uma forte formação
técnica e conceitual, ao prescrever a Teoria do Direito como disciplina de Humanística
para os concursos de magistrados.
RESUMO
Em resumo, o CNJ nos indica pela resolução 75/2009, que o Juiz que se
demanda via concursos é um Juiz Ético, possuidor de alta formação conceitual e
técnica, capaz de perceber as emoções humanas, compreender o contexto social e
político em que sua prática profissional e cidadã está inserida e acima de tudo, capaz
de pensar e refletir criticamente sobre o alcance de suas ações e decisões.
Um Juiz altivo, autônomo, mas cioso dos ritos e tarefas que devem ser
cumpridas. Um Juiz que pensa com autonomia, que possui a prudência de respeitar as
decisões dos colegiados superiores, afinal ele não é um ser isolado, ele é um ser social
e político, inserido numa instituição maior chamada Poder Judiciário e como tal ele
possui deveres éticos tanto para consigo quanto para com a Sociedade.
Cumprido este passo de apresentar os objetivos desta revisão, os
obstáculos a serem vencidos, e o contexto da disciplina Humanística dentro do
concurso para magistrado na visão do CNJ, clamo por UM MINUTO DE SUA MÁXIMA
ATENÇÃO, caro candidato.
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Peço que com base no exposto acima faça um pequeno exercício de
mentalização. Crie cenários nos quais você se vê como Juiz, e pense em como você
agiria em cada momento. Não tenha receio, deixe a mente divagar, dê nome aos
lugares, às pessoas, à si mesmo. Crie narrativas, isto facilita a fixação dos conceitos.
Faça isto e ganhe segurança para quando estiver diante da prova.
Assim, imagine uma coletividade, uma cidade na qual você é juiz (a),
imagine que lá ocorrem questões políticas ou sociológicas que serão trazidas à sua
consideração, imagine você diante de uma pessoa com problemas psicológicos, pode
ser um dependente químico, um interditando ou um criminoso psicopata, veja-se
diante de dilemas éticos, dar ou não uma entrevista à imprensa sobre um caso
delicado? Dar-se ou não por impedido diante da presença de um amigo na lide em
exame? Veja-se diante de problemas conceituais sobre teoria e conceitos jurídicos,
seria o caso de posse ou a propriedade já está provada? Pense você morando no
entorno de Brasília lidando com os problemas do homem que vive com questões de
meio ambiente, pobreza, violência de gênero, infância e adolescência. Feche os olhos,
imagine você juiz substituto de uma vara regional da grande Brasília com violência
urbana, roubos, crimes de "gangs", crime organizado, improbidade administrativa.
Reflita sobre todas estas perguntas e questione o acerto de seus posicionamentos,
faça filosofia sobre seus próprios atos, é neste contexto que o CNJ quer que você,
como candidato, seja capaz de lidar e agir para se tornar um bom juiz, é sobre estas
imagens que trata a resolução 75/2009 do CNJ. Perceba como você é capaz de fazer
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bem o exercício! Compreenda como Humanística não é tão difícil assim! Parta destes
cenários e você fará ótima prova, com certeza.
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Perguntas semelhantes a estas poderão ser feitas, se não forem idênticas,
e, caso outras forem pedidas procurem exemplificar suas respostas com situações
concretas como as apontadas acima que tudo correrá bem.
De um lado... De outro
Em primeiro... Em segundo
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No campo de Direito Público: MANUEL GONÇALVES FERREIRA FILHO
No Campo dos Direitos Humanos: CELSO LAFER.
É certo que Celso Lafer é de uma geração mais nova. É certo que Lafer tem
uma visão mais liberal de mundo do que Manuel Gonçalves, no entanto, é possível
afirmar que o conjunto das influências jurídicas que formam em linhas gerais o perfil
do pensamento dos examinadores da LINHA I em pauta, visto pelos textos dos seus
orientadores, possui as seguintes características:
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O Direito estatal é limitado por um direito natural de cunho racional que
indica que o ser humano é o valor primordial da ação política e o direito injusto não
deve ser aplicado.
No entanto, o funcionamento das instituições, o respeito às regras, o
respeito à previsibilidade ofertada pelo direito constituiu requisito necessário para o
bom funcionamento da democracia, da política, e por via de conseqüência para a
implementação dos direitos fundamentais e porque não dizer do justo.
Defende a iniciativa privada e o mérito individual.
Propugna um Estado que seja limitado em suas ações e
responsabilizado por seus excessos.
Aceita os direitos humanos internacionais como mecanismo de
complementação da proteção dos direitos individuais no Brasil, sem entretanto,
perder de vista o sentido da soberania.
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CELSO LAFER
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4 - O QUE É GENOCÍDIO PARA LAFER LEITOR DE HANNAH
ARENDT?
De acordo com o autor, o genocídio foi qualificado por Hannah Arendt
como um ataque à diversidade humana, pois foi um crime que tinha a política de
determinar quem deveria ou não habitar o mundo. A sua reflexão na obra A condição
Humana, tem como características: a pluralidade, a diversidade e a esperança que
advêm da natalidade, da capacidade de começar algo novo, sem precedentes. Nesta
consideração Hannah Arendt afirma sua aversão à unidade que não capta a
diversidade e a pluralidade, e a concepção monística do homem que vê a pluralidade e
a diversidade como epifenômenos do ser. A natalidade está no centro de sua política,
e constitui a liberdade.
Com sua visão centrífuga, Hannah Arendt, articulou certas condições para a
pluralidade e diversidade. Seguindo suas origens kantianas ela chama atenção para a
necessidade: 1) de manter a confiança recíproca; 2) Ao direito à hospitalidade
universal, onde Kant expõe a necessidade da tolerância e da igualdade nos direitos
fundamentais.
O genocídio é um crime contra humanidade essencialmente porque
impede a confiança recíproca, torna o medo onipresente, aniquila a diversidade sem
qualquer finalidade utilitária. Por isso tal crime deve ser reprimido, para que no futuro
os indivíduos possam se sentir à vontade no mundo.
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5 - QUAL A RELAÇÃO ENTRE DIREITO E POLÍTICA?
A relação entre direito e política é de complementaridade. Enquanto a
política favorece a diversidade da ação, o direito preserva a ação das vicissitudes, ao
delimitar o espaço público igualitário. A ação por si mesma não sobreviveria. É
necessário apontar que direito e política não se identificam. A política reduzida ao
direito perde a especificidade da ação, e se torna apenas instrumentalização de meios
e fins, característica da atividade do homo faber. As leis não são fabricadas como
mesas ou cadeiras, mas são princípios para a ação. Segundo Tucídides Atenas não era
as muralhas ou os navios, mas os atenienses. O espaço público não é um lugar onde a
obediência às leis segue um curso de meios e fins como na atividade do homo faber,
mas é onde as leis são apoiadas e legitimadas. O poder é originário da comunidade
política.
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Quando nascemos em uma comunidade só podemos nos sentir a vontade
nela se concordarmos com as regras diretivas da interação da pluralidade. Vivemos
com um consentimento tácito e não voluntário das regras, pois sendo elas
preexistentes, só temos a possibilidade de dissentir. Dissentir significa consenso
quando não há divergência.
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Agora, trata-se de dar efetividade prática a estes direitos. TRATA-SE DE TER
DIREITOS A TER DIREITOS.
Um direito que necessita sair do formalismo da regra positiva para alcançar
a vida real das pessoas.
A cidadania, então, representa o exercício de direitos. Segundo a tese
arendtiana a cidadania é o direito a ter direitos. No pensamento de Hannah Arendt,
cidadania é a consciência que o indivíduo tem do direito de ter direitos. Mas a
cidadania é precária, isto é, ela é composta por cidadãos que atuam plenamente e
outros que são excluídos. Essa realidade não se verifica apenas na Grécia e em Roma.
As Revoluções Burguesas que deram ensejo à cidadania liberal também se
caracterizaram como excludentes, pois somente os cidadãos de determinada camada
social podiam exercê-la. A cidadania guarda relação umbilical com a democracia.
Nos tempos da plena democracia, a palavra “cidadania” pode ser tomada
em dois sentidos:
1) restrito e técnico; e
2) amplo.
No sentido restrito e técnico a cidadania está adstrita ao exercício dos
direitos políticos.
Os direitos políticos são aqueles inerentes ao cidadão do Estado. Desse
prisma, cidadania é a prerrogativa de a pessoa exercer os direitos políticos. O status de
cidadão é alcançado com a condição de eleitor.
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Os direitos políticos configuram-se como direitos subjetivos públicos, na
medida em que o cidadão tem o direito de participação política, que se exterioriza por
intermédio da atuação da soberania popular. “Cidadania qualifica os participantes da
vida do Estado, é atributo das pessoas integradas na sociedade estatal, atributo
político decorrente de participar no governo e direito de ser ouvido pela
representação política.
Cidadão, no direito brasileiro, é o indivíduo que seja titular dos direitos
políticos de votar e ser votado e suas consequências”.
No sentido amplo do termo, a cidadania é o exercício de outras
prerrogativas constitucionais que surgiram como consectário lógico do Estado
Democrático e Social de Direito. Esse foi o sentido empregado na Constituição Federal
nos arts. 1º, II, 5º, LXXI, 22, XIII, e 68, § 1º, II.
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MANUEL GONÇALVES FERREIRA FILHO
Aqui os candidatos devem ter o cuidado de perceber que boa para dos
examinadores foram alunos de Manuel Gonçalves e dele extraíram a base de seus
pensamentos sobre DIREITO PÚBLICO. No entanto, eles em seus escritos suavizaram
os pensamentos de Manuel Gonçalves.
Assim, para nossos objetivos que é a prova discursiva do TJAL, os
candidatos devem ler o pensamento de Manuel Gonçalves sempre com mitigação.
Sejam conservadores em suas respostas sem serem radicais como Manuel Gonçalves e
de bons resultados virão.
1. DEMOCRACIA POSSÍVEL
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O nível de amadurecimento institucional de um povo é primordial para o
bom andamento da democracia, e este amadurecimento passa não apenas pela
elevação cultural de um povo, mas também pelo seu amadurecimento político.
Neste diapasão, a democracia que é possível na realidade é uma
democracia que não é o governo do povo em sua via apenas direta, ao contrário, uma
democracia possível, uma democracia necessária passa pelo filtro das instituições,
passa pela contribuição das elites acadêmicas, pela contribuição dos grandes homens e
mulheres que marcam p exemplo da ética no trato com a coisa pública, passa pelo
exemplo do poder judiciário como pacificar de conflitos e reserva moral do país.
Trata-se de um estado renovado de acordo com o princípio democrático,
compenetrado da conscientização democrática, voltada para o interesse popular, isto
é, o bem comum, que só é alcançado na confluência entre uma postura ética dos
homens e mulheres, uma abnegação republicana dois agentes públicos, e a FORÇA
INSTITUCIONAL do direito. Nestes três pilares pode-se erguer uma DEMOCRACIA
POSSÍVEL.
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A o corpo de funcionários públicos estáveis deve ser capaz de entabular
uma missão de estado para o longo prazo.
A estabilidade, a previsibilidade das regras permite o desenvolvimento
econômico e com ele vem a melhor distribuição de renda e por via de consequencia
maior igualdade social.
A democracia é muito mais do que eleições periódicas e o governo do povo
pelo povo, ela é o governo do povo por meio de suas instituições. Só a FORÇA DAS
INSTITUIÇÕES é que pode dar à democracia sua real plenitude e esplendor, em busca
da realização do bem comum.
É certo que se vive uma crise política e econômica no Brasil causada pelos
escândalos inescrupulosos de corrupção e desvios de verbas astronômicas de
entidades estatais e também pela crise institucional dentro do poder judiciário
envolvendo disputas de egos entre juízes e o Supremo Tribunal Federal, todavia, ainda
se fala em momento estabilidade democrática.
Os constantes conflitos oposicionistas partidários e a frequente falácia ou
suposta verdade de uma conspiração de um golpe institucional de parlamentarista que
rondam a nação brasileira, contribuem para o abalo da hipotética democracia vivida.
22
Diante dessas crises, a situação do Estado Democrático de Direito, traz a
tona o clichê dos saudosistas em relação revolução de 1964, que no tempo da ditadura
era melhor, pois não havia tanta violência e corrupção.
O efetivo governo popular brasileiro, ainda encontra óbices devido às vias
socioeconômicas, culturais e educacionais que permeiam a nação, logo, pressupõe que
o “homem comum” não estaria preparado para as grandes e complexas questões
políticas.
O modelo de democracia do Brasil, gira em torno da implementação de
representantes governamentais bem preparados e capacitados para constituir um
Estado forte institucionalmente em suas decisões daqueles que têm competência para
tanto, pois é uma ilusão buscar um governo mediatizado pelo povo, pois são os
mandatários eleitos que deterão o poder de decisão política, acolhendo a democracia
apenas na medida em que possa ela se conciliar com a ordem e o progresso.
Para se evitar a erosão da democracia brasileira se deve buscar o reforçar a
importância das instituições. Do corpo de funcionários públicos estáveis capazes de
criar uma política de estado para o longo prazo, cujo exemplo são as agências
reguladoras).
Deve-se dar ênfase à importância dos partidos políticos. Uma reforma
política que diminua o número de agremiações partidárias e permita que se vislumbre
nos programas partidários linhas ideológicas estáveis e claras.
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Os programas partidários devem vincular os parlamentares impondo a
estes a realização de seus objetivos.
A Força institucional de um país, a força do direito disponibilizando regras
claras e objetivas para o bom funcionamento da sociedade.
O amadurecimento político, cultural, educacional e ético do país.
São este os requisitos para que no Brasil tenhamos uma democracia plena
em seus termos e plena em sua realidade.
CONCLUSÃO PARCIAL
ANEXO:
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TEMAS GERAIS
FILOSOFIA DO DIREITO
Este ponto está inserido num debate ocorrido nos anos 50 do século
passado quando um autor alemão de nome Theodor Viehweg contestou o positivismo
de então, revisitando os escritos de Aristóteles e recolocou a retórica e a
argumentação no centro da filosofia do direito do século XX.
Para tanto, Viehweg estudou novamente os livros da Tópica de Aristóteles.
Aristóteles em seus estudos deu vida a duas lógicas, a lógica analítica,
formal, apofântica ou lógica da verdade, e a lógica dialética, deôntica, lógica da
argumentação ou como será chamada também no futuro lógica do razoável.
Aristóteles percebeu, pela lógica formal, que algumas afirmações poderiam
ser tidas como verdadeiras, como: Sócrates é homem, todo homem é mortal, logo,
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Sócrates é mortal. Aqui impera a lógica da subsunção, da construção do silogismo, ou
lógica do puro raciocínio dedutivo.
De outro lado, Aristóteles verificou que algumas afirmações eram apenas
verossímeis, por exemplo:
Quando digo que Platão é mais justo do que Aquiles por que ele é um
homem ponderado e sábio dado que recompensa melhor seus auxiliares, o que está
em jogo são conceitos abertos, regras de experiência, juízos valorativos que não
podem ser tidos como verdadeiros, quando muito podem ser aceitos pelos
interlocutores como verdades aplicadas apenas ao caso em exame. Aqui, por sua vez,
impera a lógica da argumentação dialética, a que usa tópicos argumentativos para
convencer o interlocutor do acerto do ponto de vista do argumentante.
São lugares argumentativos, tópicos argumentativos, por exemplo, a
razoabilidade, a proporcionalidade, a equidade, a justiça, dentre outros.
Viehweg em seus estudos nos anos 50 do século passado denuncia que a
tradição jurídica ocidental dos últimos 350 anos ficou presa apenas à lógica silogística
de Aristóteles e ao puro raciocínio lógico dedutivo apresentado em 1637 por René
Descartes no seu livro sobre o Discurso do Método, esquecendo-se da outra tradição,
também aristotélica e talvez a mais importante para o direito, a tradição da lógica
argumentativa, a que cria de argumentos dialéticos (por diálogos) para solucionar
conflitos.
Ele denuncia ainda que o positivismo e o racionalismo fizeram exacerbar
esta tradição formal para o direito, o que ao seu ver empobrece a tradição jurídica,
25
pois o direito não visa a verdade mas sim a solução de conflitos, e sempre haverá duas
ou mais visões sobre como os conflitos podem ser resolvidos, de modo que aceitar que
o direito é argumentação é aceitar que o direito não é verdadeiro, mas verossímil, o
que o torna mais funcional.
Assim, para Viehweg a lógica principal para o direito, aquela que define o
direito como disciplina cuja função maior é a solução de conflitos, é a lógica
argumentativa, a lógica dialética ou tópica. Repita-se, aqui o direito é sempre uma
arte de encontrar argumentações que possam convencer o interlocutor da correção
do ponto de vista do emissor sempre visando a solução de conflitos.
Nasce neste contexto, com adaptações, aquilo que vai se chamar tempos
depois de pós-positivismo, isto é, uma visão de que o direito é mais uma disciplina
argumentativa, uma disciplina da arte da prudência, da busca do argumento correto
para por fim a problemas concretos da vida humana, uma disciplina prática, e não
uma disciplina eminentemente teórica, contemplativa, pretensamente científica e
formal.
Pouco tempo depois um jurista belga chamado Perelman vai desenvolver
as ideias de Viehweg dando origem ao movimento chamado de Nova Retórica, em que
introduzirá conceitos como o de auditório. Cada fala do emissor deve ser dirigida e
adaptada a um auditório diferente, quem comanda a mensagem não é o emissor, mas
o receptor.
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No Brasil o grande estudioso desta corrente será Tércio Sampaio Ferraz,
professor da USP, que defende um conceito do direito como uma disciplina
pragmática, em que a técnica jurídica é posta a serviço da criação de argumentos para
a tomada de decisão e gestão do poder. Para Tércio o direito não é uma ciência mas
uma técnica de construção de discursos para a solução de conflitos.
A Argumentação ganhará outros adeptos, uns mais formalistas como Alexy,
outros ainda defendendo um alto grau de racionalismo como Habermas e sua defesa
de que a argumentação pode construir uma verdade ao final do debate travado ente
sujeitos racionais, ou Dworkin, filósofo americano e sua defesa do Juiz Hércules que
seria capaz de encontrar a decisão ideal e perfeita ao final do processo.
Todos aceitam as críticas ao positivismo e a defesa deste de que a decisão
jurídica é uma mera operação silogística de subsumir o fato à norma, mas o cerne já
estava em Viehweg e sua defesa, para mim correta, de que o direito é a arte de
encontrar o melhor argumento para solucionar problemas concretos, uma arte muito
mais do campo da prudência do que do campo da ciência ou da verdade.
O justo nesta perspectiva é sempre o justo encontrado diante da situação
concreta. A Justiça se faz equitativamente dando a cada um o que é seu diante da
materialidade do caso em exame. Assim, por exemplo, na fixação dos alimentos, a
capacidade do alimentante e a necessidade do alimentado é que vai determinar
dentro de alguns parâmetros o quanto se fixará de pensão a ser paga. Cada caso é
um caso, não há uma fórmula pronta e acabada para toda e qualquer situação dada,
cabe ao intérprete, e no nosso caso ao juiz, construir argumentos para que seu ponto
de vista seja aceito como adequado pelas partes.
26
O método de interpretação pela lógica do razoável é uma corrente
próxima da inaugurada por Viehweg, seu formulador será o jurista mexicano Luís
Recaséns Siches, que defenderá para a interpretação jurídica o método da LÓGICA DO
RAZOÁVEL ou “Lógica da Ação Humana”.
Aqui a estrutura é muito semelhante a que expomos acima. Também para
Recaséns Siches a lógica formal e silogística não esgota toda capacidade da razão
humana. Nas questões de vida pratica, cotidiana, nas tomadas de decisão, vigora
segundo ele, uma lógica da ação humana informada por um princípio de
razoabilidade.
Esta razoabilidade se dá em concreto. Por exemplo, diante de uma
situação da vida em particular como a cominação da pena a um condenado, cabe ao
juiz verificar quais são em concreto as características subjetivas do réu, se ele possui
bons ou maus antecedentes, se o ato cometido por ele possui uma reprovação social
que extrapola os limites do tipo penal.
Aqui, o juiz elabora sempre juízos de valor, ele pondera sua própria
subjetividade, sua compreensão de mundo, e elabora um sentido do justo para o caso
concreto que contempla, de um lado os aspectos fáticos da questão, e de outro os
aspectos legais.
Deste modo, o encontro da solução razoável a ser aplicada ao caso é
sempre um ato presente na atividade do juiz que, apesar de dever sempre decidir
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segundo a lei, tal circunstância não o exime da busca do justo da ação humana que ele
está examinando.
Em resumo, neste ponto uma resposta equilibrada poderia afirmar que a
Justiça a ser alcançada pelos julgamentos jurídicos é aquela que se extrair da valoração
efetuada pelo juiz diante dos fatos da vida concreta, conjugada com a aplicação da lei,
com suas normas, princípios e valores positivados, sempre dentro de um quadro de
senso de razoabilidade segundo o contexto social em que a decisão jurídica será
tomada, e que é explicitada mediante a ação argumentativa realizada pelo juiz que,
tendo as partes como auditório, procura, com criatividade e sensibilidade, encontrar a
solução mais adequada que ponha fim ao conflito em pauta.
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Equidade. Direito e moral (Tema pedido no TJPE e TJDF 2015)
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Como ilustração, alguns vão afirmar que a equidade pode ser extraída,
implicitamente, dos comandos dos artigos 4 e 5 da Lei de Introdução às normas do
Direito Brasileiro, a saber:
Art. 4o. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 5o. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige e às exigências do bem comum.
Não se trata de dizer que a equidade se confunde com a analogia, os
costumes ou os princípios gerais de direito, mas de se afirmar que dentro da noção de
bem comum está a noção de justiça e dentro da noção de justiça está a noção de
equidade, de maneira que se pode afirmar ser a equidade plenamente aceita como
norma do sistema jurídico pátrio.
Por outro lado, a equidade está positivada no CPC, art. 127., verbis: O juiz
só decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei.
Pergunta-se então se o rol de aplicação da equidade é taxativo, ela
efetivamente só pode ser aplicada quando a lei o prever explicitamente? Não é o caso,
este art. 127, por paradoxal que seja, deve, ele também, ser interpretado pelo prisma
da equidade, pois acreditar que a lei escrita é capaz de previamente estabelecer todas
as possibilidades de incidência da equidade é ir contra a própria noção de equidade
que diz que se aplicará equidade quando a lei for imperfeita. Ora, o que é perfeito
pode ser taxativo. No entanto, sendo a lei escrita por natureza passível de imperfeição,
ela não pode impedir a incidência de regra destinada a corrigir suas imperfeições,
30
donde se pode concluir que por equidade o art. 127 do CPC deve ser interpretado
como sendo apenas exemplificativo e não taxativo.
Pode-se citar exemplos de artigos de lei que positivam o uso da equidade
no direito brasileiro.
No CPC, art. 1109 e art. 20
CLT. art. 8º
No art. 11 da lei de arbitragem (Lei 9307/96)
No art. 6º da Lei 9099/95
Realizada esta pequena reconstrução do conceito de equidade em que se
destacou suas funções clássicas de correção, integração e interpretação da lei, resta
perguntar se a equidade tem ganhado novos horizontes diante dos atuais mecanismos
de mediação de conflitos?
A resposta é sim. Como bem destaca nosso colega e Professor aqui do
MEGE, Dalton Oliveira, em suas aulas, uma das intenções do CNJ em incluir a equidade
na resolução 75 de 2009 é despertar o futuro juiz para que perceba o alcance dos
novos mecanismos de composição patrocinada de conflitos.
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Assim, no dizer do Professor Dalton, " a equidade não se aplica mais
somente no silencia da lei, mas também suaviza seu rigor, bem como na aplicação de
composição patrocinada", cujos exemplos cita: mediação, conciliação e arbitragem.
Nestas três modalidades de composição de conflitos a liberdade de
negociação entre as partes é maior, a busca por consenso é a tônica, momento em que
a possibilidade de se lançar mão de argumentos de equidade para se encontrar o
sentido de justo aceito por todos os envolvidos é maior.
Em decorrência, numa conclusão parcial, se esta for a pergunta efetuada
pelo examinador, caro candidato, discorra sobre os modos clássicos de equidade como
exposto acima, fale um pouco das normas positivas que prevêem a equidade no direito
brasileiro, em particular as que já citamos e não se esqueça de relacionar a equidade
com o sentido mais contemporâneo de solução alternativa de conflitos.
Sobre o Direito e a Moral, novamente temos que discorrer sobre os modos
de distinção mais tradicionais, e os modos mais contemporâneos de leitura desta
relação.
Álvaro de Azevedo Gonzaga, Prof. da PUC-SP no livro Vade Mecum
Humanístico indica dois grandes modos clássicos de se tratar a relação entre a moral e
o direito.
A chamada Teoria do Mínimo Ético de Georg Jellinek, e a Teoria de Miguel
Reale.
Para Jellinek o direito representa apenas " o mínimo de moral" prescrito 31
pelo legislador e tornado obrigatório. A Moral seria algo mais amplo do que o direito.
Donde se pode concluir que " tudo que é jurídico é moral, mas nem tudo que é moral é
jurídico".
Para Miguel Reale, a posição de Jellinek é equivocada no "sentido de que
existem campos do direito que não são abrigados pela moral, sendo, portanto,
amorais". Exemplo seriam as normas que regulam a produção de alimentos, que
regulam apenas fatos.
Outro posicionamento mais radical é o de Kelsen para quem a moral e o
direito não se comunicam, o direito cuida do lícito e do ilícito posto pela norma juridica
válida e positivada pelo estado, a moral cuida do que é bom, virtuoso, ético. Para
Kelsen a norma jurídica é válida ainda que seja contrária à moral.
Uma outra posição de destaque é a do Professor Tércio Sampaio que
defende, tal qual Kelsen que a validade do direito não depende da moral, mas aduz
que se o direito for contrário à moral surge, de imediato a ele, o direito, o imperativo
ético e moral de agir para revogar a lei que é contrária à moral.
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Ilustrando, os círculos concêntricos seriam a posição de Jelinek, os círculos
secantes a posição de Miguel Reale, e os círculos separados as posições de Kelsen e
Tércio, este com as adaptações apresentadas.
Amigos, neste ponto, se de um lado a advertência do Prof. Dalton para a
equidade contemporânea e sua incidência nos novos mecanismos de resolução de
conflitos é um grande diferencial para a resposta de vocês, em termos de Teoria do 32
Direito e seguindo as linhas do edital, quero destacar como diferencial ainda mais
alguns pensadores.
John Rawls e a Teoria da Justiça como equidade. TJPA 2015
Hart e sua defesa de um mínimo moral dentro do direito. TJRN 2015
Dworkin e o direito como moral, uma estrutura em forma de árvore. TJPA
2015. TJSC 2014.
Niklas Luhmann . Teoria dos sistemas sociais: TJMG de 2015.
Hans Kelsen. Tema do TJCE 2014
Realismo Jurídico. TJSP 2015
Pluralismo Jurídico. TJPE 2015
Gadamer. TJSC 2014 e TJPA 2015
Habermas. Teoria da Ação Comunicativa. TJPA 2015
Fontes do Direito Objetivo, tema de prova TJRN 2015
Princípios Gerais do Direito. TJRN 2015.
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John Rawls e a Teoria da Justiça como equidade, foi tema TJPA 2015
Hart e sua defesa de um mínimo moral dentro do direito, foi tema TJRN
2015.
Já Hart, filosofo britânico cujo auge foi dos anos 50/60 do séc. XX possui
uma posição sobre a relação entre o direito e a moral que empolga muitos pensadores
da comunidade jurídica brasileira, em particular os que convivem com o examinador
na faculdade em que ele dá aulas.
Para Hart o direito e a moral são instâncias diferentes, contudo ele não é
tão radical quanto Kelsen, e aceita que numa determinante de longa duração, a
indeterminação semântica dos dois termos, a pratica social dos dois conceitos, cria
entre eles mínimos vasos comunicantes. Assim, se for perguntado a vocês a posição de
Hart sobre a relação entre o direito e a moral respondam que Hart considera o direito
como algo diferente e independente da moral, apesar de aceitar a existência entre
eles de algum contato. Uma norma jurídica é válida apesar de poder ser contrária à
moral, no entanto a moral dá algum sentido ao direito impondo que este faça esforços
para revogar a norma que é contrária à moral.
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Nas palavras de Hart:
“Em qualquer comunidade há uma sobreposição parcial de conteúdo entre
a obrigação jurídica e a moral; embora as exigências das regras jurídicas sejam mais
específicas e estejam rodeadas por exceções mais detalhadas do que as
correspondentes regras morais (Hart, em seu livro Conceito de Direito).
"Sustento neste livro que, embora haja muitas conexões contingentes
diferentes entre o direito e a moral, não há conexões conceptuais necessárias entre o
conteúdo do direito e o da moral, e daí que possam ter validade, enquanto regras ou
princípios jurídicos, disposições moralmente iníquas."
Em síntese, para Hart o direito é independente da moral, mas esta fornece
a este algum sentido quanto ao justo de suas ações.
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Não há justiça pelo direito se a vida na comunidade em que estou inserido
é ruim, em que há desigualdades exacerbadas.
Não há viver bem, quando não sou responsável pelas minhas escolhas e
minha vida é um sem sentido. Dworkin diz, não há sentido moral para uma vida que se
limita a colecionar palitos de fósforos.
Filtrado por estes parâmetros morais, o direito para Dworkin é parte da
moral e como tal Dworkin dá origem a uma Teoria Integral do Direito que o une à
moral. Só é direito legítimo o direito que respeita a justiça e a moral.
Niklas Luhmann, sociológo alemão, falecido em 1998, possui uma das mais
relevantes contribuições para a compreensão da Sociedade e do Direito
contemporâneos.
Para entender o pensamento de Luhmann é preciso uma abertura
cognitiva para o novo. O modo como ele usa o vocabulário pode num primeiro
momento causar estranheza, no entanto, suas formulações são poderosas, e uma vez
captadas, nos auxiliam a compreender de modo diferente conceitos como individuo,
Sociedade, direito, sistema, entorno ou meio, dentre outros.
Para nós do Direito, Luhmann é importante em particular por três
35
circunstancias.
Primeiro nos permite apreender um modelo teórico de como as
Sociedades complexas da modernidade atual funcionam, como os indivíduos
interagem nestas Sociedades, e qual a função do Direito dentro destas Sociedades.
Suas formulações hoje são importantes para o Direito Constitucional (função da
Constituição - Marcelo Neves), Direito Penal (funcionalismo de Roxin e Jakobs) e
Direito Empresarial (Canaris, Teubner).
Luhmann começa suas formulações diferenciando Sistema de entorno.
Sistema, para ele, é uma estrutura fechada, que produz internamente, de
modo autopoiético (autos (do grego): a si mesmo – poieses (do grego): fazer, donde,
autopeiético é aquele sistema que se faz, que faz a si mesmo, que se reproduz a si
próprio) suas próprias linhas de força de significado, seus próprios códigos. Apesar de
ser fechado, o sistema troca informações com o entorno, com o meio, sem, contudo,
perder a identidade própria.
Entorno, ou meio ambiente, por sua vez, é para Luhmann o que circunda o
sistema, que possui uma dimensão maior do que o sistema, que troca informações
com o sistema mas, contudo, não rompe os limites deste. O sistema convive com o
meio, faz parte do meio, comunica-se com o meio, mas não é o meio.
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Assim, por exemplo, um sistema simples seria uma sala de aula de
estudantes de Direito (que denominarei de sistema SAED) cuja função é produzir
conhecimentos sobre o Direito. O que identifica esta sala como sendo um sistema
autopoiético é que os estudantes seguem as regras sistêmicas e produzem cada vez
mais conhecimentos jurídicos. No entanto, esta sala possui um entorno, um meio, a
universidade (que denominarei de meio MU). Do meio MU, isto é a universidade, a
sala de estudantes de direito, sistema SAED, recebe a informação de conhecimentos
de economia, conhecimentos de psicologia, conhecimentos produzidos no meio MU
que retro alimentam o sistema SAED que exigem que este se adapte produzindo novos
conhecimentos que conciliem, por exemplo, fatos econômicos com o Direito (regra da
correção monetária dos precatórios) ou conciliem fatos psicológicos com o Direito
(medida de segurança ao inimputável).
Nestas trocas de informações com o meio, o Sistema, para manter-se
sistema, sempre deve ser capaz de continuar a produzir autopoeieticamente os
códigos que lhe identificam enquanto sistema. No caso do sistema SAED, apesar de às
vezes lidar com informações não jurídicas, o sistema SAED deve sempre produzir
conhecimentos jurídicos. A sala de aula de estudantes de direito vive dentro do meio
Universidade, mas ela não é a Universidade, pois dentro da Universidade, o sistema
SAED, sala de estudantes de direito é o único que produz conhecimentos jurídicos e
possui, portanto, uma diferenciação funcional.
Qual a função do sistema SAED que o diferencia do entorno? Só ele produz
conhecimento jurídico. Daí poder-se dizer que um sistema, pra ser sistema, deve
possuir uma diferenciação funcional, só ele cumpre uma função que o identifica, só ele 36
produz um código funcional que o diferencia do entorno.
Um sistema pode ser entorno de outro sistema. Por exemplo, no sistema
SAED alguns estudantes podem se especializar em produzir conhecimentos de Direito
Penal, e vão, desta maneira, produzir conhecimentos sobre norma penal,
diferenciando-se, funcionalmente, neste momento, do sistema SAED. Estes alunos dão
vida, agora, ao sistema SADEP ( sala de aula de estudantes de direito penal).
Luhmann dá vários exemplos de códigos binários que identificam sistemas
sociais, por exemplo:
A economia produz autopoieticamente o código dinheiro/não dinheiro,
valor/não valor.
A medicina produz autopoieticamente o código saúde/não saúde.
Para Luhman a Sociedade é um sistema cuja diferenciação funcional é
produzir autopoieticamente comunicação de comunicação.
Já os indivíduos são sistemas cognitivos cuja diferenciação funcional é
produzir internamente pensamentos, cognições que geram a identidade do próprio
indivíduo.
A Sociedade, para Luhmann, não é composta de indivíduos, mas, ao
contrario, ela é composta de comunicações.
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A Sociedade é o entorno dos indivíduos, mas os indivíduos não são a
Sociedade.
É aqui que o leitor apressado se perde e passa a acusar Luhmann ou, de
conservador, ou de anti-humanista, ou de funcionalista radical. Nada mais errado.
Primeiro, o que Luhmam faz é tornar evidente que os indivíduos são
sistemas cognitivamente fechados. O que eles pensam, desejam, querem, o meio, isto
é, a Sociedade, nunca saberá. Não é possível saber o que se passa na cabeça dos
indivíduos. Destes, só temos acesso às comunicações que eles prestam ao entorno,
isto é, à Sociedade. Por exemplo, o indivíduo mata alguém, diz que matou por
vingança, mas o sentido “verdadeiro” do ato, o querer verdadeiro do ato, nunca nos
será acessível, nos restando, portanto, lidar com o dado objetivo da ação que foi
externada, ou seja, o ato em si que foi causa da morte da vítima, e a expressão feita
pelo individuo de que matou por vingança (é nesta parte que Luhmann serve de base
para a teoria da imputação objetiva, pois seguindo sua teoria de que os indivíduos são
sistemas cognitivamente fechados, falar de apreensão finalista da ação, dolo subjetivo
é, para ele, uma contradição em termos).
Assim, longe de ser anti-humanista, Luhmann é um grande humanista, pois
ele nos adverte que devemos respeitar como inacessível as intenções íntimas e
internas dos indivíduos, donde surge a teoria do minimalismo penal ou intervenção
mínima da esfera penal na vida dos indivíduos, despenalizando atos tipicamente
subjetivos que segundo Luhmann estaria fora do alcance das comunicações sociais. O
Direito penal, ao aceitar que não se tem acesso ao íntimo cognitivo dos indivíduos,
diferencia-se funcionalmente da moral, tornando-se mais objetivo, mais funcional
37
(teoria da imputação objetiva e funcionalismo são termos que derivam deste
contexto). Ao tirar a incidência do Direito Penal da esfera psico-cognitiva dos
indivíduos, Luhmann os liberta da sanha dos moralistas, dos reeducadores, dos
controladores de mentes, estes sim, conservadores e totalitários.
Já a Sociedade para Luhmann é um sistema autopoiético de comunicações
de comunicações. Ela é o grande sistema no qual a vida humana transcorre. A
Sociedade complexa atual vive de produzir comunicações. Uma simples propaganda na
TV gera comunicações que repercutem em vários sistemas. No econômico a
propaganda pode aumentar ou não as vendas, gerando valor/desvalor; no sistema
família, ela pode gerar expectativas de se ganhar um presente ou não, gerando
amor/desamor, no direito, a propaganda pode gerar uma ação lícita/ilícita (a
propaganda fere ou não o código do consumidor?).
As comunicações geram comunicações que geram comunicações, e a
Sociedade autopoieticamente vai se estruturando. Dos indivíduos a Sociedade recebe
comunicações, mas as comunicações vão além dos indivíduos. Os códigos de lei, os
regulamentos, os símbolos, a história, tudo gera comunicações, tornando a Sociedade
um sistema hipercomplexo de comunicações.
A função do Direito nesta Sociedade é gerar autopoieticamente normas
jurídicas não passíveis de argumentos contrafáticos (normas cogentes) que vão gerar
expectativas congruentemente generalizáveis. Ex.: todos devem respeitar o sinal
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vermelho. O Direito, assim, é um sistema dentro do sistema social cuja diferenciação
funcional é criar regras de prevenção e apaziguamento de conflitos. Não cabe a ele
ofertar valores morais ou políticos. A ele cabe prever e positivar regras de
procedimento para prevenir e solucionar conflitos.
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estrutura escalonada poderá se dirigir para buscar o fundamento de sua própria
validade, produção, aplicação e unidade.
Assim, da análise da função epistemólogica da norma fundamental pode-se
ver o quanto na teoria de Kelsen é necessário, quando da fundação da legitimidade e
da cogência da ordem jurídica positiva, manter-se neutro frente aos valores,
Com efeito, obedecer a Norma Fundamental ao modo kelseniano, não é
uma questão de fé, mas uma questão de dar um fecho racional ao sistema,
imunizando-o contra possíveis contestações, relativas ou de cunho valorativo. Daí
poder se afirmar existir em Kelsen um normativismo lógico.
Em Kelsen há um normativismo lógico (também chamado de positivismo
normativista) porque o sistema jurídico é autônomo em sua reprodução e manutenção
de coerência e harmonia. Em Kelsen, uma norma que funciona como pressuposto
transcendental de validade do sistema (a norma fundamental, que em síntese significa
uma regra lógica não escrita, algo como: devemos obedecer o direito e a constituição)
dá origem a uma norma jurídica, a constituição, que por sua vez traz as regras pelas
quais as demais normas jurídicas serão criadas, perfazendo um escalonamento de
hierarquias normativas que dá sentido lógico ao sistema e mantém sua coerência. Em
Kelsen a lógica é circular: Norma que produz norma que produz norma que produz
norma que respeita a norma fundamental, que fundamenta a constituição, que produz
outras normas, até as mais ínfimas como os contratos entre particulares ou um ato
administrativo. Todas as normas válidas no sistema jurídico estão presas a esta lógica
circular. 39
Deste modo, está aberto o campo teórico para a unificação da ideia de
direito. Daí a grande preocupação com a ideia de unidade. Unidade de poder, unidade
de autoridade, unidade do direito positivo e, por via de consequência, unidade de
valores objetivos cuja função básica é garantir estabilidade e previsibilidade no agir de
cada qual, de modo a instituir um máximo possível de paz social.
Do exposto, ao que parece, Kelsen ainda compartilha - como Hobbes, o
medo pela fragmentação acentuada das vontades diante da ausência de um
referencial objetivo cuja magnitude e autoridade inquestionável possibilite, pelo
monopólio da força e do direito, refrear os impulsos dos indivíduos desejantes,
contendo a agressividade e estabilizando o jogo social na figura do ESTADO
CONSTITUCIONAL todo poderoso.
Todos sabemos os limites do método Kelseniano, se por um lado ele
auxilia, e muito, na construção epistemológica estrutural do Direito como um todo, e
do Direito Constitucional, em particular. Ele, acima de tudo permite, via noção da
pirâmide normativa e hierarquia das normas, o estabelecimento da doutrina do
controle em abstrato de constitucionalidade das leis, com o consequente
aparecimento da figura dos tribunais constitucionais, as ADINS, etc., circunstâncias,
como sabemos, tão presentes no dia a dia das atuais lides constitucionais.
No entanto, em termos de Teoria do Estado e do jogo do poder, o
formalismo jurídico Kelseniano pouco contribui para a criação de anticorpos contra
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atos de autoritarismo, pois, ao deixar os valores em segundo plano, ele pouco pode
fazer frente a atos de ruptura Institucional.
Enfim, não podemos escapar de pensar com Kelsen, o modo de
estruturação do Direito e da UNIDADE do ordenamento jurídico. Contudo, há que se
ficar alerta aos limites de sua teoria, em particular frente à sempre importante decisão
de quais valores são imprescindíveis para se afirmar a legitimidade da ordem jurídica
formalizada na Constituição jurídica de um país.
É sabido, entretanto, que há outros Kelsens além daquele da Teoria Pura,
ele também escreveu uma Teoria do Estado e uma Teoria da Justiça, mas para fins do
edital, com a questão central é o conceito de direito a partir do normativismo lógico,
deve se saber que Kelsen enquanto epistemólogo ( epistemologia é a disciplina da
filosofia que visa responder a pergunta: como conheço as coisas, qual o objeto de meu
conhecimento) do direito, enquanto aquele que nos ajuda a estabelecer nosso objeto
de conhecimento, ainda não pode ser desconsiderado. Saber que nosso objeto de
estudo é a norma válida nos ajuda em muito a planejar nossa vida profissional, e para
tanto Kelsen ainda é um grande companheiro de viagem.
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Pluralismo Jurídico: TJPE 2015
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Se no pluralismo da fase de Pasárgada a preocupação do pluralismo
jurídico era descrever as relações jurídicas extras estatais que surgiam dentro de
setores comunitários, principalmente segundo uma lógica do excluído
economicamente, agora no pluralismo pós-moderno a questão se volta para o direito
internacional tanto público quanto privado e sua incidência na ordem interna dos
países.
Nos dias atuais de globalização, são inúmeros tratados e convenções que
passam a vigorar dentro das ordens jurídicas internas. São vários Tribunais que passam
a ter atribuição para julgar conflitos jurídicos oriundos dos países signatários de
tratados como o Pacto de São José ou o Estatuto de Roma que criou o Tribunal
Internacional Penal.
Assiste-se, assim, uma verdadeira relativização da soberania dos Estados.
Ao mesmo tento contratos privados entre empresas multinacionais
escolhem mecanismos internacionais de arbitragem, regulamentos destas empresas
criam direitos aos seus trabalhadores que se multiplicam no mundo.
Neste clima, o pluralismo jurídico hoje é um conceito que procura não
apenas dar conta do pluralismo jurídico comunitário, aquele que surge nas
comunidades em que o Estado formal não chega ( Direito de Pasárgada e Direito
achado na Rua) quanto o pluralismo pós-moderno , fruto da globalização que relativiza
a soberania dos Estados dando vida à jus posição de normas internacionais públicas e
42
privadas ao lado do direito estatal, a indicar que o sentido da palavra direito hoje é
mais plural do que nunca.
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Todo viver do homem já se dá por uma pré-compreensão de mundo que
ele capta da tradição em que ele é inserido. O sujeito que conhece não é um sujeito
neutro como queria o positivismo solipsista, mas é um sujeito impregnado de
tradições, de valores que já estão no mundo que o indivíduo nele surge. Por exemplo,
quando vocês chegarem ao TJPB como juízes, lá já existirá um rol de tradições de ritos
de símbolos com os quais vocês deverão se adaptar. Estes valores, estes símbolos são
a pré-compreensão de mundo que influência da atividade hermenêutica do interprete
retirando desta aura de neutralidade que não existe.
Com o diálogo, estas tradições e novos modos de interpretar as relações
humanas vão estabelecendo novos arranjos de conteúdo de mundo, novos valores, e
um consenso possível deve ser buscado na fusão de horizontes entre o interprete e o
destinatário da interpretação.
O chamado giro hermenêutico portanto, é este voltar-se para si mesmo
enquanto ser que interpreta, a constituição já está no mundo quando chego para
interpretá-la, eu só posso estar no mundo enquanto ser que interpreta, eu não aplico
métodos de interpretação, eu sou um ser que interpreta o mundo no próprio ato de
viver.
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Nesta situação, a validade de uma decisão é sempre a posteriori, a
sociedade é uma sociedade aberta ao jogo da ação comunicante.
Quem comunica é um indivíduo racionalmente autônomo (Kant) não
alienado culturalmente, e economicamente autônomo. Este indivíduo pode e deve
entabular um diálogo social com todos os demais membros da sociedade para que
juntos tomem a melhor decisão em prol do bem comum de todos.
A importância desta teoria para o direito é que ela proporciona uma teoria
da democracia mais aberta, com mais responsabilidade para os indivíduos sobre as
decisões políticas. Permite a convivência de multiculturalismos dentro da sociedade na
medida em que ela não está presa a valores a priori, cria a necessidade de que todo
discurso decisório seja justificado racionalmente de modo a que possa vir a ser aceito
por suas próprias razões por todos os membros da sociedade.
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Há ainda classificação utilizada pela doutrina que se refere às fontes
voluntárias e não voluntárias. Por voluntárias entende-se aquelas que explicitam uma
vontade dirigida especificamente à criação de uma norma jurídica. Sob este aspecto
são fontes voluntárias a lei, a jurisprudência e a doutrina. Por fontes não voluntárias
entende-se as que surgem independentemente de se buscar a criação de uma norma,
como os costumes e os princípios gerais do direito.
Especificamente em relação ao ponto “fontes do direito objetivo”, o
candidato deve estar atento para uma linha mais clássica, alinhada ao positivismo que
enaltece a lei como principal fonte do direito, e uma linha mais atualizada que
reconhece a força e aplicação da jurisprudência como fonte do direito. De certa forma,
as duas posições são antagônicas, pois a primeira nega à jurisprudência a ideia de que
ela possa, de fato, inaugurar direito, restringindo-se a reproduzir o direito que, na
verdade, se originou de outra fonte. Por sua vez, a segunda linha de pensamento
concebe com mais facilidade a ideia de que a jurisprudência seja capaz de originar
direitos de forma inaugural.
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HUMANÍSTICA, ALGUMAS QUESTÕES POSSÍVEIS:
PSICOLOGIA
ÉTICA
Independência;
Imparcialidade;
Transparência;
Integridade profissional; 47
Dissertando sobre eles:
1) Independência: age com independência o Juiz fiel às próprias convicções
jurídicas, que não se submete a pressões de terceiros, que, além disso, leva aos órgãos
competentes quaisquer tentativas de intimidação que venha a receber. A
independência do Juiz decorre da própria soberania popular. O Juiz ao prestar a
jurisdição está na posse, numa determinante de longa duração, da soberania popular.
Um Juiz independente não é um Juiz com comportamentos arbitrários, sui generis, ao
contrário, um Juiz independente é aquele que, respeitando os comandos legais, e os
deveres institucionais, decide, de modo motivado e devidamente justificado conforme
os elementos constantes dos autos, segundo sua consciência.
2) Imparcialidade: atua de modo imparcial o Juiz que trata de modo
equânime as partes do processo, que oportuniza de maneira equilibrada a todos a
possibilidade de exposição de seus pontos de vista processuais, oportuniza o
contraditório, zela pela simetria das partes, se afasta do processo quando alguém de
suas relações está envolvido, ou o próprio Juiz possui interesse na causa.
Imparcialidade é a virtude do bom juiz equidistante, desapaixonado, que procura
decidir com argumentos da razão.
3) Transparência: este princípio destaca que o Juiz deve dar a mais ampla
publicidade aos seus atos decisórios e de expediente. Derivado do princípio
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democrático, o princípio da transparência indica que a atividade do Juiz faz parte da
compreensão geral do que seja uma sociedade democrática. Nesta, salvo algumas
poucas e raras exceções, viceja a necessidade de que todo ato de gestão pública, todo
ato de decisão do poder público, seja transparente a permitir que se faça o controle
popular e institucional dos modos de agir dos representantes da soberania popular.
Ora, como vimos o Juiz é um representante da soberania popular quando presta a
jurisdição e, portanto, seus atos podem e devem ser controlados pelo povo e pelas
instituições (controle pelo CNJ, corregedorias). A transparência dos atos de decisão e
gestão do Juiz é um corolário da Democracia.
4) Integridade profissional: Integridade refere-se a uma noção de unidade,
a indicar que não é possível compartimentar as ações do Juiz em blocos. Não pode o
Juiz escolher quando bem agir, como se fosse possível a ele, a cada passo, a cada
processo em análise, escolher como se pautar. A integridade é um todo, e como tal
pressupõe que o Juiz não pode excepcionar seu modo de proceder. Probo,
incorruptível, honesto, o Juiz não aceita nem fornece favores, não aceita dádivas em
razão de sua função. O Juiz integro mantém-se reservado, mantém-se distante de
quaisquer situações ou lugares que possam, o mínimo que seja, levantar contra ele
alguma suspeita.
Alexy, filosofo Alemão, escreve nos anos 70 do séc. passado, uma Teoria da
Argumentação Jurídica que vai ficar muito famosa no mundo todo e principalmente no
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Brasil, sua principal característica é buscar um rigor lógico e formal para o argumento
jurídico, evitando ao máximo que as incongruências e imperfeições da linguagem
comum contaminem a linguagem jurídica. Daí ele defender a ponderação como um
modelo de fundamentação (e não de mera decisão), assegurando sua segurança, ou
seja, sua racionalidade. A racionalidade da argumentação jurídica advém de sua
fundamentação racional e rigor lógico e semântico. Alexy desloca então a
argumentação para a fundamentação do discurso e não apenas para a decisão.
Lembre-se da sentença, a fundamentação da sentença também é uma argumentação
diria Alexy, e é ela que controla a racionalidade da decisão.
Ele defende que aquele que pretenda construir uma teoria dos direitos
fundamentais deve ter uma preocupação analítica, isto é, de fundamentar
racionalmente os conceitos, tornando-o claros e uma preocupação empírica, isto é,
“seu material mais importante é a jurisprudência do Tribunal Constitucional Federal”.
Assim, uma teoria estrutural deve ter eminente caráter empírico-analítico.
Sua chamada “lei da ponderação”, prescreve que quanto maior é o grau
da não cumprimento de um princípio, maior deve ser a importância da satisfação de
outro.
ALEXY, realiza uma cuidadosa e detalhada análise da jurisprudência do
Tribunal Constitucional Federal, onde a questão da precedência um princípio sobre
outro, citando o Tribunal: “nenhum dos interesses merece por si só, a precedência
frente a outro”. [BVerfGE 51, 324 (345)]. Explicando o que denomina como metáfora
do peso, isto é cada princípio tem seu peso diante da situação fática concreta. 49
Assim, exemplo famoso é o do direito ao esquecimento x direito à
informação, um preso que cometeu crime hediondo e cumpriu 20 anos de prisão ao
sair pode impedir que haja um documentário sobre ele na TV ao argumento de que
possui direito ao esquecimento? Ou a população tem direito a ser informada?
Ponderando os princípios, o tribunal alemão decidiu que um documentário de 1 hora
é desproporcional pois beira ao sensacionalismo, mas noticiar apenas no jornal
noturno em 2 a 3 minutos é razoável, daí tanto o esquecimento quando o direito à
informação ponderados influem na decisão, permanecem no sistema, cada qual com
seu peso.
De acordo com Alexy, o peso dos princípios é determinado da seguinte
forma: “O princípio P1 tem, em um caso concreto, um peso maior que o princípio
oposto P2, quando existem razões suficientes para que P1 preceda a P2, sob as
condições C dadas em um caso concreto” (ALEXY: 2002, p. 93). Nesse sentido, a
metáfora do peso utilizada por Alexy deve ser entendida como as razões suficientes
para que um princípio preceda outro, não possuindo significado quantitativo os
princípios são sempre razões prima facie - valem a princípio, salvo ponderação
posterior, e as regras, valem segundo um tudo ou um nada, isto é, a menos que
existam cláusulas de exceção, valem de imediato como fundamentos de juízos de
decisão.
Os princípios são mandatos de otimização caracterizados pelo fato de que
podem ser cumpridos ou não, em graus diferentes, sendo a medida do seu
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cumprimento dependente não somente das possibilidades fáticas (determinadas no
caso concreto a partir do qual são invocados princípios opostos pelas partes), mas
também jurídicas, relacionadas com os princípios mesmos que se encontram em
colisão e necessitam ser ponderados
Alexy formula uma regra ou máxima para a resolução dos conflitos entre
princípios, baseada na sua ponderação ou sopesamento. Ele denomina tal critério
hermenêutico de regra da proporcionalidade, uma espécie de meta-princípio
estruturado em três passos ou estágios subsequentes: o da adequação, o da
necessidade e o da proporcionalidade, em sentido estrito.
O primeiro passo diz respeito à verificação da adequabilidade dos meios
jurídicos empregados para a obtenção de um certo fim. Ou seja, uma determinada
norma restringe, por exemplo, o direito de propriedade em razão da tutela do meio
ambiente. Caberia verificar se a restrição legal atinge o fim proposto ou não. O
segundo passo questiona a existência de outro meio, menos gravoso para a
propriedade privada, que tutelasse o meio ambiente com a mesma eficácia. Por fim,
no terceiro dito estágio da razoabilidade em sentido estrito, procede-se a um cálculo
de custo-benefício entre os princípios colidentes de modo a verificar seu maior ou
menor grau de eficácia.
Em outros termos, com o mesmo exemplo, se o grau de restrição da
propriedade privada seria compatível com o grau de realização da proteção ao meio
ambiente. Como salienta Alexy, os estágios da necessidade e o da adequação dizem
respeito à otimização de princípios frente a aspectos fáticos, já o estágio da
proporcionalidade em sentido estrito diz respeito à otimização de princípios em face
50
de "possibilidades jurídicas".
Em síntese, considerados prima facie, os princípios, considerados espécie
de normas, junto com as regras, apresentam-se no ordenamento constitucional sob
o mesmo peso hierárquico, sendo que a sua colisão somente ocorre nos casos
concretos, quando um princípio limita a irradiação de efeitos do outro. Quando se
depara com a colisão de princípios, o intérprete deverá valer-se de um critério
hermenêutico de ponderação dos valores jus fundamentais que Alexy denomina de
"máxima da proporcionalidade" a qual é composta pelas três máximas parciais acima
mencionadas.
A relação de ponderação atribui a cada princípio um peso por serem eles
exigências de otimização diferentemente das regras que são rígidas na sua aplicação a
um caso concreto. Ou seja, neste último caso, as regras se aplicam de forma integral
dentro do código binário válido/inválido; tudo ou nada, fazendo-se valer, quando
cabíveis, em caráter definitivo e excludente.
Os princípios, por seu lado, podem ter diferentes graus de concretização,
dependendo das circunstâncias específicas (possibilidades fáticas) e dos demais
princípios que se confrontam (possibilidades jurídicas). Somente após a realização do
processo de ponderação é que o princípio considerado prevalente torna-se uma regra
a estabelecer um direito definitivo para aquele caso
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Em conclusão, para Alexy, os direitos fundamentais ganham relevo e
importância na integração do sistema jurídico via ponderação e otimização dos
princípios.
E toda sua preocupação é estruturar uma teoria da argumentação que
possa trazer rigor e racionalidade ao direito e à aplicação dos direitos fundamentais
controlando racionalmente as tomadas de decisão jurídicas que aplicam os direitos
fundamentais.
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4) VISÃO INTEGRAL DO DIREITO
Aprofundamento, continuação:
DIALÉTICA DA PARTICIPAÇÃO.
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CONTEXTUALIZAÇÃO:
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Lá onde o Estado não chegava, por exemplo, nos morros cariocas, as
comunidades organizavam um direito paralelo, um direito surgido no seio das relações
comunitárias em que as pessoas em seus cotidianos encontravam mecanismos
paraestatais para solucionar seus conflitos.
Assim, por exemplo, o direito de propriedade nas favelas ante a ausência
da regra estatal para dirimir conflitos tornava-se um direito costumeiro, reconhecido
como válido pela comunidade e arbitrado pela associação de moradores.
Este direito achado na rua, pleno de vida concreta, vigoraria ao lado do
direito estatal e seria a prova vida da existência do pluralismo jurídico e da falência do
modelo liberal monista.
Wolkmer reconhece a importância deste primeiro movimento de
pluralismo no Brasil, tanto que em seus escritos dos anos 90 assume muitas das
categorias por ele desenvolvidas. No entanto, nos dias atuais Wolkmer pretende
avançar para um paradigma, segundo ele, mais apto a lidar com a complexidade das
relações humanas em tempos de globalização e ascensão das minorias.
Para tanto ele propõe o modelo de PLURALISMO PARTICIPATIVO-
COMUNITÁRIO.
Trata-se de um pluralismo que pretende reordenar os espaços públicos,
reconhecendo os novos sujeitos coletivos, construindo uma ética da alteridade em que
se reconhece os direitos humanos das minorias dantes excluídas como o marco inicial
para afirmar o direito de cada um à diferença e à autonomia de sua própria
individualidade e inserção social.
57
Esta nova "racionalidade emancipatória” pode ser efetivada por duas
estratégicas.
Primeiro, Wolkmer aceita como válidos os mecanismos de resolução de
conflitos extra-judiciais surgidos dentro do próprio direito estatal.
Mecanismos de democracia direta, ações judiciais coletivas e o uso
alternativo do direto por "parte de magistrados progressistas".
De outro lado, afirma o necessário surgimento de "novos sujeitos coletivos
na esfera não estatal"
Ele defende que a sociedade hoje é composta por culturas diversas e
"valores coletivos materializados na dimensão cultural de cada grupo e de cada
comunidade". Assim, por exemplo, os índios, os quilombolas, os demais grupos étnicos
minoritários que compõem a brasilidade possuem direito à autodeterminação cultural.
Há uma defesa do multiculturalismo e do direito à diferença. As diferenças
culturas devem reconhecerem-se como válidas e articularem mecanismos de
compartilhamento de espaços e vivências.
Neste clima, segundo Wolkmer a " melhor interpretação dos direitos
humanos " é interpretá-los em termos multiculturais, com novas concepções de
cidadania" fundadas no reconhecimento do direito à diferença, e na criação de
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políticas sociais voltadas para a redução das desigualdades e inclusão social dos grupos
e populações minoritárias".
Para Wolkmer os direitos humanos de base liberal, centrados no
individualismo burguês já não dão conta da complexidade do mundo atual, com o
fenômeno dos deslocamentos populacionais e migratórios.
A diversidade cultural hoje no mundo e no Brasil é uma realidade. Para
lidar com ela só um direito plural - fruto da participação da comunidade e que
construa um diálogo multicultural de inclusão das minorias marginalizadas - pode dar
conta do desejo de emancipação e justiça ínsito a todo teoria e prática que queira,
entre nós, a aplicação justa dos direitos humanos.
CONTEXTUALIZANDO:
58
ordem do dia, tanto que foi tema do recente concurso para o TJPE.
Lênio Streck
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No campo do direito, o texto normativo vem em auxílio da tradição. O
texto normativo é um evento que corta e interrompe a tradição mesmo que em grau
diminuto.
O texto normativo particulariza o senso de justiça buscado legalizando o
sentido de vida boa.
O juiz, com sua pré-compreensão de mundo dada pela tradição, e que lhe é
estruturante no modo de se pôr diante do mundo, individualiza seu ato de decisão
com o filtro do texto normativo.
Há uma eticidade estruturante dada pela tradição, e uma eticidade dada
pelo texto normativo e ambas se complementam para formatar o ato de decisão com
o sentido do justo.
Ambas reduzem ao mínimo possível a subjetividade do juiz. Ambas
eliminam aquilo que se chama livre convencimento ou decido conforme minha
consciência.
No Estado Constitucional o grande fator de consenso é o texto da
Constituição, em particular os definidores dos direitos fundamentais.
A decisão do Juiz deve passar pela aceitação de que a Constituição hoje é
pré-compreensão de mundo, ela faz parte da tradição que já engendra no juiz uma
estrutura pensante do que é vida boa na sociedade.
A Constituição com sua carta de direitos fundamentais é a tradição textual
a partir da qual os diálogos sociais serão entabulados e as decisões serão tomadas. 59
Todo consenso social, e uma decisão jurídica prolatada pelo juiz é um
consenso social, deve partir do marco constitucional.
A Constituição é " a condição de possibilidade do regime democrático,
naquilo que a tradição nos legou", afirma Lênio.
A Constituição substancializa, ela aponta valores com os quais a sociedade
deve lidar para entabular consensos.
Uma democracia de base apena procedimental, sem o apoio de uma
Constituição plena de valores, com substancia de escolhas prévias, não é capaz de
servir de regras contra majoritária frente a tentativas de retrocesso social.
Assim, lembrando Dworkin, Lênio pondera que a " justificativa é a condição
de possibilidade da legitimidade da decisão".
Ora, uma decisão legitima no quadro das democracias que possuem um rol
de direitos fundamentais positivados em suas constituições só pode ser alcançada
quando a decisão é embasada no texto/norma.
A confluência portanto da tradição democrático/constitucional com a
necessária justificação pelo texto/norma retira qualquer possibilidade de se afirmar
existir espaços para subjetividades nas decisões dos magistrados.
Este quadro mostra o quanto a Hermenêutica é "incompatível com a
discricionariedade e com a arbitrariedade interpretativa".
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Para a Hermenêutica a estrutura da pré-compreensão de mundo dada pela
tradição e o texto como justificação marcam o espaço da possível e necessária
objetividade das decisões jurídicas efetuadas pelos magistrados.
SEMIÓTICA JURÍDICA
ANEXO II
LIMONGI FRANÇA
1 - O QUE É INTERPRETAÇÃO?
A interpretação consiste em aplicar as regras e os métodos determinados
pela hermenêutica.
Tanto a hermenêutica quanto a interpretação não podem se restringir
somente aos textos de lei, pois são limitados para expressarem o direito. É o direito o
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objeto da interpretação e da hermenêutica para se alcançar a norma visada pelo
legislador.
A interpretação lógica é fundamental para se compreender a mens
legislatoris, pois constitui o principal meio para a descoberta do exato mandamento
que o poder estatal prescreveu ao estabelecer a norma jurídica. Ler a nota 15 da
página 28.
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5 - QUAIS SÃO AS REGRAS DE INTERPRETAÇÃO OFERECIDAS
POR LIMONGI FRANÇA?
I - O ponto de partida da interpretação será sempre exegese pura e simples
da lei.
II – Num segundo momento, de posse do resultado dessa indagação, o
intérprete deverá reconstruir o pensamento do legislador, servindo-se dos elementos
lógico, histórico e sistemático.
III – Num terceiro momento, cumprir-lhe-á aquinhoar a coincidência entre
a expressão da lei e a descoberta auferida, da intenção do legislador.
IV – Verificada a coincidência, estará concluído o trabalho interpretativo,
passando-se desde logo à aplicação da lei.
V – Averiguada, porém, desconexão entre a letra da lei e a mens legislatoris
devidamente comprovada, o interprete aplicará esta e não aquela.
VI – Se, na indagação da mens legislatória, os resultados forem diversos,
cumprirá preferir aquele que seja mais consentâneo com a índole natural do instituto
que a norma regula, bem assim com as exigências da realidade social e do bem
comum.
VII – Se os resultados viáveis forem ainda insuficientes, em virtude de
defeito ou omissão da lei, deverá o intérprete recorrer à analogia, e, quando 62
inexequível, às formas suplementares de expressão do direito.
VIII – No uso dessas outras formas, mutatis mutandis, será mister agir de
modo semelhante ao da interpretação da lei, procurando inicialmente, descobrir na
forma exterior a exata expressão da regra supletiva, e, em seguida, a sua
conformidade com a intenção do órgão fautor da regra.
IX – Na utilização das formas suplementares de expressão do direito,
necessário se fará obedecer à hierarquia prevista na lei; costume (aí inclusos a
jurisprudência e o standard jurídico), princípios gerais do direito, e por fim, as demais
formas, como a doutrina, o direito comprado etc.
X – Quando, a despeito de todas essas providências, houver ainda falta de
elementos, com base nos princípios gerais do direito (sistema positivo, do direito
natural e da doutrina consagrada), o interprete poderá construir, com vistas postas na
realidade sócio-jurídica, a norma especial aplicável ao caso.
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2ª PARTE:
APLICAÇÃO OU INTEGRAÇÃO DO DIREITO
CAP I
NOÇÕES GERAIS DE INTEGRAÇÃO OU APLICAÇÃO DO DIREITO
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9 - DIFERENCIA ANALOGIA, INDUÇÃO E INTERPRETAÇÃO
EXTENSIVA.
Para Limongi, a analogia não se confunde com a indução nem com a
interpretação extensiva.
Quanto à diferença entre a analogia e a indução, esta consiste em
estender, em generalizar para todos os casos de mesma natureza aquilo que é válido
para um só deles, ao passo que a primeira se limita a estender o que é válido para
certo caso a outro que lhe seja similar.
Com referência à distinção entre a analogia e a interpretação extensiva,
basta ponderar que a interpretação extensiva não faz senão reconstruir a vontade
legislativa existente para a relação jurídica que só por inexata formulação parece à
primeira vista excluída, enquanto, no invés, a Analogia se encontra em presença de
uma lacuna, de um caso não previsto, e procura superá-lo através dos casos afins.
análogo;
2º o caso não deve contar com o amparo de texto de lei sobre objeto
64
3º deverá existir, na doutrina ou outra forma suplementar de expressão do
direito, a formulação de preceito jurídico sobre caso análogo; e,
4º a ratio iuris do caso previsto deve ser a mesma do não previsto.
Acrescenta ainda que o pressuposto da inexistência de uma norma para
caso semelhante é indispensável, sem o que estaria invadindo o campo da equidade e
da livre criação jurídica.
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não apenas pode ser implícita, como ainda o recurso a ela decorre do sistema e do
direito natural.
2º a equidade, entretanto, supõe a inexistência, sobre a matéria, de texto
claro e inflexível.
3º ainda que, a respeito do objeto, haja determinação legal expressa, a
equidade tem lugar, se este for defeituoso ou obscuro, ou, simplesmente, demasiado
geral para abarcar o caso concreto.
4º averiguada a omissão, defeito, ou acentuada generalidade da lei,
cumpre, entretanto, antes da livre criação da norma equitativa, apelar para as formas
complementares de expressão do direito.
5º A construção da regra de equidade não deve ser sentimental ou
arbitrária, mas o fruto de uma elaboração científica, em harmonia com o espírito que
rege o sistema e especialmente com os princípios que informam o instituto objeto da
decisão.
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14 - QUAIS SÃO AS ESPÉCIES DE FONTES DO DIREITO?
Fontes históricas: que do ponto de vista externo seriam o conjunto de
documentos que servem de base para a elaboração da ciência jurídica, documentos
através dos quais chegamos a conhecer o direito de determinado povo.
Do ponto de vista interno seriam entediadas como o processo histórico de
formação da norma. Esse processo se subdivide em próximo e remoto, sendo que o
próximo seria relativo às condições de realidade sócio-jurídica que em dado meio e
momento deram azo à elaboração da lei ou outra forma de expressão do direito; já
relativo seria o que se entende com as origens históricas da instituição jurídica que a
mesma visa a regulamentar. Sob este prisma, o estudo das fontes pode remontar aos
mais longínquos (e nem sempre menos importantes) fatores da formação de um povo
ou de uma cultura.
Fontes genéticas: que seriam o direito natural e o arbítrio humano. Direito
natural no sentido aristotélico-tomista, segundo o qual embora se estabeleça sobre
princípios estáveis, o direito natural não pode deixar de sofrer uma constante
mudança, conforme as condições do meio e do momento. Assim, enquanto o
jusnaturalismo criou um direito natural substancialmente cerebrino, dedutível more
geométrico, de acordo com a escola clássica, o direito deve ser elaborado de acordo
com a realidade dos fatos.
O autor ainda destaca que toma o direito natural num sentido lato. No
conceito estrito, o direito natural se reduz aos princípios primeiros da justiça; de um
66
ponto de vista mais largo, o direito natural envolve as necessidades sociais que,
atendidos os imperativos oriundos desses princípios, emergem do próprio evolver da
existência e da cultura humana.
Ponderações dessa natureza são classificadas pelo autor, como do arbítrio
humano na gênese do direito positivo, muito embora esse mesmo arbítrio deva ficar
subordinado aos princípios primeiros da justiça, bem assim à condição do atendimento
efetivo das exigências jurídico-sociais.
Fontes instrumentais: que são os órgãos que personalizam a organização
de um povo, ou de povos. Dividem-se em jurídica e de fato, sendo a jurídica o estado e
a de fato a consciência nacional. Projetados no campo das relações entre os povos, ao
primeiro corresponde à sociedade política das nações, e, ao segundo, uma como que
consciência social universal. ÀS essas fontes instrumentais corresponderiam de modo
precípuo e genérico, a lei e o costume, inclusive os usos internacionais.
O autor ainda acrescenta uma terceira categoria, a saber, o acordo das
partes, que realmente, é o meio de que lançam mão os interessados para criar
obrigações e direitos, no plano dos negócios particulares.
Fontes formais (impropriamente chamadas) ou formas de expressão do
direito positivo: que, pelo critério da coercibilidade, o autor divide em:
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Atos jurídicos em sentido amplo, aí incluídos a lei, o ato jurisdicional
particularmente considerado, a direito corporativo ou estatutário, o direito estranho, o
ato jurídico administrativo e os atos jurídicos individuais;
Atos sociais de fato, com força jurídica, que inclui o direito costumeiro de
modo geral, o costume judiciário e o standard jurídico. Atos sociais porque valem na
média em que são gerados pela consciência nacional, visando à solução de problemas
da vida do homem em sociedade. Ato social de fato para se contraporem aos atos
jurídicos, pois, enquanto estes trazem a sanção do ordenamento, aqueles exercem
força coercitiva por outra questão de opinio necessitatis. Atos sociais de fato com força
jurídica, porque, muito embora não sejam de norma jurídica específica, são capazes de
atuar ao modo de verdadeira regra legal.
Fontes advindas das conclusões da ciência jurídica: que seria o direito
científico, no qual estariam incluídos os princípios gerais do direito e os brocardos
jurídicos, porque é a ciência jurídica que define tais princípios; princípios esses que,
por sua vez, se vêem expressos não raro mediante parêmias ou brocardos.
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Por fim, para o autor, a filosofia do direito, investiga os princípios
fundamentais e a natureza científica do direito. Assim, divide o estudo filosófico em
dois:
Sobre a epistemologia jurídica, que tem por objeto a ciência do direito,
como setor do conhecimento humano. Na acepção da ciência, compreendido como a
exposição sistematizada do fenômeno jurídico, sendo assim, um conjunto de regras e
princípios jurídicos; e,
Sobre a axiologia jurídica, que estuda os valores do direito, em especial a
justiça, sendo o direito empregado no sentido do justo objetivo.
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Para o autor, o estudo da Dogmática do Direito está intimamente ligado às
fontes do direito, na medida em que a validade das normas jurídicas encontra-se
aliada ao problema das fontes do direito. Assim, uma norma jurídica é tida como válida
quando surge de fatos ou atos competentes ou capazes de produzir normas jurídicas,
segundo determina o sistema jurídico. A validade e a existência da norma jurídica
dependem do reconhecimento da fonte pelo sistema jurídico. O fundamento da
norma, para o autor, encontra-se na fonte de que ela promana.
Para o autor, a jurisprudência é a decisão reiterada dos tribunais sobre
uma mesma matéria jurídica, constituindo-se uma das mais importantes fontes do
direito, devido ao seu dinamismo, ou seja, o judiciário responde prontamente aos
anseios da sociedade por meio da formação da jurisprudência. Para ele, a
Jurisprudência surge da interpretação e aplicação da lei, realizada pelos juízes e
tribunais. A jurisprudência diz-se firmada quando se torna pacífico o entendimento de
determinada matéria, passando a ser decidida sempre do mesmo modo.
Apesar de alguns autores afirmarem que a jurisprudência não é fonte do
direito porque, segundo eles, não criam regras jurídicas, uma vez que os juízes são
meros aplicadores do direito, que suas decisões são interpartes e que não é possível
classificar cientificamente a jurisprudência como fonte do direito porque nos sistemas
de direito escrito, a repetição, ainda que interativa e constante, do pronunciamento
dos tribunais tempo base a regra legal, e não a decisão jurídica, em si mesma,
atribuindo à jurisprudência o valor de fonte informativa ou intelectual do direito. O
autor entende que na medida em que o art. 4º da LINDIB estabelece que o juiz deve
recorrer à analogia e aos princípios gerais do direito para suprir as lacunas da lei, 69
forçoso é se reconhecer a função da jurisprudência na produção do direito, pois se o
juiz pode suprir as lacunas da lei, não se pode negar que surge por intermédio da
atividade intelectual do magistrado uma criação do direito. Assim, surgindo dessa
decisão casos iguais, apresenta-se a jurisprudência como verdadeira fonte do direito.
Fazendo coro à Maria Helena Diniz, reconhece o autor, ainda, que a
jurisprudência atualiza o entendimento da lei, dando-lhe uma interpretação atual que
atenda aos reclames das necessidades do julgamento de preenchimento das lacunas.
Assim, conclui o autor, que a jurisprudência se evidencia como verdadeira
fonte do direito, pois, embora não integre a lei, em muitos casos cumpre uma função
de complementar, suprir ou corrigir a lei. Dada a impossibilidade de a lei prever todas
as hipóteses concretas, certo é que a jurisprudência constitui verdadeira fonte
subsidiária da lei.
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jurídico em que está inserida. Logo, só será valida na media em que preenche os
requisitos de validade de ordem extrínseca e intrínseca.
Os requisitos de ordem extrínseca são aqueles afetos aos sistema jurídicos
normativo positivo. Nesse sentido, a validade da norma encontra-se em normas
procedimentais do próprio sistemas jurídico.
Os requisitos intrínsecos são aqueles afetos aos fatores e valores sociais,
em especial a Justiça. Nesse sentido, a validade ou fundamento da norma encontra-se
nos preceitos de ordem axiológica.
Assim, define o autor que os requisitos de validade das normas jurídicas
são:
1 – Respeito à Constituição e às normas de procedimentais de elaboração
da norma jurídica;
2 – As normas devem traduzir os princípios de direito natural, ou seja,
guardando consonância com a ordem natural das coisas, bem como, com a
preservação de valores jurídicos, como a Justiça.
Acrescenta, o autor, que na atualidade um dos critérios de legitimidade da
norma é o respeito aos direitos humanos (lembrar do controle de convencionalidade)
e a participação da sociedade na elaboração da norma jurídica. O direito deve guardar
consonância na sua correspondência aos fatos e valores sociais, aspirações e anseios
da sociedade, ou ainda, na sua participação da elaboração do arcabouço que sustenta
e informa toda a sociedade. 70
5 - DEFINA E DIFERENCIE DIREITO SUBJETIVO DE FACULDADE
JURÍDICA, LEGÍTIMO INTERESSE E PODER-DEVER.
Para o autor, direito subjetivo é uma espécie de situação jurídica que
possibilita ao seu titular exigir, de maneira garantida, aquilo que as normas de direito
atribuem a alguém como próprio.
A faculdade jurídica por sua vez, é uma espécie de situação jurídica que
concede o poder de obter, por ato próprio, um resultado jurídico independentemente
de outrem. Difere do direito subjetivo na medida em que aquele independe de ato de
terceiro, enquanto este exige uma pretensão unida à exigibilidade de uma prestação
ou ato de terceiro.
O interesse legítimo é a pretensão razoável, que é condição indispensável á
postulação em juízo, ou seja, para se recorrer à via judicial deve estar presente a
pretensão razoável. É o direito subjetivo de pleitear ao Poder Judiciário uma decisão
sobre uma pretensão.
Por fim, o poder-dever é a situação subjetiva que retrata a condição da
pessoa que está obrigada, por força de lei, a fazer alguma coisa em benefício de
alguém, investindo-se de autoridade.
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6 – CONCEITUE DIREITO INFORMACIONAL, DIREITO DE
INFORMÁTICA E INFORMÁTICA DO DIREITO.
O direito informacional é o conjunto de institutos jurídicos que convergem
para a tutela das tecnologias da informação e a informação, que na sociedade da
informação, marcada pelo avanço tecnológico e o desenvolvimento científico, se
revela como o modo de produção de riqueza e fator central da produção econômica
ao lado do conhecimento. O objeto da investigação do direito de informação é a
sociedade da informação e não apenas o direito na sociedade da informação.
O direito de informação a fim de se adequar a nova realidade social busca
realizar uma nova leitura dos institutos tradicionais do direito, tornando-os ainda mais
complexos. Assim, se revela um direito dinâmico na media em que urge a necessidade
de revisar os paradigmas, em especial, aquele que define o direito como o conjunto de
normas produzidas pelo estado.
O direito de informática, por sua vez, é o ramo do direito que tem por
finalidade regular esse novo setor da realidade social, qual seja, a informática. O
direito informacional é mais amplo e abarca o direito de informática.
Já a informática do direito, também denominada cibernética do direito,
representa a influência dos diversos meios de informação no mundo jurídico. Assim,
concebe o direito como objeto da informática, investigando a atuação da ciência da
computação no campo do direito. A informática do direito se preocupa com a
influência da informática na realidade jurídica, em especial como um novo
instrumento de trabalho.
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cidadania, em período marcado pela democracia televisiva, que exige a discussão do
aprimoramento da participação política do povo em uma época histórica marcada pelo
emprego quotidiano de complexo aparato tecnológico e virtual em todas as relações
humanas, inclusive no campo do exercício do poder político.
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A alteridade é a pluralidade de pessoas, condição sine qua non para a
existência de Justiça no sentido social de convivência humana, na medida em que
torna-se impossível alguém ser justo consigo mesmo, exceto no terreno da moral ou
da religião.
A segunda característica é a existência de um direito subjetivo ou
obrigação, pois o ato de justiça consiste em dar o que é devido, podendo o mesmo ser
exigido, segundo o binômio Devido-Exigível ou Obrigatoriedade-Exigibilidade. Assim, a
Justiça e o Direito possuem como característica fundamental a atributividade.
Entretanto, a pluralidade de pessoas e a exigibilidade não garantem os
anseios da Justiça, surgindo como elemento essencial á ideia de Justiça a igualdade,
que surge de forma objetiva.
Assim, a terceira característica é a igualdade, sendo compreendida como
uma relação apresentada pela filosofia em três modalidades: identidade, semelhança e
igualdade. A identidade é a relação de essência, ou seja, dois objetos são idênticos
quando têm a mesma essência. A semelhança é a relação de qualidade, ou seja, dois
objetos são semelhantes quando possuem as mesmas qualidade. A igualdade é a
relação da quantidade, ou seja, dois objetos são iguais quando têm a mesma
quantidade.
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11 - CONCEITUE JUSTIÇA COMUTATIVA, JUSTIÇA DISTRIBUTIVA
E JUSTIÇA SOCIAL.
A justiça Comutativa, regula a relação entre as pessoas iguais, que se
encontram no mesmo plano. Assim, seu objetivo é estabelecer uma igualdade absoluta
nas relações entre os particulares, exigindo para isto que a igualdade seja
restabelecida quando violada.
Sendo a Justiça no seu sentido estrito entendida como dar a cada um o que
é seu, o devido na Justiça Comutativa se apresenta de forma delimitada, nos mesmos
moldes das cláusulas contratuais. Na Justiça Comutativa, a pessoa assegura um bem
que lhe é próprio. Assim, na justiça comutativa, existem duas modalidades de
“devido”: 1º - respeito à pessoa; e 2º - cumprimento de obrigações. Surge, assim, um
dever negativo (não ofender um direito) e um positivo (prestar um serviço, pagar uma
dívida). Assim, a Justiça assegura o que é de cada pessoa por direito próprio.
A igualdade buscada pela justiça comutativa é a igualdade absoluta, vez
que essa espécie de justiça tem como fulcro apenas igualar, sem levar em
consideração o estado, condição e contribuição das pessoas.
A Justiça Distributiva é aquela que regula as relações entre os particulares
e a sociedade. Distribuir significa repartir, segundo o autor. Assim, a Justiça distributiva
tem como objetivo permitir que os membros da coletividade participem do bem
comum mediante uma distribuição equitativa, de acordo com seus méritos,
habilidades, capacidade e contribuição. O autor exemplifica afirmando que a
aposentadoria é uma forma de justiça distributiva.
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Afirma o autor, ainda, que a Justiça Distributiva não é monopólio do
Estado, sendo aplicável em todas as sociedades que apresentam as características de
uma verdadeira instituição. Nesse ponto, o autor destaca que os membros da
sociedade política são todos os indivíduos ou particulares e não apenas os cidadãos.
O devido na Justiça Distributiva é a participação dos membros visando o
bem comum, ou seja a participação nos benefícios e encargos sociais que toda
comunidade deve oferecer. Os membros da sociedade buscam um bem particular que
é comum. Assim, o devido na Justiça Distributiva é consequentemente o bem comum
de toda a sociedade, sendo certo que nessa espécie de justiça a sociedade assegura
aos seus membros uma equitativa participação no bem comum.
Na justiça Comutativa o bem é exigido porque é próprio, na Distributiva,
porque é comum.
A Justiça distributiva regula o dever negativo da comunidade, que consiste
em respeitar os direitos individuais de cada um de seus membros. A sociedade
concede instrumentos e garantias para assegurar os citados direitos. E, finalmente,
distribui equitativamente e proporcionalmente os benefícios e encargos sociais.
A igualdade na justiça distributiva é proporcional, na medida em que esse
tipo de distribuição tem como fulcro a repartição proporcional dos bens e encargos
sociais. A igualdade nas justiças distributivas é aquela da doutrina tradicional de Rui
Barbosa, tratar os iguais de maneira igual e os desiguais de maneira desigual.
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E, por fim, para o autor, a Justiça Social refere-se àquela espécie de justiça
que busca restabelecer aos necessitados seus anseios mais prementes. O critério para
regular as relações entre os particulares e a sociedade para a distribuição dos bens é a
necessidade e não a participação, como ocorre na justiça distributiva. A justiça social
deve seguir o critério de conformidade às necessidades de cada indivíduo, tendo o
mesmo, ou não, contribuição a oferecer em contrapartida.
A justiça social, também designada de Justiça Legal ou Geral, na medida em
que é por intermédio das normas que se realiza o bem comum na coletividade, tem
como preocupação o bem geral da coletividade. Um elemento importante a
identificação da Justiça Social é a solidariedade.
A alteridade na justiça social dá-se por meio de uma relação entre a
sociedade, que adota medida para distribuição de riquezas, e os particulares
necessitados. Os membros da sociedade ou cada particular dá à sociedade sua
contribuição ou participação para o bem comum.
O devido na Justiça Social é a contribuição de cada um para a realização do
bem comum, sendo que o critério de distribuição não é a participação ou contribuição
da Justiça Distributiva, mas a necessidade. Na justiça Distributiva o particular busca
uma participação no bem comum, porque é comum. Na justiça social a participação do
particular é para o bem comum. O devido nessa espécie de Justiça é exigível, não
consiste apenas num dever moral.
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A igualdade buscada na Justiça social é a proporcional, na medida em que
esta Justiça busca a repartição do bem comum, usando como critério de distribuição a
necessidade.
Assim, conclui o autor, a Justiça Social é a participação ou contribuição que
os membros da coletividade dão à mesma, para realização do bem comum, segundo a
igualdade relativa.
Em resumo, temos, a Justiça comutativa que regula as relações entre os
particulares e a sociedade, sob o fundamento do princípio da igualdade absoluta. A
justiça distributiva regula as relações entre a sociedade e os particulares, ou seja, a
distribuição do bem comum, sob o fundamento do princípio da igualdade relativa. A
justiça distributiva regula a distribuição dos encargos e vantagens da vida em
sociedade. A Justiça Social regula as relações entre os particulares e a sociedade, ou
seja, a participação ou contribuição dos particulares para o bem comum, sob o
fundamento do princípio da igualdade relativa.
A preocupação central da justiça comutativa é a pessoa humana
considerada individualmente (bem particular). A preocupação da justiça distributiva é
a pessoa humana considerada como membro de determinada sociedade (bem comum
particular). A preocupação central da justiça social é a sociedade (bem comum geral)
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1) EXISTÊNCIA, VIGÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA DA NORMA
JURÍDICA
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O texto constitucional e legal alude expressamente a estas espécies ao
afirmar que a edição ou aprovação, revisão ou cancelamento de súmulas possuem os
mesmos requisitos.
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CONCLUSÃO:
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Lembrem-se da proposta do direito como força institucional como princípio unificador
dos pontos da prova.
Faremos novos materiais, em particular desenvolvendo a LINHA II seguindo
o pensamento do examinador Caio Brucoli Sembongi, e aprimorando nossa visão sobre
a LINHA I.
Qual das duas destacar? Ao ver ambas são importantes seja para
Humanística seja para as demais disciplinas. Assim, o candidato deve ter o cuidado de
dominá-las bem, e procurar argumentar na prova segundo, respeitando a questão
proposta, segundo o teor de cada uma.
Só me resta agradecer a atenção até aqui, tenho a certeza de que o esforço
de vocês ao final será equitativamente recompensado.
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