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Sumário

ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA SAÚDE DA FAMÍLIA .......................................... 5

CONHECIMENTO INTERDISCIPLINAR .............................................................................. 6

OBJETO DE AÇÃO DO FISIOTERAPEUTA ......................................................................... 8

COMPETÊNCIAS DO FISIOTERAPEUTA NA ESF ............................................................. 9

HABILIDADES NECESSÁRIAS PARA O DESENVOLVIMENTODAS


COMPETÊNCIAS ..................................................................................................................... 9

ATENDIMENTO NAS UNIDADES DE SAÚDE DA FAMÍLIA ......................................... 10

ATIVIDADES EM GRUPOS OU PROCEDIMENTOS COLETIVOS.................................. 12

ESCOLA DE POSTURA ......................................................................................................... 12

COMO PODE SER FEITA A ESCOLA DE POSTURA? ...................................................... 15

EXERCÍCIO AQUÁTICOS EM GRUPOS ............................................................................. 17

COMO PODEM SER FEITO OS EXERCÍCIOS AQUÁTICOS EM GRUPOS? .................. 19

SUGESTÕES DE CONDUTAS FISIOTERAPÊUTICAS UTILIZADAS ............................. 19

ESCOLA DE REEDUCAÇÃO DO ASSOALHO PÉLVICO (ERAP) ................................... 20

COMO PODE SER FEITA E SUGESTÕES DE TÉCNICAS UTILIZADAS ....................... 22

CAMINHADAS TERAPÊUTICAS ........................................................................................ 23

ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NOS CICLOS DA VIDA .................................................. 25

SAÚDE DA CRIANÇA ........................................................................................................... 26

PUERICULTURA ................................................................................................................... 27

TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR ............................... 30

PREVENÇÕES DAS DPOC E AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS ........................................... 30

O QUE FAZER E SUGESTÕES DE COMO FAZER ............................................................ 31

PREVENÇÕES DE ALTERAÇÕES POSTURAIS NAS CRIANÇAS .................................. 31


PREVENÇÃO DE ACIDENTES EM CASA .......................................................................... 34

PREVENÇÃO DE QUEDAS E ACIDENTES ........................................................................ 34

CONTROLE DA OBESIDADE INFANTIL ........................................................................... 35

ESTIMULAR O ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO ATÉ OS SEIS MESES ....... 37

SAÚDE DO ADOLESCENTE, DO JOVEM E SAÚDE ESCOLAR ..................................... 39

CUIDADOS COM A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA ................................................... 40

DSTS/AIDS E SAÚDE REPRODUTIVA ............................................................................... 41

SAÚDE DA MULHER ............................................................................................................ 42

ACOMPANHAMENTO À GESTANTE ................................................................................. 43

PRIMEIRO TRIMESTRE........................................................................................................ 43

SEGUNDO TRIMESTRE........................................................................................................ 44

ATIVIDADES FÍSICAS PARA AS GESTANTES ................................................................ 44

TERCEIRO TRIMESTRE ....................................................................................................... 47

CLIMATÉRIO ......................................................................................................................... 48

DISFUNÇÕES COMUNS DA MULHER .............................................................................. 48

SAÚDE DO IDOSO ................................................................................................................. 49

ALTERAÇÕES DE BARREIRAS ARQUITETÔNICAS E ADEQUAÇÃO DO


MOBILIÁRIO VERSUS QUEDAS E FRATURAS NA TERCEIRA IDADE ...................... 51

GINÁSTICA LABORAL......................................................................................................... 63

CONSELHOS MUNICIPAIS DE SAÚDE, PARTICIPAÇÃO SOCIAL E DIREITOS E


DEVERES ................................................................................................................................ 69

VISITAS DOMICILIARES ..................................................................................................... 70

ORIENTAÇÕES AOS CUIDADORES E/OU AOS FAMILIARES ...................................... 71

REINSERÇÃO ÀS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA E À SOCIEDADE .......................... 71

ADEQUAÇÃO DO LAR E DO MOBILIÁRIO ...................................................................... 71


ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA PREVENÇÃO DOS FATORES DE RISCOS ........... 72

PÉ DIABÉTICO ....................................................................................................................... 75

PROBLEMAS COMUNS NOS PÉS ....................................................................................... 75

TABAGISMO .......................................................................................................................... 77

ALCOOLISMO ........................................................................................................................ 78

HANSENÍASE ......................................................................................................................... 79

DST/AIDS ................................................................................................................................ 80

DROGAS ILÍCITAS ................................................................................................................ 80

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 83
ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA SAÚDE DA FAMÍLIA

A Fisioterapia é a ciência do movimento em todas as suas formas de expressão e


potencialidades, e visa o restabelecimento máximo da capacidade funcional do
indivíduo. O fisioterapeuta é o profissional que cuida da saúde da população com ênfase
no movimento e na função, prevenindo, tratando e recuperando disfunções e doenças,
para a melhoria da qualidade de vida do indivíduo.
Historicamente a Fisioterapia tinha suas ações voltadas, quase que
exclusivamente, para o tratamento e a reabilitação, tendo a doença como enfoque. A
partir da nova concepção de saúde enquanto qualidade de vida e não mais restrita à
ausência de doença, o fisioterapeuta inseriu-se no sistema de Atenção Básica numa nova
perspectiva de atuação na promoção de saúde e prevenção de doenças e não só no
tratamento e reabilitação. Embora esta premissa não revele uma realidade nacional.
Casos pontuais estão sendo desenvolvidos, ações voltadas para a saúde da população na
atenção primária, com o apoio dos gestores locais de saúde, revelam que esta inserção
está em construção, e cada vez mais o fisioterapeuta conquista seu espaço na
consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS).
O fisioterapeuta na Estratégia de Saúde da Família (ESF) vem buscando definir
melhor o seu objeto de atuação nesta área, tornando a Fisioterapia mais acessível para a
população e colaborando para uma saúde mais integral.
Para consolidação do Programa Saúde da Família (PSF) faz-se necessária uma
adequação dos profissionais de saúde à nova estratégia, considerando-se a integralidade
como eixo estrutural e a saúde vista em sua positividade.
A Fisioterapia historicamente admitiu como objeto de trabalho o indivíduo
doente, porém, com sua inclusão gradual no PSF também se torna corresponsável pela
mudança na abordagem.
A Fisioterapia é uma profissão nova, relativamente a outras profissões da área da
saúde e, ainda hoje, o acesso da população à assistência fisioterapêutica é limitado, e o
conhecimento de qual seja sua atuação, até mesmo entre outros profissionais da área de
saúde, parece ser relativamente restrito.
Com a implantação do PSF é que se viu a necessidade e importância da inserção
do fisioterapeuta na equipe, visando maior promoção e prevenção da saúde, melhorando
assim a qualidade de vida. Neste contexto, verificamos a importância da inserção do

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profissional fisioterapeuta como agente multiplicador de saúde, desenvolvendo suas
atividades, em interação com uma equipe multiprofissional e de forma interdisciplinar,
nas Unidades Básicas e de Saúde da Família

CONHECIMENTO INTERDISCIPLINAR

A inserção do fisioterapeuta nos serviços de atenção primária à saúde é um


processo em construção, associado, principalmente, à criação da profissão, rotulando o
fisioterapeuta como reabilitador, voltando-se apenas para uma pequena parte de seu
objeto de trabalho, que é tratar a doença e suas sequelas. Essa lógica de
conceitualização, durante muito tempo, excluiu da rede básica os serviços de
fisioterapia, acarretando uma grande dificuldade de acesso da população a esse serviço e
impedindo o profissional de atuar na atenção primária.
A incorporação da Fisioterapia nas equipes do PSF teve como pioneiro o
município de Camaragibe (PE) que, a partir de dezembro de 1994, criou o Núcleo de
Reabilitação voltado para o atendimento ambulatorial (Quintas). As cidades de Sobral
(CE), Paracambi (RJ), Vitória (ES), Volta Redonda (RJ), São Pedro da Aldeia (RJ),
entre outras, também incorporaram a Fisioterapia ao PSF.
Portanto, mais do que recuperar e curar pessoas é preciso criar condições
necessárias para que a saúde se desenvolva. E quem poderia ser mais indicado do que o
profissional que se dedica ao estudo e a investigação do movimento humano, das
funções corporais, do desenvolvimento das potencialidades, atividades laborativas e da
vida diária, entre outros? E tudo isso privilegiando a utilização de recursos da natureza e
do próprio corpo humano. Percebe-se que o profissional de Fisioterapia tem
potencialidades para trabalhar com a tecnologia principalmente humana, aliada a uma
mesma criatividade de desenvolver ações eficientes e efetivas. Espera-se que em um
futuro bem próximo ele possa conquistar este espaço com dignidade e competência.
As atividades que os fisioterapeutas vêm realizando na Estratégia da Saúde da
Família são desenvolvidas na Unidade Básica de Saúde (UBS), Unidades de Saúde da
Família e em domicílio, são:
• reconhecimento da área descentralizada;
• levantamento epidemiológico;

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• potencialidades da comunidade;
• grupos de hipertensos e diabéticos;
• atenção ao pé diabético;
• grupos de mães de crianças com infecção respiratória aguda (IRA);
• grupo de prevenção de incapacidades em hanseníase;
• grupo de mães de crianças com problemas neurológicos;
• grupo de idosos;
• atuação no climatério;
• atuação na saúde das crianças;
• estimulação essencial em crianças com atraso no desenvolvimento
neuropsicomotor;
• atuação nas creches, igrejas e em escolas;
• reeducação postural global;
• busca de novos casos de hanseníase;
• acompanhamento de pacientes acometidos pela hanseníase (tratamento de
sequelas);
• grupo de mulheres;
• resgate dos cuidadores dentro do ambiente familiar;
• atendimento domiciliar;
• direitos e deveres do cidadão;
• orientações de saúde em geral, não só relacionada à fisioterapia;
• entre outras.

Observa-se que 67% destas atividades estão relacionados à promoção da saúde,


prevenção de doenças ou estão sendo realizados de maneira coletiva enquanto que 24%
estão relacionados ao modelo individual e curativo. Os fisioterapeutas enfatizam que as
atividades “individuais” realizadas nos domicílios estão sempre associadas com
abordagem à família e também envolvendo ações de prevenção e promoção de saúde.
Isso nos mostra que o Fisioterapeuta está realizando um percentual maior de ações
coletivas e promotoras de saúde, que são as prioridades da Estratégia da Saúde da
Família.
Estão entre outros relacionados abaixo o grupo de posturas, grupo de gestantes e
o atendimento individual, principalmente: trabalhadores vítimas de acidentes

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relacionados ao trabalho – lesões por esforço repetitivo (LER)/doença osteomuscular
relacionada ao trabalho (DORT) –, possibilitando sua reabilitação e reintegração, bem
como aos de outros riscos ambientais que incluem normatizaçãoe fiscalização; crianças
em idade escolar sob risco ergonômico das escolas; portadores de deficiências físicas;
pessoas diabéticas e hipertensas; incapacitados em hanseníase; pacientes acamados;
usuários de próteses e órteses; gestantes; casos frequentes (> incidência) de IRAs.
Percebe-se que a presença do profissional de Fisioterapia na área de saúde
pública – que deixa seu locus tradicional de atuação como o consultório, o ambulatório,
o hospital, e a clínica para atingir clientelas especiais que necessitam de atendimento
em seu próprio domicílio – se traduz em um novo modelo de atenção que privilegia a
promoção, a prevenção e a recuperação da saúde da população coletiva.

OBJETO DE AÇÃO DO FISIOTERAPEUTA

Movimento humano visando à saúde funcional do indivíduo na promoção e


recuperação da saúde, prevenção de doenças e agravos e reabilitação.

Objetivo geral

Promover a qualidade de vida do indivíduo, em todos os ciclos de vida, tendo a


integridade do movimento como essência e expressão desta, por meio de cinesioterapia,
recursos físicos e naturais na ESF.

Objetivos específicos
São objetivos específicos do fisioterapeuta:
• trabalhar a promoção de saúde visando à integridade do movimento
baseado na realidade das necessidades do território (patologias dos principais ciclos de
vida);
• prevenir distúrbios cinéticos – funcionais em todos os ciclos da vida
humana;
• tratar e reabilitar as principais alterações do movimento mais incidentes
no território;
• realizar atendimento domiciliar a pessoas restritas ao leito prestando

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assistência fisioterapêutica e orientando os familiares quanto aos cuidados.

COMPETÊNCIAS DO FISIOTERAPEUTA NA ESF

São competências do fisioterapeuta:


• capacidade para elaborar planos e projetos que produzam impacto na
população;
• capacidade para realizar ações para a promoção da saúde;
• capacidade de trabalhar em equipe interdisciplinar;
• capacidade para realizar ações educativas voltadas para a comunidade;
• capacidade para articulação intersetorial das estratégias para intervir
sobre os problemas de saúde;
• capacidade de desenvolver ações, individuais e coletivas, de prevenção
de doenças;
• capacidade para desenvolver ações de recuperação e reabilitação das
doenças identificadas nos ciclos de vida bem como envolver a família no processo de
tratamento e reintegração social.

HABILIDADES NECESSÁRIAS PARA O DESENVOLVIMENTODAS


COMPETÊNCIAS

São habilidades necessárias ao fisioterapeuta:


• promover ações coletivas que causem impacto positivo na saúde da
população;
• realizar o reconhecimento do território a ser trabalhado
para odiagnóstico da área;
• realizar diagnóstico das necessidades e organizar a demanda a partir do
diagnóstico da área;
• atuar na prevenção e no tratamento de agravos à saúde;
• promover a conscientização da população para a mudança do enfoque
ao tratamento medicamentoso para o tratamento por meio de recursos físicos
visando à diminuição do custo de medicamentos;
• intervir nas atividades individuais consideradas prioritárias para o

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desempenho funcional do indivíduo;
• adaptar ações e instrumentos terapêuticos de acordo com recursos
disponíveis na comunidade;
• atuar junto aos diversos grupos etários considerando suas especificidades
com atividades de promoção à saúde e prevenção, por meio de ações coletivas e
individuais;
• intervir em especialidades como traumato-ortopedia, ginecologia,
obstetrícia, urologia, cardiorrespiratória, neurologia, reumatologia e pediatria;
• envolver demais membros da equipe, familiares e cuidadores no processo
terapêutico;
• tratar e reabilitar as doenças do movimento mais incidentes e/ou
prevalentes no território ou encaminhar às clínicas de referência;
• sensibilizar e motivar a equipe de saúde, a família e a comunidade para
reintegração social das pessoas com incapacidades;
• desenvolver um modelo de referência e contrarreferência para a atenção
secundária e terciária para dar continuidade à atenção do indivíduo;
• estimular e contribuir para a participação popular nos conselhos locais
de saúde;
• realizar ações buscando parcerias para intervenção de problemas de
saúde e enfrentamento destes;
• participar das reuniões de roda de equipe de saúde da família;
• organizar o processo de trabalho de acordo com a demanda da área de
discussão na equipe de saúde da família para planejamento das ações que possam ser
desenvolvidas no território ou dar continuidade ao trabalho já desenvolvido;
• realizar e/ou atualizar o cadastro das pessoas que se encontram restritas
ao leito;
• realizar visitas domiciliares às pessoas que se encontram restritas ao
leito, juntamente com os demais membros da equipe de saúde da família, para conhecer
a realidade destas, elaborar e aplicar um plano de cuidados.

ATENDIMENTO NAS UNIDADES DE SAÚDE DA FAMÍLIA

Na Unidade de Saúde da Família é onde acontece a triagem dos casos, ou seja, o

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acolhimento. O usuário deverá ter no mínimo orientações de como proceder ou de
aonde deverá ir para solucionar seus problemas. Os casos mais complexos serão
encaminhados para a Atenção Secundária (Centro de Reabilitação Municipal ou para
Policlínica), devendo sempre solicitar a contrarreferência (Integração entre os Níveis
de Hierarquia). Este usuário saindo da fase mais aguda deverá voltar à Unidade e ser
inserido em algum grupo.
É importante salientar que o tratamento deverá ser feito de forma integral e
interdisciplinar, devendo atender às necessidades deste usuário. Os níveis de hierarquia
deverão se complementar e trabalhar de forma integrada e harmônica.
As atividades em grupos ou procedimentos coletivos (EP, ERAP, caminhadas
e/ou hidroterapia) terão sempre preferência, por dar um sentido mais equânime às
ações, mas casos específicos deverão também ter sua devida atenção.
É nas Unidades de Saúde que o fisioterapeuta terá o contato com a Equipe de
Saúde, para trocar informações e receber as demandas de usuários que precisarão de
cuidados nos domicílios e/ou ser encaminhados para alguma atividade em grupo.
Os atendimentos domiciliares acontecerão sempre que os usuários estiverem
acamados e/ou restritos aos lares. O fisioterapeuta precisará orientar a família quanto
aos melhores cuidados, e sempre que possível atender com o objetivo do pronto
restabelecimento, para que este usuário possa ir à Unidade e/ou participar dos grupos, e
que haja também uma pronta reinserção à sociedade. Nesta situação é que o profissional
de Saúde Pública entrará em ação observando a família em seu habitat natural e
exercendo seu papel social.
O fisioterapeuta deverá ter pleno acesso às escolas, igrejas, creches e às demais
instituições, para que sejam realizadas as Educações em Saúde. Deverão ser abordados
temas relacionados à Saúde de forma geral, principalmente temas levantados pela
própria população.
Os usuários, ao serem instruídos, deverão ser estimulados a serem propagadores
de saúde, ou seja, passarem as informações colhidas para todos os familiares e amigos.
Desta forma poderemos alcançar a todos.
Na própria Unidade de Saúde poderá ser feita a Saúde Educativa, na sala de
espera, é importante que o conhecimento seja passado de forma interativa, devendo este
profissional não passar a imagem de “todo poderoso do conhecimento”, mas ouvir e
apurar o conhecimento popular.
Desta forma aumentaremos o vínculo com a comunidade e conseguiremos a sua

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confiança. Pondo em prática as diretrizes da Estratégia da Saúde da Família.

ATIVIDADES EM GRUPOS OU PROCEDIMENTOS COLETIVOS

São procedimentos realizados em grupos, objetivando não apenas resolver os


problemas da saúde da comunidade, mas também integrá-los e criar vínculo com a
Equipe de Saúde. A nova concepção de saúde preconiza a realização de atividades que
visem à saúde de todos, e não à doença de alguns. A criação apenas de grupos de
hipertensos diabéticos ou de outras patologias acaba por excluir aqueles que se
encontram no primeiro nível de prevenção (pré-morbidade), desrespeitando o que está
escrito na nossa Lei Magna, no seu Artigo 5º:

Todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

São benefícios das atividades em grupos ou procedimentos coletivos:


• resolutividade nos atendimentos;
• maior socialização entre os moradores;
• maior integração da comunidade;
• criação de vínculos com a equipe de saúde;
• maior abrangência pela equipe dos problemas de saúde da área;
• equidade no atendimento à população, abrangendo todos adscritos,
independente de estarem doentes ou não, atingindo em uma só estratégia todos os níveis
de prevenção (primário, secundário e terciário).

São exemplos de atividades em grupos ou procedimentos coletivos:


• escola de postura;
• exercícios aquáticos em grupo;
• escola de reeducação do assoalho pélvico;
• caminhadas terapêuticas.

ESCOLA DE POSTURA

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Faz parte do trabalho do fisioterapeuta orientar a população sobre os cuidados
com a postura corporal, atuando na prevenção de alterações na coluna vertebral. A
atuação poderá ocorrer no PSF, por meio de atividades em grupo que, além de
contribuir para a diminuição da demanda por atendimentos individuais, será um fator
importante na adesão ao tratamento.
Desde que assumiu a postura ereta, o maior desafio do homem tem sidoficar
em pé sem forçar suas estruturas ósseas ou articulações. Na luta contra a gravidade o
corpo se defende como pode para compensar deficiências de equilíbrio ou dores. Vários
são os fatores que podem afetar a postura, dentre eles os maus hábitos posturais de
repouso, de trabalho e lazer. Não existe um padrão postural que possa ser
denominado normal, pois, a postura de cada pessoa tem características que são
unicamente suas.
A Escola de Postura hoje é desenvolvida por todos os fisioterapeutas na maioria
de suas áreas de atuações, sendo um método pedagógico e terapêutico de treinamento
postural composto de informações teóricas, que proporcionam um maior conhecimento
sobre o corpo enfocando as estruturas anatômicas, fisiológicas e
biomecânicas, necessárias para a educação postural e adoção de novos hábitos
de posturas e práticas de exercícios terapêuticos de flexibilidade, treino de relaxamento
objetivando melhor controle de estresse e diminuição da tensão muscular.
Nas últimas duas décadas, estudos estatísticos demonstram uma mudança
importante no quadro de doenças com o aumento na incidência das doenças crônicas e
degenerativas. A Fisioterapia apresenta uma missão primordial, de cooperação,
mediante a nova realidade de saúde que se apresenta, por intermédio da aplicação de
meios terapêuticos físicos, na prevenção, eliminação ou melhora de estados patológicos
do homem, na promoção e na educação em saúde.
É importante salientar que a Escola de Postura realizada na Estratégia de Saúde
da Família deverá receber não só usuários com afecções na coluna vertebral, mas sim a
todos os usuários. Dando um sentido equânime às ações.

OBJETIVOS GERAIS

São objetivos gerais da Escola de Postura:

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• estimular práticas resolutivas, racionalizando e/ou eliminando o uso de
medicamentos e ações intervencionistas desnecessárias;
• acolher e incluir o usuário, promovendo a otimização dos serviços e,
consequentemente, o fim da fila de espera;
• promover ações intersetoriais, atendimento multiprofissional e a
interdisciplinaridade;
• incentivar os usuários às práticas promocionais da saúde;
• promover atividades como: cafés saudáveis, almoços e jantares
dançantes, com objetivo de socializar, integrar e aumentar o vínculo dos usuários com
os profissionais da saúde;
• proporcionar aos usuários um atendimento mais humanizado;
• estimular a corresponsabilidade e o protagonismo dos sujeitos, ou seja,
fazer com que o usuário assuma o seu papel na construção de um Sistema de Saúde
mais justo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

São objetivos específicos da Escola de Postura:


• busca ativa de alterações posturais;
• conscientizar a sociedade da importância de adotar uma boa postura para
que se tenha uma melhor qualidade de vida;
• identificação precoce de patologias da coluna vertebral em crianças e
adolescentes;
• promover a tomada de consciência corporal nas atividades da vida diárias,
no lazer e nas atividades laborais;
• prevenir e tratar as possíveis causas de problemas da coluna ligados a
fatores posturais;
• capacitar o indivíduo com dores na coluna vertebral e alterações posturais,
para o autocuidado por meio da orientação postural, de exercícios terapêuticos que
visem à prevenção da dor, minimizando e/ou inibindo o agravamento dos desvios
posturais, tornando-o multiplicador de saúde da coluna vertebral;
• promover a conscientização da população para a mudança do enfoque do
tratamento químico para o tratamento através de recursos físicos, visando à diminuição

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dos custos de medicamentos e a redução de danos aos usuários causados pelo excesso
dos mesmos;
• mostrar as possíveis causas de dor nas costas e ensinar como podemos
evitar (dicas de postura) e/ou tratar da melhor forma possível.

COMO PODE SER FEITA A ESCOLA DE POSTURA?

As aulas podem ser ministradas semanalmente, pelo período de uma hora, onde
são abordados temas como: mecanismo da dor, anatomia e fisiologia do movimento, a
importância da atividade física como prevenção para problemas da coluna e da saúde, a
obesidade e o estresse como possíveis fatores causais e/ou agravantes da dor nas
costas, reeducação postural, alterações ergonômicas nos lares e no trabalho. São
ensinados exercícios e alongamentos para que sejam feitos em casa diariamente, além
de autoposturas que ajudem aliviar o quadro álgico e dar propriocepção (consciência
corporal) aos usuários.
A duração é de três a seis meses dependendo da evolução dos usuários.
As turmas são formadas de 10 a 15 usuários, previamente selecionados, após
avaliações cinesiofuncionais.
Aqueles que já apresentam afecções da coluna e estão em agudização serão
encaminhados para o Centro de Reabilitação e tratados com técnicas específicas,
definidas pelo fisioterapeuta, objetivando a eliminação desta fase, de acordo com a
necessidade. Depois da alta e/ou melhora do quadro álgico, estes usuários passam a
participar com o grupo na Escola de Postura.
As atividades deverão ser realizadas, próximo às Unidades de Saúde da Família
onde estão adscritos os usuários, com intuito de facilitar o acesso. O ideal é que sejam
em um espaço grande, por exemplo, em quadras escolares, igrejas ou praças, isto poderá
ser organizado pelo Fisioterapeuta, através de parcerias, promovendo também uma das
diretrizes do SUS, que é a intersetorialidade.
Ao final de cada aula deverão ser distribuídos folhetos informativos, contendo
orientações e gravuras com posturas adequadas durante as atividades da vida diária, e
como agir em casos de emergências (crises de coluna), antes de o profissional aplicar os
primeiros socorros. Nestes folhetos podem ser acrescentadas noções de SUS (direitos
e deveres do cidadão), para que o usuário aprenda a exercer a sua cidadania.

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Vários profissionais da equipe podem ser solicitados a ministrar palestras
educativas (educação em saúde), com objetivo de aproximar a sociedade dos mesmos e
dando integralidade ao tratamento. Dentre estes, dentistas, médicos, enfermeiros,
nutricionistas, assistentes sociais, educadores físicos e outros.
Podem ser realizados cafés saudáveis mensalmente com o objetivo de criação de
vínculos e integração social com a comunidade, aproveitando-se as oportunidades para
as palestras educativas.
São sugestões de técnicas fisioterapêuticas que poderão ser usadas:
• alongamento global;
• cinesioterapia global;
• manipulação e mobilização vertebral (técnicas osteopáticas, maitland,
mulligan, mobilização neural e outras);
• pompage, trações e massagens terapêuticas;
• reeducação postural global pelo reequilíbrio proprioceptivo muscula
RPG/RPM);
• o uso do gelo sempre que houver quadro álgico, inflamatório e espasmos
musculares;
• orientações às AVDs (atividades de vida diárias) e às AVPs
(atividadesde vida profissionais);
• relaxamento;
• conscientização diafragmática e reeducação respiratória.

Os materiais utilizados são:


• colchonetes;
• thera-band;
• aparelho de som;
• panfletos contendo orientações.

São parte do público-alvo:


• usuários previamente avaliados pelo fisioterapeuta, para que haja um
controle;
• aqueles que estiverem em crise de coluna (fase aguda), serão
encaminhados para o Centro de Reabilitação, por não fazerem parte deste nível de

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hierarquização, após saírem da fase aguda serão encaminhados para as Unidades de
Saúde da Família, avaliados pelo fisioterapeuta responsável e então encaminhados para
Escola de Postura;
• todos os usuários que não estiverem sentindo nenhum tipo de dor, com
objetivo de prevenção da dor nas costas e a promoção de saúde;
• escolioses;
• espondilartroses;
• abaulamento, protusão e hérnias discais (fora da fase aguda);
• lombalgias e lombociatalgias (fora da fase aguda);
• cervicalgias e cérvico-braquialgias (fora da fase aguda);
• hiper lordoses e hiper cifoses;
• e outras.

EXERCÍCIO AQUÁTICOS EM GRUPOS

Existe um local para a terapia e recreação que fornece benefícios físicos,


psicológicos e sociais para todos aqueles que sofrem de uma deficiência. A água é um
meio maravilhoso para os exercícios e oferece oportunidades estimulantes para os
movimentos que não estão dentro dos programas tradicionais de exercícios e em solo.
Forças diferentes agem na água. A turbulência da água pode ser apreciada de uma forma
que não é possível no ar, e o peso da água significa que ela pode ser empurrada e
utilizada como resistência com que cada indivíduo pode trabalhar. Nela o corpo está
simultaneamente sob ação de duas forças – gravidade (ou impulso para baixo) e
empuxo (para cima) – que fornecem a possibilidade de exercícios tridimensionais, que
não são possíveis no ar, e permitem a ocorrência de atividades de movimento sem a
sustentação de peso, antes mesmo que elas sejam possíveis no solo. O tratamento
precoce em uma situação de alívio de peso é possível (um indivíduo com nível d’água à
altura do pescoço tem seu peso diminuído em 90%), e o calor e a sustentação da água
fornecem efeitos benéficos. Maior percepção da rotação com a necessidade de controlá-
la exige equilíbrio e coordenações consideráveis, bem como um trabalho muscular
preciso (CAMPION, 2000).

OBJETIVOS GERAIS

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São objetivos gerais dos exercícios aquáticos em grupo:
• propiciar aos usuários do Programa de Saúde da Família (PSF) maior
integração social, combatendo o isolamento em que muitos vivem, incentivando a troca
de experiências, de saberes populares e estimulando a diversidade de saberes;
• introduzir hábitos de vida saudável (mudanças do estilo de vida) aos
usuários por meio de atividade física, educação em Saúde e “cafés saudáveis”;
• resgatar e/ou melhorar a autoestima, autoconfiança e a cidadania;
• promover a conscientização da população para a mudança do enfoque do
tratamento químico para o tratamento por meio de recursos físicos, visando à
diminuição dos custos com medicamentos e a redução de danos aos usuários causados
pelo excesso dos mesmos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
São objetivos específicos:
• melhorar a consciência corporal, equilíbrio e estabilidade do tronco;
• melhorar a musculatura respiratória;
• aumentar a força e resistência muscular em casos de fraqueza
excessiva;
• promover relaxamento muscular por meio da vasodilatação causada pelo
calor;
• reduzir a sensibilidade à dor e aliviar espasmos musculares;
• manter ou aumentar a facilidade do movimento articular, através da
diminuição da viscosidade do líquido sinovial promovido pelo calor;
• reeducar músculos paralisados;
• melhorar o condicionamento cardiovascular e respiratório;
• reduzir edemas de extremidades;
• prevenir a incidência de osteoporose;
• encorajar à prática das atividades funcionais;
• aumentar o metabolismo corporal (10% a cada 1º C de elevação
corporal), e o débito cardíaco;
• estimular a propriocepção (percepção das partes do corpo no espaço e
no tempo) corporal.

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COMO PODEM SER FEITO OS EXERCÍCIOS AQUÁTICOS EM
GRUPOS?

As atividades poderão ser realizadas duas ou três vezes por semana, durante uma
hora, com cada grupo, ou seja, cada Unidade de Saúde. O tratamento pode ser
ministrado em qualquer piscina, claro que isto será definido pelo fisioterapeuta, ele que
fará as avaliações e definirá para quem esta atividade será adequada.
Os usuários deverão levar toalha e, ao término das atividades, devem se enxugar
para manter os locais externos à piscina secos e seguros para todos. É necessário que se
os acessórios e bijuterias sejam retirados antes de entrar na piscina. As atividades serão
realizadas com no máximo 15 usuários por grupo.
Serão realizadas outras atividades além do tratamento, como:
• palestras educativas abordando assuntos sobre problemas de saúde geral,
hábitos saudáveis, cidadania e melhoria da qualidade de vida, envolvendo equipe
multiprofissional;
• encontros mensais (cafés saudáveis), visando à integração social, a
criação de vínculos, maior humanização no atendimento, a troca de experiências sempre
estimulando a diversidades de saberes.

SUGESTÕES DE CONDUTAS FISIOTERAPÊUTICAS UTILIZADAS

O usuário é previamente avaliado nas Unidades de Saúde da Família, quanto à


parte cinésio-funcional e será encaminhado ou não, dependendo do que o fisioterapeuta
achar melhor, por ser este profissional especialista neste assunto. Devem ser feitas:
• aferição de sinais vitais (PA, FC, FR) serão feitas antes das atividades e
anotadas para servir de parâmetros de alta;
• fase de aquecimento;
• fase de alongamento de grupos musculares específicos a
cadanecessidade do usuário;
• exercícios pliométricos;
• fase de desaquecimento;
• fase de relaxamento e Educação em Saúde.

19
Os materiais utilizados são:
• aparelho de som;
• aquecedor de piscina, se possível;
• lona para cobertura da piscina (dias chuvosos);
• macarrões (flutuadores);
• coletes cervicais e lombares;
• palmares de mão.

Fazem parte do público-alvo:


• hipertenso;
• diabetes mellitus;
• obesidade;
• gonartrose, coxartroses e espondilartroses;
• pós-operatório de cirurgias de joelho, quadril, tornozelo;
• estresse;
• sequelas de patologias neurológicas;
• DPOC e outras.

ESCOLA DE REEDUCAÇÃO DO ASSOALHO PÉLVICO (ERAP)

A Escola de Reeducação do Assoalho Pélvico (ERAP) objetiva prevenir e tratar


disfunções uroginecológicas e obstétricas relacionadas à mulher. Tendo a Incontinência
Urinária (IU) como o distúrbio mais comum. Sendo um sintoma multifatorial, onde
inúmeras patologias podem provocá-la.
Para a International Continence Society (ICS), a incontinência é uma condição
na qual há perda involuntária da urina, constituindo um problema social e de higiene,
que traz sérias repercussões à qualidade de vida da mulher. Ela é um problema de saúde,
social e econômico da maior importância. Atingindo mais as mulheres por razões
anatômicas, pois, a uretra é mais curta (3 a 4 cm), por razões vasculares e tróficas
(GROSSE; SENGLER, 2002).
A IU é queixa notadamente comum entre meninas, mulheres nulíparas e também
entre idosas. Relaciona-se às questões fisiológicas específicas da mulher como

20
enfraquecimento e deslocamento do assoalho pélvico. No entanto, esta disfunção atinge
diversas outras áreas da vida, comprometendo a qualidade de vida dessas mulheres. De
fato, os efeitos psicossociais da IU podem ser mais devastadores do que as
consequências sobre a saúde, com múltiplos e abrangentes efeitos que influenciam as
atividades diárias, a interação social e a autopercepçãodo estado de saúde.
Os custos da incontinência urinária são difíceis de quantificar. O custo de
pacientes internados varia em 700 milhões de reais. Os custos com medicamentos,
cirurgias e reeducação chegam a 1 bilhão de reais. Enfim, o custo psicológico e moral
são incalculáveis (GROSSE; SENGLE, 2002).
Todas as pesquisas confirmam que, pelo menos, 70% das mulheres atingidas por
diversos distúrbios miccionais nunca falaram do seu problema aomédico. Ao agir sobre
as forças de retenção ativas dependentes da vontade (musculatura estriada do AP) a
reeducação perineal buscam-se dois objetivos principais: restabelecer a continência e
prevenir a deterioração da estética pélvica da mulher (GROSSE; SENGLE, 2002). A
função destes músculos é sustentar as vísceras em posição vertical, além da manutenção
da continência urinária. Para tanto, esses músculos necessitam estar fortes e em perfeitas
condições.

OBJETIVOS GERAIS

São objetivos gerais da ERAP:


• melhorar a qualidade de vida;
• evitar cirurgias desnecessárias;
• devolver à mulher sua autoestima;
• diminuir gastos aos cofres públicos;
• quebrar paradigmas, ou seja, mudar a concepção de que com o
envelhecimento seja normal ter IU;
• acrescentar à saúde da mulher o olhar fisioterapêutico, ou seja, o olhar
funcional;
• oferecer à mulher uma possibilidade de se cuidar e integrá-la a
sociedade;
• melhorar a qualidade da vida sexual destas mulheres, restabelecendo
e/ou melhorando sua vida conjugal.

21
OBJETIVOS ESPECÍFICOS

São objetivos específicos da ERAP:


• melhorar a contração da musculatura do períneo, tornando-a mais potente
(forte e rápida), ajudando na compressão da uretra contra a sínfise púbica, aumentando a
pressão intrauretral no momento do aumento da pressão intra-abdominal, hipertrofiando
e aumentando o volume da
musculatura pélvica. Dessa forma, o suporte estrutural dessa região ficará mais
eficiente impedindo a descida da uretra quando houver aumento da pressão intra-
abdominal, diminuindo assim incontinência urinária de esforço em mulheres;
• promover a tomada de consciência corporal
restabelecendo asdisfunções dos músculos do assoalho da pelve;
• reeducar os MAPs nos casos de incontinência urinária restaurando sua
função, evitando assim cirurgias desnecessárias;
• preparar o paciente no pré e no pós-operatório através de exercícios
terapêuticos;
• prevenir as recidivas de perineoplastia;
• promover mobilidade, flexibilidade, restabelecer o tônus e coordenação
do MAP com liberação do diafragma.

COMO PODE SER FEITA E SUGESTÕES DE TÉCNICAS


UTILIZADAS

As usuárias selecionadas serão submetidas a um questionário de qualidade de


vida que será passado na primeira aula. As aulas de ERAP poderão ser realizadas
semanalmente em um espaço físico adequado, onde a mulher possa se sentir à vontade e
possa realizar os exercícios com privacidade, com duração média de uma hora. Estas
serão compostas de orientações sobre a anatomia e fisiologia da mulher, prevenção e
tratamento da IU, exercícios perineais e melhora da qualidade de vida.
Os exercícios pélvicos serão realizados nas posições: sentada, decúbito ventral,
decúbito dorsal, em quatro apoios, em pé e caminhando. Com contrações das fibras
rápidas (brancas ou fásicas) (contrair/relaxar) e contrações lentas (vermelhas), com

22
cinco vezes de repetição. Estas contrações serão realizadas nas mais variadas posições
com intuito de mostrar para as usuárias que elas podem contrair o AP em qualquer
momento ou posição em sua vida diária. Ao final das dez aulas, estas serão submetidas
novamente ao mesmo questionário, para que tenhamos um parâmetro de melhora ou
não, da qualidade de vida.
Serão utilizados colchonetes, thera band, bolas de bobath, aparelho de som,
folhetos educativos e material didático.
Fazem parte do público-alvo, a princípio, todas as usuárias adstritas nas
Unidades de Saúde da Família, de todas as faixas etárias, priorizando aquelas que
apresentarem algum tipo de distúrbio.

CAMINHADAS TERAPÊUTICAS

Caminhada é indiscutivelmente um dos exercícios aeróbicos mais adequados para


os adultos, especialmente idosos e indivíduos portadores de doenças cardíacas e
metabólicas (diabetes, obesidade e excesso de triglicérides no sangue). Algumas
vantagens podem ser conseguidas com esta estratégia, entre elas:
• produz os mesmos benefícios da corrida, do ciclismo e da natação, se
tratando de efeitos aeróbicos;
• é considerada a prática mais segura de exercícios aeróbicos, do ponto
de vista cardiovascular e funcional;
• apresenta índices quase inexistentes de lesões osteoarticulares e
cardíacas;
• apresenta maior índice de aderência em exercícios para prevenção de
problemas e promoção da saúde;
• é uma atividade física fácil de ser executada, exigindo muito pouco em
termos de equipamentos, podendo ser praticada o mais próximo de nossas residências
ou trabalho (custo zero);
• podendo ser realizada individualmente ou de forma coletiva.

OBJETIVOS GERAIS

São objetivos gerais das caminhadas terapêuticas:

23
• estimular práticas saudáveis;
• fomentar a mudança do estilo de vida;
• integração social;
• acompanhamento e monitoramento de perto dos usuários com diabetes
mellitus, hipertensos e obesos;
• incentivar a participação de todos os usuários, aproveitando este espaço
para a Saúde Educativa.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

São objetivos específicos das caminhadas terapêuticas:


• fortalecer membros superiores (se houver movimento de braços durantea
caminhada);
• fortalecer membros Inferiores;
• recondicionamento cardiorrespiratório;
• recondicionamento físico;

• perda de peso;
• alongamento muscular;
• e outros.

COMO PODE SER FEITA?

A princípio, os usuários deverão ser avaliados pela Equipe de Saúde. Estando


aptos sob o ponto de vista clínico e cinético-funcional eles começarão as atividades.
O ideal é que seja em um lugar seguro sem a presença de riscos à integridade
física, para que possam relaxar e aproveitar ao máximo a caminhada.
Nossas caminhadas são realizadas em um campo de futebol, isso é importante
porque temos usuários com faixas etárias heterogêneas, assim conseguimos mantê-los
juntos.
Mensalmente poderão ser realizados cafés da manhã saudáveis com objetivo de
integração e criação de vínculos.

24
Sugestões de técnicas utilizadas

É interessante aferirmos os sinais vitais de todos antes de começarmos as


caminhadas, para acompanhamento e para servir de parâmetros para o nossotrabalho.
O aquecimento e o alongamento antes das atividades também são importantes,
para prevenir possíveis lesões que porventura poderão surgir.
É importante que as atividades sejam iniciadas de forma lenta e gradual.
Salientamos que as atividades tenham sua fase de aquecimento, alongamento, atividade
principal, desaquecimento e relaxamento.
No final das atividades é importante a Educação em Saúde com a abordagem de
diversos temas, inclusive levantados pelos próprios usuários.
Os materiais utilizados são:
• calçados adequados à caminhada;
• roupas leves e confortáveis;
• protetor solar;
• chapéu ou boné para proteger do sol;
• e outros.
Formam o público-alvo:
• a princípio todos os usuários que estiverem dispostos a fazerem uma
atividade física e sair do sedentarismo;
• hipertensos;
• diabéticos;
• obesos;
• dislipidemias;
• osteoporose;
• e outros.

ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NOS CICLOS DA VIDA

O fisioterapeuta desenvolve atividades efetivas em todos os níveis de atenção à


saúde, no entanto, devido a aspectos de ordem político-econômica e organizacional, a

25
função do mesmo é pouco divulgada e subutilizada, contudo, paulatinamente
experiências isoladas em algumas regiões brasileiras mostram que a inserção deste
profissional enriquece e desenvolve ainda mais os cuidados desaúde da população.
Está entre as principais atribuições do PSF a atenção à criança, ao adolescente, à
mulher, ao adulto, ao trabalhador, ao idoso e assistência às doenças como hipertensão,
diabetes, tuberculose e outras, havendo para cada programa ações específicas de atenção
à saúde. A Fisioterapia oferece suporte adequado em nível de atenção primária
complementando de forma integrada estes programas.

SAÚDE DA CRIANÇA

Mais da metade das mortes de menores de um ano ocorre nos primeiros seis
dias, isto poderia ser evitado por uma boa assistência ao pré-natal e ao parto, acesso da
mãe à informação e controle social dos serviços públicos. Mas os cuidados não devem
ser apenas durante a gestação. Após o nascimento a mãe deve continuar tendo toda
atenção necessária, principalmente se o bebê nascer prematuro ou com peso abaixo de
2,5 mil g.
A criança que nasce antes de completar os nove meses de gestação requer
cuidados especiais, pois está com a saúde fragilizada – chamada também como
imaturidade orgânica.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, as afecções perinatais são
responsáveis por 60% das mortes de crianças.
Mas as organizações e a sociedade precisam colaborar, pois é preciso investir no
desenvolvimento das crianças, desde a gestação, para que elas não só sobrevivam, mas
vivam plenamente.
As soluções para evitar a morte de crianças podem ser encontradas na família, na
comunidade, no serviço de saúde ou a partir da formulação de políticas públicas de
saúde nos Conselhos. Pode ser também a soma de esforços intersetoriais de governo e
sociedade. Cada localidade tem o poder de descobrir e prevenir as causas pelas quais
adoecem ou morrem as crianças, e assim diminuir o sofrimento humano.
A Fisioterapia tem a missão, juntamente com as outras áreas de saúde, de atuar e
intervir de forma organizada e pautada nas normas e diretrizes do SUS. Desta forma
mostraremos agora algumas situações em que a Fisioterapia poderá somar esforços.

26
PUERICULTURA

A Pediatria atende a criança, isto é, o ser humano em seu período de


desenvolvimento – da fecundação à puberdade. A Fisioterapia associa-se à pediatria
tratando e prevenindo as alterações do crescimento e desenvolvimento.
Na Estratégia de Saúde da Família toda a Equipe de Saúde deverá fazer parte no
atendimento à criança (médicos, enfermeiros, nutricionistas, dentistas, fonoaudiólogos e
fisioterapeutas).
A Fisioterapia deverá ser inserida na Equipe que faz a Puericultura, por ser ela a
profissão especialista em movimento, com objetivos de detectar prováveis alterações e
em seguida começar o tratamento necessário (estimulação).
Em casos de crianças que tiveram um parto complicado começaremos logo que
puder a Estimulação Precoce, não esperando as consequências negativas do parto
aparecerem.

OBJETIVO GERAL

Acompanhar numa ação articulada com os demais profissionais da Equipe de


Saúde da Família, intervindo nos distúrbios neuropsicomotores.
As Fases de Atendimento da Fisioterapia na Puericultura são:
• neonatal = período até o primeiro mês;
• infância:
▪ lactente = 1 mês até 2 anos;
▪ pré-escolar = 2 a 7 anos;
▪ escolar = 7 a 10 anos.

A Fisioterapia atuará juntamente com a Equipe em todas estas fases:
• Crescimento:
▪ aumento físico que é mensurável diretamente.
▪ exemplo: peso, tamanho.
▪ exemplo de alteração: nanismo.
• Desenvolvimento:

27
▪ ganho de aptidão, capacidade de realização de
funções eresolução de problemas.
▪ exemplo: falar, andar.
▪ exemplo de alteração: atraso no desenvolvimento neuropsicomotor
(ADNPM).

As características intrínsecas da criança associam-se à informação genética


herdada pelos pais, bem como as alterações aleatórias dos seus genes e cromossomos.
Os eventos mais intensos do crescimento e do desenvolvimento ocorrem antes do
nascimento, sendo predominantemente somáticos. As influências ocorrem desde a fase
uterina, sofrendo influências sociais, psicológicas e ambientais, como o uso de drogas.
A interação complexa entre o ambiente, a genética e as características físicas (fenótipo)
modela o indivíduo desde sua fase embrionária até o final de sua vida. Como exemplo
da importância do ambiente no desenvolvimento infantil tem-se os estudos que
demonstram que a falta de motivação da criança pode influenciar de maneira negativa na
aquisição dos marcos. Em estudos realizados no Irã, verificou-se que em orfanatos onde
as crianças permaneciam todo o primeiro ano de vida dentro de berços forrados nas
laterais para evitar acidentes, sendo retirados somente para o banho, o sentarapresentou-
se somente na idade de 21 meses, e em 15% o andar só ocorreu aos três anos de idade.
Daí a importância do acompanhamento das fases de crescimento, já que falamos em
Atenção Primária à Saúde.
Poderemos usar como parâmetros para acompanhamento a tabela a seguir.

TABELA DESENVOLVIMENTO MOTOR GROSSEIRO (DE ZERO A 36


MESES)

Meses Parâmetros
0-3 Movimentos reflexos amplos e bruscos (padrão flexor predomina). Criança (cç)
começa a sustentar a cabeça.

28
Começa o padrão extensor com a liberação dos membros superiores. Cç começa a
3-6 rolar primeiro em bloco e depois dissociando. Em DV apoia os antebraços
estendendo o tronco. Arrasta homolateralmente e arrasta cruzado. Faz
transferência de peso, em DV podendo alcançar objetos à sua frente.

Senta apoiando as mãos na frente do corpo e depois com maior equilíbrio de


6-8 tronco podendo apoiar as mãos do lado. Fica de 4 apoios transferindo o peso para
frente e para trás (início do engatinhar).
Começa a engatinhar com 8 meses (+/-)
Senta-se com total estabilidade e levanta-se segurando em algum apoio. Dá os
primeiros passos com auxílio, fica em postura de urso. Depois fica em pé sem
8 - 12 apoio por alguns segundos e engatinha com rapidez. Começa a dar alguns passos
com pouco equilíbrio e a base de sustentação aumentada. Anda para frente
empurrando móveis
ou carrinhos.
12 - 18 Diminui a base de sustentação durante a marcha. Começa a subir e descer
escadas em gatas ou urso. Anda bem para os lados e
para trás.
18 - 24 Saltita nos dois pés e posteriormente num pé só. Sobe e desce
escada com auxílio, começa a correr.
24 - 36 Corre e saltita com maior equilíbrio, sobe e desce escadas sem
auxílio.

TABELA DESENVOLVIMENTO MOTOR FINO (DE ZERO A 36 MESES)

Meses Parâmetros

0-3 Possui o reflexo de preensão, percebe objetos na linha média e além dela para os
lados.

3-6 Acompanha objetos com os olhos e cabeça, tenta agarrá-lo. Leva a mão ou
objeto à boca, passa objetos de uma mão a outra,
descobre o próprio corpo.
6-8 Faz pinça fina, bate palmas e dá adeus.

29
8 - 12 Libera o dedo indicador, atira o objeto para o adulto buscar,
aponta e manipula objetos minuciosamente.
12 -18 Imita a mãe, come sozinha com uma colher, despe-se sozinha,
rabisca o papel com lápis.
18 - 24 Arruma objetos, desembrulha coisas, constrói uma torre com
quatro cubos (modulação do movimento), se concentra para brincar.
24 - 36 Vira a página de um livro, sabe usar uma tesoura, rabisca o
papel num espaço delimitado.

TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR

Deve-se realizar atendimento individual e coletivo em crianças nas Unidades de


Saúde da Família.
Como fazer:
• detectar precocemente distúrbios no desenvolvimento psicomotor da
criança;
• realizar estimulação precoce e assistência fisioterapêutica em crianças
com transtornos do desenvolvimento neuropsicomotor;
• orientação quanto aos cuidados domiciliares realizados pela mãe e/ou
responsáveis;
• visita de acompanhamento feito pelo agente comunitário de saúde;
• referência para atenção secundária (clínicas, centro de reabilitação) nos
casos que necessitem de maior acompanhamento;
• formação de grupos de atendimento coletivo, orientação para pais e
cuidadores.

PREVENÇÕES DAS DPOC E AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS

Cuidados simples, como evitar o contato com pessoas gripadas ou a circulação


em ambientes fechados, com grande concentração de pessoas, ajudam a prevenir as
doenças respiratórias, especialmente no inverno. Das infecções virais, a mais importante
é a provocada pelo vírus da influenza ou gripe.
O vírus da gripe permanece vivo no meio ambiente por algum tempo. Quando

30
uma pessoa infectada por ele tosse ou espirra, elimina gotículas que contêm o vírus, e
este pode se depositar em superfícies porosas, em móveis e em corrimão de escadas,
entre outros. As pessoas não doentes podem se contaminar com o vírus ao tocar nestas
superfícies, levando a mão à boca, nariz e olhos.
A orientação é de que as pessoas tenham higiene das mãos, lavando-as ao chegar
emcasa ou após contato com outras pessoas; e as crianças ao chegarem da escola.

O QUE FAZER E SUGESTÕES DE COMO FAZER

Deve-se realizar atendimento individual e coletivo em crianças nas Unidades de


Saúde da Família.
As sugestões de como fazer são as seguintes:
• realizar atendimento individual e coletivo em crianças com asma, IRA,
para intervir e prevenir crises;
• realizar ações coletivas envolvendo os pais, familiares e responsáveis na
questão da educação e controle ambiental;
• realizar um trabalho com grupo de Asma e DPOC (esclarecimento sobre
a doença e atuação no organismo, orientar familiares sobre exercícios e toalete
brônquica para diminuição de crises).

PREVENÇÕES DE ALTERAÇÕES POSTURAIS NAS CRIANÇAS

Grande parte dos casos de desvios posturais em adultos tem origem na infância
das pessoas afetadas, e no fato de que seus pais, professores e responsáveis não deram a
devida importância ao modo como elas se sentavam, caminhavam, e, mesmo, à sua
posição enquanto dormiam.
Enquanto eram crianças, essas pessoas adotaram posturas erradas. Como não
foram corrigidas ou alertadas sobre isso, e muito menos tratadas de modo conveniente,
elas formaram vícios posturais que, com o seu desenvolvimento físico e ao longo de
suas vidas, transformaram-se em problemas bem mais graves, como escolioses,
hiperlordoses e hipercifoses, por exemplo, que hoje são comuns em grande parte da
população brasileira.
A boa postura é basicamente a melhor forma de manter o equilíbrio do
corpo, e este equilíbrio permite que todos os órgãos funcionem com o menor esforço
31
muscular possível. A postura é também uma adaptação de cada pessoa ao seumeio
social e às necessidades e tarefas do seu dia a dia. Assim, é na infância, quando o corpo
se desenvolve rapidamente, que costumam surgir os primeiros problemas relacionados à
postura.
As causas mais comuns para a má postura adotada pela criança têm relação direta
com suas características físicas. Durante a fase de crescimento, por exemplo, é comum
vermos jovens que tendem a curvar-se sobre o próprio corpo em busca de um equilíbrio
melhor; de garotas que (envergonhadas) passam a andar encolhidas para esconder os
seios em desenvolvimento; de jovens obesos que, esforçando-se para sustentar o peso de
seus corpos, desenvolvem diversos tipos de desvios posturais, etc.
Por outro lado, na maior parte de nossas comunidades, é comum constatarmos a
inadequação do mobiliário escolar às necessidades das crianças, o que provoca o
surgimento de diversos vícios posturais e agrava os problemas de postura porventura já
existentes. Como exemplos dessa inadequação, podemos citar as carteiras que não
permitem a aproximação da cadeira, o que obriga acriança a inclinar-se para frente,
curvando a coluna. Outro ponto bastante comum, apesar de hoje haver maior
conscientização a respeito, é o excesso de peso que as crianças são obrigadas a levar
para a escola em suas mochilas. Não se deve esquecer, também, os autênticos exercícios
de contorcionismo que as crianças de várias escolas são obrigadas a fazer por conta da
iluminação deficiente e da má acústica nas salas de aula, o que as obriga a procurarem
os melhores pontos de escuta e focos de luz para melhor acompanharem as aulas.
Como tantas outras doenças bastante comuns em nosso meio, sempre será mais
fácil prevenir do que remediar os problemas de coluna. Assim, a ênfase deste curso
recairá sobre os cuidados posturais preventivos durante a infância e a adolescência,
seguindo as diretrizes da Atenção Básica (Prevenção e Promoção da Saúde). As
comunidades devem ser alertadas quanto à atenção que este assunto merece – tanto por
parte dos pais e responsáveis quanto dos professores – para que possam ter uma atuação
efetiva na formação de bons hábitos nos jovens, corrigindo ambientes, mobiliários,
condutas e até mesmo preconceitos que porventura estejam prejudicando aqueles que ali
vivem.
As aulas sobre anatomia e fisiologia da coluna vertebral poderão ser
apresentadas nas escolas, igrejas ou na própria Unidade de Saúde da Família. Cartazes
poderão ser apoiados em suportes, poderão ser mostrados modelos em plástico (ou
outros materiais) do esqueleto humano, pois a visualização ajuda as pessoas a

32
compreender melhor as funções da coluna.
É importante mencionar que também os fatores genéticos podem influenciar a
postura e os seus desvios, de modo que os pais e profissionais de saúde devem ficar
atentos a qualquer sinal de desvio de coluna já nos recém-nascidos.
Pais e responsáveis devem ser conscientizados quanto ao fato de que são em
grande parte responsáveis pela formação de bons hábitos posturais em seus filhos. Neste
sentido, quanto maior for sua atenção sobre tudo o que diz respeito à postura da criança,
mais cedo poderá ser detectado algum problema, e mais fácil e eficaz será a sua
correção.
À primeira vista, alguns cuidados podem parecer irrelevantes a pessoas que não
conhecem as consequências, por exemplo, do uso contínuo de calçados apertados. Por
isto, as palestras podem servir de ponto de partida para que a comunidade seja levada a
analisar vários itens (aparentemente “sem importância”) no que diz respeito à questão
postural, mas que podem comprometer a saúde atual e futura das crianças. Estes
cuidados incluem a atenção quanto à posição em que a criança dorme, senta, caminha
etc., passando com ênfase pelo modo como costuma assistir à TV, momento em que
passa muitas horas em frente ao aparelho, nem sempre nas posições mais
recomendáveis para a saúde de sua coluna.
Também os professores podem identificar os desvios posturais que ocorrem em
seus alunos, pois passam boa parte do dia com eles. Até por este motivo, os professores
podem ajudar a prevenir o problema de modo bastante eficaz. São cuidados simples,
como observar se a criança adota uma postura inadequada, ou esclarecer aos alunos
sobre a importância de uma boa postura para a saúde e para a aparência de todos os
seres humanos. Além disso, os professores devem ter sempre em mente que a criança
não pode carregar mais do que 10% do seu peso corporal (quem pesa até 30 Kg deve
carregar, no máximo, 3 Kg). Isto implica fazer um planejamento racional das aulas e das
tarefas a serem ministradas a cada dia, para evitar que as crianças sejam obrigadas a
carregar mochilas muito pesadas, ou a de armários nas escolas também pode ser
sugerida.
Os professores devem trabalhar em parceria com os pais, alertando-os no caso de
detectarem algum desvio postural na criança; quanto aos pais, estes devem procurar um
profissional de saúde capaz de avaliar e de indicar o tratamento mais adequado para
corrigir o problema de seus filhos. O esporte é um grande aliado na luta contra os
vícios posturais. As crianças que os praticam desde cedo melhoram sua coordenação

33
motora, fortalecem a musculatura, aprendem a lidar com o próprio corpo de uma
maneira mais segura, além de desenvolverem numerosos valores éticos fundamentais
para sua vida em sociedade. Tudo isto faz parte de uma vida digna e saudável desde a
infância. Neste sentido, a qualidade de vida também depende de uma boa postura (em
todos os sentidos).

PREVENÇÃO DE ACIDENTES EM CASA

O fisioterapeuta e/ou a Equipe de Saúde poderão atuar de forma preponderante


por meio da Saúde Educativa. Temas relacionados a acidentes dentro do próprio lar
poderão ser abordados levando-se em consideração os aspectos apresentados a seguir.

PREVENÇÃO DE ACIDENTES COM ÁLCOOL

Cerca de 150 mil pessoas sofrem queimaduras graves por acidente com álcool
líquido. Deste total, 45 mil são crianças. Em fevereiro de 2002, a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) proibiu a comercialização deste álcool. No entanto,
alguns fabricantes conseguiram liminar na justiça este produto continua sendo vendido.
Nos primeiros seis meses desta medida os acidentes, principalmente em
crianças, diminuíram cerca de 60%. Pesquisas mostram que uma garrafa de plástico
pode explodir e funcionar como uma bomba.
O tratamento de uma pessoa queimada dura em torno de três meses e custa em
média R$ 1,2 mil. Portanto, alguns cuidados precisam ser tomados, como por exemplo,
dar preferência ao álcool em gel e manter longe do acesso das crianças.

PREVENÇÃO DE QUEDAS E ACIDENTES

Você sabia que acidentes são a principal causa de mortalidade de 1 a 14anos


no Brasil? A boa notícia é que 90 % dos casos podem ser evitados.
Alguns cuidados no banheiro, por exemplo:
• um simples descuido pode provocar morte por afogamento (supervisione
a criança ao tomar banho);
• para evitar queimaduras, examine a temperatura da água com o dorso
da mão, antes do banho;
34
• mantenha medicamentos e produtos de higiene fora do alcance das
crianças, e em armários trancados;
• utensílios e aparelhos afiados devem ficar fora do alcance;
• a criança pode se afogar em vasos sanitários com comprimento de
apenas 2,5 cm estando com água. Mantenha-os fechados;
• ao escolher brinquedos, observe a idade adequada e o selo do
INMETRO;
• cuidado com sufocação dentro do berço;
• cuidado com escadas (instale portões, telas e redes de segurança);
• cuidado com quinas afiadas dos móveis.
Cuidados simples poderão evitar acidentes sérios. É o nosso papel como
profissionais de saúde pública orientar e esclarecer a população, visando à integridade
plena de nossas crianças.

CONTROLE DA OBESIDADE INFANTIL

A definição de obesidade é muito simples quando não se prende a formalidades


científicas ou metodológicas. O visual do corpo é o grande elemento a ser utilizado. O
ganho de peso na criança é acompanhado por aumento de estaturae aceleração da idade
óssea. No entanto, depois, o ganho de peso continua e a estatura e a idade óssea se
mantêm constantes. A puberdade pode ocorrer mais cedo, o que acarreta altura final
diminuída, devido ao fechamento mais precoce das cartilagens de crescimento.
É consenso que a obesidade infantil vem aumentando de forma significativa e
que ela determina várias complicações na infância e na idade adulta. Na infância, o
manejo pode ser ainda mais difícil do que na fase adulta, pois está relacionado a
mudanças de hábitos e disponibilidade dos pais, além de uma falta de entendimento da
criança quanto aos danos da obesidade.
De acordo com relatos da Organização Mundial da Saúde, a prevalência de
obesidade infantil tem crescido em torno de 10% a 40% na maioria dos países europeus
nos últimos dez anos. A obesidade ocorre mais frequentemente no primeiro ano de
vida, entre cinco e seis anos e na adolescência.
A obesidade está presente nas diferentes faixas econômicas no Brasil,
principalmente nas faixas de classe mais alta. A classe socioeconômica influencia a

35
obesidade por meio da educação, da renda e da ocupação, resultando em padrões
comportamentais específicos que afetam ingestão calórica, gasto energético e taxa de
metabolismo. Entretanto, à medida que alimentos saudáveis, incluindo peixes, carnes
magras, vegetais e frutas frescas, estão menos disponíveis para indivíduos de condições
mais restritas, a relação entre obesidade e baixa classe socioeconômica é observada em
países em desenvolvimento.
A quantidade total de gordura, o excesso de gordura em tronco ou região
abdominal e o excesso de gordura visceral são três aspectos da composição corporal
associados à ocorrência de doenças crônico-degenerativas. O aumento do colesterol
sérico é um fator de risco para doença coronariana, e esse risco é ainda
maior quando associado à obesidade. O sobrepeso triplica o risco de
desenvolvimento e diabetes mellitus. Assim como a obesidade, o nível de colesterol
aumentado, o hábito de fumar e a presença de hipertensão arterial sistêmica, diabetes
mellitus e sedentarismo são fatores de risco independentes para doença coronariana. A
obesidade é fator de risco para dislipidemia, promovendo aumento de colesterol,
triglicerídeos e redução da fração HDL colesterol. A perda de peso melhora o perfil
lipídico e diminui o risco de doenças cardiovasculares. A aterosclerose tem início na
infância, com o depósito de colesterol na íntima das artérias musculares, formando a
estria de gordura.
O exercício é considerado uma categoria de atividade física planejada,
estruturada e repetitiva. A aptidão física, por sua vez, é uma característica do indivíduo
que engloba potência aeróbica, força e flexibilidade. O estudo desses componentes pode
auxiliar na identificação de crianças e adolescentes em risco de obesidade. A criança e
o adolescente tendem a ficar obesos quando sedentários, e a própria obesidade poderá
fazê-los ainda mais sedentários. A atividade física,mesmo que espontânea, é importante
na composição corporal, por aumentar a massa óssea e prevenir a osteoporose e a
obesidade.
Hábitos sedentários, como assistir televisão e jogar vídeo game, contribuem para
uma diminuição do gasto calórico diário. Estudos demonstraram uma diminuição na
taxa de metabolismo de repouso enquanto as crianças assistiam a um determinado
programa de televisão, sendo ainda menor nas obesas. Então, além do gasto metabólico
de atividades diárias, o metabolismo de repouso também pode influenciar a ocorrência
de obesidade. O aumento da atividade física, portanto, é uma meta a ser seguida,
acompanhado da diminuição da ingestão alimentar. Com a atividade física, o indivíduo

36
tende a escolher alimentos menos calóricos. Deve-se prevenir a obesidade infantil com
medidas adequadas de prescrição de dieta na infância desde o nascimento, além de se
estudar mais sobre programas de educação que possam ser aplicados no nível primário
de saúde e nas escolas.

ESTIMULAR O ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO ATÉ OS


SEIS MESES

É imprescindível que os profissionais de saúde tenham o mesmo discurso em


relação ao aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade do bebê, inclusive
o fisioterapeuta. Todo bebê, enquanto está na barriga da mãe, recebe dela tudo o que
precisa para o seu crescimento. Mas, depois que ele nasce o leite materno é a sua fonte
de vida e é o que ele precisa para crescer forte e feliz! Veja as vantagens do aleitamento
materno:
• é o melhor alimento para o bebê;
• é de fácil digestão;
• protege o bebê contra várias doenças;
• transmite amor e carinho, fortalecendo a relação entre mãe e filho;
• não precisa ferver ou coar, nem esfriar;
• está sempre pronto, em qualquer hora e lugar, na temperatura ideal;
• reduz o risco de câncer de mama e ovários;
• é de graça.

Dicas para uma amamentação saudável para o bebê e para a mamãe

Confira, agora, algumas dicas para ter uma amamentação saudável:


• não existe leite fraco – nos primeiros dias da amamentação sai um leite
transparente ou amarelado que é chamado colostro. Ele sai em pouca quantidade, mas é
suficiente para as necessidades do bebê, funcionando como uma vacina que protege a
criança contra doenças. Todo leite materno é forte e adequado para o crescimento e
desenvolvimento e tem tudo que o bebê precisa até os seis meses de vida;
• quanto mais o bebê mama, mais leite a mãe produz – sugar o peito é o
que estimula a produção de leite. Por isso, não dê ao seu filho chás, água, sucos ou outro

37
leite, nos primeiros seis meses de vida, sem antes falar com o profissional de saúde.
Começar a amamentar já na sala de parto facilita a descida do leite. Procure manter o
bebê ao seu lado, do nascimento até a alta do hospital. A criança que mama no peito
várias vezes, dia e noite, de acordo com a sua vontade, não necessita de mais nada,
apenas de uma leve limpeza na boca que pode ser feita até com a própria fralda limpa. O
leite materno é o alimento mais completo e tem ação protetora contra diversas doenças.
Quanto mais tempo o bebê mamar, melhor será a formação do arco dentário, o que fará
com que seus dentes cresçam sem problemas de alinhamento. Assim, será evitada no
futuro a necessidade de utilização de aparelho ortodôntico, colaborando, desta forma,
para respiração e fala corretas – prevenindo pneumonias, amigdalites e outras doenças;
• coloque o bebê na posição correta para mamar – para que o bebê sugue
bem, ele deve estar com o corpo totalmente voltado para a barriga da mãe, de modo a
poder abocanhar não só o mamilo (bico do peito), mas grande parte da aréola (parte
escura do seio em volta do bico). Deste modo, com a boca bem aberta, a criança pega o
peito corretamente, o leite sai em quantidade suficiente, o bebê engole tranquilamente e
a mãe não sentirá dor.

Observando sempre a postura

No momento da amamentação, é importante observar a postura:


• cuide corretamente das mamas – para evitar rachaduras, não lave os
mamilos antes e depois das mamadas. Basta o banho diário, evitando o uso de sabonetes
nos mamilos. O próprio leite protege a pele, evitando infecções. Não use pomadas ou
cremes nos mamilos. Troque o sutiã, se este estiver molhado;
• retire o leite quando necessário (ordenha) – evite que a mama fique muito
cheia e pesada. Se isto acontecer, tire o seu leite da seguinte forma.
• pegue um vidro com tampa e ferva-o por 10 a 20 minutos;
• não seque o vidro, só escorra;
• lave bem as mãos até o cotovelo e escove as unhas (que devem ser
curtas) com água e sabão;
• seque com toalha limpa;
• procure um lugar limpo e tranquilo, longe de animais. Não fume ou
converse. Sinta-se relaxada;

38
• faça massagens circulares em volta dos seios, com a ponta dos dedos;
• segure o vidro bem perto da mama;
• coloque os dedos onde termina a aréola (parte escura em volta do bico),
aperte e solte com cuidado até o leite sair;
• feche bem o frasco e não deixe o vidro com seu leite encostar-se a outros
alimentos;
• se usar bomba de leite, ferva antes de usar e não deixe o leite cair na pera
de borracha;
• na falta de geladeira, o leite poderá ser guardado por duas horas em local
fresco e dado ao bebê de copinho ou colher, quando a mãe não estiver em casa.
• no congelador por cinco dias;
• no freezer por 15 dias.

SAÚDE DO ADOLESCENTE, DO JOVEM E SAÚDE ESCOLAR

Saúde e Prevenção nas Escolas é um projeto dos ministérios da Saúde e da


Educação, que conta com o apoio da Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e do Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF). Representa um marco na integração saúde-educação e destaca a
escola como o melhor espaço para a articulação das políticas voltadas para adolescentes
e jovens, principalmente por poder contar com a participação dos sujeitos desse
processo: estudantes, famílias, profissionais da educação e da saúde. Nos últimos anos,
diferentes iniciativas entre saúde e educação estudaram maneiras de fazer prevenção
eficiente com jovens nas escolas. O objetivo central éa promoção da saúde sexual e da
saúde reprodutiva, visando reduzir a vulnerabilidade de adolescentes e
jovens às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), à infecção pelo HIV, à AIDS e
à gravidez não planejada, por meio de ações nas escolas, nas Unidades Básicas de
Saúde e PSF.
Seguindo a premissa de descentralização, a Saúde e Prevenção nas Escolas vêm
realizando esforços para incentivar estados e municípios a assumir e preservar a
qualidade dos serviços de ações destinadas à prevenção das DSTs/AIDS e uso de
drogas para o público-alvo do projeto.
A participação dos profissionais da Estratégia de Saúde da Família se faz

39
necessária nesta abordagem; como agentes sociais, deveremos participar ativamente.
Neste novo papel social, o fisioterapeuta participará da Educação em Saúde
realizada nas escolas e também na captação de casos relacionados às patologias citadas
anteriormente.

CUIDADOS COM A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

A gravidez precoce está se tornando cada vez mais comum na sociedade


contemporânea, problema esse que vem preocupando o Ministério da Saúde, pois os
adolescentes estão iniciando a vida sexual mais cedo. A gravidez na adolescência
envolve muito mais do que problemas físicos, pois há também problemas emocionais,
sociais, entre outros. Uma jovem de 14 anos, por exemplo, não está preparada para
cuidar de um bebê, muito menos de uma família. Com isso, entramos em outra
polêmica, o de mães solteiras; por serem muito jovens, os rapazes e as moças não
assumem um compromisso sério e na maioria dos casos quando surge a gravidez um
dos dois abandona a relação sem se importar com as consequências. Por isso, o número
de mães jovens e solteiras vem crescendoconsideravelmente.
Mas o que acontece é que muitos pais acham constrangedor ter um diálogo
aberto com seus filhos, essa falta de diálogo gera jovens mal instruídos, que iniciam a
vida sexual sem o mínimo de conhecimento. Alguns especialistas afirmam que quando
o jovem tem um bom diálogo com os pais, quando a escola promove explicações sobre
como se prevenir, o tempo certo em que o corpo está pronto para ter relações e gerar um
filho, há uma baixa probabilidade de gravidez precoce e um pequeno índice de doenças
sexualmente transmissíveis. O prazer momentâneo que os jovens sentem durante a
relação sexual transforma-se em uma situação desconfortável quando descobrem a
gravidez.
É importante que quando diagnosticada a gravidez, a adolescente comece o pré-
natal, receba o apoio da família (em especial dos pais) e tenha auxílio de um
profissional da área de saúde. Dessa forma, ela terá uma gravidez tranquila, terá
perspectivas mais positivas em relação a ser mãe, pois muitas entram em depressão por
achar que a gravidez significa o fim de sua vida e de sua liberdade.
É muito importante que haja diálogo entre os pais, os professores e os próprios
adolescentes, como forma de esclarecimento e informação. Neste contexto social a
participação dos Profissionais de Saúde da Estratégia de Saúde da Família

40
terá grande responsabilidade e contribuirá para a diminuição dos casos e
acompanhamento dos já existentes.

DSTS/AIDS E SAÚDE REPRODUTIVA

O Ministério da Saúde, no documento “Direitos Sexuais e DireitosReprodutivos:


uma Prioridade do Governo” apresenta entre suas propostas e diretrizes a atenção à
saúde sexual e à saúde reprodutiva de adolescentes e jovens. Tal prioridade consolida-
se por meio da articulação entre as diversas áreas que envolvem o tema e norteia a
formulação e a implementação de ações relativas à saúde sexual e à saúde reprodutiva
dos adolescentes e jovens de ambos os sexos.
A saúde sexual e a saúde reprodutiva de adolescentes e jovens têm sido foco de
inúmeros e profundos debates, questionamentos e controvérsias. A garantia dos direitos
sexuais e dos direitos reprodutivos dessa população é uma questão de direitos humanos
e propicia o pleno exercício do direito fundamental à saúde.
O Ministério da Saúde, pautado nessa perspectiva, lança o “Marco Teórico e
Referencial: Saúde Sexual e Saúde Reprodutiva de Adolescentes e Jovens”, documento
que agrega e discute os marcos legais, nacionais e internacionais, sobre saúde sexual e
saúde reprodutiva, bem como a garantia de direitos. O marco fundamenta-se na
produção do conhecimento sobre saúde e sexualidade, de adolescentes e jovens,
existente no Brasil e no exterior e nas experiências políticas de muitos sujeitos sociais,
com uma expressiva participação juvenil, cujos esforços têm se voltado para a garantia
dos direitos de adolescentes e jovens no país.
O objetivo deste documento é oferecer subsídios teórico-políticos,
normativos e programáticos, que orientem a implementação de ações voltadas à saúde
sexual e à saúde reprodutiva de adolescentes e jovens. Destina-se, especialmente, a
todos os gestores do SUS, como também a outros setores das políticas públicas voltados
à adolescência e à juventude. Ele deverá orientar as ações para a atenção à saúde sexual
e à saúde reprodutiva de adolescentes e jovens, como parte das estratégias de
implementação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes e
Jovens.
A promoção dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos envolve: apromoção
do bem-estar de adolescentes e jovens; o estímulo à educação, inclusive como condição
para a saúde sexual e reprodutiva; o envolvimento de jovens no planejamento, na

41
implementação e na avaliação das atividades que a eles se destinam, com destaque para
a educação, a saúde sexual e a saúde reprodutiva.
Este marco expressa o compromisso do Governo Brasileiro com a superação
das desigualdades e com a garantia dos direitos humanos de adolescentes e jovens no
país, a partir de um amplo e profícuo debate.
Baseado em tudo que foi supracitado, o fisioterapeuta, como profissional
integrante da área de saúde, deverá ter a sua parcela de contribuição, participando
ativamente da elaboração de estratégias que efetivem as diretrizes do Ministério da
Saúde.
As estratégias sugeridas são:
• participar da formulação de políticas públicas no campo da saúde para
reduzir a incidência do HIV/AIDS e outras DSTs, e a vulnerabilidade da população
brasileira a esses agravos;
• promover a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS;
• reduzir os estigmas e os demais impactos sociais negativos do HIV/AIDS
e outras DSTs, por meio de ações pautadas pela ética, pelo respeito às diversidades
sexual, racial, étnica, social, econômica e cultural e pelo compromisso com a promoção
e atenção à saúde, em consonância com os princípios e diretrizes do SUS, contribuindo
para a resposta global à epidemia.

SAÚDE DA MULHER

Quanto à saúde da mulher, o fisioterapeuta atua na prevenção de câncer, por


meio do papanicolau e autoexames das mamas, orientando quanto ao diagnóstico
precoce; realiza também procedimentos ou técnicas fisioterápicas a fim de evitar
complicações da histerectomia e da mastectomia, incluindo drenagem linfática como
forma de tratamento.
Será realizada avaliação e diagnóstico fisioterapêutico na saúde da mulher: o
Diagnóstico fisioterapêutico ou fisiodiagnóstico é compreendido como a avaliação
funcional, sendo esta um processo pelo qual, por meio de metodologias e técnicas
fisioterapêuticas, são analisados e estudados os desvios físico-funcionais intercorrentes,
na sua estrutura e no seu funcionamento, com a finalidade de detectar e parametrar as
alterações apresentadas, considerando os desvios dos graus de normalidade para os de
anormalidade. Também pode ser aceito como déficit orgânico e/ou funcional
42
consequente de uma afecção de base que os recursos fisioterapêuticos podem abolir,
diminuir a intensidade ou diminuir a velocidade de progressão da deterioração e é
descrito de forma generalizada, sucinta e precisa, como resultado da síntese da
avaliação fisioterapêutica.

ACOMPANHAMENTO À GESTANTE

Nos grupos de gestantes, o fisioterapeuta atua no condicionamento físico, aliado


a exercícios respiratórios e de relaxamento, manipulação, além da orientação à gestante
sobre como proceder no pré e no pós-parto. O acompanhamento da gestante será
realizado de diferentes formas nos trimestres gestacionais.

PRIMEIRO TRIMESTRE

Acompanhamento e orientações sobre os ajustes fisiológicos da gravidez:


• sistema cardiovascular;
• sistema respiratório;
• mamas;
• pele;
• sistema gastrointestinal;
• sistema nervoso;
• sistema urinário;
• sistema locomotor.

Na ERAP para gestante, devem-se realizar todos os exercícios, respeitando a


limitação de cada uma e fazendo adaptação com exceção dos exercícios, adaptando com
o uso de bola de Bobath. O local onde serão realizadas as sessões deve ser devidamente
preparado para dar conforto e tranquilidade às gestantes, e equipados, a fim de facilitar
os exercícios de fortalecimento muscular, com materiais como colchonetes, almofadas,
rolos acolchoados, bastões ou barras, bolas suíças de tamanhos diferentes, faixas
elásticas do tipo thera band, as quais possuem resistências diferentes, entres outros
utensílios. A sessão deve ser realizada regularmente, com um mínimo de duas vezes na
semana.

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SEGUNDO TRIMESTRE

A gestante continuará realizando a ERAP semanalmente, porém daremos ênfase


aos tópicos a seguir:
• incentivar o cuidado com as mamas e estimular a amamentação – as
estatísticas comprovam que cerca de 87% das mães com classe social 1 amamentam
seus bebês duas vezes mais que aquelas com classe social 5 (43%). Sendo assim, deve-
se ratificar sobre os benefícios da amamentação para mãe e para o bebê. Deve ser
indicado um bom sutiã de apoio na medida correta ao tamanho do conteúdo. Cuidado
com os mamilos, com o enrijecimento mamário, com o uso de exercícios, a orientação
quanto ao não uso de óleos sobre o mamilo. Massagens mamárias da periferia em
direção ao centro;
• prevenção de dor nas costas e cintura pélvica (50% das gestantes
apresentam algias nas costas), o simples conhecimento do uso prudente das costas é um
direito de toda mulher; serão sugeridas adaptações no deitar, no levantar, sentar, ficar
em pé e caminhar, abaixar e erguer pesos;
• prevenção da síndrome do túnel do carpo, visto que há uma diminuição
da função nervosa sensorial e motora causada pela compressão do nervo mediano ao
passar pelo retináculo dos flexores (túnel carpal) em virtude do aumento de retenção
hídrica (edemas) com o agravamento no 3º trimestre da gravidez. O fisioterapeuta
poderá utilizar recursos como: crioterapia em posição de drenagem, ultrassom e
cinesioterapia;
• nos distúrbios circulatórios que são comuns na gravidez devido à
retenção hídrica e compressão dos gânglios linfáticos, as mulheres deverão estar cientes
que ficar em pé ou sentada por longos períodos com a perna pendente ou joelhos
cruzados é muito nocivo. A dorsiflexão e flexão plantar frequente por pelo menos três
segundos de cada vez, provocam um retorno venoso mais eficiente. O erguimento dos
pés da cama com tijolos é sugerido com frequência. Serão feitas caminhadas dentro ou
fora d’água.

ATIVIDADES FÍSICAS PARA AS GESTANTES

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Durante a gravidez, como em outras fases da vida, a prática de alguma atividade
física, de maneira regular e adequada, constitui um dos melhores caminhospara uma boa
manutenção da forma física, estabelecimento e progressão do ciclo gravídico-puerperal,
assim como uma boa recuperação no puerpério imediato. O próprio trabalho de parto será
beneficiado se a mulher praticar exercícios regularmente durante a gravidez. A prática de
atividades físicas promove ainda o alívio da sintomatologia dolorosa e dos desconfortos,
que possam surgir com a gestação e elevam a autoestima da grávida, possibilitando uma
recuperação mais curta e favorecendo um retorno às atividades do cotidiano e trabalhista
mais precocemente.
A gestante, ao ser encaminhada para um acompanhamento fisioterapêutico, deve
passar por uma avaliação completa e pormenorizada, composta por uma entrevista ou
anamnese e um exame físico, realizados pelo fisioterapeuta, antes do início dos
atendimentos. Na anamnese serão coletadas as informações pessoais sobre a gestante e
sua família, os dados da gestação atual, sintomas relacionados à gravidez e seus ajustes,
além da aferição dos sinais vitais. No exame postural, poderá observar a gestante em
várias posturas, durante a realização de alguns movimentos e também ao caminhar,
detectando assim as principais dificuldades da gestante para então elaborar uma conduta
fisioterapêutica de maneira a aliviá-las.

Caminhada (conduta no solo)

A sessão é iniciada com uma caminhada de cinco minutos, a qual prepara o


sistema cardiorrespiratório, os músculos e articulações dos membros inferiores e
superiores para o exercício. Deve ser realizado também um alongamento dessas cadeias
musculares. Essa primeira etapa dura em média de 10 a 15 minutos, sendo chamada de
série metabólica. Em seguida, tem início a etapa conhecida como série principal, a qual
é composta por exercícios respiratórios para as fases do trabalho do parto, e exercícios
para o fortalecimento e tonicidade de todos os grupos musculares, principalmente as
musculaturas do assoalho pélvico e do abdômen, que são os grupamentos mais
solicitados no parto, tendo duração de 20 a 25 minutos. A sessão termina com um
relaxamento, que visa aliviar as tensões musculares ainda existentes, desaquecimento do
corpo e regularização das frequências cardíaca e respiratória, durando cerca de 10 a 15
minutos.

45
Hidroterapia

A água possui propriedades físicas peculiares que a transformam em um meio


terapêutico muito eficiente e seguro para realização da sessão. O empuxo e a pressão
hidrostática, juntos, reduzem o peso corpóreo da gestante, auxiliam o retorno venoso e
condicionam o coração, diminuindo assim os riscos de lesão musculoesquelética e os
edemas gravitacionais. Além disso, os músculos respiratórios precisarão trabalhar
contra a soma das pressões hidrostática e intra- abdominal, melhorando assim o
condicionamento e tonicidade dessa musculatura ea capacidade inspiratória da gestante.
A conduta na água é semelhante à conduta no solo. Ela começa com uma
caminhada dentro da piscina, que dura em média cinco minutos, e alongamento dos
grupos musculares completando assim 10 a 15 minutos de aquecimento; depois são
realizados os exercícios direcionados ao fortalecimento de grupos musculares
específicos, além de exercícios respiratórios e de reeducação postural. Essa segunda
etapa dura em média 35 minutos. Ao final da sessão, deve ser feito também um
relaxamento, que tem o objetivo de promover a estabilização das frequências cardíaca e
respiratória, além de relaxar as musculaturas ainda sob tensão, durando cerca de 10
minutos.
Na piscina, assim como no solo, são também utilizados alguns materiais, como
flutuadores, caneleiras, colete lombar e colar cervical, para facilitarem os exercícios de
fortalecimento muscular, eles tornam as sessões mais prazerosas e divertidas para a
gestante. Cada sessão tem uma duração de 45 a 60 minutos, não devendo ultrapassar
uma hora, evitando-se assim a fadiga da grávida.
Os benefícios da hidroterapia são:
• alívio da sintomatologia dolorosa (lombalgia);
• melhora da circulação de retorno tanto linfática quanto venosa,
auxiliando na redução de edemas;
• promove uma reeducação postural, já que a gestação altera a posição do
centro de gravidade da mulher;
• melhora o tônus muscular;
• promove um melhor relaxamento;
• melhora a função intestinal;
• melhora o condicionamento do aparelho cardiorrespiratório;

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• facilita o trabalho de parto, tornando mais efetivo e menos doloroso;
• promove uma recuperação mais rápida do parto;
• aumenta a autoestima da gestante, proporcionando um bem-estar físicoe
emocional.

TERCEIRO TRIMESTRE

Com a aproximação do parto deveremos estar atentos ao nível de ansiedade


destas gestantes, pois, sabemos que cada mulher tem seus temores, esperanças e anseios
diferentes sobre este momento. Embora seja errado generalizar, os levantamentos
mostram que as mulheres da classe média têm maior probabilidade de pedirem um
parto natural, enquanto futuras mães da classe mais baixa, não estão muito
preocupadas com isso; elas tendem a ver o parto como um meio para um fim e preferem
um parto mais confortável, indolor e seguro, ou seja, acreditam que a cesariana
corresponde a estas expectativas.
O fisioterapeuta deverá dar todo seu apoio a esta gestante, mostrar-lhe
todas as vantagens de um parto natural, tanto para a mãe como para o bebê.
Humanizando cada vez mais este momento e desmistificando todas as dúvidas que esta
gestante tiver.
Além de todos os exercícios da ERAP para Gestante, nesta fase será
intensificado o trabalho de preparação para o parto, para que a mulher se sinta segura e
saiba todo o processo fisiológico gestacional:
• relaxamento;
• imaginação;
• respiração;
• como enfrentar as contrações;
• posições para o parto;
• massagem para o parto;
• massagem do períneo.

Puerpério

Logo após o período do nascimento do bebê, o corpo da mãe começa o período

47
de recuperação. Na medida em que se move, fala e sorri, ela irá perceber uma falta
quase que completa de controle da musculatura abdominal. A mulher pode apresentar
vários tipos de queixas, como incapacidade de controlar a urina, dor abdominal,
exaustão, dos quais o fisioterapeuta deverá levar a sério e avaliar de modo adequado.
Pequenos incômodos podem ser resolvidos com tratamento físico, empatia e
compreensão.
Observar o estado físico no pós-parto com ênfase nos músculos abdominais,
assoalho pélvico, pernas, costas e seios. Será realizado fortalecimento desta
musculatura, acrescido de dicas de postura e de amamentação.

CLIMATÉRIO

As alterações mais frequentes são:


• ondas de calor e suores noturnos;
• irritação vaginal (vaginite atrófica);
• distúrbio urinário – atrofia, inflamação, infecção da vagina pode ter
efeito secundário na uretra e bexiga, podendo haver atrofia da uretra, trigono e
ligamentos de apoio conjuntos. Estes fatores devem ser levados em consideração, visto
que a mulher pode apresentar várias queixas como cistite, uretrite, frequência, disúria,
urgência ou incontinência urinária. Estas mulheres deverão ser submetidas à avaliação
uroginecológia e encaminhadas para ERAP;
• distúrbios psicológicos e emocionais;
• alteração da sua sexualidade – estas mulheres deverão ser submetidas à
avaliação uroginecológia e encaminhadas para ERAP;
• osteoporose – as mulheres serão avaliadas, orientadas e encaminhadas
para realização de caminhadas e/ou para outros especialistas.
Quanto à violência contra a mulher e prevenção de colo de útero, será realizado
um trabalho de captação, Educação em Saúde e apoio à Equipe das USFs.

DISFUNÇÕES COMUNS DA MULHER

São disfunções comuns nas mulheres:

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• anosgarmia/disorgasmia, dispareumia, vaginismo – após a avaliação
uroginecológica, a usuária será encaminhada para ERAP (promover a conscientização
corporal) e Terapia Comportamental (psicólogo). Não havendo melhora no quadro será
encaminhada para Atenção Secundária (Centro de Reabilitação Fisioterapêutica);
• dor endopélvica (endometriose), dismenorreia, tensão pré-menstrual – a
usuária passará por avaliação uroginecológia, serão ensinadas técnicas de relaxamento,
exercícios respiratórios (conscientização diafragmática), Eletroestimulção Transcutânea
(TENS), infravermelho e, conforme a necessidade, será encaminhada para ERAP com
objetivo de adquirir consciência e um controle corporal.

SAÚDE DO IDOSO

A Política Nacional do Idoso tem como base de sustentação “que os programas


de Promoção da Saúde para idosos devem estar voltados para a prevenção de doenças e
deficiências, a manutenção das funções físicas e cognitivase a participação constante em
atividades sociais e produtivas”. A fisioterapia reabilitativa pertence à terceira fase de
assistência à saúde, ou seja, a prevenção terciária. Deve fazer parte integrante das
atenções primária e secundária, pois hoje em dia, a fisioterapia preventiva assume papel
cada vez mais importante.
Os objetivos da fisioterapia podem ser um desafio quando voltados para as
pessoas idosas que apresentam problemas complexos, ligados aos processos do
envelhecimento, doenças crônico-degenerativas e aos fatores ambientais.
A partir da análise da mudança do perfil epidemiológico da população, verifica-
se a necessidade de uma atuação ampla da rede de atenção básica, alémdo campo das
doenças infecciosas, mas também nas áreas crônico-degenerativas e traumáticas. Para
tanto, é importante uma redefinição nos aspectos de espaço físico e no perfil dos
profissionais que irão atuar na equipe de saúde, no sentido de promoção, prevenção,
educação, controle social e reabilitação desta nova demanda que se apresenta (KATO et
al., 1994).
Nas últimas duas décadas, estudos estatísticos demonstram uma mudança
importante no quadro de doenças com o aumento na incidência das doenças crônicas e
degenerativas (CORRÊA, 1995). Estas mudanças no perfil epidemiológico da
população se devem, principalmente, ao aumento da expectativa média de vida da

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população.
O envelhecimento da população é um dos maiores desafios das últimas décadas.
Embora a velhice não seja sinônimo de doença, com a idade aumenta o risco de
comprometimento funcional e perda de qualidade de vida. A avaliação funcional dos
idosos, com acompanhamento do profissional fisioterapeuta, torna-se essencial para
estabelecer um diagnóstico, um prognóstico e um julgamento clínico adequados, que
subsidiarão as decisões sobre os tratamentos e cuidados necessários com o idoso
(CIANCIARULLO et al., 2002).
A fisioterapia apresenta uma missão primordial, de cooperação, mediante a nova
realidade de saúde que se apresenta, através da aplicação de meios terapêuticos físicos,
na prevenção, eliminação ou melhora de estados patológicos do homem, na promoção e
na educação em saúde.
O processo de envelhecimento recebe influência de vários fatores a que o ser
humano se sujeita no decorrer de sua vida. Estas alterações variam de um indivíduo para
o outro e são influenciadas, tanto pelo estilo de vida quanto por fatores genéticos. O
envelhecimento traz, para os indivíduos, alterações progressivas, quer nos aspectos
funcionais, quer nos motores, psicológicos e sociais. Dentre as modificações
provenientes do envelhecimento destaca-se a diminuição da capacidade funcional do
indivíduo, ocasionada principalmente pelo desuso físico e mental. Atividades
preventivas e de reabilitação no âmbito da fisioterapia, realizadas nas unidades de
saúde, são imprescindíveis para manter ou resgatar a autonomia de idosos e poderão ter
grande impacto na saúde desta população.
A prática regular de exercícios físicos é estratégia preventiva, primária, atrativa e
eficaz para manter e melhorar o estado de saúde física e psíquica em qualquer idade,
tendo efeitos benéficos diretos e indiretos para prevenir e retardar as perdas funcionais
do envelhecimento, reduzindo o risco de enfermidades e transtornos frequentes na
terceira idade, tais como as coronariopatias, a hipertensão, a diabetes, a osteoporose, a
desnutrição, a ansiedade, a depressão e a insônia.
Em relação à recuperação da força muscular em idosos, estudos têm
demonstrado que ela pode ser conseguida mediante programas de condicionamento
físico, de força e resistência, de alta ou baixa intensidades.
Os ossos e músculos respondem bem ao estresse físico, tornando-se maiores e
mais fortes. Exercícios físicos provocam tensão física no corpo, ajudam a estimular o
crescimento ósseo, preservar a massa óssea e, consequentemente, auxiliam na

50
prevenção e tratamento da osteoporose.
O fisioterapeuta tem um papel importante como instrumento integralizador no
processo de promoção do envelhecimento saudável. Além de ser responsável pela
educação do paciente em corrigir sua postura, evitar quedas e excesso de atividades
físicas, que possam potencialmente resultar em fraturas ósseas indesejáveis, também são
responsáveis pela prescrição de um programa de condicionamento físico específico para
cada indivíduo.
Objetiva-se com o tratamento fisioterápico, aliado a exercícios físicos, a melhora
do equilíbrio e da marcha, o fortalecimento da musculatura proximal dos membros
inferiores, a melhora da amplitude articular, o alongamento e aumento da flexibilidade
muscular, entre outros. Idosos que se mantêm em atividade, minimizam as chances de
cair e aumentam a densidade óssea evitando fraturas, conforme transcorrido
anteriormente.

ALTERAÇÕES DE BARREIRAS ARQUITETÔNICAS E ADEQUAÇÃO


DO MOBILIÁRIO VERSUS QUEDAS E FRATURAS NA TERCEIRA IDADE

As quedas entre pessoas idosas constituem um dos principais problemas clínicos


e de saúde pública devido à sua alta incidência, às consequentes complicações para a
saúde e aos altos custos assistenciais. Aproximadamente 30% das pessoas de 65 anos
ou mais caem pelo menos uma vez a cada ano (TINETTI, 1994).
As consequências das quedas para os idosos podem ser bastante limitadoras e,
em alguns casos, até fatais. Os principais problemas decorrentes são fraturas, lesões na
cabeça, ferimentos graves, ansiedade, depressão, o chamado "medo de cair" (medo de
subsequentes quedas), que também pode acometer idosos que nunca caíram. Entre
idosos que sofrem quedas, 3% a 5% apresentam fraturas graves a cada ano (TINETTI,
1994).
As quedas, além de produzirem importante perda de autonomia e qualidade de
vida entre idosos, podem também repercutir entre seus familiares, que devem se
mobilizar em torno de cuidados especiais, adaptando toda sua vida em função da
recuperação ou adaptação do idoso após a queda. Atividades de prevenção e de
promoção de saúde no âmbito da Atenção Primária, realizadas nas Unidades de Saúde
da Família, são imprescindíveis para evitar e/ou diminuir as quedas, mantendo assim a

51
autonomia de idosos que poderão ter grande impacto na saúde desta comunidade.
O investimento na saúde e educação da atual população de idosos e a
compreensão da morbidade são apresentados como alternativas capazes de minimizar,
em um município com recursos financeiros escassos, o impacto do envelhecimento
populacional sobre a qualidade de vida. Além disso, constitui-se em política sanitária
indispensável, não só porque as quedas afetam de maneira desastrosa a vida dos idosos
e de suas famílias, mas também drena montante expressivo de recursos econômicos no
tratamento de suas consequências.
Frente a esse quadro, devem ser traçadas estratégias de prevenção para diminuir
o número de sequelas e danos subsequentes. Para que sejam eficazes, é preciso,
inicialmente, que haja uma minuciosa identificação dos fatores de risco que aumentam a
incidência desses eventos, em particular, daqueles seguidos por fraturas.

Objetivo geral
A proposta preventiva visa melhorar a qualidade de vida destes idosos, visto que
as quedas trazem inúmeras consequências, podendo, em casos mais graves; levar o
idoso a óbito.

Objetivos específicos

São objetivos específicos da prevenção a quedas envolvendo idosos:


• identificar os possíveis fatores de riscos modificáveis;
• tratar os fatores etiológicos e comorbidades presentes;
• identificação precoce dos idosos com maior chance de sofrerem queda;
• ajudar os usuários a superarem as constantes ameaças ao seu equilíbrio,
não só melhorando suas capacidades funcionais como também lhes conscientizando de
suas limitações;

• sugerir algumas alterações em seus lares para lhes conferir maior
segurança, para que não venham a sofrer quedas;
• realizar palestras (Educação em Saúde) abordando temas relacionados a
tais questões;
• fomentar a participação da Equipe para que haja integralidade nas ações;

52
• buscar parcerias (intersetorialidade) quando necessário;
• acolher os idosos que já apresentarem sequelas de quedas e cuidar para
que não haja a recorrência;

• sensibilizar o gestor para a necessidade de realização de políticas


públicas preventivas mais resolutivas;
• mostrar ao gestor que tais estratégias podem não só melhorar a qualidade
de vida de nossos idosos como também diminuir gastos com medicamentos e cirurgias,
que poderiam ser evitadas.

Estatísticas de acidentes com idosos

As estatísticas são as seguintes:


• segundo o Sistema Único de Saúde (SUS), um terço dos atendimentos
por lesões traumáticas nos hospitais do país ocorrem com pessoas com mais de 60
anos;
• 75% acontecem dentro de casa;
• 34% das quedas provocam algum tipo de fratura;
• 46% acontecem no trajeto entre o banheiro e o quarto, principalmente à
noite;
• estima-se que, em 2025, o Brasil contará com 31,8 milhões de habitantes
com 60 ou mais anos de idade e que ocupará o 6º lugar, no mundo, em contingente de
idosos.

Alterações comuns nos idosos que predispõem as quedas

São as seguintes:
• alterações neurológicas – acidente vascular encefálico e ataqueisquêmico
transitório, parkinsonismo, confusão, convulsões, insuficiência vertebrobasilar,
hipersensibilidade de seio carotídeo, distúrbios cerebelares, neuropatia e demência;
• cardiovascular – infarto do miocárdio, hipotensão ortostática e arritmia;
• gastrointestinal – sangramento, diarreia e síncope de defecação;

53
• metabólico – hipotireoidismo, hipoglicemia, anemia,
desidratação,hiponatremia genitourinário, síncope miccional, incontinência;
• musculoesquelético – artrite, miosite, deformidade espinhal, fraqueza
muscular, descondicionamento;
• psicológica – depressão, ansiedade, induzido por droga;
• estados patológicos atribuíveis a diuréticos – anti-Hipertensivos,
cardiotônicos, hipnóticos, sedativos e psicotrópicos.

TABELA DE AFECÇÕES COMUNS NA SENESCÊNCIA

Presbiacusia A presbiacusia é um declínio na acuidade auditiva com o envelhecimento,


pode levar à queda quando o indivíduo é incapaz de ouvir os ruídos que
alertam para a aproximação de um automóvel, por exemplo, e, portanto,
não tem tempo suficiente para evitar um acidente. Comprometimento da
discriminação da fala. Aumento no limite para tons puros (os sons de alta
frequência são afetados predominantemente).
Acúmulo excessivo de cera.
Acuidade visual O declínio da acuidade visual é uma das causas mais significativas. Com
o envelhecimento, o tamanho e resposta das pupilas diminuem. Ao entrar
em um recinto escuro ou sair à noite, o indivíduo idoso tem risco de
quedas aumentado, pois o tempo necessário para que o olho
senescente atinja um nível de sensibilidade à luz igual ao de uma pessoa
jovem está prolongado. Por consequência, indivíduos mais velhos
precisam de iluminação adequada para andar com segurança. Com o
envelhecimento, a lens se torna mais opaca, levando à intolerância do
brilho forte e a um declínio na percepção da profundidade. A alteração da
percepção de profundidade pode levar a quedas associadas com subir e
descer escadas. Como a lens fica amarelada com o envelhecimento,
isto resulta em uma filtração do espectro verde-azulado.
A fraqueza muscular é sugerida por uma incapacidade do paciente para
Fraquezamuscular andar sobre seus calcanhares ou artelhos, levantar-se de uma cadeira ou
após abaixar-se sem utilização dos braços ou segurar-se no assento da
cadeira. Frequentemente associada com quedas e tropeços. Pode ocorrer
debilidade muscular difusa em apenas de quatro a seis semanas de

54
repouso absoluto no leito.

Instabilidade A instabilidade postural aumenta com o envelhecimento e se manifesta


postural por uma perda de reflexos de correção e um aumento na oscilação do
corpo. A manutenção da estabilidade postural é uma função complexa,
que requer integração central apropriada de sensações visuais,
vestibulares e proprioceptivas, todas sofrendo declínio funcional com o
envelhecimento. O tempo da reação também aumenta, aumentando o
intervalo entre a percepção do perigo e a ação para evitá-lo.
Sistema Tempo de reação mais lento, consciência sensorial diminuída para toques
nervoso leves, vibração, temperatura, oscilação do corpo aumentada,
comprometimento dos reflexos de proteção.
Doença Um acidente vascular encefálico franco ou um episódio isquêmico
cerebrovasculare transitório podem provocar uma queda devido à perda de função motora
neurológica ou sensorial em uma extremidade inferior, alteração súbita da percepção
visual, alterações no nível de consciência ou convulsão. A doença
cerebrovascular que envolve a circulação posterior (cerebelar) dá origem
à tontura e ataxia, estas podem predispor as quedas.
Demência Nos indivíduos idosos com demência aguda ou crônica, a frequência de
quedas aumenta devido à falta de percepção de perigos ambientais das
próprias capacidades do indivíduo.
Parkinson A doença de Parkinson é comum e associada com distúrbios de marcha e
do equilíbrio postural. Os pacientes parkinsonianos são mais lentos ao
reagir a perigos ambientais, levando a quedas.
Hipotensão A hipotensão ortostática é uma queda de 20 mmHg na PA sistólica ou de
ortostática 10 mmHg na PA diastólica. Pacientes diabéticos frequentemente são
acometidos por quadros de hipotensão ortostática, secundária à
disfunção do sistema nervoso autônomo.

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Arritmia Quando ocorre uma queda abrupta, com ou sem perda da consciência, ou
que é precedida por tontura ou palpitações, sugere uma arritmia cardíaca.
Estes tipos de quedas estão, às vezes, associados com exercícios ou com
ficar em pé, se o paciente apresenta uma estenose aórtica que provoca
uma redução de perfusão cerebral. Uma queda pode ser o primeiro
indício de um infarto agudo do miocárdio, sendo que ataques cardíacos
silenciosos em pacientes idosos são comuns, principalmente nos
diabéticos.
Quedas Toda queda precisa ser considerada como possível sinal de uma doença
importante iminente. As quedas podem ser provocadas por qualquer
doença aguda ou crônica que resulte em fraqueza ou tontura. Nos casos
de infarto agudo do miocárdio, acidentes vasculares encefálicos, ou
sangramento gastrointestinal, que podem apresentar primeiramente
como uma queda.
Convulsão Pacientes com histórico de epilepsia ou de acidente vascular encefálico
recente, e aqueles que recebem certas drogas, estão em risco para o
desenvolvimento de convulsões, com episódios de síncope. A
possibilidade de convulsão deve ser sempre considerada se existe uma
razão para se suspeitar de que o paciente tem tido quedas repetidas, não
percebidas, com micção involuntária, ou tem uma história de acidente
vascular encefálico prévio.
Marcha Muitas alterações artríticas e neuromusculares patológicas podem
comprometida prejudicar a marcha e aumentar o risco de queda. Na doença de
Parkinson é afetado muito a estabilidade postural, e assumem uma
postura fletida, inclinada para frente e uma marcha arrastada, levantando
ligeiramente os pés do solo. Outro fator é a fraqueza muscular secundária
à hiper e hipotireoidismo, polimialgia reumática e osteoartrite do joelho
contribuem para uma marcha lenta, cautelosa e fixa, acompanhada de
gingado, dificuldade para subir escadas e propensão a sofrer uma queda.
O profissional que está acompanhando deve inspecionar rotineiramente
os pés dos pacientes para investigar anormalidades, como esporões,
calos e joanetes, que podem levar ao comprometimento da marcha e
predisposição a quedas.

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Drogas Pessoas idosas que recebem terapêutica medicamentosa caem mais
frequentemente do que as que não recebem. O uso de múltiplos
medicamentos associados a múltiplas doenças, e a suscetibilidade à
toxidade por drogas relacionadas à idade leva a coordenação deficiente,
confusão e arritmias cardíacas. O uso crônico de esteroides pode
provocar osteoporose, uma razão importante para fratura de quadril e
queda.
Fatores Pacientes idosos não aceitam o declínio das suas capacidades sensoriais e
psicológicos motoras, e tendem a sofrer quedas como um resultado da superestimação
de suas capacidades de realizar as atividades da juventude. Para manter
uma imagem de capacidade e independência, uma pessoa idosa pode se
recusar a usar um dispositivo de apoio ou de aceitar assistência para
realizar atividades como levantar da cama ou ir ao banheiro. Um grande
número de quedas acontece quando há um período de estresse
emocional transitório. Como resultado, os pacientes se tornam raivosos,
ansiosos, desorientados ou deprimidos, e menos atentos aos perigos
ambientais. Pessoas idosas com depressão frequentemente se tornam
confusas e desorientadas e com falta de percepção do ambiente.
Causas extrínsecas Existem muitos obstáculos ambientais que podem predispor o paciente a
das quedas cair. Na comunidade, a maioria das quedas ocorre na própria residência
dos pacientes. As atividades rotineiras relacionadas a quedas incluem
sentar ou levantar de camas e cadeiras; tropeçar em objetos da casa, ou
revestimentos do assoalho, como tapetes, carpetes e soleiras de portas e
escorregar em superfícies molhadas, ou usando calçados inadequados ou
descendo escadas. Nos hospitais e casas de repouso, o lugar mais comum
de quedas é o quarto do paciente. A maioria destas quedas acontece à
beira da cama, quando o paciente está se deitando ou levantando. O
banheiro é um local que oferece um grande risco em instituições, pelo
fato de os pacientes entrarem ou saírem do banheiro sozinhos, com
pressa de chegarem ao vaso sanitário ou escorregarem no chão
molhado. Cadeiras normais e cadeiras de rodas estão implicadas em
episódios de queda por causa de equipamento inapropriadamente
planejado, ou de técnicas ruins de transferência, quando o paciente está

57
se sentando ou levantando. A queda sobre a cadeira que é difícil de ver,
tropeçar nos pés das cadeiras ou em suportes para os pés de cadeiras de
rodas e cair sobre as grades da cadeira de rodas travadas ao levantar são
outras causas de quedas.

Superfície Assoalhos escorregadios (assoalhos muito polidos/encerados), tapetes


Do solo soltos, carpete muito espesso, tacossoltos.
Iluminação Brilho excessivo.
Escadas Falta de corrimão, pouca iluminação, degraus altos, escada rolante.
Banheiro Chão escorregadio, banheira ou chuveiros escorregadios, falta de barras
de apoio, assentos sanitários baixos.
Quarto Cama alta, cama muito longe do banheiro, tapetes soltos,rodas de cama
que não travam.
Outros cômodos Assoalhos escorregadios, cadeiras em altura incorreta, falta de descanso
de braço nas cadeiras, quinas, prateleiras muito altas.
Pessoal Roupas desajustadas (barras compridas ou descosturadas), sapatos
inapropriados ou muitos gastos, outrascausas, raízes de árvore, Subir em
ônibus, farol de pedestre muito rápido, animais domésticos.

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TABELA TABELA DE CAUSAS EXTRÍNSECAS DE QUEDAS
TABELA CONSEQUÊNCIAS MAIS COMUNS EM IDOSOS QUE

Fratura do Ocorre comumente com uma queda com a mãoestendida.


úmero proximal
Fratura de No ano de 1814, Abraham Colless descreveu esta
Colles fratura da extremidade distal do antebraço, que ocorre devido à queda
sobre o braço estendido.
Fratura de É comum entre idosos, possui elevados índices de mortalidade e
fêmur morbidade, e grande custo financeiro. Quanto à sua incidência, a
fratura do fêmur aumenta com a idade, a partir dos 50 anos; é duas
vezes mais frequente nas mulheres. Estas fraturas da extremidade
superior do fêmur são menos frequentes do que as fraturas vertebrais,
no entanto trazem maior morbidade e mortalidade. De 80% a 90% das
fraturas de fêmur ocorrem por consequência de queda. No idoso, a
massa muscular e de tecidos moles em torno dos quadris costuma estar
diminuída, de modo que o quadril é menos capaz de resistir ao
impacto da queda.
Fratura São fraturas geralmente provocadas por quedas, normalmente ao nível
intertrocantérica do solo. Estas fraturas são classificadas de acordo com o número de
fragmentos ósseos.
Fratura de Esta lesão normalmente é provocada por uma atividade que aumenta a
vértebra carga compressiva sobre a coluna (por exemplo, levantar um peso,
inclinar-se para frente, pisar em falso ao andar ou por uma queda).
SOFRERAM

QUEDAS
Síndrome do É quando a pessoa idosa precisa ficar imobilizada,devido a uma queda,
imobilismo resultando em uma fratura. O repouso beneficia a região lesada, mas
seu prolongamento prejudica o resto do organismo. As complicações
afetam sistemas como o cardiorrespiratório, vascular, endócrino,
gastrointestinal, urinário, muscular, esquelético e neurológico. Sendo
que estas complicações podem ser aumentadas dependendo dos fatores
pré-existentes de cada paciente.

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A sala ideal contém tapete antiderrapante, apoio, sem obstáculos na frente, sem
mesa de centro,altura do sofá adequada.

FIGURA SALA IDEAL

http://envelhecerevida.blogspot.com.br/p/dicas-importantes.html

As recomendações são as seguintes:


• não deixar objetos no chão que possibilitem tropeçar, gavetas abertas e
móveis no meio do caminho;
• cuidar com a exposição e comprimento de fios do telefone;
• adequar a iluminação ambiental;
• deixar fios elétricos presos (TV, lâmpadas), não expostos sobre locais de
tráfego de pessoas;
• deixar sempre uma luz acesa à noite.
• usar barras de apoio no banheiro;
• usar tapetes fixos no box do banheiro;
• usar, se possível, sabonete líquido.

FIGURA IMAGENS DE BANHEIROS COM CORRIMÃO, TAPETE

60
ANTIDERRAPANTE E ALTURA IDEAL DOS APARELHOS SANITÁRIOS

http://envelhecerevida.blogspot.com.br/p/dicas-importantes.html

Deve ser dada atenção também às recomendações para o vaso sanitário ideal:
adapte o banheiro, este é o local que deve receber o maior cuidado, pois é onde se
costumam concentrar o maior número de acidentes com idosos.

FIGURA ALTURA DO VASO SANITÁRIO

http://fisiomovimento.com.br/cont-casa-segura-banheiro-parte-1/

Na cozinha e área de serviço ideal, deve-se evitar subir em cadeiras para


molhar plantas ou pegar objetos no armário.

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FIGURA ADEQUAÇÃO E COLOCAÇÃO DE CORRIMÃO

http://fisiomovimento.com.br/cont-casa-segura-banheiro-parte-1/

Quanto às recomendações para o quarto ideal:


• orientar para que o idoso levante sempre lentamente;
• cobertores e colchas curtas;
• adaptar o tamanho da cama. O idoso deve colocar facilmente os dois
pés no chão.

O quarto ideal contém apoios, sem tapetes escorregadios, altura adequada da


cama e Iluminação.
Com relação às escadas seguras, elas devem ter:
• corrimões fixos;
• escadas com degraus do mesmo tamanho e sinalizados (colocar borda
antiderrapante).

Outras recomendações para evitar quedas de idosos são:


• evitar andar só de meias, usando chinelos e sapatos bem ajustados sobre
assoalho de madeira ou lajotas, pisos molhados, úmidos ou encerados;
• estimular o uso de bengala para os idosos;
• procurar sempre estar em contato com um profissional da área de saúde;
• praticar exercícios, sob orientação profissional, prevenindo ou
amenizando a fraqueza muscular.

SAÚDE DO ADULTO E DO TRABALHADOR

62
No que diz respeito à saúde ocupacional, o fisioterapeuta pode atuar junto da
equipe de saúde, levando orientações e promovendo alterações ergonômicas,
especialmente nas pequenas e médias empresas na área de abrangência da Unidade de
Saúde da Família.
O reconhecimento do papel do trabalho na determinação e evolução do processo
saúde-doença dos trabalhadores tem implicações éticas, técnicas e legais, que se
refletem sobre a organização e o provimento de ações de saúde para esse segmento da
população, na rede de serviços de saúde.
Nessa perspectiva, o estabelecimento da relação causal ou do nexo entre um
determinado evento de saúde – dano ou doença individual ou coletivo, potencial ou
instalado, e uma dada condição de trabalho constitui na condição básica para a
implementação das ações de Saúde do Trabalhador nos serviços de saúde.
De modo esquemático, esse processo pode ser iniciado pela identificação e
controle dos fatores de risco para a saúde, presentes nos ambientes e condições de
trabalho e/ou a partir do diagnóstico, tratamento e prevenção dos danos, lesões ou
doenças provocados pelo trabalho, no indivíduo e no coletivo de trabalhadores.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os objetivos da saúde no
trabalho incluem em seu amplo espectro: [...] o prolongamento da expectativa de vida e
minimização da incidência de incapacidade, de doença, de dor, e do desconforto, até
melhoramento das habilidades em relação ao sexo e idade, incluindo a preservação das
capacidades de reserva e mecanismos de adaptação, a provisão de realização pessoal,
fazendo com que pessoas sejam sujeitos criativos; o melhoramento da capacidade
mental e física e da adaptabilidade a situações novas e mudanças das circunstâncias de
trabalho e de vida [...]. (OMS, 1975).

GINÁSTICA LABORAL

A Ginástica Laboral consiste em exercícios específicos que são realizados no


próprio local de trabalho atuando de forma preventiva e terapêutica sem levar o
trabalhador ao cansaço, por ser de curta duração e trabalhar mais no alongamento e
compensação das estruturas musculares envolvidas nas tarefas operárias diárias.
A Ginástica Laboral traz os seguintes benefícios para a empresa:

63
• redução dos custos de assistência médica;
• aumento da produtividade e da eficiência do colaborador;
• melhora do ambiente de trabalho;
• diminuição da rotatividade de empregados;
• maior proteção legal à empresa contra possíveis processos de
empregados por distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORTs);
• diminuição do número de acidentes no trabalho;
• melhora a imagem da empresa;
• melhora a integração no trabalho;
• elevação da moral da empresa por parte dos empregados;
• redução do absenteísmo causado por DORTs.
O resultado disso é o aumento da produtividade e dos lucros da empresa.

A Ginástica Laboral traz os seguintes benefícios para os funcionários:


• melhora o retorno venoso;
• favorece a conscientização corporal;
• diminui a tensão muscular desnecessária;
• diminui o esforço na execução das tarefas diárias;
• melhora a condição do estado de saúde geral e psicológico;
• favorece mudança na rotina;
• mostra a preocupação da empresa com seus funcionários;
• melhora a capacidade de concentração no trabalho;
• favorece o contato pessoal;
• promove a integração social;
• favorece o relacionamento;

TABELA MODALIDADES DE GINÁSTICA LABORAL

Preparatória Ginástica com duração de 10 a 15 minutos, realizada antes do início da


jornada de trabalho. Tem como objetivo principal preparar o
trabalhador, aquecendo os grupos musculares que serão solicitados nas
suas tarefas e despertando-os para que se sintam mais dispostos ao

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iniciar o trabalho.

Compensatória Ginástica com duração de cinco a oito minutos. É realizada durante a


jornada de trabalho, interrompendo a monotonia operacional,
aproveitando as pausas para executar exercícios específicos de
compensação aos esforços repetitivos, às posturas inadequadas
solicitadas nos postos operacionais.
Relaxamento Ginástica baseada em exercícios de alongamento. É realizada
após o expediente, com objetivo de oxigenar as estruturas musculares
envolvidas na tarefa diária, evitando o acúmulo de ácido lático e
prevenindo as possíveis instalações de lesões.

CREFITO-2 – Regulamenta a ginástica laboral

De acordo com as prerrogativas legais, o CREFITO-2 baixa atos


complementares à Resolução COFFITO 259/2003; criando a Resolução CREFITO-2 nº
22/2007, que trata do uso da Ginástica Laboral e outros procedimentos.
Para atender as demandas que surgiram no CREFITO-2 a respeito da Ginástica
Laboral e outros procedimentos utilizados pelo fisioterapeuta no âmbito da Assistência
Fisioterapêutica do Trabalho – área desbravada de forma pioneira no mundo
empresarial com crescente abertura de mercado de trabalho e consolidação da
importância deste profissional na equipe da saúde do trabalhador –, a resolução a
seguir, que respalda ainda mais a utilização desta importante ferramenta de trabalho do
fisioterapeuta, foi editada.

DISPÕE SOBRE A INTERPRETAÇÃO DO ISPOSTO NO ARTIGO 1º E


INCISOS DA RESOLUÇÃO COFFITO 259/2003.
O Plenário do CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA
OCUPACIONAL DA 2ª REGIÃO - CREFITO-2, no exercício de suas atribuições
legais e regimentais, na 234ª Reunião Plenária, realizada no dia 09 do mês de Julho de
2007, na sua Sede Institucional, situada à Rua Moraes e Silva, nº 129, Tijuca, Rio de

65
Janeiro - RJ, em conformidade com as competências previstas na Lei Federal nº
6316/1975 e na Resolução COFFITO nº 182/1997 e considerando:
- O Disposto Na resolução COFFITO N 259/2003;
- O artigo terceiro da Lei Estadual do Rio de Janeiro número 4474/2004;
- A necessidade de dar efetividade e praticidade ao disposto nos diplomas
legais que cuidam da matéria,
Resolve:
Art. 1º - Para os efeitos de cumprimento do disposto na resolução COFFITO
259/2003 e da lei estadual 4474/2004 fica entendido que procedimento profissional
titulado como Cinesioterapia Descompensatória do Trabalho, Ginástica Laboral,
Cinesiologia Laboral ou Cinesioterapia Laboral corresponde a um único ato técnico
profissional de mesma espécie metodológica diagnóstica, preventiva e terapêutica de
uso do Fisioterapeuta no âmbito da assistência Fisioterapêutica do trabalho.
Art. 2º - Os casos omissos serão deliberados pelo plenário do CREFITO-2. Art.
3° - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Rio de Janeiro, 09 de Julho de 2007. Denise Flávio de Carvalho Botelho Lima
Diretora Secretária
Dra. Rita de Cassia Garcia Vereza Presidente
CREFITO 2

ERGONOMIA

Deriva dos termos ergon (que significa trabalho) e nomos (que significa normas,
leis naturais). Pode-se entender como a ciência da configuração do trabalho ao
homem. O início da história da Ergonomia remonta à criação das primeiras ferramentas,
quando o homem pré-histórico provavelmente escolheu uma ferramenta que melhor
se adaptasse à forma e movimentos de sua mão.
Várias são as definições da Ergonomia. Alguns autores a classificam como
ciência, outros como tecnologia. Alguns destacam os aspectos sistemáticos e
comunicacionais, enquanto outros focalizam a questão da adaptação da máquina ao
homem.
De acordo com a Ergonomics Research Society (1949): Ergonomia é o estudo
do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e,
particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na

66
solução dos problemas surgidos desse relacionamento.
Já para Wisner (1987): Ergonomia é o conjunto dos conhecimentos científicos
relacionados ao homem e necessários à concepção de instrumentos, máquinas e
dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e
eficiência.
Esse conceito foi, com as devidas adaptações, utilizado na redação do item da
Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego (TEM). Mais tarde
(1994), o mesmo autor reformula sua definição, colocando o saber do trabalhador no
mesmo nível do saber tecnocientífico e como condição indispensável para o sucesso da
ação ergonômica.
A ergonomia pode contribuir para solucionar um grande número de problemas
sociais relacionados com a saúde, segurança, conforto e eficiência. Muitos acidentes
podem ser causados por erros humanos. Estes incluem acidentes com guindastes,
aviões, carros, tarefas domésticas e muitas outras. Analisando-se esses acidentes pode-
se chegar à conclusão que são devido ao relacionamento inadequado entre operadores e
suas tarefas. A probabilidade de ocorrência dos acidentes pode ser reduzida quando se
consideram adequadamente as capacidades e limitações humanas durante o projeto do
trabalho e de seu ambiente.
Muitas situações de trabalho e da vida cotidiana são prejudiciais à saúde. As
doenças do sistema musculoesquelético e aquelas devido ao mau projeto e ao uso
inadequado de equipamentos, sistemas e tarefas. A ergonomia pode contribuir para
reduzir esses problemas. Reconhecendo isso, muitos países já obrigam os serviços de
saúde a empregar ergonomistas.

ESCOLA DE POSTURA (EP)

A Escola de Postura poderá ser outra estratégia utilizada em empresas,


indústrias ou outros setores do trabalho.
Como sabemos, a dor nas costas afetará cerca de oito em cada dez indivíduos,
segundo a OMS, em algum episódio de suas vidas.
Baseada nestas estatísticas, a EP poderá servir como abordagem bastante
efetiva e resolutiva para sanar tais intercorrências.
Nos setores de trabalho a EP deverá ter características diferentes daquela feita
junto à comunidade.

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Os objetivos e benefícios para o empregado e para as empresas serão
semelhantes aos da Ginástica Laboral (vide Ginástica Laboral).
É importante que o fisioterapeuta tenha sensibilidade para detectar quais serão as
reais necessidades dos usuários, sem se contrapor às regras do setor de trabalho.

SAÚDE DA COMUNIDADE

A marca principal do Programa de Saúde da Família (PSF), fundamentada na


Promoção da Saúde, é a mudança de foco que passa a ser a saúde e não maisa doença.
Pensar a saúde, não como a simples ausência da doença, mas como produto da
qualidade de vida, socialmente determinada, implica, necessariamente, a superação do
paradigma da biomedicina organicista e a incorporação de um novo referencial que
considere os aspectos históricos, culturais e sociais que interferem no modo como deve
ser prestada a Atenção à Saúde. Nesse novo olhar, o indivíduo só pode ser
compreendido na sua totalidade se estendermos esse olhar para a família com a qual
ele convive, a moradia como núcleo de elementos favoráveis ou desfavoráveis à sua
saúde e o cenário da comunidade e da sociedade, que influenciam do ponto de vista
social e cultural a adoção de determinados modos de vida.
Com o desenvolvimento do PSF, novas profissões começam a rever a
“interdisciplinaridade” do PSF nas intervenções; visto que a complexidade das causas
de morbimortalidade não podem ser vistas somente pelo ângulo de dois ou três
profissionais da Saúde. Nasce, assim, a necessidade de realizar ações mais
complexas, englobando diferentes saberes, sejam estes oriundos de outras
categorias de profissionais de Saúde ou ainda de outros setores e, principalmente, o
saber popular.
Dessa forma, a inclusão de outros profissionais de Saúde, como o fisioterapeuta,
nas equipes do PSF é fundamental para ratificar a integralidade e equidade do SUS. O
fisioterapeuta não pode estar apenas no centro especializado, distante da comunidade.
Ele tem que estar também próximo, para que a população tenha mais facilidade de
acesso, com menores deslocamentos e menores gastos com transporte.
As ações do fisioterapeuta na atenção primária não devem ser restritas às
Unidades de Saúde da Família, mas abranger todo o “território”, como as escolas,
indústrias, associações de moradores, creches, ou seja, toda comunidade.

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CONSELHOS MUNICIPAIS DE SAÚDE, PARTICIPAÇÃO SOCIAL E
DIREITOS E DEVERES

Conselho de Saúde é órgão colegiado, deliberativo e permanente do Sistema


Único de Saúde (SUS) em cada esfera de governo, integrante da estrutura básica do
Ministério da Saúde, das Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, com composição, organização e competência fixadas na Lei nº 8.142/90. O
processo bem sucedido de descentralização tem determinado a ampliação dos
Conselhos de Saúde que ora se estabelecem também em Conselhos Regionais,
Conselhos Locais e Conselhos Distritais de Saúde, incluindo os Conselhos Distritais
Sanitários Indígenas, sob a coordenação dos Conselhos de Saúde da esfera
correspondente. O Conselho de Saúde consubstancia a participação da sociedade
organizada na administração da Saúde, como Subsistema da Seguridade Social,
propiciando seu controle social.
Atua na formulação e proposição de estratégias e no controle da execução das
Políticas de Saúde, inclusive em seus aspectos econômicos e financeiros.
A criação dos Conselhos de Saúde é estabelecida por lei municipal, estadual ou
federal, com base na Lei nº 8.142/90.
Na criação e reformulação dos Conselhos de Saúde, o Poder Executivo,
respeitando os princípios da democracia, deverá acolher as demandas da população,
consubstanciadas nas conferências de saúde.
A participação da sociedade organizada, garantida na legislação, torna o
Conselho de Saúde uma instância privilegiada na proposição, discussão,
acompanhamento, deliberação, avaliação e fiscalização da implementação da Política de
Saúde, inclusive em seus aspectos econômicos e financeiros. A legislação estabelece,
ainda, a composição paritária de usuários, em relação ao conjunto dos demais
segmentos representados. O Conselho de Saúde será composto por representantes de
usuários, de trabalhadores de saúde, do governo e de prestadores de serviços de saúde,
sendo o seu presidente eleito entre os membros do Conselho, em Reunião Plenária.
Só apresentamos as normativas iniciais da Resolução 333 de 4 de dezembro de
2003, que ratifica e explica a Lei 8142/90.
É de suma importância que o fisioterapeuta tenha representatividade neste órgão,

69
para exercer o seu papel social na construção de um SUS mais equânime e íntegro.
Nos Conselhos Municipais é onde são definidas as diretrizes paraelaboração dos
planos de saúde e sobre eles deliberar, conforme as diversas situações epidemiológicas
e a capacidade organizacional dos serviços e também serem encaminhados ao Poder
Legislativo, propor a adoção de critérios definidores de qualidade e resolutividade,
atualizando-os em face do processo de incorporação dos avanços científicos e
tecnológicos, na área da Saúde, enfim, os critérios norteadores para o Controle Social e
a Participação Popular nos caminhos em que aSaúde deste município deve seguir.

VISITAS DOMICILIARES

O atendimento domiciliar deve ser estruturado considerando alguns fatores como


as condições sociais e econômicas, equipamentos necessários, identificação do cuidador
do paciente em casa e o envolvimento no programa. O considerável efeito psicológico
que as visitas do fisioterapeuta surtem na vida e no cotidiano dos pacientes com
doenças, uma vez que, além da reabilitação física, estes pacientes desenvolvem a
sensação de segurança e confiança. O Programa de Saúde da Família (PSF) e o
homecare põem em evidência o atendimento em domicílio por parte de equipes de
saúde. O Ministério da Saúde (MS) assume, desde a Constituição de 1988, o
compromisso de reestruturar o modelo de atenção no Brasil, partindo de um referencial
de saúde com direitos de cidadania, pressupondo a organização de serviços cada vez
mais resolutivos, integrais e humanizados. As políticas municipais têm se organizado a
partir do Programa de Saúde da Família (PSF), proposta que se insere no nível da
atenção básica e que persegue o objetivo final de promover a qualidade de vida e bem-
estar individual e coletivo, por meio de ações e serviços de promoção, proteção e
recuperação da saúde.
O atendimento domiciliar é imprescindível ao trabalho de atenção primária do
profissional fisioterapeuta, pois é quando nos deparamos com a realidade das pessoas,
verificando suas atividades de vida diária, suas limitações e a partir daí proceder aos
encaminhamentos e orientações pertinentes a cada caso.
As visitas domiciliares devem ter uma abordagem familiar, não centrada no
indivíduo acometido por alguma doença, mas compartilhar a responsabilidade da

70
intervenção com todos os membros, buscando soluções mais eficientes e próximas da
realidade da família. Dessa forma, a Saúde Pública é uma alternativa viável para o
trabalho do fisioterapeuta, pois o fisioterapeuta é capaz de atuar desde a atenção básica
até a reabilitação propriamente dita, participando efetivamente na transformação social
que se faz necessária na saúde.

ORIENTAÇÕES AOS CUIDADORES E/OU AOS FAMILIARES

A família terá uma grande parcela de contribuição na recuperação dos usuários


doentes. O fisioterapeuta deverá orientar todos os familiares e mostrar a importância
desta colaboração.
Em cidades que existirem os cuidadores, as chances de uma recuperação mais
rápida e com qualidade deverá ocorrer, por ter uma pessoa diretamente ligada a este
restabelecimento.

REINSERÇÃO ÀS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA E À SOCIEDADE

O fisioterapeuta terá uma grande importância juntamente com a Equipe de Saúde


na reinserção às AVDs e à sociedade dos usuários acamados, restritos ao larou afastados
do trabalho devido a acidente de trabalho.
O social interfere de maneira direta na saúde e o fisioterapeuta deverá estar
atento a esses detalhes. Tentando diagnosticar os problemas, usando uma visão mais
ampla e menos linear, sobre todos os aspectos.
O olho clínico dará lugar ao olhar social, e as técnicas fisioterapêuticas darão
lugar às estratégias solidárias.
Mais que um profissional da Saúde, um profissional do povo.

ADEQUAÇÃO DO LAR E DO MOBILIÁRIO

Nas Visitas Domiciliares (VD), podem ser utilizadas adequações dos


mobiliários, alterações arquitetônicas e/ou a adaptações de estruturas simples que
possam auxiliar aos usuários que tenham dificuldades de realizar suas AVDs.
A simples colocação de tubos de PVC já melhora as condições de marcha de

71
um usuário com sequela de AVC.
Estas e outras ideias deverão ser colocadas em prática, usando a criatividade e o
conhecimento biomecânico que é peculiar ao Fisioterapeuta.

ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NA PREVENÇÃO DOS FATORES DE


RISCOS

A expressão "fator de risco" refere-se a um conceito que vem ganhando


importância crescente no campo das doenças crônicas não transmissíveis. Estas
afecções caracterizam-se, geralmente, por uma etiologia multifatorial e pelo incipiente
estado do conhecimento sobre os mecanismos etiológicos e fisiopatológicos que levam
ao seu surgimento e desenvolvimento, o que dificulta uma intervenção sistemática e
coerente em nível de saúde pública. Entretanto, estudos epidemiológicos têm mostrado
consistentemente uma relação entre determinados fatores e determinadas doenças. Além
disto, tem-se verificado que a remoção ou reversão da exposição a estes fatores implica
na redução da mortalidade e/ou da prevalência e/ou o surgimento mais tardio das
patologias em estudo.
As doenças crônicas não transmissíveis constituem uma das principais causas de
morte nos países desenvolvidos e nas grandes cidades brasileiras. Entre essas doenças
estão as cardiovasculares, os cânceres, o diabetes mellitus, as doenças respiratórias
crônicas. Tem sido observado aumento na mortalidade por câncer nos Estados Unidos e
no Brasil.
Entre as doenças cardiovasculares, vem-se percebendo um declínio, nos últimos
anos, na mortalidade relativa à doença isquêmica do coração (DIG), e à doença
cerebrovascular, que, entretanto, não abala a posição deste grupo de doenças como um
dos principais componentes da morbimortalidade. Apesar de ainda estar em discussão o
que realmente levou a essa queda nas taxas, tem-se atribuído tal fato basicamente à:
a) diminuição da exposição aos fatores de risco, como o consumo de
cigarros e a ingestão de gorduras animais;
b) melhorias no diagnóstico, tratamento e cobertura dos serviços de saúde em
relação à hipertensão e outras doenças cardiovasculares.

Desta maneira, a intervenção sobre as doenças crônicas não transmissíveis tem

72
como uma de suas vertentes a remoção ou diminuição da exposição a fatoresde risco,
apesar da existência de questionamentos sobre a real efetividade das tentativas de
intervenção já realizadas. Nas últimas décadas, o exercício físico tem sido incorporado
como uma das principais terapêuticas para esses pacientes, associados ao tratamento
medicamentoso e às modificações de hábitos alimentares e comportamentais. A
fisioterapia apresenta objetivos profiláticos e terapêuticos, visando reduzir o impacto
físico e psicossocial das condições incapacitantes e limitantes que acometem o
indivíduo, objetivando assim restaurar e aumentar a capacidade funcional, de modo que
se obtenha considerável qualidade de vida e do prognóstico e envolve também atividade
sexual, retorno ao trabalho, atividadesrecreativas.
A prática regular de exercícios físicos pode, portanto, produzir mecanismos
adaptativos, que resultam no estabelecimento de uma nova situação de equilíbriodos
processos homeostáticos, amenizando ou eliminando os efeitos desencadeados pelas
doenças cardiovasculares.
Os efeitos fisiológicos do exercício físico podem ser classificados em agudos
imediatos, agudos tardios e crônicos. Os efeitos agudos, também denominados
respostas, são aqueles que acontecem em associação direta com a sessão de exercício e
podem ser subdivididos em imediatos ou tardios. Os efeitos agudos imediatos são
aqueles que ocorrem nos períodos pré-imediatos, per e pós-imediato rápido (até alguns
minutos) ao exercício físico e podem ser exemplificados pelo aumento de frequência
cardíaca e da pressão arterial sistólica e pela sudorese normalmente associados ao
esforço. Por outro lado, os efeitos agudos tardios são aqueles observados ao longo das
primeiras 24 ou 48 horas (às vezes até 72 horas) que se seguem a uma sessão de
exercício e podem ser identificados na discreta redução dos níveis tensionais
(especialmente nos hipertensos), na expansão do volume plasmático, na melhora da
função endotelial e no aumento da sensibilidade insulínica nas membranas das células
musculares. Por último, os efeitos crônicos, também denominados adaptações, são
aqueles que resultam da exposição frequente e regular a sessões de exercício,
representando os aspectos morfofuncionais que diferenciam um indivíduo fisicamente
treinado de outro sedentário. Alguns dos exemplos mais típicos dos efeitos crônicos do
exercício físico são: a bradicardia relativa de repouso, a hipertrofia ventricular esquerda
fisiológica e o aumento do consumo máximo de oxigênio. Hipertensos fisicamente
treinados, especialmente quando por meio de exercícios predominantemente aeróbios e
dinâmicos, tendem a apresentar uma redução modesta, porém clinicamente relevante,

73
dos seus níveis tensionais.
Exercício físico regular também tem se mostrado uma estratégia eficaz para
reduzir complicações clínicas decorrentes da hipertensão arterial, tais como o acidente
vascular encefálico. Esses achados não são universais e parecem apresentar uma alta
variabilidade interindividual. Essas alterações já podem ser observadas com algumas
poucas sessões e são mais evidentes nas primeiras 16 horas seguintes ao exercício,
muito embora apenas recentemente se comece a esclarecer os mecanismos fisiológicos
associados a esse efeito agudo tardio, que é denominado hipotensão relativa pós-
exercício. Estudos futuros são necessários para esclarecer esse e muitos outros
aspectos importantes da interação de exercíciofísico e hipertensão arterial.
Há consenso de que o exercício físico regular – predominantemente dinâmico ou
estático – contribui para a redução da pressão arterial em hipertensos, tanto por um
componente agudo tardio como pelo efeito crônico da repetição periódica e frequente
do exercício físico. O conhecimento dessa complexa interação – exercício físico e
hipertensão arterial – pode contribuir para o melhor uso desse potente e barato
instrumento de aprimoramento da saúde.
A garantia de saúde para todos, preconizada na Constituição Federal de 1988,
está diretamente relacionada à implantação e implementação do SUS e ao cumprimento
de seus princípios e diretrizes por todos os profissionais e órgãos envolvidos.
Vislumbrando a possibilidade do acesso pleno à saúde pela população, e a
concretização das propostas das Políticas de Saúde do país, faz-se imprescindível uma
transformação radical do modelo de atenção vigente, em prol de uma concepção mais
ampla de saúde, e, sobretudo, torna-se indiscutível a urgência da necessidade de
capacitação efetiva dos recursos humanos para que o processo de reorganização da
atenção básica em saúde, propostas pelo Ministério da Saúde, venha a tornar-se uma
realidade indefectível. No entanto, esta conquista depende do trabalho de profissionais
capacitados, que saibam dos condicionantes e determinantes do processo saúde/doença,
com a compreensão que a promoção de
saúde é resultante de um trabalho articulado, envolvendo órgãos federal,
estadual, municipal, institucional e a comunidade – e, principalmente, profissionais
conhecedores da realidade do sistema de saúde vigente e suas necessidades. Os serviços
prestados pelo SUS, muitas vezes, são caracterizados como uma proposta de saúde
pobre, para uma população pobre. A inserção do fisioterapeuta, bem como de outros
profissionais da área da saúde nos programas de saúde, principalmente no PSF,

74
reverterá este conceito equivocado, pois irá aumentar a eficácia e a resolutividade dos
problemas de saúde, através de uma equipe qualificada e apta para promover saúde.
Nos hipertensos e diabéticos, além de orientações para o autocuidado,
monitoramento frequente da pressão arterial e as caminhadas, o papel do fisioterapeuta
é importante naqueles usuários cujas condições clínicas ou outras complicações exijam
um acompanhamento especial. Nos casos de diabetes mellitus, o trabalho em grupo
traz benefícios para esses indivíduos, promovendo a saúde através de orientações
quanto aos cuidados a serem tomados em relação a alterações de sensibilidade,
especialmente nos membros inferiores, importância dos cuidados com a alimentação e
da realização de atividade física frequente. Nos grupos, podem ser realizados exercícios
respiratórios, de reequilíbrio muscular, proprioceptivos, equilíbrio e coordenação
motora, além da hidroterapia, onde for possível.

PÉ DIABÉTICO

Os portadores de diabetes mellitus (tipo 2) necessitam dar atenção especial a


uma parte do corpo que talvez os leigos considerem incomum: os pés. O diabetes
mellitus é um dos principais problemas de Saúde na América Latina e no Caribe,
afetando quase 19 milhões de pessoas, segundo a Organização Pan-Americana de
Saúde. E é um fator de risco importantíssimo para doenças do aparelho circulatório,
entre eles, o pé diabético.
O diabetes é uma doença séria que pode causar muitos problemas nos pés,
levando até a amputação. No entanto, temos boas notícias. Muitos desses problemas
podem ser evitados.

PROBLEMAS COMUNS NOS PÉS

Os nervos são responsáveis pela sensibilidade. Os nervos em seus pés permitem


sentir dor, temperatura e o chão, proporcionando equilíbrio. Quando os nervos dos pés
são lesados pelo diabetes, você não consegue sentir dor ou a temperatura. Pode ser
difícil manter o equilíbrio. Lesões nos nervos são consequências dos altos níveis de
açúcar no sangue.
Como posso saber se tenho lesão nos nervos?

75
• Você tem a sensação de adormecimento e comichão nos pés?
• Seus pés parecem queimar e você sente dores nos pés à noite?
• Os ferimentos em seus pés não doem?
Como prevenir complicações:
• diagnóstico precoce;
• monitorização constante e controle adequado da glicemia;
• orientação e educação permanentes;
• fisioterapia;
• apoio psicológico para o usuário e seus familiares;
• uso de calçados adequados ou órteses sob medida (em casos
selecionados).

Cuidados com os pés:


• examine seus pés todos os dias;
• examine todos os dedos e verifique se têm feridas;
• verifique se têm infecções;
• mudança de Coloração;
• lave os pés todos os dias;
• use água morna e sabonete suave;
• seque com toques de toalha;
• aplique creme ou óleo;
• cuidado com as unhas;
• sapatos e meias.

O que não se deve fazer?


• as meias não devem ser excessivamente apertadas ou grandes;
• não use meias com furos ou que tenham sido remendadas;
• não utilize chinelos de dedo;
• não use sapatos abertos ou com salto.Quanto aos exercícios físicos:
• exercícios e atividades físicas aumentam a circulação sanguínea nos pés
e podem auxiliar no controle dos níveis de açúcar no sangue e do peso nos obesos,
assim como manter as articulações saudáveis;
• caminhar é o melhor exercício (consulte um profissional de saúde antes
76
de iniciar um programa de exercícios);
• use calçados adequados e confortáveis para caminhar;
• caminhe em superfícies planas;
• não caminhe quando tiver dor ou feridas nos pés.

Com relação à dieta saudável:


• uma dieta saudável pode auxiliar na cicatrização de feridas;
• hábitos alimentares adequados também auxiliam no controle dos níveis
de açúcar sanguíneo, do peso e de problemas nas articulações,
• coma alimentos com altos teores de proteína e baixos teores de gordura;
• evite alimentos contendo muito açúcar;
• não fume.

Mais alguns cuidados que precisam ser tomados:


• consulte o profissional de Saúde da sua Unidade de Saúde da Família
regularmente;
• mantenha o açúcar sanguíneo em níveis normais;
• sempre peça ao profissional de Saúde para examinar os seus pés;
• informe ao profissional de Saúde sobre quaisquer alterações ou
sintomas nos pés.

TABAGISMO

O tabagismo representa um dos mais graves problemas de saúde pública,


configurando uma epidemia que compromete não só a saúde da população, como
também a economia do país e o meio ambiente. O berço no qual se disseminou a
nicotina conduzida pelo tabaco foi a América. Em suas cerimônias religiosas, os
índios aspiravam o fumo do tabaco, e quando Colombo chegou às Américas, seus
companheiros navegadores conheceram o tabaco e levaram a planta para a Europa.
Estima-se que, na atualidade, há no mundo 1,3 bilhão de fumantes, dos
quais 80% vivem em países em desenvolvimento. No Brasil, estão em torno de 25
milhões. Os fumantes passivos são cerca de 2 bilhões, dos quais 700 milhões são
crianças. Sabe-se que são fumados 20 bilhões de cigarros por dia no mundo, perfazendo

77
um total de 200 toneladas de nicotina diariamente. A cada ano, o tabaco mata cerca de 3
milhões de pessoas em todo o mundo e este número tende a ser crescente. Segundo a
Organização Mundial de Saúde, se esta tendência não for revertida, nos próximos 30 a
40 anos (quando os fumantes jovens de hoje atingirem a meia idade), a epidemia
tabagística será responsável por 10 milhões de mortes por ano, sendo que 70% em
países em desenvolvimento. No Brasil, estima-se atualmente que, a cada ano, o cigarro
mata precocemente cerca de 80 mil pessoas, ou seja, cerca de oito brasileiros a cada
hora.
O cigarro pode causar neoplasia maligna do pulmão, estômago, esôfago, boca e
até bexiga; responsável por um dos grandes fatores de risco das doenças coronarianas e
acidentes vasculares cerebrais. Dentre outras patologias, a osteoporose também está
relacionada, e a impotência sexual masculina é sempre a mais referida entre fumantes.
As informações educativas, proibição de propagandas do tabaco, proibição de
fumar em locais públicos, elevação do preço dos produtos do tabaco e o tratamento dos
fumantes têm sido os grandes responsáveis pela diminuição de fumantes no nosso país,
principalmente entre jovens adultos e de melhor classe social. O tratamento ideal, hoje,
para os que pretendem parar de fumar é a associação da reposição de nicotina
(adesivos), uso da droga bupropiona, e a terapia em grupo (abordagem cognitivo-
comportamental do fumante).
Há consenso de que o êxito dos programas de controle de tabagismo depende da
conscientização da população. É fundamental que os profissionais de Saúde estejam à
frente destas campanhas e motivados nesta luta.

ALCOOLISMO

A literatura indica que o consumo moderado de bebidas alcoólicas é fator de


proteção para mortalidade por todas as causas, principalmente por seu efeito redutor
sobre as doenças cardiovasculares. Já o consumo abusivo traz inúmeras consequências
negativas para a saúde e qualidade de vida, aumentando a frequência de morbidades que
causam morte ou limitações funcionais, como cirrose, alguns tipos de câncer, acidente
vascular cerebral, violências, transtornos mentais, entre outros.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra que a mortalidade e as

78
limitações funcionais causadas pelo uso abusivo de álcool são maiores que aquelas
produzidas pelo tabagismo. O alcoolismo, por si só, também é considerado uma doença.
Estudo multicêntrico brasileiro mostra prevalência entre 7,6% e 9,2%. Outra pesquisa
realizada no país mostra prevalência de 12,4% entre pacientes hospitalares. Estudo
realizado na Coreia do Sul mostrou prevalência de consumo abusivo de 16% para
homens e 2% para mulheres, enquanto uma pesquisa na Nova Zelândia indicou
prevalência de 9,9% entre sujeitos idosos.
O consumo abusivo de álcool também provoca, direta ou indiretamente, custos
altos para o sistema de saúde, pois as morbidades desencadeadas por ele são caras e de
difícil manejo. Além disso, a dependência do álcool aumenta o risco para transtornos
familiares.
Baseado em tudo que foi supracitado, faz-se necessário um enfrentamento de
todos nós profissionais de Saúde, da sociedade e dos governantes.

HANSENÍASE

Em indivíduos portadores de hanseníase, o fisioterapeuta atua na fase inicial,


promovendo o autocuidado para que sejam evitadas complicações, inclusive as que
levam às limitações físicas. O acesso precoce à fisioterapia reduz a possibilidade de
progressão das lesões, e no caso de hospitalização também é responsável pela redução
da permanência no leito, o que representa maior rotatividade e resolutividade.
O que fazer:
→ grupo destinado à prevenção e tratamento coletivo de pessoas
com hanseníase que estejam em tratamento ou já receberam alta por cura.
→ este trabalho visa à promoção do autocuidado como instrumento
importante para a prevenção de incapacidades físicas na hanseníase. São
feitas reuniões mensais com o maior número de pacientes para que se possam
esclarecer dúvidas sobre a doença, ensinar os exercícios preventivos, bem
como promover a sensibilização em relação ao tratamento.

Como fazer:

→ oficinas de prevenção de incapacidades – são realizadas


atividadescoletivas que abordam temas gerais sobre a doença, tratamento

79
e autocuidado, por meio de aulas práticas sobre os exercícios de
prevenção de incapacidades. Em algumas unidades dispomos da terapia
comunitária que nos complementam na questão do trabalhar a autoestima
e diminuição do estigma da doença.

Com quem fazer: fisioterapeutas, enfermeiros, agente comunitário de saúde.

DST/AIDS

Sendo DST/AIDS doenças que assolam a sociedade nos aspectos


biopsicossociais, onde todos estão sujeitos a elas, surge a necessidade de desenvolver a
conscientização da população quanto a sua existência, bem como sua prevenção. O
fenômeno da AIDS, uma vez contraído, caracteriza-se pela Deficiência do Sistema
Imunológico, desenvolvendo em sua evolução diversas complicações para a saúde vital
dos portadores do vírus. O fisioterapeuta visa colaborar interdisciplinarmente, buscando
o bem-estar do portador e auxiliá-lo a enfrentar, melhorando a sobrevida do paciente e
diminuindo os desafios desta doença.

DROGAS ILÍCITAS

O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e persistente ameaça à


humanidade e à estabilidade das estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e
culturais de todos os estados e sociedades.
Suas consequências infligem considerável prejuízo às nações do mundo inteiro,
e não são detidas por fronteiras: avançam por todos os cantos da sociedade epor todos os
espaços geográficos, afetando homens e mulheres de diferentes grupos étnicos,
independentemente de classe social e econômica ou mesmo de idade.
Questão de relevância, na discussão dos efeitos adversos gerados pelo uso
indevido da droga, é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes conexos,
geralmente de caráter transnacional, com a criminalidade e a violência. Esses fatores
ameaçam a soberania do país e afetam a estrutura social e econômica interna, exigindo
que o governo adote uma postura firme de combate a tais ilícitos, articulando-se
internamente e com a sociedade, de forma a aperfeiçoar e otimizar seus mecanismos de

80
prevenção e repressão e garantir o envolvimento e a aprovação dos cidadãos.
Um fator agravante é a tendência mundial sinalizadora de que a iniciação do
indivíduo no uso indevido de drogas tem sido cada vez mais precoce e com utilização
de drogas mais pesadas. Estudos realizados no Brasil a partir de 1987, pelo Centro
Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), confirmam o
aumento do consumo de substâncias psicoativas entre crianças e adolescentes no país.
Segundo levantamento realizado pelo CEBRID, em 1997, o percentual de adolescentes
do país que já consumiram drogas entre 10 e 12 anos de idade é extremamente
significativo: 51,2% já consumiram bebida alcoólica; 11% usaram tabaco; 7,8%
solventes; 2% ansiolíticos; e 1,8% anfetamínicos.
Além disso, o uso indevido de drogas constitui fator de elevação do número de
casos de doenças graves como a AIDS e as infecções causadas pelos vírus B- HBV e C-
HCV da hepatite, em decorrência do compartilhamento de seringas por usuários de
drogas injetáveis. Entre 1986 e 1999, a proporção de usuários de drogas injetáveis
(UDI), no total de casos de AIDS notificados ao Ministério da Saúde, cresceu de 4,1%
para 21,7%. No início dos anos 90, esse percentual chegou a 25%.
Ao organizar e integrar as forças nacionais, públicas e privadas, o Sistema
Nacional Antidrogas observa a vertente da municipalização de suas atividades,buscando
sensibilizar estados e municípios brasileiros para a adesão e implantação da Política
Nacional Antidrogas, em seu âmbito.
Sendo o Município a célula-mater da organização político-administrativa do
Estado Brasileiro, torna-se capital o papel que o atual momento histórico lhe reserva,
pois é neste que os fundamentos da Constituição Federal – de cidadania, dignidade da
pessoa humana, valores sociais do trabalho e livre iniciativa – podem ser aplicados, à
máxima eficácia. É nele que reside a juventude, para com a qual há de se buscar o
resgate ético da dívida criada pelas gerações que a antecederam, por haverem permitido
a sua vulnerabilidade às drogas.
Sem dúvida, a melhor forma de levar a mensagem antidrogas ao jovem é
municipalizando as ações de prevenção contra as drogas. Isso significa levar ao
município a ação de conversa face a face, de aconselhamento olho no olho, onde avulta
de importância a organização de um Conselho Municipal Antidrogas.
Com a municipalização, viabiliza-se a necessária capilaridade do Sistema dentro
do território nacional e se potencializam as possibilidades de participação da sociedade
civil organizada nas ações antidrogas desenvolvidas no país.

81
Neste contexto de Políticas Públicas, o fisioterapeuta poderá contribuir de forma
incisiva, emprestando seus conhecimentos de Saúde Pública e exercendo o seu papel de
cidadão.

82
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