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Para compreender o desenvolvimento do self Desse modo, privilegia-se menor distância socioeconômicas, educacionais e culturais, başi, 2007; 2012). Um aspecto importante a se considerar no período ra agência requer autonomia, utilizando os dois termos de modo
na transição para a vida adulta/adultez emer- interpessoal. Esse tipo de trajetória tem sido embora, recentemente, considere a existência da adolescência é o da crescente aquisição de autonomia que culmina intercambiável, afirmando também a necessidade da relação. Por
gente, deve ser considerado o modo como encontrado em grupos brasileiros (Seidl-de- das diferenças (Arnett, 2016). O adiamento com a entrada na vida adulta. Essa é uma tarefa desenvolvimental conseguinte, elabora uma crítica ao entendimento tradicional de
diferentes processos de socialização traçam Moura, Carvalho & Vieira, 2013). do casamento e da parentalidade, em favor da que transforma o adolescente e todos os membros da família (Pon- autonomia e de agência, considerando que é possível compreen-
distintas trajetórias para os jovens (Dwairy & exploração de identidades e os investimentos ciano & Féres-Carneiro, 2014; 2017; Reichert & Wagner, 2007). dê-las como necessidades básicas assim como a relação.
Menshar, 2006; Greenfield, Keller, Fuligni, O desenvolvimento do self tem sido na educação, são, na maioria das vezes, obser- A condição para ser independente ou autogovernar-se é uma defi-
& Maynard, 2003). Há três tendências prin- discutido, predominantemente, a par- vados na classe média e alta. Apesar de serem nição generalista da autonomia. Há, porém, especificações, quali- Autonomia e relação podem coexistir, não sendo noções anta-
cipais que levam a diversas trajetórias: self tir do contexto ocidental (europeu ou consideradas as diferenças há que se investi- ficando a autonomia como atitudinal, comportamental, emocional, gônicas. Para Kağitçibaşi (2007), a compreensão tradicional
independente, self interdependente (Markus norte-americano), cujas trajetórias de gar se a exploração das identidades, na adultez etc. Dessa forma, a autonomia inclui várias dimensões e pode ser da necessidade de separação, defendida principalmente pela
& Kitayama, 1991; 2010) e self autônomo re- construção da identidade tendem a ser emergente, surge pela possibilidade de expe- definida como a habilidade para pensar, sentir, tomar decisões e Psicanálise, impede o reconhecimento da compatibilidade
lacional (Kağitçibaşi, 2007; 2012). orientadas para o self independente/ rimentações diversas, dependente da escolha agir por conta própria (Spear & Kulbok, 2004; Steinberg & Silver- entre autonomia e relação. Ao contrário, em sua perspectiva
autônomo. No presente estudo são uti- pessoal (autonomia/agência), ou se está sujei- berg, 1986), sendo o desenvolvimento da independência um com- teórica, estende-se desde a Teoria do Apego até a discussão
O desenvolvimento do self independente/ lizados autores de diversas origens, ta à falta de recursos sociais, que promovem ponente fundamental para sua aquisição. No entanto, autonomia sobre modelos de família, situando o self no interior das re-
autônomo é típico das famílias urbanas de ao pesquisar como o desenvolvimento mais a instabilidade do que a experimentação não equivale à independência, considerando que ser autônomo não lações familiares e essas em um contexto socioeconômico
classe média da sociedade ocidental. Já na ocorre em um contexto não previamen- (Mendonça, 2007), e/ou se é moldada pelo é somente uma questão de agir de forma independente, mas abarca e cultural, que define os padrões de interação familiar e as
trajetória de desenvolvimento do self inter- te estudado na literatura da área, uma contexto relacional, diminuindo ou definindo pensamentos, sentimentos e tomadas de decisão que envolvem o trajetórias de desenvolvimento do self, como independente,
Para compreender o desenvolvimento do self Desse modo, privilegia-se menor distância socioeconômicas, educacionais e culturais, başi, 2007; 2012). Um aspecto importante a se considerar no período ra agência requer autonomia, utilizando os dois termos de modo
na transição para a vida adulta/adultez emer- interpessoal. Esse tipo de trajetória tem sido embora, recentemente, considere a existência da adolescência é o da crescente aquisição de autonomia que culmina intercambiável, afirmando também a necessidade da relação. Por
gente, deve ser considerado o modo como encontrado em grupos brasileiros (Seidl-de- das diferenças (Arnett, 2016). O adiamento com a entrada na vida adulta. Essa é uma tarefa desenvolvimental conseguinte, elabora uma crítica ao entendimento tradicional de
diferentes processos de socialização traçam Moura, Carvalho & Vieira, 2013). do casamento e da parentalidade, em favor da que transforma o adolescente e todos os membros da família (Pon- autonomia e de agência, considerando que é possível compreen-
distintas trajetórias para os jovens (Dwairy & exploração de identidades e os investimentos ciano & Féres-Carneiro, 2014; 2017; Reichert & Wagner, 2007). dê-las como necessidades básicas assim como a relação.
Menshar, 2006; Greenfield, Keller, Fuligni, O desenvolvimento do self tem sido na educação, são, na maioria das vezes, obser- A condição para ser independente ou autogovernar-se é uma defi-
& Maynard, 2003). Há três tendências prin- discutido, predominantemente, a par- vados na classe média e alta. Apesar de serem nição generalista da autonomia. Há, porém, especificações, quali- Autonomia e relação podem coexistir, não sendo noções anta-
cipais que levam a diversas trajetórias: self tir do contexto ocidental (europeu ou consideradas as diferenças há que se investi- ficando a autonomia como atitudinal, comportamental, emocional, gônicas. Para Kağitçibaşi (2007), a compreensão tradicional
independente, self interdependente (Markus norte-americano), cujas trajetórias de gar se a exploração das identidades, na adultez etc. Dessa forma, a autonomia inclui várias dimensões e pode ser da necessidade de separação, defendida principalmente pela
& Kitayama, 1991; 2010) e self autônomo re- construção da identidade tendem a ser emergente, surge pela possibilidade de expe- definida como a habilidade para pensar, sentir, tomar decisões e Psicanálise, impede o reconhecimento da compatibilidade
lacional (Kağitçibaşi, 2007; 2012). orientadas para o self independente/ rimentações diversas, dependente da escolha agir por conta própria (Spear & Kulbok, 2004; Steinberg & Silver- entre autonomia e relação. Ao contrário, em sua perspectiva
autônomo. No presente estudo são uti- pessoal (autonomia/agência), ou se está sujei- berg, 1986), sendo o desenvolvimento da independência um com- teórica, estende-se desde a Teoria do Apego até a discussão
O desenvolvimento do self independente/ lizados autores de diversas origens, ta à falta de recursos sociais, que promovem ponente fundamental para sua aquisição. No entanto, autonomia sobre modelos de família, situando o self no interior das re-
autônomo é típico das famílias urbanas de ao pesquisar como o desenvolvimento mais a instabilidade do que a experimentação não equivale à independência, considerando que ser autônomo não lações familiares e essas em um contexto socioeconômico
classe média da sociedade ocidental. Já na ocorre em um contexto não previamen- (Mendonça, 2007), e/ou se é moldada pelo é somente uma questão de agir de forma independente, mas abarca e cultural, que define os padrões de interação familiar e as
trajetória de desenvolvimento do self inter- te estudado na literatura da área, uma contexto relacional, diminuindo ou definindo pensamentos, sentimentos e tomadas de decisão que envolvem o trajetórias de desenvolvimento do self, como independente,
meiam o funcionamento humano e, portanto, a agência pessoal separação. Cada conquista individual terá, de algum modo, a soma de es- rre nesse momento, enfatizando a necessidade bilidade individual, estando os jovens, nessa O que torna o emergir para a vida adulta di-
opera no interior de uma rede de influências socioestruturais. As forços social e emocionalmente interdependentes (autonomia relacionada de especificar essa fase por suas característi- fase, relativamente liberados das expectativas ferente da adolescência e da vida adulta pro-
pessoas, em suas transações agênticas, criam sistemas sociais para e agência coletiva). cas psicológicas intrínsecas, que, a partir da sociais, constituindo-se como o período mais priamente dita? Arnett (2004) responde des-
organizar, guiar e regular as atividades humanas. Esses sistemas pro- análise das entrevistas realizadas com jovens, volátil do ciclo vital. crevendo cinco características, que, apesar de
porcionam recursos e impõem limitações, oferecendo estruturas para Socialmente, a partir dos tradicionais marcadores sociais, há uma ex- concluiu serem, pelo menos, três: aceitar a considerar as diferenças culturais, demarcam
o desenvolvimento e o funcionamento pessoais. Há, por consequên- pectativa de que se tornar adulto é conquistado com casamento e fil- responsabilidade de seus próprios atos; tomar A percepção subjetiva, quanto a ser ou não um uma situação típica de sociedades que permi-
cia, entre o agente e o sistema social uma bidirecionalidade dinâmica hos. No sentido psicológico, outros critérios, para a entrada na vida decisões independentes; e ser financeiramente adulto, é o argumento mais característico para tem um leque maior de escolhas e de autoex-
e de mútua influência, o que leva Bandura (2005) a rejeitar o dualis- adulta, devem ser considerados (Arnett & Taber, 1994; Arnett & Padi- independente. definir essa fase como um período desenvol- pressão:
mo que os opõe. Bandura (2002) afirma que as pessoas não vivem lla-Walker, 2015), sendo distinguidos, ao menos, três dimensões, que vimental distinto. Em pesquisa realizada nos (1) a idade das explorações de identidades –
de forma autônoma/separada, alcançando seus objetivos, na maior remetem ao ser adulto: a dimensão cognitiva refere-se à capacidade Arnett (2004; 2007), ao pesquisar sobre a EUA, Arnett (2004) explica o sentimento de tanto no amor quanto no trabalho, o processo
parte das vezes, por meio de esforços socialmente interdependen- de analisar as consequências dos próprios atos, implicando maior co- adultez emergente, considera, prioritariamen- ambivalência (não se considerar um adoles- de explorações de identidade se inicia na ado-
tes. A concepção da agência humana é ampliada à agência coletiva, nexão com os outros; a dimensão emocional, geralmente, compreende te, os aspectos identitários e os subjetivos cente e, ao mesmo tempo, não se sentir um lescência e se intensifica durante o emergir do
baseando-se na crença compartilhada que as pessoas têm em suas a autonomia e a intimidade emocional; a dimensão comportamental (percepção de si como adulto ou não), fun- adulto) a partir das características psicológi- adulto, já que nesse período o jovem se sente
capacidades conjuntas de mudarem suas vidas pela ação coletiva refere-se ao controle do impulso (autocontrole e concordância com as damentando a distinção dessa fase como um cas intrínsecas, acima mencionadas. Ser adul- mais livre do que jamais foi.
(Bandura, 2000, 2001). Isto torna a teoria generalizável para culturas convenções sociais). Essas características são alcançadas ou não, ao período desenvolvimental específico, e não to, então, é em última instância uma definição (2) a idade da instabilidade – ao final da ado-
e atividades de orientação coletiva e leva a concluir que há semel- longo do desenvolvimento, dependendo do grupo cultural e da socia- somente uma questão de mudanças sociode- subjetiva, não sendo mais necessários os tradi- lescência, o jovem tem um plano para seguir
meiam o funcionamento humano e, portanto, a agência pessoal separação. Cada conquista individual terá, de algum modo, a soma de es- rre nesse momento, enfatizando a necessidade bilidade individual, estando os jovens, nessa O que torna o emergir para a vida adulta di-
opera no interior de uma rede de influências socioestruturais. As forços social e emocionalmente interdependentes (autonomia relacionada de especificar essa fase por suas característi- fase, relativamente liberados das expectativas ferente da adolescência e da vida adulta pro-
pessoas, em suas transações agênticas, criam sistemas sociais para e agência coletiva). cas psicológicas intrínsecas, que, a partir da sociais, constituindo-se como o período mais priamente dita? Arnett (2004) responde des-
organizar, guiar e regular as atividades humanas. Esses sistemas pro- análise das entrevistas realizadas com jovens, volátil do ciclo vital. crevendo cinco características, que, apesar de
porcionam recursos e impõem limitações, oferecendo estruturas para Socialmente, a partir dos tradicionais marcadores sociais, há uma ex- concluiu serem, pelo menos, três: aceitar a considerar as diferenças culturais, demarcam
o desenvolvimento e o funcionamento pessoais. Há, por consequên- pectativa de que se tornar adulto é conquistado com casamento e fil- responsabilidade de seus próprios atos; tomar A percepção subjetiva, quanto a ser ou não um uma situação típica de sociedades que permi-
cia, entre o agente e o sistema social uma bidirecionalidade dinâmica hos. No sentido psicológico, outros critérios, para a entrada na vida decisões independentes; e ser financeiramente adulto, é o argumento mais característico para tem um leque maior de escolhas e de autoex-
e de mútua influência, o que leva Bandura (2005) a rejeitar o dualis- adulta, devem ser considerados (Arnett & Taber, 1994; Arnett & Padi- independente. definir essa fase como um período desenvol- pressão:
mo que os opõe. Bandura (2002) afirma que as pessoas não vivem lla-Walker, 2015), sendo distinguidos, ao menos, três dimensões, que vimental distinto. Em pesquisa realizada nos (1) a idade das explorações de identidades –
de forma autônoma/separada, alcançando seus objetivos, na maior remetem ao ser adulto: a dimensão cognitiva refere-se à capacidade Arnett (2004; 2007), ao pesquisar sobre a EUA, Arnett (2004) explica o sentimento de tanto no amor quanto no trabalho, o processo
parte das vezes, por meio de esforços socialmente interdependen- de analisar as consequências dos próprios atos, implicando maior co- adultez emergente, considera, prioritariamen- ambivalência (não se considerar um adoles- de explorações de identidade se inicia na ado-
tes. A concepção da agência humana é ampliada à agência coletiva, nexão com os outros; a dimensão emocional, geralmente, compreende te, os aspectos identitários e os subjetivos cente e, ao mesmo tempo, não se sentir um lescência e se intensifica durante o emergir do
baseando-se na crença compartilhada que as pessoas têm em suas a autonomia e a intimidade emocional; a dimensão comportamental (percepção de si como adulto ou não), fun- adulto) a partir das características psicológi- adulto, já que nesse período o jovem se sente
capacidades conjuntas de mudarem suas vidas pela ação coletiva refere-se ao controle do impulso (autocontrole e concordância com as damentando a distinção dessa fase como um cas intrínsecas, acima mencionadas. Ser adul- mais livre do que jamais foi.
(Bandura, 2000, 2001). Isto torna a teoria generalizável para culturas convenções sociais). Essas características são alcançadas ou não, ao período desenvolvimental específico, e não to, então, é em última instância uma definição (2) a idade da instabilidade – ao final da ado-
e atividades de orientação coletiva e leva a concluir que há semel- longo do desenvolvimento, dependendo do grupo cultural e da socia- somente uma questão de mudanças sociode- subjetiva, não sendo mais necessários os tradi- lescência, o jovem tem um plano para seguir
Metodologia
Esse é um momento necessário antes do compromisso com outros, no pode ter como horizonte longínquo casar e ter filhos (Andrade, 2010). En-
Participantes Instrumento e Procedi- Análise dos dados
amor e no trabalho. quanto a assunção de papéis adultos não se consolida, no futuro próximo,
(4) a idade do sentir-se em transição - a exploração e a instabilidade encontra-se a diversidade de experimentações. mento de Coleta de dados
Baseado na delimitação feita por Arnett Com uma metodologia qualitativa, as entre-
dão a esse período a qualidade de transição: entre a adolescência e a vistas foram submetidas à Análise de Con-
(2004; 2007), foram entrevistados 26 jovens, Foi utilizado um roteiro de entrevista, que foi
vida adulta, nem adolescente, nem adulto. Nesse momento, o mais Considerando a lacuna na literatura de estudos brasileiros sobre o tema teúdo (Bardin, 2008). Inicialmente, a partir
entre 18 e 25 anos. Para a escolha dos partici- avaliado ao serem realizadas duas entrevis-
importante para o jovem é estar em processo gradual a caminho da e a compreensão ampliada do processo pela articulação de diversos de uma atitude clínica de empatia, que visa à
pantes, foram divulgados os critérios para di- tas-piloto com um rapaz e uma moça, vali-
vida adulta, confiante de que um dia aceitará a responsabilidade por autores, o objetivo deste artigo é compreender e discutir a experiência compreensão da fala e à tradução do universo
versos contatos, a fim de serem selecionados dando-o. As entrevistas com os jovens foram
si mesmo, tomará suas próprias decisões e será financeiramente inde- dos jovens, identificando a definição que possuem sobre o que é ser subjetivo da experiência, busca-se investigar
jovens que têm projeto de formação escolar/ gravadas em áudio, com a aprovação firma-
pendente. um adulto e as suas perspectivas de futuro. Nesse sentido, a partir de a temática de base e a lógica interna de cada
profissional, incluindo planos para a universi- da em termo de consentimento, e transcritas,
(5) a idade das possibilidades – é uma fase de muita esperança e de suas narrativas, é discutida a experiência atual dos jovens, tanto em entrevista. Para a eleição desses temas, de
dade e/ou que já estejam em um curso de gra- para serem analisadas, sendo realizadas em
grandes expectativas, e, ainda que o jovem tenha vivido muitas difi- seus aspectos subjetivos quanto na relação que têm com os marcado- acordo com o objetivo da pesquisa, foi rea-
duação, o que caracterizou uma amostra de locais variados, de acordo com a disponibi-
culdades em sua história anterior na família de origem, tem a oportu- res tradicionais da vida adulta. lizada uma “leitura flutuante”, demarcando
conveniência. Os 26 entrevistados dividem-se lidade dos entrevistados. A seguir, apresen-
nidade de se autoconstruir, transformando o seu futuro. núcleos de sentido de cada entrevista (deci-
entre treze rapazes e treze moças, de classes ta-se o roteiro: O que você acha que define
sociais variadas. Foram incluídos moradores fração estrutural) e, posteriormente, estabele-
Durante as explorações identitárias, iniciadas na adolescência e agora uma pessoa adulta?; Você se considera uma cendo relações entre elas, a partir da repetição
de diversas partes da cidade do Rio de Janei- pessoa adulta? Por quê?; Na sua percepção,
mais sérias e menos transitórias, são experimentadas várias opções, afeti- de alguns temas significativos. A partir des-
ro. Os 26 jovens entrevistados, com idade en- como seu pai e sua mãe te veem? (o que eles
Metodologia
Esse é um momento necessário antes do compromisso com outros, no pode ter como horizonte longínquo casar e ter filhos (Andrade, 2010). En-
Participantes Instrumento e Procedi- Análise dos dados
amor e no trabalho. quanto a assunção de papéis adultos não se consolida, no futuro próximo,
(4) a idade do sentir-se em transição - a exploração e a instabilidade encontra-se a diversidade de experimentações. mento de Coleta de dados
Baseado na delimitação feita por Arnett Com uma metodologia qualitativa, as entre-
dão a esse período a qualidade de transição: entre a adolescência e a vistas foram submetidas à Análise de Con-
(2004; 2007), foram entrevistados 26 jovens, Foi utilizado um roteiro de entrevista, que foi
vida adulta, nem adolescente, nem adulto. Nesse momento, o mais Considerando a lacuna na literatura de estudos brasileiros sobre o tema teúdo (Bardin, 2008). Inicialmente, a partir
entre 18 e 25 anos. Para a escolha dos partici- avaliado ao serem realizadas duas entrevis-
importante para o jovem é estar em processo gradual a caminho da e a compreensão ampliada do processo pela articulação de diversos de uma atitude clínica de empatia, que visa à
pantes, foram divulgados os critérios para di- tas-piloto com um rapaz e uma moça, vali-
vida adulta, confiante de que um dia aceitará a responsabilidade por autores, o objetivo deste artigo é compreender e discutir a experiência compreensão da fala e à tradução do universo
versos contatos, a fim de serem selecionados dando-o. As entrevistas com os jovens foram
si mesmo, tomará suas próprias decisões e será financeiramente inde- dos jovens, identificando a definição que possuem sobre o que é ser subjetivo da experiência, busca-se investigar
jovens que têm projeto de formação escolar/ gravadas em áudio, com a aprovação firma-
pendente. um adulto e as suas perspectivas de futuro. Nesse sentido, a partir de a temática de base e a lógica interna de cada
profissional, incluindo planos para a universi- da em termo de consentimento, e transcritas,
(5) a idade das possibilidades – é uma fase de muita esperança e de suas narrativas, é discutida a experiência atual dos jovens, tanto em entrevista. Para a eleição desses temas, de
dade e/ou que já estejam em um curso de gra- para serem analisadas, sendo realizadas em
grandes expectativas, e, ainda que o jovem tenha vivido muitas difi- seus aspectos subjetivos quanto na relação que têm com os marcado- acordo com o objetivo da pesquisa, foi rea-
duação, o que caracterizou uma amostra de locais variados, de acordo com a disponibi-
culdades em sua história anterior na família de origem, tem a oportu- res tradicionais da vida adulta. lizada uma “leitura flutuante”, demarcando
conveniência. Os 26 entrevistados dividem-se lidade dos entrevistados. A seguir, apresen-
nidade de se autoconstruir, transformando o seu futuro. núcleos de sentido de cada entrevista (deci-
entre treze rapazes e treze moças, de classes ta-se o roteiro: O que você acha que define
sociais variadas. Foram incluídos moradores fração estrutural) e, posteriormente, estabele-
Durante as explorações identitárias, iniciadas na adolescência e agora uma pessoa adulta?; Você se considera uma cendo relações entre elas, a partir da repetição
de diversas partes da cidade do Rio de Janei- pessoa adulta? Por quê?; Na sua percepção,
mais sérias e menos transitórias, são experimentadas várias opções, afeti- de alguns temas significativos. A partir des-
ro. Os 26 jovens entrevistados, com idade en- como seu pai e sua mãe te veem? (o que eles
Resultados
Os seguintes eixos temáticos foram estabelecidos: (1) ser adulto(a): O grupo (2), Critérios de ser adulto, é composto por 12 categorias: Outros critérios são identificados nos trechos acima com os seguin-
descreve as características de se perceber como adulto; (2) relação Ser adulto(a): descreve as características de ausência de critério, consequência das decisões, critério subjeti- tes termos: tomar decisões e experiência, unindo as categorias de
com a mãe e com o pai: processo interativo diferenciado por gênero vo e objetivo, experiência, imaturidade, maioridade, marcadores dois grupos, (1) Autonomia e (2) Critérios de ser adulto.
que abarca situações cotidianas; (3) conversa com a mãe e com o
se perceber como adulto
sociais, maturidade, morar com, personalidade e visão de mundo
pai: temas abordados ou não nos diálogos cotidianos, diferenciados própria. O grupo (2) pode ser relacionado ao grupo (1) da Autono- É, não sei... uma independência, uma certa independên-
Esse eixo foi dividido em 4 grupos, compostos por categorias agru-
por gênero; (4) planos para o futuro: projeções no tempo de curto mia e ao (3) da Independência, que apresentam juntos, o critério cia profissional... ter um trabalho próprio, ter um dire-
padas pelo mesmo campo de significados: (1) Autonomia, (2) Cri-
e de longo prazo. As falas foram separadas em tabelas, de acordo objetivo da idade, a autonomia e a independência como definidores cionamento que você queira dar a sua vida profissional
tério de ser adulto, (3) Independência e (4) Responsabilidade. No
com os eixos temáticos acima descritos. Posteriormente, foi feita de ser um adulto. Critérios de ser adulto: subjetivo - ser adulto é assim, e ... um pouco dessa liberdade profissional e tam-
grupo (1), Autonomia, formado pelas categorias agência, autonomia,
uma leitura intensa (Gibbs, 2009), linha por linha, de cada entrevis- definido a partir da experiência do sujeito; subjetivos/objetivos - bém uma certa possibilidade de tomar decisões sem ter
autonomia emocional, liberdade de tomar decisões, a categoria au-
ta, listando as categorias surgidas, que foram analisadas uma a uma oposição entre os critérios subjetivos e objetivos (marcadores so- que ter aquela coisa de, com os pais, aquela coisa de ter
tonomia está presente em todas as outras, especificando a caracte-
e separadas, segundo os eixos temáticos. Definidas as categorias, ciais). permissão, ... F2 (22a)
rística do jovem agir por conta própria, sendo influenciado por suas
utilizando a literatura e os autores que constituem a base teórica,
relações. Autonomia: é um processo desenvolvimental que consiste
foram separadas as conceituais das descritivas, sendo essas surgidas Ter 21 anos, 21 ou 18, depende. E... ter uma certa auto- Eu acho que a pessoa se torna adulta assim no momento
em sentir, pensar e agir voluntariamente, sem coerção, sendo ne-
nas falas dos entrevistados e sem definição pela literatura utilizada. nomia, independência dos pais, não necessariamente in- em que ela (...) age como uma pessoa adulta (...). Então,
gociado e adquirido, principalmente, a partir da adolescência com
Em seguida, foi realizada uma análise comparativa entre dimensões dependência, mas alguma autonomia. Acho que só isso. por exemplo, com os outros ela é uma pessoa responsá-
o objetivo de independência e de autorrealização (realização dos
consideradas relevantes, identificando possibilidades de análise e de M21 (25a) vel, ela é uma pessoa que se impõe, que não é levada pe-
potencias individuais), enquanto mantém relações positivas com a
discussão. Nesse artigo, são apresentados, discutidos e relacionados
136 137
Psicología para América Latina
Resultados
Os seguintes eixos temáticos foram estabelecidos: (1) ser adulto(a): O grupo (2), Critérios de ser adulto, é composto por 12 categorias: Outros critérios são identificados nos trechos acima com os seguin-
descreve as características de se perceber como adulto; (2) relação Ser adulto(a): descreve as características de ausência de critério, consequência das decisões, critério subjeti- tes termos: tomar decisões e experiência, unindo as categorias de
com a mãe e com o pai: processo interativo diferenciado por gênero vo e objetivo, experiência, imaturidade, maioridade, marcadores dois grupos, (1) Autonomia e (2) Critérios de ser adulto.
que abarca situações cotidianas; (3) conversa com a mãe e com o
se perceber como adulto
sociais, maturidade, morar com, personalidade e visão de mundo
pai: temas abordados ou não nos diálogos cotidianos, diferenciados própria. O grupo (2) pode ser relacionado ao grupo (1) da Autono- É, não sei... uma independência, uma certa independên-
Esse eixo foi dividido em 4 grupos, compostos por categorias agru-
por gênero; (4) planos para o futuro: projeções no tempo de curto mia e ao (3) da Independência, que apresentam juntos, o critério cia profissional... ter um trabalho próprio, ter um dire-
padas pelo mesmo campo de significados: (1) Autonomia, (2) Cri-
e de longo prazo. As falas foram separadas em tabelas, de acordo objetivo da idade, a autonomia e a independência como definidores cionamento que você queira dar a sua vida profissional
tério de ser adulto, (3) Independência e (4) Responsabilidade. No
com os eixos temáticos acima descritos. Posteriormente, foi feita de ser um adulto. Critérios de ser adulto: subjetivo - ser adulto é assim, e ... um pouco dessa liberdade profissional e tam-
grupo (1), Autonomia, formado pelas categorias agência, autonomia,
uma leitura intensa (Gibbs, 2009), linha por linha, de cada entrevis- definido a partir da experiência do sujeito; subjetivos/objetivos - bém uma certa possibilidade de tomar decisões sem ter
autonomia emocional, liberdade de tomar decisões, a categoria au-
ta, listando as categorias surgidas, que foram analisadas uma a uma oposição entre os critérios subjetivos e objetivos (marcadores so- que ter aquela coisa de, com os pais, aquela coisa de ter
tonomia está presente em todas as outras, especificando a caracte-
e separadas, segundo os eixos temáticos. Definidas as categorias, ciais). permissão, ... F2 (22a)
rística do jovem agir por conta própria, sendo influenciado por suas
utilizando a literatura e os autores que constituem a base teórica,
relações. Autonomia: é um processo desenvolvimental que consiste
foram separadas as conceituais das descritivas, sendo essas surgidas Ter 21 anos, 21 ou 18, depende. E... ter uma certa auto- Eu acho que a pessoa se torna adulta assim no momento
em sentir, pensar e agir voluntariamente, sem coerção, sendo ne-
nas falas dos entrevistados e sem definição pela literatura utilizada. nomia, independência dos pais, não necessariamente in- em que ela (...) age como uma pessoa adulta (...). Então,
gociado e adquirido, principalmente, a partir da adolescência com
Em seguida, foi realizada uma análise comparativa entre dimensões dependência, mas alguma autonomia. Acho que só isso. por exemplo, com os outros ela é uma pessoa responsá-
o objetivo de independência e de autorrealização (realização dos
consideradas relevantes, identificando possibilidades de análise e de M21 (25a) vel, ela é uma pessoa que se impõe, que não é levada pe-
potencias individuais), enquanto mantém relações positivas com a
discussão. Nesse artigo, são apresentados, discutidos e relacionados
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Psicología para América Latina
Essas categorias aparecem nas falas acima como uma afirmação A categoria Ausência de critério, do grupo (2) Critério de ser adul- Acho meio difícil assim você criar um ponto (em que se Formação de família/filhos, Medo/insegurança de formar família).
pessoal, na qual o jovem busca não depender de autoridade ou do to, Independência (3) e Responsabilidade (4), relacionados ao grupo torne adulto), e que a partir desse ponto é ou não é (adul- Com a exemplificação da narrativa dos entrevistados sobre o futuro,
controle ou de outra pessoa para emitir sua opinião, não estando Autonomia (1), são unidos na fala dos jovens, caracaterizando o que to). Seria, por exemplo... a parte de trabalhar seria um pode-se perceber que essas categorias estão imbricadas e, por vezes,
mais disposto a ser uma obrigação para os pais, não dependendo é ser adulto. Ausência de critério/referencial coletivo: a definição de indicativo, você começar a ter responsabilidade assim, é necessário conquistar uma para se ter a outra. Por essa razão, em
mais de autoridade ou do controle ou de outra pessoa para expe- adulto não tem um critério único e/ou um parâmetro social. você tem responsabilidade, no emprego é você que está um exemplo de fala encontram-se várias categorias dos grupos acima
rimentar e expressar emoções em relação a si mesmo, a situações lá. Acho que você tá falando de adulto é isso, você ter descritos. Casa própria: ter um imóvel próprio; Casamento: unir-se
variadas e a outras pessoas, sendo uma conquista individual que Eu acho que, pelo que aprendi, é ela (pessoa) ter mais responsabilidades, não é mais responsabilidade dos seus maritalmente de forma oficial; Concurso: estudar para concurso pú-
enfatiza a autossuficiência e a competência de estar por “conta de 18 anos, antes de tudo. E eu acho que em segundo é pais, quando você faz alguma coisa, você é chamado pra blico, visando a um emprego estável; Ganhar dinheiro: preocupação
própria”, ter a sua própria moradia, carro e dinheiro, a partir da começar a acumular responsabilidade, por exemplo, co- responder por ela. M18 (21a) em conseguir se sustentar financeiramente. Sair de casa: desejo de
realização profissional, que garante a própria subsistência. Portan- meçar a pagar as próprias coisas, assumir um compro- ter um espaço seu.
to, o critério para determinar se é ou não um adulto alia autonomia misso numa faculdade, é começar a ter mais responsabi- Esse grupo de categorias apresenta mais fortemente a ligação da for-
e aspectos subjetivos em sua definição, sendo o grupo (3) de cate- lidade com as próprias coisas e com o próprio futuro, não mação da identidade com as relações, de modo positivo e negativo. Eu me formei no final de 2010 e pretendo fazer concurso
gorias Independência o que define critérios mais objetivos para a dependendo mais necessariamente dos pais, obrigatoria- Em seu aspecto positivo, a responsabilidade aparece ligada à ideia de para a Polícia Federal, para perito criminal, para a polícia
vida adulta, baseado na profissão e na capacidade de se sustentar. mente só dos pais. É... e é isso. M22 (23a) cuidado (ser responsável por ações que envolvem não só a si mesmo, civil, também. Nesta área de perito que é esta especiali-
mas também outras pessoas) à ideia de atividades domésticas, no zação que eu estou fazendo. Mas, se pintar outras coisas,
Então, acho difícil definir uma pessoa adulta porque você Ah, porque eu já tenho minhas obrigações, né? Eu já tra- interior da família (responsabilidade dentro de casa: realizar tarefas como concurso para professora, alguma outra coisa, eu
Essas categorias aparecem nas falas acima como uma afirmação A categoria Ausência de critério, do grupo (2) Critério de ser adul- Acho meio difícil assim você criar um ponto (em que se Formação de família/filhos, Medo/insegurança de formar família).
pessoal, na qual o jovem busca não depender de autoridade ou do to, Independência (3) e Responsabilidade (4), relacionados ao grupo torne adulto), e que a partir desse ponto é ou não é (adul- Com a exemplificação da narrativa dos entrevistados sobre o futuro,
controle ou de outra pessoa para emitir sua opinião, não estando Autonomia (1), são unidos na fala dos jovens, caracaterizando o que to). Seria, por exemplo... a parte de trabalhar seria um pode-se perceber que essas categorias estão imbricadas e, por vezes,
mais disposto a ser uma obrigação para os pais, não dependendo é ser adulto. Ausência de critério/referencial coletivo: a definição de indicativo, você começar a ter responsabilidade assim, é necessário conquistar uma para se ter a outra. Por essa razão, em
mais de autoridade ou do controle ou de outra pessoa para expe- adulto não tem um critério único e/ou um parâmetro social. você tem responsabilidade, no emprego é você que está um exemplo de fala encontram-se várias categorias dos grupos acima
rimentar e expressar emoções em relação a si mesmo, a situações lá. Acho que você tá falando de adulto é isso, você ter descritos. Casa própria: ter um imóvel próprio; Casamento: unir-se
variadas e a outras pessoas, sendo uma conquista individual que Eu acho que, pelo que aprendi, é ela (pessoa) ter mais responsabilidades, não é mais responsabilidade dos seus maritalmente de forma oficial; Concurso: estudar para concurso pú-
enfatiza a autossuficiência e a competência de estar por “conta de 18 anos, antes de tudo. E eu acho que em segundo é pais, quando você faz alguma coisa, você é chamado pra blico, visando a um emprego estável; Ganhar dinheiro: preocupação
própria”, ter a sua própria moradia, carro e dinheiro, a partir da começar a acumular responsabilidade, por exemplo, co- responder por ela. M18 (21a) em conseguir se sustentar financeiramente. Sair de casa: desejo de
realização profissional, que garante a própria subsistência. Portan- meçar a pagar as próprias coisas, assumir um compro- ter um espaço seu.
to, o critério para determinar se é ou não um adulto alia autonomia misso numa faculdade, é começar a ter mais responsabi- Esse grupo de categorias apresenta mais fortemente a ligação da for-
e aspectos subjetivos em sua definição, sendo o grupo (3) de cate- lidade com as próprias coisas e com o próprio futuro, não mação da identidade com as relações, de modo positivo e negativo. Eu me formei no final de 2010 e pretendo fazer concurso
gorias Independência o que define critérios mais objetivos para a dependendo mais necessariamente dos pais, obrigatoria- Em seu aspecto positivo, a responsabilidade aparece ligada à ideia de para a Polícia Federal, para perito criminal, para a polícia
vida adulta, baseado na profissão e na capacidade de se sustentar. mente só dos pais. É... e é isso. M22 (23a) cuidado (ser responsável por ações que envolvem não só a si mesmo, civil, também. Nesta área de perito que é esta especiali-
mas também outras pessoas) à ideia de atividades domésticas, no zação que eu estou fazendo. Mas, se pintar outras coisas,
Então, acho difícil definir uma pessoa adulta porque você Ah, porque eu já tenho minhas obrigações, né? Eu já tra- interior da família (responsabilidade dentro de casa: realizar tarefas como concurso para professora, alguma outra coisa, eu
Bom, eu espero mesmo aos 25 anos conquistar minha da da casa dos pais, remetendo a uma perspectiva de futuro. Viagem: Não sendo ainda independente financeiramente, pode-se ganhar din- Ainda que não seja única, parece haver uma nova sequência de pla-
independência, pode ser muito cedo, uma utopia, mas eu planos de ter experiências variadas em outras culturas, envolvendo o heiro trabalhando com o pai e planejar experimentações variadas, nejamento de eventos como forma de passagem paulatina para a
quero morar num apartamento alugado, e financeiramen- aprimoramento de idiomas e profissional. como morar sozinho, por um tempo, no exterior. Cursar e concluir vida adulta: conquista e sucesso profissional (ser bem-sucedido e
te.... acho que só. M10 (20a) faculdade: tópicos relacionados à formação universitária; Pós-gra- alcançar estabilidade na escolha profissional feita); ganhar dinhei-
(...) eu tenho 18, quase 19 anos agora, é... eu tô num duação: planos de capacitação profissional, após a graduação; Con- ro (preocupação em conseguir se sustentar financeiramente); sair de
Isso aí (casamento), então, é um tipo de responsabilidade período de transição, entre o ensino médio e o ensino quista profissional/sucesso profissional: ser bem-sucedido e alcançar casa (desejo de ter um espaço seu); e formar uma família (casar e ter
que você assume com a outra pessoa. É um tipo de for- superior. Foi uma escolha minha, eu preferi começar a estabilidade na escolha profissional feita; Emprego/trabalho: preo- filhos). Medo/insegurança de formar família: dúvidas a respeito de
mação adulta. M08 (18a) faculdade no segundo semestre, pra eu aproveitar o pri- cupação em conseguir uma fonte de renda que permita alcançar es- conseguir assumir as responsabilidades de se formar uma família.
meiro semestre deste ano, pra eu é... ter experiência de tabilidade; Formação de família/filhos: casar e ter filhos.
E é isso, quero sair de casa, ter independência, não dar vida, que eu não tive oportunidade de ter antes. Eu tô Filhos... eu nunca fiz muita questão de filhos. Filho é
mais satisfação a ninguém e me tornar de fato um adulto indo ao trabalho com o meu pai, foi uma coisa que eu Eu devo demorar aí mais uns dois anos pra me formar, uma coisa planejada pelos dois, pelo casal. Se os dois
consumadamente, além dos 18 anos, né? M22 (23a) tinha combinado com ele, é... e eu tô aguardando, eu vou devo me formar com uns 24 anos. Iniciar minha carreira estão preparados pra ter filho, porque é uma responsa-
viajar daqui a um tempo, eu vou viajar para o exterior pra como engenheiro, e aí seguir minha vida. Se tudo tiver bilidade muito grande. Ainda mais no meu caso que sou
Eu sei que eu quero, assim que eu começar a ganhar o passar um tempo fora, pra aprender a viver sozinho, que certo ... com a minha namorada me casar, e ter minha gay, vai ser muito difícil... vai ser muito estresse... mas
meu dinheiro, eu quero sair de casa e tal, ser independen- eu acho que é uma coisa importante, pra esta nova fase casa, e viver a minha família, e construir a minha famí- o que mais, deixa eu pensar... Casamento... é, eu penso
te, adulta de fato! F24 (19a) da minha vida. M8 (18a) lia. M13 (22a) em casar, ter uma relação estável, ter todos os direitos
Bom, eu espero mesmo aos 25 anos conquistar minha da da casa dos pais, remetendo a uma perspectiva de futuro. Viagem: Não sendo ainda independente financeiramente, pode-se ganhar din- Ainda que não seja única, parece haver uma nova sequência de pla-
independência, pode ser muito cedo, uma utopia, mas eu planos de ter experiências variadas em outras culturas, envolvendo o heiro trabalhando com o pai e planejar experimentações variadas, nejamento de eventos como forma de passagem paulatina para a
quero morar num apartamento alugado, e financeiramen- aprimoramento de idiomas e profissional. como morar sozinho, por um tempo, no exterior. Cursar e concluir vida adulta: conquista e sucesso profissional (ser bem-sucedido e
te.... acho que só. M10 (20a) faculdade: tópicos relacionados à formação universitária; Pós-gra- alcançar estabilidade na escolha profissional feita); ganhar dinhei-
(...) eu tenho 18, quase 19 anos agora, é... eu tô num duação: planos de capacitação profissional, após a graduação; Con- ro (preocupação em conseguir se sustentar financeiramente); sair de
Isso aí (casamento), então, é um tipo de responsabilidade período de transição, entre o ensino médio e o ensino quista profissional/sucesso profissional: ser bem-sucedido e alcançar casa (desejo de ter um espaço seu); e formar uma família (casar e ter
que você assume com a outra pessoa. É um tipo de for- superior. Foi uma escolha minha, eu preferi começar a estabilidade na escolha profissional feita; Emprego/trabalho: preo- filhos). Medo/insegurança de formar família: dúvidas a respeito de
mação adulta. M08 (18a) faculdade no segundo semestre, pra eu aproveitar o pri- cupação em conseguir uma fonte de renda que permita alcançar es- conseguir assumir as responsabilidades de se formar uma família.
meiro semestre deste ano, pra eu é... ter experiência de tabilidade; Formação de família/filhos: casar e ter filhos.
E é isso, quero sair de casa, ter independência, não dar vida, que eu não tive oportunidade de ter antes. Eu tô Filhos... eu nunca fiz muita questão de filhos. Filho é
mais satisfação a ninguém e me tornar de fato um adulto indo ao trabalho com o meu pai, foi uma coisa que eu Eu devo demorar aí mais uns dois anos pra me formar, uma coisa planejada pelos dois, pelo casal. Se os dois
consumadamente, além dos 18 anos, né? M22 (23a) tinha combinado com ele, é... e eu tô aguardando, eu vou devo me formar com uns 24 anos. Iniciar minha carreira estão preparados pra ter filho, porque é uma responsa-
viajar daqui a um tempo, eu vou viajar para o exterior pra como engenheiro, e aí seguir minha vida. Se tudo tiver bilidade muito grande. Ainda mais no meu caso que sou
Eu sei que eu quero, assim que eu começar a ganhar o passar um tempo fora, pra aprender a viver sozinho, que certo ... com a minha namorada me casar, e ter minha gay, vai ser muito difícil... vai ser muito estresse... mas
meu dinheiro, eu quero sair de casa e tal, ser independen- eu acho que é uma coisa importante, pra esta nova fase casa, e viver a minha família, e construir a minha famí- o que mais, deixa eu pensar... Casamento... é, eu penso
te, adulta de fato! F24 (19a) da minha vida. M8 (18a) lia. M13 (22a) em casar, ter uma relação estável, ter todos os direitos
Discussão
como adultos iguais, no relacionamento pais-filhos. Na escolha de como um adulto, estabelecidos pelo autor a partir de sua pesquisa,
que estão fora do padrão. Tem a faculdade (...) E tem o De modo geral, as respostas sobre o que define um adulto são con- uma parceria, a intimidade emocional e a física são estabelecidas. também foram encontrados nessa pesquisa: a responsabilidade pe-
trabalho que é o salão. (Sobre casar e ter filhos) Não, não formes ao que se encontra na discussão da literatura e de outras los próprios atos, a capacidade de tomar decisões (autonomia) e ser
tenho vontade. Eu trabalho, me sustento, sou responsável pesquisas (Arnett, 2011; 2016; Ponciano & Féres-Carneiro, 2014; Na dimensão emocional há, conciliadas, autonomia, independência financeiramente independente. Apesar de confirmar que esses crité-
por todas as coisas da minha vida, então me considero 2017), não indicando os tradicionais e objetivos marcadores sociais e, em algum grau, sempre há também interdependência, conforme rios configuram uma percepção subjetiva, em contraponto aos mar-
uma pessoa adulta. F26 (24a) (ter a própria casa, casar e ter filhos). Os critérios são subjetivos, as sociedades sejam mais ou menos coletivistas. No relato dos en- cadores sociais objetivos, identifica-se, nas falas dos entrevistados,
como os encontrados por Arnett (2004). Ao responderem sobre si trevistados, não há menção de relacionamentos íntimos como um que essa percepção subjetiva não implica, necessariamente, ausência
Sobre o casamento ser ainda um marcador importante, parece que mesmos como adultos ou não, as respostas indicam que não estão fator para se considerar em suas trajetórias de adultos emergentes, de interdependência. Além disso, há nesse processo de transição, em
como planejamento futuro a resposta é sim, mas para confirmar essa certos quanto ao seu status, explicitando uma vivência de transição: surgindo somente como uma perspectiva futura. Seriam as experi- que predomina o sentimento de ambivalência, experimentações ob-
percepção seria necessário conhecer a experiência dos jovens casa- nem adolescente nem adulto (Arnett, 2004). mentações amorosas uma forma de preparo para o futuro? Essa é jetivas da vivência de um adulto, assumindo-se paulatinamente al-
dos, o que não se encontra no grupo de participantes desta pesquisa. uma questão que precisa ser mais investigada. O controle do im- guns dos papéis considerados de um adulto (pagar uma conta, morar
Além disso, deve-se relativizar essa importância, já que o casamento De acordo com Arnett e Taber (1994), há critérios encontrados em pulso caracteriza a dimensão comportamental nos aspectos de au- por um tempo sozinho, viajar sozinho, etc. - (Shanahan et al., 2005).
pode não estar nos planos e o que define ser adulto pode ser a inde- dimensões psicológicas que indicam o que é ser adulto. São elas: tocontrole e de concordância com as convenções sociais (Arnett &
pendência financeira. Se há ou não uma sequência dos tradicionais cognitiva, emocional e comportamental. A dimensão cognitiva en- Padilla-Walker, 2015). Esse controle alia-se à dimensão cognitiva de A experimentação objetiva desses papéis é parcial e depende da so-
marcadores sociais, a formação de uma família (casar e ter filhos) volve, principalmente, os seguintes grupos do Eixo I: Autonomia, avaliação das consequências dos próprios atos. Por um lado, quanto ciedade em questão, conforme maior ou menor grau de liberdade.
continua na ordem de acontecimentos futuros da maioria dos entre- Independência e Responsabilidade. A capacidade de analisar as con- mais individualista, menor a preocupação com o outro. Por outro, Nesse sentido, o termo emergente, utilizado por Arnett (2004), capta
vistados, indicando a entrada definitiva na vida adulta, devido à res- sequências dos próprios atos (Autonomia e Independência) implica
Discussão
como adultos iguais, no relacionamento pais-filhos. Na escolha de como um adulto, estabelecidos pelo autor a partir de sua pesquisa,
que estão fora do padrão. Tem a faculdade (...) E tem o De modo geral, as respostas sobre o que define um adulto são con- uma parceria, a intimidade emocional e a física são estabelecidas. também foram encontrados nessa pesquisa: a responsabilidade pe-
trabalho que é o salão. (Sobre casar e ter filhos) Não, não formes ao que se encontra na discussão da literatura e de outras los próprios atos, a capacidade de tomar decisões (autonomia) e ser
tenho vontade. Eu trabalho, me sustento, sou responsável pesquisas (Arnett, 2011; 2016; Ponciano & Féres-Carneiro, 2014; Na dimensão emocional há, conciliadas, autonomia, independência financeiramente independente. Apesar de confirmar que esses crité-
por todas as coisas da minha vida, então me considero 2017), não indicando os tradicionais e objetivos marcadores sociais e, em algum grau, sempre há também interdependência, conforme rios configuram uma percepção subjetiva, em contraponto aos mar-
uma pessoa adulta. F26 (24a) (ter a própria casa, casar e ter filhos). Os critérios são subjetivos, as sociedades sejam mais ou menos coletivistas. No relato dos en- cadores sociais objetivos, identifica-se, nas falas dos entrevistados,
como os encontrados por Arnett (2004). Ao responderem sobre si trevistados, não há menção de relacionamentos íntimos como um que essa percepção subjetiva não implica, necessariamente, ausência
Sobre o casamento ser ainda um marcador importante, parece que mesmos como adultos ou não, as respostas indicam que não estão fator para se considerar em suas trajetórias de adultos emergentes, de interdependência. Além disso, há nesse processo de transição, em
como planejamento futuro a resposta é sim, mas para confirmar essa certos quanto ao seu status, explicitando uma vivência de transição: surgindo somente como uma perspectiva futura. Seriam as experi- que predomina o sentimento de ambivalência, experimentações ob-
percepção seria necessário conhecer a experiência dos jovens casa- nem adolescente nem adulto (Arnett, 2004). mentações amorosas uma forma de preparo para o futuro? Essa é jetivas da vivência de um adulto, assumindo-se paulatinamente al-
dos, o que não se encontra no grupo de participantes desta pesquisa. uma questão que precisa ser mais investigada. O controle do im- guns dos papéis considerados de um adulto (pagar uma conta, morar
Além disso, deve-se relativizar essa importância, já que o casamento De acordo com Arnett e Taber (1994), há critérios encontrados em pulso caracteriza a dimensão comportamental nos aspectos de au- por um tempo sozinho, viajar sozinho, etc. - (Shanahan et al., 2005).
pode não estar nos planos e o que define ser adulto pode ser a inde- dimensões psicológicas que indicam o que é ser adulto. São elas: tocontrole e de concordância com as convenções sociais (Arnett &
pendência financeira. Se há ou não uma sequência dos tradicionais cognitiva, emocional e comportamental. A dimensão cognitiva en- Padilla-Walker, 2015). Esse controle alia-se à dimensão cognitiva de A experimentação objetiva desses papéis é parcial e depende da so-
marcadores sociais, a formação de uma família (casar e ter filhos) volve, principalmente, os seguintes grupos do Eixo I: Autonomia, avaliação das consequências dos próprios atos. Por um lado, quanto ciedade em questão, conforme maior ou menor grau de liberdade.
continua na ordem de acontecimentos futuros da maioria dos entre- Independência e Responsabilidade. A capacidade de analisar as con- mais individualista, menor a preocupação com o outro. Por outro, Nesse sentido, o termo emergente, utilizado por Arnett (2004), capta
vistados, indicando a entrada definitiva na vida adulta, devido à res- sequências dos próprios atos (Autonomia e Independência) implica
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146 147