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Polis e Psique, Vol.

1, Número Temático, 2011 P á g i n a | 195

A idade um dispositivo. A geração como performativo.


Provocações discursivo-desconstrucionistas sobre corpo-gênero-
sexualidade.
La edad un dispositivo. La generación cómo performatividad.
Provocaciones discursivas-desconstrucionistas sobre el cuerpo-género-sexualidad.
Age as a dispositif and generation as performativity.
Deconstructive considerations about body, gender and sexuality.

Fernando Pocahy
Universidade de Fortaleza (Unifor), Fortaleza, CE, Brasil.

Resumo
Este ensaio é resultado de (três) trabalhos reunidos na problematização das biopolíticas
contemporâneas, tomando o dispositivo da idade nas tramas do gênero e da sexualidade. A
reunião destes (três) estudos tem como objetivo provocar olhares desviados sobre juventude e
velhice, convocando movimentos de reversibilidade da marcação dos saberes prescritivo-
normativos sobre a performatividade geracional. O trabalho arrisca tensionamentos e
provocações acerca dos movimentos de objetificação do corpo, através da aposta conceitual
da idade como um dispositivo e da geracionalidade como performatividade.
Palavras-chave: Gênero, Sexualidade, Geração, Performatividade, Biopolítica.

Resumen
El presente ensayo resulta de la reunión de (tres) investigaciones que tienen cómo reto la
problematización de las biopolíticas en la contemporaneidad, esto a partir del dispositivo de la
edad y sus relaciones con género y sexualidad. La reunión de estos (três) estudios tienen como
objetivo pensar de modo critico las concepciones de juventud y vejez. Proponemos convocar
movimientos de reversibilidad en la marcación de los saberes prescritos-normativos sobre la
performatividad generacional. La investigación discute y provoca los movimientos de
objectificación del cuerpo, a través del entendimiento del concepto de edad cómo un
dispositivo y de la generacionalidad cómo performance.
Palabras clave: Género, Sexualidad, Generación, Performatividad, Biopolítica.
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Abstract
This paper is the result of (three) researches that aimed to problematize contemporary
biopolitics focusing the age dispositif in its possible articulations with gender and sexuality.
The reunion of these (three) studies searches to produce different views on youth and ageing
and tries to initiate a movement of reversibility against the normative and prescriptive gaze of
knowledge on generational performances. The goal of the analysis is to produce a disruption
in body‟s objectification through the conceptualization of age as a dispositif and generation
effect as performance.
Keywords: Gender, Sexuality, Generation, Performativity, Biopolitics.

“Estilhaça a tua própria medida” definimos em nossas sociedades ocidentais


Hilda Hilst
(pós) modernas como humano através de
(extraído do poema Alcoólicas)
marcadores sociais de identidade e
diferença (Silva, 2007).
Este artigo tem como objetivo
Esta aposta encontra-se sustentada
provocar olhares desviados sobre gerações
na ideia de que o projeto (bio)político que
e diversidade sexual, convocando a(s)
cerca a experiência geracional e algumas
Psicologia(s) a um movimento de
das interseccionalidades que acabei de
reversibilidade epistemológica da marca de
citar, fez não somente da sexualidade um
saber prescritivo-normativo que a(s)
dispositivo, mas também produziu gênero
acompanha(m). Opero aqui com alguns
e idade como um conjunto mais ou menos
tensionamentos e provocações acerca de
heterogêneo que comportando práticas
movimentos de objetificação que apontam
discursivas e/ou não discursivas de
para as regulações estabelecidas na direção
objetivação, através de controle,
da constituição de uma inteligibilidade do
normatização e regulação das
humano, através de uma suposta
subjetividades.
naturalidade, fixidez e coerência entre
Deste modo é importante ressaltar o
corpo(sexo)-gênero-sexualidade/prazer
conceito de interseccinalidade, como uma
(Butler, 2005a,b,c,d) e idade/ ou gerações.
possibilidade de “escarnificação” das
De modo que me parece estratégico e
malhas discursivas que produzem o corpo
produtivo pensar de que forma a idade cria
como prisioneiro das significações do
condições de inteligibilidade para o que
conceito de humano e vida. Na perspectiva
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de Sirma Bilge (2009) a idade que levamos? Pode um sujeito existir


interseccionalidade remete a uma – oferecer inteligibilidade social - sem a
abordagem transdisciplinar que objetiva sua idade? E uma idade pode ser a mesma
“apreender” a complexidade das de uma geração a outra? O que o corpo
identidades e das desigualdades sociais, deve aos regimes políticos na gestão da
recusando o fechamento e a hierarquização vida (generificada) e o qual o papel da(s)
de grandes eixos de diferença social. Nesta Psicologia(s) nessa trama discursiva das
concepção, trata-se de ultrapassar o fases de vida – como a adolescência e/ou
simples reconhecimento da multiplicidade juventude?
de sistemas de opressão, postulando de Seguindo nestas problematizações
outra forma a interação entre estas derivadas de Michel Foucault (2006) sobre
categorias e a reprodução das a gestão da vida humana, é importante
desigualdades sociais. De modo que sublinhar que a regulação da vida e a
compartilho da premissa de que a idade noção de população não podem ser
pode ser pensada como uma categoria pensada sem a organização e a produção de
política, histórica e contingente como são expectativas para as idades/fases da vida:
gênero, classe social, sexualidade ou raça e
etnia e de que estes se constituem enquanto “El otro campo de intervención de la
biopolitica va a ser todo un conjunto de
sistemas discursivos complexos e, na
fenómenos, de los cuales algunos son
maioria das vezes, interpedendentes em
universales y otros accidentales pero que,
suas ramificações, senão que por una parte, nunca pueden comprimirse
consubstanciais. por entero, aunque sean accidentales, y que
Estas são as minhas provocações también entrañan consecuencias análogas
de incapacidad, marginación de los
iniciais e desde onde procuro algumas
individuos, neutralización, etc. Se tratará
pistas para compreender o que produz
del problema de la vejez, muy importante
inteligibilidade e confere reconhecimento a desde principios desde siglo XIX (en el
alguém em termos de “humanidade” na momento de la industrialización), del
contemporaneidade: o que deve o sujeito individuo que, por consiguiente, queda
fuera del campo de capacidad, de
contemporâneo à sua idade e quais são as
actividad. Y, por otra parte, los accidentes,
hierarquias produzidas em nosso tempo
la invalidez, las diversas anomalías. En
para a objetificação de discursos de relación con estos fenómenos, la
inteligibilidade? O que pode uma vida com biopolitica va a introducir no sólo
a sua idade? O que pesa e o que conta a instituciones asistenciales (que existían
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desde mucho tiempo atrás) sino como experiência indissociável das


mecanismos mucho más sutiles,
performances de gênero e como aptidões
económicamente mucho más racionales
para o exercício da sexualidade. Essas
que la asistencia a granel, a la vez masiva
y con lacunas, que estaba esencialmente engrenagens atuam através da reificação
asociada a la Iglesia. Vamos a ver das representações de um ideal de humano
mecanismos más racionales, de seguros, de cercados pelas interpelações e traduções
ahorro individual y colectivo, de
normativas da experiência do corpo.
seguridad, etcétera.” (Foucault, 2006
No plano das hierarquias sexuais e
[1976], p. 221)
das relações de gênero, essas interpelações
se destacam a partir da heterossexualidade
Para isso, corroborada a ideia pela
compulsória e do seu calendário de
perspectiva de Pierre Bourdieu
reprodução (em que pese as tecnologias
(2005[1978]), podemos dizer que estamos
reprodutivas) como uma finalidade e
diante de uma disputa sobre o domínio dos
evidência humana. Essa ficção biopolítica
sujeitos ao limitar a experiência geracional
é explicitada sobretudo pelas fartas
a divisões arbitrárias – erigidas
representações e movimentos
evidentemente a partir de conceitos e
performativos que são acionados
práticas regulatórias. Segundo Bourdieu
exasperadamente no cotidiano social,
(op.cit.) estas classificações por idade (mas
expressos em prescrições populares ou
também por gênero, “orientação sexual” e
acadêmicas que precisam constantemente
também por classe) remetem-nos sempre à
ser repetidas para a sua “garantia” – como
imposição de limites e de produção de uma
a imposição do regime familista ou das
ordem pela qual cada um deve se fixar, na
funções parentais como únicas formas de
qual cada um deve se colocar em seu lugar.
inscrição do sujeito na cultura.
O que pressupõe certamente medidas e
No cotidiano das práticas psi estas
expectativas sobre a vida.
objetificações contam com a comoção
Cabe sublinhar que o regime
interdisciplinar de campos de saber
discursivo do qual a Psicologia é signatária
normativos e moralidades canônicas,
(enquanto ciência moderna) maquina
fazendo proliferar em teorias e discursos
mecanismos discursivo-epistemológicos
de autoridade a maquinaria linguística que
que não param de se reinventar,
reforça o que Judith Butler denomina como
reatualizando e ritualizando estratégias de
as vidas que valem a pena serem vividas e
normalização na produção de indivíduos
as vidas que não importam.
inteligíveis a partir da idade que portam -
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Persigo em provocação: de que modos como se engendram e como se


figura de humano estamos tratando na materializam os regimes discursivos em
Psicologia quando discutimos infância, torno da coerência corpo-gênero-
juventude, „velhice‟ e gênero e sexualidade. Estas inquietações nos
sexualidade? O que estamos produzindo permitem também revisitar a/s
em nossas práticas psi quando preterimos a Psicologia/s. Afinal, quais são as marcas
plasticidade cultural e a força política aos obrigatórias que devemos portar para
modos normativos de estruturação do acedermos a posição de um sujeito
sujeito? Qual o status ontológico (a possível socialmente, o que é necessário
investigação teórica do ser) dessas figuras aparentar, ser, dizer, para que alguém ou
de humanos que estamos tentando definir alguma relação seja considerada como
como vidas que importam? E como nós socialmente reconhecida nessa perspectiva
nos posicionamos, enquanto intelectuais do sujeito dito normal ou “saudável” para a
e/ou profissionais da Psicologia, diante das Psicologia?
formas de governo dos indivíduos que
passam pela “gestão das idades”? Que As muitas densidades de uma geração:
papel a Psicologia exerce nesse projeto de juventude e velhice como
gestão da vida e quais são as possibilidades performatividade.
de resistência que somos capazes de
produzir em nossas práticas? Qual é a Ensaiando alguma intimidade com
margem de liberdade que podemos abrir problemas que se desmancham no jogo das
nos jogos de exclusão e de reificação de ditas aparências (pós)-modernas, tenho me
figuras normativas com nosso fazer – ocupado em buscar possibilidades de
“etarizado”? O que pretendemos quando imaginar/viver uma erótica na cama
dizemos que algo ou alguém é normal do discursiva das idades da vida, como plano
ponto de vista das performances de gênero tático para uma genealogia das
e da diversidade sexual? Qual a força da moralidades que cercam o corpo, o gênero
Psicologia na contestação das formas de e a sexualidade nas suas intersecções
regulação da vida diante de posições de geracionais. Procuro compreender o corpo
gênero, raça/etnia, sexualidade, classe jovem ou idoso desde a perspectiva de uma
social? materialidade que encarna e desencarna e
Essas são interrogações que podem torna a encarnar os discursos que
nos fornecer algumas pistas sobre os evidenciam o trabalho incansável,
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inacabável e ficcional das normas O estudo citado foi orientado


biopolíticas. metodologicamente pela perspectiva da
Este trabalho de pesquisa sobre as pesquisa-intervenção (Maraschin, 2004;
idades se localiza particularmente e de Aguiar & Rocha, 2003) e os seus
forma mais contundente em três resultados apontaram para alguns dos
investigações realizadas no âmbito dos limites e das possibilidades das ações de
estudos de gênero e sexualidade em saúde junto ao público juvenil. A ação
perspectiva interdisciplinar - Psicologia, buscou transformar as condições de
Educação e Antropologia (Pocahy, 2006, vulnerabilidade, explorando as
2011, 2012). possibilidades de deslocamento de uma
A primeira pesquisa que realizei posição abjeta para a de cidadão de
sobre as formas de regulação da direitos, pela via da reflexão e da
sexualidade na trama discursiva das idades ampliação das redes de sociabilidade,
deu-se junto ao Programa de Pós- especialmente tecidas na perspectiva da
Graduação em Psicologia Social e homo/eroti/cidade. Este efeito foi buscado
Institucional da UFRGS, em parceria com principalmente na formulação de
a ONG nuances – grupo pela livre estratégias coletivas de enfrentamento das
expressão sexual (a qual estive vinculado capturas identitárias ligadas à
por muitos anos enquanto coordenador estigmatização da pobreza na sua
político e de projetos). Esse trabalho associação com as sexualidades ditas
problematizou as experimentações da marginais, sem perder de vista as formas
sexualidade de jovens que se auto de resistência e contestação agenciadas nas
identificavam como lésbicas, gueis, práticas e experimentações da
travestis, heterossexuais, bissexuais e sexualidade/eroticidade.
transexuais e que aderiram a uma ação de Na continuidade das inquetações a
saúde no campo das doenças sexualmente respeito da força do regime discursivo que
transmissíveis/ hiv e aids. Além de seu cerca as gerações, associado a uma lacuna
caráter de enfrentamento à epidemia, a nos estudos sobre homo/erotismo e
intervenção permitiu uma análise sobre os envelhecimento masculino, ocupei-me em
modos como alguns jovens produzem minha pesquisa de doutorado junto ao
experimentações na sexualidade face à Programa de Pós-Graduação em Educação
homofobia presente na sociedade brasileira na Universidade Federal do Rio Grande do
(Pocahy & Nardi, 2007). Sul (UFRGS) em buscar por
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experimentações „desobedientes‟ de uma política. O que pude acompanhar durante


sexualidade e de um corpo “dissidente” minha pesquisa de doutorado foi um
(Halperin, 2000): deriva deste estudo de instante de algo produzindo um esboço da
tese a constatação de algumas experiência política da corporal/idade.
possibilidades de sociabilidade que A partir de estudos em Michel
permitem aos idosos a contestação do Foucault e de Judith Butler (entre outras
destino de uma sexualidade „bizarra‟ e teóricas feministas lésbicas e/ou queer),
como corpos fora do „mercado do sexo‟. procurei especialmente nos dois trabalhos
Através de performances desempenhadas citados acima (dissertação e tese)
com (algum) prazer, com (alguma) compreender como as normas instituem
invenção, com (algum) tesão, com um regime de gênero e de
(alguma) graça e com (algum) desafio de si (homo)sexualidade, a partir da idade e das
e, com alguma intenção, acompanhei representações sobre o envelhecimento e
algumas narrativas e experimentações - juventude. E, embora não traga nenhuma
situadas, situacionais e efêmeras - de um novidade dizer que as normas governam os
„corpo‟ dito „menor‟ em uma cena discursos, cabe recapitular que elas
dissidente. produzem e regulam o sujeito do discurso,
Seguindo as pistas que desenhavam fazendo a vida (corporal) dos indivíduos
uma imagem aproximada para um idoso, a (Butler, 2004), habitando os corpos (no
partir de um terreno escorregadio de zonas caso do protagonista desta pesquisa, a
de experimentação orgiástica (saunas, materialidade discursiva o corpo „idoso‟ / o
bares de prostituição, etc), pude corpo „velho‟). Meu interesse deitou-se
acompanhar uma imagem provisória deste com estas ideias e procurou, desde um
idoso ocupando um lugar possível na trabalho discursivo-desconstrucionista
cidade, que em seus movimentos de (particularmente considero nesta
erotismo „deformam‟ as representações perspectiva os trabalhos Judith Butler,
„normais‟ para o dito corpo „desejável‟. Gayle Rubin, Teresa de Lauretis, Guacira
Isso me permitiu afirmar que outra cena de Lopes Louro, Marie-Hélène Bourcier e
erotismo é possível e que ela vai se Beatriz Preciado), ensaiar alguma
definindo no instante da sua própria intimidade com movimentos na
experimentação, recusando e/ ou homo/eroti/cidade que pudessem indicar
negociando com as interpelações do seu formas de contestação ou resistência à
traçado político – afinal, a sexualidade é norma geracional. Minha provisória
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certeza guia é/foi de que as sobretudo, as conexões entre identidade


cultural e representação, com base no
experimentações das sexualidades ditas
pressuposto de que não existe identidade
„minoritárias‟(Louro, 2004), indóceis,
fora da representação” (2000, p.97).
dissidentes ou desobedientes, podem
evidenciar algo dos jogos discursivos que
E, embora eu não tenha encontrado
encarnam o corpo, entre as continuidades e
potencialidades contundentes na
descontinuidades habilitantes do gênero e
desestabilização do gênero, mesmo diante
da sexualidade, demonstrando o seu caráter
das desobedientes formas de
ficcional/ fabricado.
experimentação da sexualidade que tive a
A partir deste arranjo, pondero que
oportunidade de acompanhar nestes
as práticas sexuais e eróticas podem
estudos, as imagens das „fechações‟ de
perturbar o gênero (Louro, 2004) desde o
terreno (as performances dos sujeitos, a
interior de sua produção discursiva,
„perform/ação‟ de um discurso e os
desestabilizando os instituídos que
movimentos destes diante das bricolagens
„evidenciam‟ as „identidades‟ „gênero-
de significados estéticos para a
sexualizadas‟. De alguma forma, as
sexualidade) ofereceram-me possibilidades
práticas sexuais produzem desarranjos nas
de abrir a reflexão sobre o teatro da
representações. Mas, acredito que elas
heterossexualidade compulsória e os
dizem pouco ou quase nada sobre os
pocket shows cotidianos das hetero e
sujeitos em si mesmo. E considero que os
homonormas (esta relacionada às formas
sujeitos presentes nestes estudos foram
de experimentação normativas das
interlocutores de cenas e de instantes que
sexualidades LGBT), correspondem à
rasgaram uma cena particular, em uma das
reiteração da norma corpo–gênero–
telas da moral que cerca o corpo
sexualidade (e idade, entre outras
generificado e os prazeres sexuais – a tela
interseccionalidades), como forma de
das representações sociais. Cabe recordar
manter a ordem heterossexual (Pocahy &
aqui o sentido atribuído a representação
Nardi, 2007).
segundo Tomaz Tadeu da Silva:
Cabe sublinhar que, no seu esforço
de desnaturalização do
“No contexto dos Estudos Culturais, a
gênero/sexualidade/desejo, Judith Butler
análise da representação concentra-se em
sua expressão material como (2005a) denuncia a fragilidade constitutiva
„significante‟: um texto, uma pintura, um da heterossexualidade pelo seu próprio
filme, uma fotografia. Pesquisam-se aqui, avesso, afirmando que as práticas sexuais
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ditas não normais colocam em xeque a de ensino médio de escolas públicas na


estabilidade do gênero (por exemplo, o Grande Florianópolis1, estudo que buscou
regramento ativo-masculino versus compreender, a partir das experimentações
passivo-feminino) na definição do que é ou de jovens no âmbito da educação escolar,
não “normal” e por isso possível, em como algumas dentre as linhas dos regimes
termos da sexualidade e de uma vida discursivos que trabalham na produção
inteligível. normativa das masculinidades e dos
Além disso, considerando a idade dispositivos que as interpelam, cercam e
como dispositivo importante no jogo das (re)definem como importantes elementos
„aparências‟ e nas formas de para a reflexão sobre pedagogias de gênero
performativizar o gênero persegui/go a e de sexualidade (Louro, 2004) na
questão e/ou problemática sobre uma educação escolar.
erótica para as gerações, como experiência Nesse trabalho de pesquisa se
instituída em atos performativos. Isto é, a revela certo pragamatismo e
partir de determinadas condições de intencionalidade contundente (não que não
possibilidade produzem perfurações nas haja implicação e engajamento político nos
representações que n/os anteriores), no sentido em que através da
produzem/exibem/projetam como vidas perspectiva da pesquisa-intervenção
“abjetas” (Butler, 2000 [1993], 2004a, busquei subsídios para o fomento e a
2005a [1990], 2006d [1993]), no mesmo (re)formulação de políticas públicas em
instante em que temos a possibilidade de Educação na direção da diversidade
arriscar alguma resistência e alguma cultural e social das infâncias e das
resignificação. Segundo a autora (op. cit.) a juventudes, em sua articulação com gênero
performatividade “não é simplesmente e sexualidade, no mesmo instante em que
uma prática ritual: é um dos rituais maiores ensaiamos alguma reversibilidade tática
pelos quais os sujeitos são formados e destas marcas de poder.
reformulados” (2004 [1997], p.247). Atualmente sigo com inquietações
Avançando nesta reflexão, geracionais e sobre a maquinação etária
desenvolvi através de pesquisa de pós- nos regimes de regulação do corpo e dos
doutorado “‟Botando corpo, fazendo prazeres. Para isto, desenvolvo uma quarta
gênero‟. Representações e práticas de pesquisa, intitulada “Retratos-narrativas do
estetização na (re)definição corporal de envelhecimento entre a população LGBTI
masculinidades juvenis (entre estudantes em Fortaleza: um estudo sobre
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sociabilidades, violência e políticas Educação e Sexualidades – PPG Psi -


públicas”, junto ao Programa de Pós- Unifor.
Graduação em Psicologia da Universidade Destas perfurações ou rasgos
de Fortaleza. O projeto analisa formas de discursivos ou de suas formas de
regulação do gênero e da sexualidade em assujeitamento e objetificação
sua articulação com a produção discursiva materializados em práticas e
do envelhecimento, como forma de representações sobre as quais venho me
compreensão dos processos de aproximando na pesquisa, aposto na ideia
vulnerabilidade entre a população LGBT, de que não podemos pensar em identidades
buscando problematizar os discursos que sexuais ou identidades de gênero fora de
se encontram em negociação nas uma norma, uma vez que elas são em si
experimentações da sexualidade desta mesmas a marca indelével de um
população; onde o problema principal de dispositivo que é articulado sempre através
estudo refere-se aos os modos como a de outros dispositivos.
população LGBT envelhece, quais são as De outra parte, pergunto-me sempre
representações sobre corpo, gênero e saúde se não podemos dizer que se instaurariam à
que cercam suas experimentações e como revelia de qualquer pragmática ou
estas são negociadas e vividas desde programa político para gênero-
contextos culturais discriminatórios. sexualidade-gerações-etnias movimentos
Objetivo com o estudo citado é de de contestação e de ruptura nos jogos da
compreender-intervir sobre a abjeção. Dessa forma, ponderando as
vulnerabilidade social entre uma população possibilidades e os limites que essa
posicionada/produzida diante dos jogos perspectiva de tomar a idade como
discursivos que marcam as normas sexuais dispositivo e as gerações como
em suar articulação com envelhecimento. performatividades, arrisco dizer que uma
Esta pesquisa é uma dos sub-projetos das formas possíveis de contestação à
vinculados à pesquisa “Gênero e norma que estabelece a heterossexualidade
sexualidade em interseccionalidades: como referente de inteligibilidade
problematizando processos de subjetivação „incontestável‟ é (re)feita no interior dessas
e educação”, projeto guarda-chuva do interpelações; onde os sujeitos dizem algo
Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre si em gestos, em narrativas e na
Multiversos – Processos de Subjetivação, organização, autoestetização e
„cenarização‟ dos espaços onde se inserem,
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articulando (performando) representações estatuto se assume, qual posição se


produzidas em jogos performativos. pode/deve ocupar, no real ou no
Portanto, cabe dizer que se somos imaginário, para tornar-se „sujeito‟
um tipo de efeito de discursos produzidos legítimo de tal ou qual (re)conhecimento,
em jogos de saber-poder, não significa que neste caso, através da interseccionalidade
estamos negando a evidência do que nos gênero-sexualidade-idade-raça/etnia.
faz seres vivos – vísceras, membros, pele, Produzimo-nos como sujeitos
órgãos dos sentidos, etc. É justamente a reconhecidos socialmente não unicamente
ideia de „natureza irredutível‟ que faz do pela materialidade visível de nossos
corpo uma superfície contundente no corpos, mas pelo traçado discursivo
engendramento de terminados jogos de (enunciados discursivos) que ficcionam o
verdade, como aqueles jogos da produção corpo como matéria de inteligibilidades
do regime discursivo que instituem a engendradas em idade, aparência corporal,
sexualidade como um mecanismo de poder classe social, gênero e sexualidade. Logo,
– “ao mesmo tempo um mecanismo de se eu interrogo os sistemas/regimes de
saber, de saber dos indivíduos, saber sobre verdade, eu me interrogo sobre a minha
os indivíduos, mas também saber dos própria constituição e ontologia (Butler,
indivíduos sobre eles mesmos e quanto a 2006), isto é, sobre meu próprio status
eles mesmos” (Foucault, 2001a [1978], ontológico. Como aponta Foucault (2001c
p.566). [1977]):
O conceito de “jogos de verdade” é
fundamental nessas problematizações e ele “Se o poder atinge o corpo, não é porque
ele foi interiorizado inicialmente na
corresponde, segundo Foucault (2001b
consciência das pessoas. Existe uma rede
[1984]), à relação que os sujeitos podem
de biopoder, somato-poder, que é em si
estabelecer consigo mesmos, através de mesma uma rede a partir da qual nasce a
certo número de técnicas e regras – os sexualidade como fenômeno histórico e
jogos de verdade - que os constituem como cultural, no interior do qual, às vezes, nos
reconhecemos e nos perdemos.” (p. 231)
um sujeito (inteligível/reconhecível). De
onde uma problematização sobre os jogos
Nesse sentido, caberia ainda
de verdade, corresponderia, portanto, e nos
perguntar qual seria mesmo o corpo
termos do autor citado, a uma forma de
re/clamado pelo movimento feminista ou
compreensão sobre as condições às quais
LGBT e queer, enquanto instâncias
„os sujeitos‟ estão submetidos. Isto é, qual
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privilegiadas na contestação das normas e performatividades – como sujeito possível


hierarquias sociais, quando se proclama a ou pensável.
fortes vozes “meu corpo me pertence”, de Ao aproximar-me à ideia de
que corpo se trata? Como sugere Lagrave movimentos de citação e de recitação
(2009): que vozes reivindicativas se performativas, que tornam inteligível um
escutam quando o corpo oferece os corpo/sujeito, não posso deixar de pensar
primeiros sinais de “decrepitude” e de nos sentidos para a vida que um corpo é
“partida”, no jogo de oposições geracionais capaz de encarnar; e por isso interesso-me
– juventude e velhice? Afinal, de que em compreender como o corpo oferece-se
corpo se fala e qual corpo se reivindica nas a (e/ou como ele desestabiliza) estes
políticas de identidade? Que corpo e que processos, como no envelhecimento, por
práticas importam para as lutas das exemplo.
“identidades” minoritárias? E ao reencontro das ideias de
Lagrave (2009), concordo que “questionar
Ficções no/do corpo uma ordem das idades é uma maneira de
reencantamento, no sentido em que
Como fabricação discursiva na interrogamos, sob novos riscos, as
produção performativa que faz um arranjo evidências tributadas à velhice, realocando
particular entre oposições, os recursos cognitivos e políticos
descontinuidades e continuidades na trama inusitados cruzando os efeitos recíprocos
infância, juventude, „adultez,‟ velhice, entre a ordem dos gêneros e das idades”
gênero e homo/sexualidade, a idade que (2009, p. 113).
levamos é uma dentre as formas de Por isso, reforço, compreendo a
inteligibilidade ao que pode ser idade como uma categoria política,
considerado como uma vida possível, mas histórica e contingente, assim como o
sempre socialmente reguladas por gênero, a classe social, a sexualidade ou a
engajamentos políticos institucionais e raça/etnia. Mas, não de forma isolada, pois
arranjos culturais. Desta forma, estamos o marcador etário e geracional dificilmente
diante de um agenciamento discursivo que pode ser pensado sem essas intersecções. O
não faz outra coisa além de tentar situar o que significa dizer que a idade organiza a
sujeito de forma reconhecível e como um vida, ao conferir status de „humanidade‟,
sujeito que possa ser „citado‟ – que produz em diferentes formas e condições político-
experimentações de si desde culturais no mesmo instante em que gênero
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e sexualidade tornam-se visíveis e “Meu corpo é o contrário de uma


possíveis nesta trama discursiva (ao fixar utopia (...) ele é o lugar absoluto, o
as possibilidades para cada idade da vida). pequeno fragmento de espaço com o qual
Essa é uma das tramas presentes no projeto em um sentido estrito eu faço corpo”. Essa
moderno. frase de Michel Foucault (2009, p.10),
De fato, esta constatação não traz presente em uma radioconferência de
nenhuma novidade. No entanto, pareceu- 1966, publicada em Le corps utopique. O
me estratégico pensar como a idade cria texto inquieta. Afirma Foucault: uma
condições de inteligibilidade para o que utopia é um lugar fora de todos os lugares.
construímos em nossas sociedades É uma promessa. É onde também podemos
ocidentais (pós) modernas como humano e pensar em um corpo incorporal. Ele
como gênero e sexualidade se articulam afirma: “a utopia é um lugar fora de todos
nesse projeto (bio)político do corpo os lugares (...) é um lugar onde eu teria um
moderno. corpo sem corpo, um corpo que seria belo,
O corpo pleno, veloz, dinâmico é o límpido, transparente, luminoso, veloz,
corpo da utopia biopolítica do projeto colossal em sua potência, infinito em sua
moderno, um corpo que não chega a ser duração, suspenso, invisível, protegido,
alcançado. É um corpo „planejado‟, infinitamente transfigurado (...) utopia de
desenhado, calculado, medido, ficcionado. um corpo incorporal”(2009, p.10).
O corpo é uma ficção política, forjada, O corpo, eu arrisco dizer, pode ser
tecida em dispositivos de gênero, também uma heterotopia - uma heterotopia
sexualidade, idade, tamanho, forma, peso, de si como refúgio da normal-IDADE. Em
„raça‟... suas superfícies, formas, sentidos e
Mas outro corpo seria possível? prazeres, o corpo faz dele um lugar outro,
Chego a acreditar que sim. Talvez aquele tomado em um instante de orgia ou
corpo presente na cena da forclusão da instante de uma cena de exceção. Como
erótica moderna, no interior de uma cena afirma Foucault (2009), talvez seja por isso
que toma modos de uma resistência pelos que (alguns dentre nós, eu diria) gostemos
seus atos de contestação e que oferece tanto de fazer sexo: porque no sexo o
outro corpo ao corpo - como unicamente corpo é aqui.
um topos, uma superfície sem fundo e sem
medida.
Polis e Psique, Vol.1, Número Temático, 2011 P á g i n a | 208

Provocações inconclusas para uma acionadas no dispositivo da sexualidade e


psicologia menor de controle da vida. Mas, além disso,
pensar sobre nossas práticas cotidianas,
Muitas inquietações e algumas nossas ferramentas conceituais, nosso
idéias ardidas para re-começar em outro posicionamento enquanto sujeitos
lugar – talvez a Psicologia ou as interpeladas/interpelados em posições de
psicologias também como heterotopias. gênero e sexualidade, raça, etnia, classe
Precisamos tomar uma posição diante das social e idade, entre outros marcadores de
formas de hierarquização e da produção de diferença (e de quando a
patologização do gênero nas psicologias, diferença se torna desigualdade social).
compreendendo que nosso modo de Interrogarmo-nos sobre o que estamos
conhecer e as práticas que se produzem fazendo de nós mesmos e tentando fazer
destes modos são sempre marcadas por dos outros já nos ajuda no exercício de
formas normativas em performances de políticas desobedientes para a Psicologia,
gênero e no exercício da sexualidade, no exercício das psicologias como práticas
interpeladas em fases de vida – que reflexivas da liberdade (Foucault, 2001d,e
mortificam a experiência e a potência do [1984]).
corpo lambido linguisticamente pelas É quase certo para mim que temos a
ondas geracionais. chance de contestar nossa herança
A Psicologia como movimento (disciplinar e) normativa, fazendo um
político-epistemológico deve nos conduzir trabalho de “criação de lugares que
a um compromisso ético. E isto inclui resistem, minam e removem as formas de
pensar as tramas discursivas que cercam a opressão institucionalizadas” (Roffes,
sexualidade e o gênero em suas 2007, p.110), problematizando - e isto já
interpelações geracionais, como as pode significar intervir - sobre os efeitos de
juventudes e as formas de envelhecer. Nós normalização, em qualquer tempo da vida
precisamos refletir muito e constantemente e quaisquer que sejam as formas e sentidos
sobre o papel que exercemos como que se deem ao corpo.
operadoras e operadores psi e que tipo de O corpo sequestrado das disciplinas
epistemologia do mundo estamos e das moralidades canônicas pode ser, de
construindo ou reproduzindo, enquanto alguma forma, devolvido ao corpo. E,
signatárias/ros de um campo de saber recusando por instantes as suas medidas e
produzido nas injunções modernas supostas inteligibilidades, denuncia a alma
Polis e Psique, Vol.1, Número Temático, 2011 P á g i n a | 209

como a sua prisão, já nos diria Foucault em:www.hommemoderne.org/societe/b


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masculinidades juvenis (entre


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estudantes de ensino médio de
Doutor em Educação e Mestre em
escolas públicas na Grande
Psicologia Social e Institucional pela
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Universidade Federal do Rio Grande do
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E-mail: pocahy@uol.com.br
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Rio de Janeiro.

Fernando Pocahy: Professor do Programa


de Pós-Graduação em Psicologia da
Universidade de Fortaleza (Unifor), onde
coordena o Laboratório de Estudos e
Pesquisas Multiversos – Processos de

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