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TRILHA FORMATIVA 2021

CURSO DE FORMAÇÃO EM
PROJETO DE VIDA

MÓDULO I – AUTOCONHECIMENTO E IDENTIDADE


TRILHA FORMATIVA 2021
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PARA PRATICAR
MÓDULO I – AUTOCONHECIMENTO E IDENTIDADE •••

Autoconhecimento e Identidade são os conceitos que Leia o poema “Lista de preferências de


compõem o primeiro bloco temático do curso de Projeto de Vida Orge” do poeta alemão Bertotl Brecht.
para os alunos do ensino médio. Por que você acha que optamos
por iniciar esse trabalho com esses dois temas? Qual é a Alegrias, as desmedidas.
associação existente entre eles? Qual sua importância para a Dores, as não curtidas.
construção dos projetos de vida? Estas serão algumas perguntas
Casos, os inconcebíveis.
que iremos responder neste material.
Conselhos, os inexequíveis.
Meninas, as veras.
PARA REFLETIR
••• Mulheres, insinceras.
O que você pensa sobre essas questões iniciais? Acesse o link menti.com com o Orgasmos, os múltiplos.
código de acesso XXX e compartilhe com seus colegas suas reflexões. Aproveite para
conhecer o que eles pensam sobre o tema, explorando seus comentários e Ódios, os mútuos.
interagindo com eles.
Domicílios, os temporários.
Adeuses, os bem sumários.
Artes, as não rentáveis.
Autoconhecimento é a competência que possibilita
compreender os próprios pensamentos, sentimentos e valores e Professores, os enterráveis.
como eles influenciam os comportamentos em diferentes Prazeres, os transparentes.
contextos. Esse conhecimento permite reconhecer nossas projetos, os contingentes.
vulnerabilidades e potencialidades, examinar nossas tendências
Inimigos, os delicados.
e preconceitos, entender os valores que motivam nossas escolhas
Amigos, os estouvados.
e condutas, entre muitos outros aspectos.
Cores, o rubro.
É por isso que consideramos que o autoconhecimento é Meses, Outubro.
uma competência-chave para o desenvolvimento de outras Elementos, os fogos.
competências, como a autorregulação, que é a capacidade de Divindades, o Logos.
mudar condutas após identificar, por meio do
Vidas, as espontâneas.
autoconhecimento, aquelas que não são saudáveis ou
adequadas para os próprios objetivos; a tomada de decisão, que Mortes, as instantâneas.
deve ser baseada no reconhecimento dos próprios desejos e
necessidades; a construção da identidade, que é feita mediante •••
o reconhecimento e a valorização das características e valores
pessoais; e, é claro, a construção do projeto de vida, que exige
Você já parou para pensar quais
o conhecimento dos próprios interesses, habilidades e
preferências. E essa é também a razão pela qual a jornada de são as suas preferências? Como elas
aprendizagem dos alunos, em cada um dos anos do ensino estão relacionadas ao seu projeto de
médio, será iniciada com reflexões e propostas sobre esse tema. vida? Para conhecer melhor a si
mesmo, acesse o link menti.com com o
Além de ser uma competência que pode ser
código XXX e crie a sua lista de
desenvolvida, o autoconhecimento é uma inclinação pessoal,
um modo de vida que dispõe as pessoas a estarem em contínuo preferências. Aproveite para conhecer
processo de auto-observação. Considerando o fato de que o ser as listas dos seus colegas e identificar
humano é mutável, já que se desenvolve e aprende com as as semelhanças e as diferenças que
experiências que vivencia, integrando novos saberes, conceitos e
compõem a diversidade humana.
crenças a sua constituição identitária, podemos afirmar que o
autoconhecimento é uma tarefa contínua, que nunca cessa.

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Por essa razão, esse bloco temático perpassa pelos três anos do ensino médio e visa
promover a percepção de que esta é uma tarefa permanente do ser humano.

É provável que você já tenha ouvido a frase “Conhece-te a ti mesmo”, inscrita no


Templo de Delfos, durante o período da Grécia Antiga. Embora o conhecimento de si seja
um tema explorado desde a Antiguidade, é relativamente recente a ideia de que podemos
usá-lo a favor do nosso desenvolvimento e da busca por nos tornar quem desejamos ser.
Isso pode ser observado, inclusive no fato de que ele passou a ser encarado como uma
competência a ser trabalhada de forma explícita nas escolas muito recentemente. Apesar
de documentos como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1996) e dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (data) defenderem que o papel da escola é considerar o
desenvolvimento integral das crianças e dos adolescentes para formar cidadãos éticos -
conceitos que dialogam com o autoconhecimento -, foi apenas na Base Nacional
Curricular Comum (2017) que ele foi mencionado explicitamente como uma competência
geral, a ser desenvolvida ao longo de toda a educação básica. Veja como ela comparece
nesse marco legal:

Competência geral 8: Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde


física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e
reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e
capacidade para lidar com elas (BNCC, 2017).

A tirinha da Mafalda evoca o tema da autoestima, diretamente associado ao


autoconhecimento. A autoestima de uma pessoa é formada pelos sentimentos que ela tem
por si mesma, podendo ser positivos ou negativos. Ela resulta de uma avaliação que a
pessoa faz de si com base em determinados critérios e parâmetros que se estabelecem a
partir de suas expectativas sobre o que define uma pessoa de valor, seja no âmbito físico,
intelectual, emocional, social ou moral. Tais expectativas são influenciadas pela
subjetividade da pessoa e também por padrões sociais e pelo juízo que fazem dela.

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A adolescência é uma etapa da vida marcada por profundas mudanças e também


pela necessidade de afirmação da identidade, o que faz dela um momento extremamente
sensível no que se refere à autoestima. Por tal razão, é muito importante convidar os jovens
a refletirem criticamente sobre os fatores pessoais e sociais que influenciam a autoestima,
por intermédio de situações de aprendizagem especialmente voltadas para essa
finalidade, e proporcionar a construção de um ambiente de convivência no qual a
empatia, a reciprocidade e o cuidado com o outro estejam cotidianamente presentes,
mediando as relações entre os diferentes atores que ocupam a instituição escolar.

Se o autoconhecimento e a autoestima positiva estão mutuamente implicados, o


mesmo podemos dizer sobre a relação da identidade com esses dois conceitos. A
identidade é uma construção que passa a ocorrer a partir da adolescência, em
decorrência da busca do sujeito por descrever e explicar quem ele é, quem deseja se tornar
e o que quer realizar. Diante dessas questões, o adolescente passará a pensar sobre o
assunto e a questionar seus valores, crenças, objetivos e compromissos, a buscar referências
no mundo adulto, e a experimentar (ainda que em plano mental) modos de vida,
ideologias e papéis sociais. Passará, gradativamente, a selecionar alguns desses elementos
como centrais para seu autoconceito e a organizá-los em uma estrutura coerente, que irá
conferir a ele um sentido de unidade e propósito. Essa estrutura é a identidade, que
podemos definir, de modo simplificado, como o conjunto de conteúdos (traços da
personalidade, valores, compromissos etc.) que são centrais para o autoconceito (SILVA,
2020).

A construção da identidade na adolescência é, também, um processo de


afirmação de si, no qual a autoestima está fortemente presente e que o sujeito realiza
mediante o estabelecimento de comparações com o outro, afirmando-se, ora pela
identificação, ora pela diferenciação. No caso da identificação, uma de suas
manifestações mais evidentes é a formação de grupos de afinidade (como é o caso das
tribos juvenis) (PAIS, 2013). Já a diferenciação pode se manifestar como rejeição ao
diferente, por vezes, com traços de intolerância e violência. Esse último sintoma da
autoafirmação pode ter consequências deletérias para os jovens, o que justifica a
importância de tematizar as relações entre autoestima, autoafirmação e identidade como
conteúdo de ensino-aprendizagem.

Um último aspecto sobre o tema do autoconhecimento e da identidade que vale


destacar diz respeito à importância de que escola e educadores criem condições para que
os jovens construam suas identidades sob parâmetros éticos e de cidadania, ou seja,
levando em consideração não somente seus interesses, necessidades e direitos, mas
também os do outro e as demandas da coletividade. Este esforço é para que possam
integrar às suas identidades valores como a justiça social, a solidariedade, a diversidade, a
democracia e a sustentabilidade, por meio da realização de práticas solidárias e
comprometidas com o bem comum.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning (CASEL). Framework Spanish.
Chicago, 2021. Disponível em: https://casel.org/wp-content/uploads/2020/10/SEL-
Framework-Spanish.pdf

PAIS, José Machado. Culturas juvenis. 2a ed. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda,
2003.

PUIG, Josep Maria; MARTÍN, Xus. La educación moral en la escuela: teoría y práctica.
Barcelona: Edebé, 1998.

SILVA, Marco Antonio Morgado da. Integração de valores morais às representações de si


de adolescentes. 2020. 231 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.

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