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Artigo Técnico
SUMÁRIO
Du ra nte a produ çã o do doce de leite algu ns a tribu tos tecnológicos devem ser
controla dos por motivos de regu la menta çã o, de cu stos, de segu ra nça opera ciona l, de
segurança alimentar e de padronização do produto final. Serão apresentados os principais
atributos tecnológicos dentro de cada um dos cinco motivos apresentados que justificam o
seu controle.
Te rmos para inde xação: tecnologia, pa droniza ção, inocu idade.
SUMMARY
A few technological attributes should be controlled during the Doce de Leite production
for different reasons: regulations, costs, operational security, food safety and standardization
of the final product. This work shows the main technological attributes for the production
of doce de leite.
Inde x te rms: technology, sta ndardization, safety.
brasileiro. Segundo especialistas, apesar de existir concentração máxima de 0,5% sobre o volume de
um bom merca do em potencial pa ra o consu mo leite. São ingredientes opcionais: creme de leite,
do doce de leite, alguns fatores limitam a evolução sólidos de origem láctea, cacau, chocolate, coco,
do negócio, como a necessidade da existência de amêndoas, amendoim, fru tas secas, cereais e/ou
centros urbanos de médio e grande porte, a pequena ou tros produ tos a limentícios isola dos ou
ca pa cida de de produ çã o da s indú stria s, con- misturados em uma proporção entre 5 % e 30 %
corrência a cirra da , fa lta de pa droniza çã o do m.m -1 do produto final.
produ to e va ria çã o do preço de a ta ca do. A É importa nte ressa lta r qu e se a dmitirá
produ çã o do doce de leite em escala industria l ta mbém a presença dos a ditivos a tra vés dos
requer o conhecimento e o controle de diversos ingredientes opciona is de conformidade com o
a tribu tos de tecnologia . Pequ ena s indú stria s Princípio de Tra nsferência dos Adi-tivos
produ tora s de doce de leite depa ram-se com a Alimentares (Cod ex Alime nta riusVol. 1A, 1 99 5
necessidade de controle destes diferentes atributos Seção 5.3 ) e su a concentraçã o no produto final
qu ando bu sca m a mplia r a esca la de produ çã o, não deverá superar a proporção que corresponda
tra nsita ndo de u m processo ma is a rtesa na l de à concentração má-xima admitida no ingrediente
produção para um processo mais industrializado. opcional e, quando se tratar dos aditivos indicados
Os a tribu tos a serem controla dosinicia m- no Regulamento Técnico específico, não deverá
sena seleçã o do leite, pa ssa ndo pela pressã o de su pera r os limites má ximos a u toriza dos pelo
tra ba lho do equ ipa mento a té o controle da mesmo.O doce de leite poderá denomina r-se
temperatura e o tempo do envase. Estes controles «Doce de Leite pa ra Sorveteria » ou “ Doce de
visam atender exigências da legislação, dos custos Leite pa ra Sorveteria com _ _ _ _ _ ” segu ndo
de produ çã o, da segu ra nça opera ciona l, da corresponda e quando for destinado à elaboração
inocuidade alimentar e de padronização do produto de sorvetes. Esta denomina çã o de venda é
final. Neste tra ba lho os principais atributos de obriga tória qu a ndo o produ to é a dicionado de
controle serão abordados dentro de cada subitem cora nte Cara melo (INS 150 a,b,c,d).O doce que
a presenta do. tenha sido a diciona do de a ditivos espessa ntes/
esta bilizantes e/ou u mecta ntes a presenta dos na
2 Atr ibuto s de re g ulame ntaç ão Tabela 1, deve-se denominar “Doce de Leite para
Confeita ria” .
Dentro deste item deve-se observar qua is Quando o doce de leite for exclusivo para
os ingredientes e a ditivos que sã o permitidos o uso industrial como matéria-prima para elaboração
uso durante a tecnologia de fabricação do doce de de outros produtos alimentícios e contenham uma
leite, bem como as respectivas concentrações de concentração de Ácido Sórbico e/ou seus sais de
a plica çã o. Ou tro ponto de controle é a com- Na, K ou Ca maior que 600 mg.kg-1 até 1000 mg.kg-
posição do produto final. 1
(ambos expressos em á cido sórbico), deverá
De a cordo com o Regu la mento T écnico obrigatoriamente indicar no rótu lo a ex-pressão
para Fixação de Identidade e Quali-dade de Doce “Exclusivo Para Uso Industrial”.
de Leite aprovado pela Portaria n° 354, de 4 de A composiçã o do produ to final também é
setembro de 1997, do Ministério da Agricultura regulamentada e seu controle fa z-se necessá rio
Pecu ária e Aba stecimento do Brasil, entende-se nesta indústria. Na Tabela 2 são apresentados os
por doce de leite o produto, com ou sem adição de valores exigidos para cada atributo.
ou tra s su bstâ ncia s a limentícia s, obtido por O controle do teor de gordura no doce de
concentração e a çã o do calor à pressão norma l leite é rea liza do por meio da padroniza çã o do
ou reduzida do leite ou leite reconstitu ído, com teor de gordura do leite. Estima-se que para uma
ou sem adiçã o de sólidos de origem láctea e/ou fabricação tradicional de doce de leite em pasta o
creme e a diciona do de sa ca rose (parcia l-mente teor mínimo de gordu ra no leite deve ser de
su bstitu ída ou nã o por monossa ca rídeos e/ou a proxima da mente 2 ,6 %m/m. O processo de
ou tros dissa ca rídeos). Desta forma , du ra nte a pa droniza çã o do leite ocorre na s centrífu ga s
produ çã o do doce de leite devem-se emprega r pa droniza dora s e consiste na incorpora çã o
somente sólidos de origem lá ctea como com- controlada de parte do creme ao leite desnatado
plementos a ma téria prima (leite ou leite provenientes do processo de centrifugação. Uma
reconstitu ído), nã o sendo permitido o emprego geometrizaçã o deste processo é apresentada na
de ou tra s fontes de proteína s ou gordu ra s nã o Figura 1.Durante a centrifugação do leite integral
lácteas. O máximo de sacarose a ser adicionado é ocorre a formação do creme e do leite desnatado,
de 30% sobre o volume de leite, podendo esta ser que pode ser adicionado de parte da massa do creme
pa rcia lmente substitu ída em até 4 0% por mono visa ndo à obtenção de leite padronizado com o
ou dissacarídeos, da mesma forma permite-se a teor de gordura desejado. O somatório das massas
a diçã o de a mido ou a mido modifica do em de creme excedente e de leite padroniza do deve
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ser igu a l a o soma tório da s ma ssa s de leite = massa de creme; MLD = massa de leite desnatado;
desnatado e de creme, e este deve ser igual à massa MCRe = massa de creme excedente; MLP = massa
de leite integral. O raciocínio anterior pode ser de leite padronizado; MSNGli = massa de sólidos
definido como o ba la nço de ma ssa globa l do não gordurosos do leite integral; MSNGcr = massa
processo, entretanto o mesmo pode ser a plicado de sólidos não gordurosos do creme; MSNGld =
a os sólidos não gordu rosos e a gordura . Esta s massa de sólidos não gordurosos do leite desnatado;
a ná lises nã o leva m em considera çã o pequ ena s MSNGcre = massa de sólidos não gordurosos do
perda s de ma ssa inerentes a o processo de creme excedente; MSNGlp = massa de sólidos não
centrifu ga çã o. Desta forma os ra ciocínios gordurosos do leite padronizado; MGDli = massa
apresentados podem ser sintetizados nas equações de gordura do leite integral; MGDcr = massa de
1,2 e 3.Sendo: MLI = massa de leite integral; MCR gordura do creme; MGDld = massa de gordura do
Tabela 3 – Relação entre o teor de sólidos solúveis e o teor de sólidos totais em doce de leite em pasta
segundo a equação 1.
= ma ssa de creme; MLD = ma ssa de leite determina r a s ma ssa s de leite desna ta do, leite
desna tado; MCRe = massa de creme excedente; integra l e creme que devem ser mistu ra da s no
MLP = massa de leite pa dronizado; MSNGli = intuito de obter o leite padronizado ao final do
massa de sólidos não gordurosos do leite integral; processo. Pa ra ta l, emprega -se o qu a dra do de
MSNGcr = ma ssa de sólidos nã o gordurosos do Pea rson a ditivo como ferra menta de cá lcu lo,
creme; MSNGld = massa de sólidos não gordurosos apresentado na Figura 2.
do leite desnatado; MSNGcre = massa de sólidos De acordo com o qu a drado de Pea rson a
não gordurosos do creme excedente; MSNGlp = proporção de misturas de massa entre o creme e o
ma ssa de sólidos nã o gordu rosos do leite leite desna ta do pa ra a obtençã o de leite
padronizado; MGDli = massa de gordura do leite padronizado obedece à seguinte relação:
integral; MGDcr = massa de gordu ra do creme; 3 ,4 pa rtes de creme + 4 1 ,5 pa rtes de leite
MGDld = ma ssa de gordu ra do leite desnatado; desnatado = 44,9 partes de leite padronizado
MGDcre = massa de gordura do creme excedente; Por meio desta relação é possível realizar a
MGDlp = massa de gordura do leite padronizado. padronização mantendo-se um volume final de leite
Du ra nte a pa droniza çã o pode-se bu sca r padronizado ou sem a manutenção deste volume.
Tabela 4 - Perdas energéticas para o ambiente através da parede externa da camisa do tacho
Tabela 7 – Regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos segundo a ANVISA.
processado. Caso o RF do leite a ser empregado empregado para determinar em qu antas vezes o
na fabricação do doce de leite seja numericamente volume do leite foi reduzido durante a fabricação
inferior ao RF deseja do no produto fina l entã o do doce de leite, ou para determinar em quantas
deve-se fazer uma adição de creme ao leite. Se o vezes a concentração de cada constituinte do leite
RF do leite a ser empregado na fa brica ção for foi a umentada. Ao em-prega rmos somente leite
superior a o RF do produ to fina l então deve-se na fa brica çã o do doce de leite o fa tor de
adicionar leite desnatado ao leite. Exemplificando concentra ção iguala-se ao rendimento em ma ssa
para obtençã o de um doce de leite com RF de de leite por ma ssa de doce de leite. O fa tor de
0,4444 deve-se adicionar leite desnatado toda vez concentração é definido pela equação 5.
de o RF do leite a ser empregado na fabricação for FC = TSLD / TSLL (5)
maior do que 0, 0,4444 (adição de leite desnatado Sendo: FC = fator de concentração; TSLD
se RFleite> 0,4 44 4) e deve-se a diciona r creme = teor de sólidos láticos no doce de leite; TSLL =
toda vez que o RF do leite a ser emprega do na teor de sólidos láticos no leite.
fa bricação for menor do que 0,4444 (a dição de Por meio da equ a ção 5 é possível deter-
creme se RFleite< 0,4444). A quantidade de leite mina r a composiçã o do doce de leite a o se
desnatado ou creme (MCLD) pode ser determinada conhecer a composição inicial do leite, bastando
pela equação 4 de Van d’ Berg. multiplicar os teores iniciais dos constituintes pelo
fator de concentração. Exemplos de aplicação são
apresentados na Tabela 7.
7 CO NCLUSÃO
Sendo:
MCLD = Ma ssa de creme ou de leite Na tecnologia de produção do doce de leite
desna tado a ser adiciona da (kg); RF = fator de diversos atributos podem ser controlados, desde a
padronização desejado no doce de leite; SNGli = composiçã o do leite, a pressã o de tra ba lho do
teor sólidos não gordurosos do leite integra l (% equ ipa mento a té a tempera tu ra e o tempo do
m/m); SNGld = teor sólidos nã o gordu rosos de envase. Estes controles visam atender exigências
leite desnatado ou creme (% m/m); Gdli = teor de da legislação, dos custos de produção, da segurança
gordura do leite integral (% m/m); Gdld = teor de opera ciona l, da inocu ida de a limenta r e de
gordura do leite desnatado ou do creme (% m/m); pa dronização do produ to final. O conhecimento
QLp = quantidade de leite a ser padronizado. e o controle destes a tribu tos contribu em deci-
Exemplo: Deseja-se produzir doce de leite sivamente para a competitividade das indústrias
com 8%m/m de gordura e 18%m/m de sólidos não produtoras de doce de leite.
gordurosos. O leite de partida é constituído por
10000L com 3,2%m/v de gordura e com 8,2%m/ 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
v de sólidos não gordurosos. Deseja-se determinar
qual a quantidade leite desnatado ou creme de deve ALAIS, C. Ciencia de La lec he . Princ ipio de
ser adicionado. té c nic a le c he r a. 4 . ed Ba rcelona : Editoria l
A primeira eta pa pa ra resolu çã o deste Reverte, 1 98 5 .8 7 3p.
problema consiste na determinação dos RF do doce
de leite e do leite de partida. Desta forma, temos BRASIL. Ministério da Agricu ltura , Pecuária e
que o doce de leite possui RF igual a 0,4444 (8/ Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária.
18) e leite de partida possui RF igual a 0,3902. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem
Como o RF do leite de partida é menor do que o Animal. Portaria n° 354 , de 04 de setembro de
RF desejado então deve-se fazer a adição de creme 1 99 7 . Regula mento Técnico para Fixa çã o de
ao leite, calculada pela equação 4. Consideremos Identidade e Qualidade de Doce de Leite. Diário
creme com 5 0%m/v de gordura e com 5 ,5 % de O fic ial daRe públic a Fede rativ a do Brasil.
sólidos não gordurosos. Brasília, 8 de set. de1997. Disponível em: <http:/
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setembro 20 11.
Federativa do Brasil. Brasília, 2 de jan. de 2001. de a miláceos em doce de leite. In: Congr e sso
Disponível em: http://www.a nvisa.gov.br/legis/ Nacional de Laticínios, 26, 2009, Juiz de Fora.
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