Bacharelado em Biotecnologia, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito avaliativo do 1° bimestre da disciplina de Controle de Qualidade Microbiológico, Industrial e de Alimentos.
Professor: Robertson Torres Dutra
CURITIBA
2015 1.INTRODUÇÃO
Devido a riqueza nutricional do leite, ele torna-se um meio ideal para o
crescimento de diferentes microrganismos. Esta contaminação se inicia durante a ordenha pelos microrganismos presentes no teto da vaca, e depois do meio ambiente, pela ordenha realizada de forma manual ou ordenha mecânica por meio dos equipamentos e utensílios utilizados sem a higienização correta, também transporte, armazenamento e distribuição. No Brasil, de modo geral, o leite é obtido sob condições higiênico-sanitárias deficientes, e em consequência, apresenta elevados números de microrganismos, o que constitui um risco à saúde da população, principalmente quando consumido sem tratamento térmico. O controle microbiológico do leite e produtos lácteos torna-se importante para a saúde do consumidor. A multiplicação de bactérias torna este alimento impróprio para o consumo humano, pois provoca alterações químicas das gorduras, açúcares e proteínas modificando as suas características normais. Esta contaminação com alguns tipos de microrganismos e/ou suas toxinas constitui uma das causas mais frequentes de problemas sanitários e perdas econômicas. A adoção de BPF pelas indústrias atende as exigências da legislação, dos mercados nacionais e internacionais, a fim de garantir a segurança dos alimentos e a saúde dos consumidores. Com isso, a empresa ganha em competitividade e melhora sua estrutura organizacional interna. Para a implantação das BPF é necessário então a descrição de todos os processos e procedimentos operacionais de produção e concomitante treinamento dos manipuladores de alimentos, estes devem possuir noções básicas microbiologia e parasitologia, de higiene dos equipamentos e utensílios e higiene pessoal. 2. PRINCIPAIS MICRORGANISMOS DE CONTAMINAÇÃO DO LEITE
A presença de bactérias do grupo Coliformes no leite e produtos lácteos é um
indicador das condições sanitárias ou práticas durante a produção, processamento e armazenamento do produto. A contagem de Escherichia coli, considerada um coliforme fecal, é utilizada como um índice de contaminação recente e sugere que outros microrganismos de origem fecal, incluindo agentes patógenos possam estar presentes. A deficiência de refrigeração oferece uma oportunidade para que a bactéria Staphylococcus aureus presente no leite se multiplique. A presença de Salmonella no leite é preocupante, pois este microrganismo pode causar toxinfecções alimentares graves. Por este motivo, o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) exige que os resultados nos alimentos sejam ausentes.
3. MÉTODOS DE ANÁLISE MICROBIOLÓGICA
CBT: contagem Bacteriana Total - o leite é colocado em placas de incubação
por 48 horas a 32 ºC. As colônias de bactérias são contadas e expressas na forma de unidades formadoras de colônia (UFC). Este parâmetro indica o número total de bactérias que utilizam oxigênio, sendo ideal abaixo de 5.000 e desejável abaixo de 10.000. A principal causa para alto SPC é limpeza inadequada do equipamento de ordenha. CIP: Contagem com incubação preliminar - o leite é mantido a 13ºC por 18 horas antes de ser incubado, simulando um resfriamento deficiente do leite e estimulando o crescimento de bactérias que crescem a baixas temperaturas. O CIP geralmente acusa valores mais altos que a CBT, sendo preocupante quando este valor é 3 a 4 vezes maior do que o CBT, devendo ficar abaixo de 100.000 ufc/ml. Altos valores também estão principalmente associados à má limpeza do equipamento de ordenha, embora sistema de frio ineficaz também possa causar este problema. CTLP: contagem total do leite pasteurizado - estima o número de bactérias que sobrevivem à pasteurização. As amostras de leite são aquecidas para simular a pasteurização a 62,8ºC por 30 minutos. Contagem acima de 200 é considerada elevada. Alta CTLP está geralmente associada à má limpeza crônica do equipamento de ordenha e vacas consistentemente sujas. Bombas vazando, vedações antigas ou mal feitas, insufladores e outros itens de borracha desgastados são também possíveis causas. CC: contagem de coliformes - relacionada a bactérias associadas à contaminação do ambiente, notadamente com esterco. Contagem acima de 50 indica má higiene. Vacas sujas ou a queda de teteiras sobre esterco durante a ordenha são possíveis causas.
4.BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO
Os fundamentos das BPF são a exclusão de microrganismos indesejáveis e materiais estranhos visando impedir a contaminação do produto, removendo, inibindo e destruindo todos os possíveis focos de contaminação. A segurança dos produtos de origem animal é obtida pela aplicação de boas práticas e procedimentos planejados, desde a etapa de seleção de área física até a expedição dos produtos, que permitam o controle de perigos. Uma das formas para se atingir um alto padrão de qualidade dos alimentos é a implantação das BPF, que preconizam a aplicação de medidas corretivas e o envolvimento de toda equipe para seu êxito, exigindo a obediência de uma série de etapas que devem ser desenvolvidas e constantemente reavaliadas. A Portaria 326 de 1997 da Secretaria de Vigilância Sanitária (ANVISA) exige o manual de BPF e sugere os Procedimentos Padrão de Higiene Operacional (PPHO) para os estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos, onde estão estabelecidos os requisitos essenciais de higiene para alimentos destinados ao consumo humano. A Portaria 368 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), aborda especificamente as BPF. Ela aprova o Regulamento Técnico sobre as condições higiênico- sanitárias e de Boas Práticas de Elaboração para estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos, no qual são estabelecidos os requisitos essenciais de higiene para alimentos destinados ao consumo humano. A Portaria 1428 do Ministério da Saúde (MS), define Boas Práticas de Fabricação como “normas e procedimentos que visam atender a um determinado padrão de identidade e qualidade de um produto ou serviço” e que consiste na apresentação de informações referentes aos seguintes aspectos básicos: Padrão de Identidade e Qualidade – PIQ; Condições Ambientais; Instalações e Saneamento; Equipamentos e Utensílios; Recursos Humanos; Tecnologia Empregada; Controle de Qualidade; Garantia de Qualidade; Armazenagem; Transporte; Informações ao consumidor; Exposição e Comercialização; Desinfecção/Desinfestação. A Resolução – RDC 275, da Secretaria de Vigilância Sanitária, dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos. Segue anexa a Lista de Verificação, contudo esta não se aplica aos estabelecimentos que apresentem regulamento técnico específico. A Lista de Verificação permite fazer uma avaliação preliminar das condições higiênico-sanitárias de um estabelecimento produtor de alimentos permitindo levantar itens não conformes e a partir dos dados coletados, traçar ações corretivas para adequação dos requisitos, buscando eliminar ou reduzir riscos físicos, químicos e biológicos que possam comprometer os alimentos e a saúde do consumidor. REFERÊNCIAS
SALVADOR, E. C.; BURIN, A. S.; FRIAS, A. A. T.; OLIVEIRA, F. S.; FAILA, N.
Avaliação da Qualidade Microbiológica do Leite Pasteurizado Comercializado em Apucarana –PR e Região. F@pciência, p. 30-41, 2012.
SANTOS, M. V. , Conheça as principais análises microbiológicas do leite, 2000.
Disponível em: <http://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/qualidade-do-leite/conheca-as-principais- analises-microbiologicas-do-leite-16156n.aspx>. Acesso em set. 2015
MARTINS, C. G. P.; VIELA, K. M. P.; MUNIZ, R. S. Controle de Qualidade em
Fábrica de Laticínios, 2009. Monografia (Especialização em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal) – 33p. Universidade Castelo Branco, Goiânia, 2009.