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Esta sequência didática é composta por um histórico do Dia Internacional dos Povos Indígenas, seguido
de 3 artigos da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e finalizada com 8
sugestões de atividades para serem desenvolvidas com estudantes dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Este documento tem o objetivo de desenvolver a consciência dos professores e estudantes sobre a história e
cultura indígena através da perspectiva da Educação para as Relações Étnico Raciais (ERER). Segundo o
Documento Orientador do Currículo de Bento Gonçalves:
“3.5 Educação de Relações étnico-raciais e Educação Escolar Quilombola
A Lei nº 10.639/03 e a Lei nº 11.645/08 que alteram a LDB introduzindo os artigos 26-A e 79-B
determinam que seja incluída a temática História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e dos Povos Indígenas no
currículo de todas as esco Públicas e Privadas. Assim, todas as escolas necessitam constante revisão curricular
de maneira a garantir o cumprimento destas leis. É fundamental a apropriação conceitual acerca do tema, com
materiais pedagógicos adequados ao mesmo.”
Sendo assim, o desejo da professora é oferecer aos estudantes a oportunidade de explorar novos
conhecimentos e formar o senso crítico e reflexivo sobre a diversidade cultural e humana do Brasil e do mundo,
instigando suas mentes a buscarem novas descobertas. É também desejo da professora incentivar outros
professores a buscar afastamento dos estereótipos criados acerca da cultura indígena, transformando-a em mero
“folclore”.
HISTÓRICO DA DATA
Segundo dados da própria ONU, a população indígena no mundo está estimada em cerca de 370
milhões de pessoas, o que representa algo em torno de 5% da população mundial. No entanto, segundo a
entidade, esses povos compõem cerca de um terço da população mais pobre do mundo e são expostos a uma
série de problemas, que abrangem:
● doenças,
● discriminação,
● perseguição,
● baixa expectativa de vida,
● ameaças territoriais e
● poucas garantias de verem cumpridos os seus Direitos Humanos.
No dia 07 de setembro de 2007, a ONU também aprovou a Declaração das Nações Unidas sobre os
Direitos dos Povos Indígenas, que visa garantir e reafirmar os direitos básicos dessa população em todo o
mundo, servindo de instrumento para a imposição de sanções sobre aqueles países e governos que não visam à
manutenção de tais direitos.
Entre os pontos defendidos por essa declaração, podemos destacar algumas afirmações, tais como:
– Os indígenas estão totalmente inseridos na Declaração Internacional dos Direitos Humanos;
– Os indígenas são iguais perante os demais povos e não podem sofrer qualquer tipo de discriminação;
– O direito à autodeterminação, considerado legítimo para todas as entidades internacionais;
– O direito à nacionalidade própria;
– Os povos indígenas devem ter preservados a sua integridade física e cultural, que devem ser garantidas,
inclusive, pelos Estados;
– A população em questão não pode ser removida à força de seus territórios;
– Os indígenas têm direito de utilização, educação e divulgação de seu próprio idioma;
– A população indígena tem o direito de exercer suas crenças espirituais;
– O Estado deve garantir uma ajuda financeira, se necessário, para a manutenção dos direitos básicos dos povos
indígenas.
Além desses, existem vários outros pontos na carta elaborada pela ONU, esta, composta por um total de
46 artigos e que se posiciona como uma enumeração dos direitos mais básicos desses povos, mas que não pode
ser considerada como um instrumento que imponha um limite ou um teto para tais direitos.
É importante ressaltar, no entanto, que muitos desses e outros direitos dos povos indígenas não são
devidamente cumpridos em todo o mundo. Para se ter uma ideia, 50% de todos os indígenas adultos do mundo
sofrem de diabetes tipo 2. Nos EUA, um indígena está 600 vezes mais suscetível a contrair tuberculose do que
outro cidadão do país. Na Austrália, a expectativa de vida dos povos aborígenes é 20 vezes menor do que o do
restante da população do país. No Brasil, frequentes são os atentatos aos territórios indígenas por posseiros e
grileiros, o que ocasiona a erradicação de muitas etnias e troncos linguísticos.
Portanto, no Dia Internacional dos Povos Indígenas, mais do que simplesmente comemorar a ocasião de
uma data e prestar homenagens simbólicas, é preciso que a população empreenda uma agenda de lutas e
reivindicações para garantir que os indígenas do Brasil e do mundo não tenham os seus direitos básicos ainda
mais cerceados.
<https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-internacional-dos-povos-indigenas.htm>
DECLARAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DOS POVOS INDÍGENAS: artigos que
merecem atenção.
Artigo 6
Todo indígena tem direito a uma nacionalidade.
Artigo 14
1. Os povos indígenas têm o direito de estabelecer e controlar seus sistemas e instituições educativos, que
ofereçam educação em seus próprios idiomas, em consonância com seus métodos culturais de ensino e de
aprendizagem.
2. Os indígenas, em particular as crianças, têm direito a todos os níveis e formas de educação do Estado, sem
discriminação.
3. Os Estados adotarão medidas eficazes, junto com os povos indígenas, para que os indígenas, em particular as
crianças, inclusive as que vivem fora de suas comunidades, tenham acesso, quando possível, à educação em sua
própria cultura e em seu próprio idioma
Artigo 31
1. Os povos indígenas têm o direito de manter, controlar, proteger e desenvolver seu patrimônio cultural, seus
conhecimentos tradicionais, suas expressões culturais tradicionais e as manifestações de suas ciências,
tecnologias e culturas, compreendidos os recursos humanos e genéticos, as sementes, os medicamentos, o
conhecimento das propriedades da fauna e da flora, as tradições orais, as literaturas, os desenhos, os esportes e
jogos tradicionais e as artes visuais e interpretativas. Também têm o direito de manter, controlar, proteger e
desenvolver sua propriedade intelectual sobre o mencionado patrimônio cultural, seus conhecimentos
tradicionais e suas expressões culturais tradicionais.
2. Em conjunto com os povos indígenas, os Estados adotarão medidas eficazes para reconhecer e proteger o
exercício desses direitos.
SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL:
1) Jogo da Onça: explorar as regras e integrar a turma na prática do jogo; estudo da geometria; raciocínio
lógico (etnomatemática)
2) Alimentos de origem indígena: se possível, ter os alimentos para partilhar; brincadeira de roda “Ploc,
ploc ploc”,
3) Contação de História: explorar a história e comparar com a nossa vida de não indígena; trabalhar
grafismos.
- Atenção para a questão que cada comunidade indígena tem um tipo de significado para os grafismos.
<https://youtu.be/FPwYj0eIIOk>
4) Nomes próprios de origem indígena e seu significado: valorizar os nomes das crianças
● Abacaxi (ïwaka’ti): ï’wa “fruta” mais “ka’ti” e significa algo que recende.
● Açaí (ïwasa’i): é o fruto que deita água, que chora, que dá sumo.
● Capenga: vem de “akanga”, que é “osso” e “penga”, que significa “quebrado”. Portanto, é algo ou
alguém que puxa a perna, é manco.
● Catapora: “ta’ta” significa “fogo”, algo que arde, e “pora” é aquilo que salta.
● Catupiry: O queijo cremoso criado em 1911, é originário da palavra “tupi catupiri”, que quer dizer
“excelente”
● Cutucar: “kutúk”, tocar em alguém para chamar atenção.
● Inhaca: vem de “yakwa” e tem o sentido de “odoroso”, alguma coisa que tem o cheiro forte.
● Jacaré (jaeça-caré): o bicho recebeu esse nome porque ele “olha de banda”.
● Jururu (yuru-ru): significa “pescoço pendido” e quer dizer que alguém está triste, que fica de cabeça
baixa.
● Mandioca (mandióka): “oka” casa de Mani (essa é a que na cultura indígena deu origem à planta).
● Mingau (minga’u): recebe esse nome por ser uma “comida que gruda”.
● Moquear (mokaen): a palavra significa assar ou deixar seco o alimento para que fique mais conservado.
● Paçoca (pa’soka): vem de “po-çoc” e tem o sentido de esmigalhar o alimento com a mão.
● Samambaia (çama-mbai): significa algo “trançado de cordas”, e faz referência às raízes da planta.
● Tocaia: Veio do tupi to’kaya, casinha ou cercado onde o indígena se escondia para surpreender um
inimigo ou uma caça.
No entanto, os primeiros filtros dos sonhos surgiram na tribo dos Ojibwa, que habitavam a região dos
grandes lagos da América do Norte. Os membros desta tribo acreditavam que uma das principais missões das
pessoas durante a vida era a de decifrar os sonhos, pois acreditavam que traziam importantes mensagens sobre o
funcionamento da natureza, do universo e da vida.
Os Ojibwa acreditavam que durante a noite o ar se enchia de sonhos e energias, boas e más, sendo o
filtro dos sonhos, como o próprio nome sugere, uma proteção contra as energias e sonhos negativos.
CURIOSIDADES
Quando os portugueses chegaram ao Brasil, usavam a palavra "onça" para outro felino, o lince
europeu. O termo veio do latim vulgar luncea, do latim clássico lyncea, por sua vez do grego lygx.
Os tupis chamavam o bicho de ya'wara, "jaguar", palavra que não é muito usada por aqui, mas que deu
origem ao nome do animal no resto do mundo - inclusive Portugal, que espalhou o termo para as outras
línguas. Como aconteceu de chamarmos o majestoso predador por uma palavra para um animal bem
mais modesto, quando os índios já tinham um nome tão sonoro?
Jaguar não colou muito no Brasil porque ya'wara queria simplesmente dizer "fera". Daí eles
começarem a usar o termo para outro bicho que achavam bravo: os cachorros que os portugueses
trouxeram. Por isso "jaguara" quer dizer vira-latas até hoje em várias partes do Brasil. Para não
confundir onça com cachorro - o que, não é mistério, pode acabar mal -, preferiu-se o termo europeu
para lince, também porque não existiam linces aqui para alguém se confundir.
Em algumas partes do Brasil, e também no Paraguai e Argentina, a palavra "jaguar" quase colou.
Fala-se "jaguaretê", de ya'ara-ete, "fera verdadeira", que era usado pelos guaranis para diferenciar a
poderosa onça de um pulguento qualquer.