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SISTEMAS E GESTÃO DE QUALIDADE

Aula 18 – Controle Estatístico de


Processos
Professor:
Dr. Alexandre Silva de Oliveira

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Controle Estatístico de Processo

1. INTRODUÇÃO AO CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO


1.1. Historia da Qualidade
1.2. Objetivos do controle estatístico do processo
1.3. Definições do controle estatístico do processo
1.4. Sistema de Controle do Processo
1.5. Variabilidade: causas comuns e causas especiais
1.6. Distribuição de Probabilidade

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Controle Estatístico de Processo
2. CARTAS DE CONTROLE PARA VARIÁVEIS
2.1. Introdução às cartas de controle para variáveis
2.2. Cartas das Médias e Amplitudes (X e R)
2.3. Cartas das Médias e Desvio-Padrão (X e s)
2.4. Cartas das Medianas (X e R)
2.5. Cartas de Valores Individuais e Amplitude Móvel (X e AM)

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Controle Estatístico de Processo
3. CARTAS DE CONTROLE PARA ATRIBUTOS
3.1. Introdução ás cartas de controle para atributos
3.2. Carta “p” para proporções não-conforme
3.3. Carta “np” para número de itens não-conforme
3.4. Carta “c” para número de não-conformidades
3.5. Carta “u” para não-conformidades por unidade

4. ANÁLISE DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO


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Controle Estatístico de Processo
1. INTRODUÇÃO AO CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO

1.1. Historia da Qualidade


1.2. Objetivos do controle estatístico do processo
1.3. Definições do controle estatístico do processo
1.4. Sistema de Controle do Processo
1.5. Variabilidade: causas comuns e causas especiais
1.6. Distribuição de Probabilidade

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Controle Estatístico de Processo
Considerações Iniciais

De acordo com a definição de Campos (1992), um produto ou serviço de


qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma
acessível, de forma segura e no tempo certo as necessidades do cliente.

Cada produto possui um número de elementos que, em conjunto, descrevem


sua adequação ao uso. Esses elementos são freqüentemente chamados de
características de qualidade.
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Controle Estatístico de Processo
Considerações Iniciais (continuação)
Essas características podem ser de diversos tipos: físicas, tais como
comprimento, peso, voltagem e viscosidade; sensoriais, como gosto, aparência e
cor; ou de orientação temporal, como confiabilidade, manutenção, utilidade e
durabilidade.
O controle estatístico do processo (CEP) é uma técnica aplicada a produção que
permite a redução sistemática da variabilidade nas características da qualidade
de interesse, contribuindo para a melhoria da qualidade intrínseca, da
produtividade, da confiabilidade e do custo do que está sendo produzido.
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Controle Estatístico de Processo
1.1. Historia da Qualidade
O controle da qualidade iniciou na década de 20, nos Estados Unidos,
como resultado de avanços na tecnologia de medição e da aplicação
industrial das cartas de controle, desenvolvidas pelo Dr. Walter A.
Shewhart, da empresa de telefonia Bell Telephone Laboratories.

O Dr. Walter Shewhart desenvolveu uma técnica simples mas poderosa


para fazer a distinção entre causas comuns e causas especiais: as cartas de
controle do processo.

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Controle Estatístico de Processo
1.1. Historia da Qualidade
Em seguida, o controle da qualidade foi também adotado na Inglaterra. Em 1935, os
trabalhos do estatístico E. S. Pearson foram utilizados como base para os padrões
normativos britânicos.
A segunda guerra mundial foi decisiva para a aplicação do controle de qualidade e da
estatística moderna em um maior número de industrias americanas. Após a guerra, foi a
vez do Japão adotar o controle estatístico da qualidade, seguindo os padrões americanos.
A partir de 1954, com os seminários do engenheiro americano J. M. Juran, os japoneses
começaram a perceber que o controle da qualidade dependia muito de fatores humanos
e culturais.
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Controle Estatístico de Processo
1.1. Historia da Qualidade
A partir dessa percepção, foi desenvolvido um método japonês para o controle da
qualidade, que deu origem ao controle da qualidade total no estilo japonês,
envolvendo a participação de todos os setores e funcionários da empresa e que
muito contribuiu para que o Japão passasse a fabricar produtos da mais alta
qualidade.

Recentemente, vários países perceberam as vantagens do controle da qualidade e


um grande número de empresas em todo o mundo vem utilizando os métodos do
controle da qualidade, com as adaptações necessárias às suas situações específicas.
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Controle Estatístico de Processo
1.2. Objetivos do controle estatístico do processo
O principal objetivo do CEP é possibilitar um controle eficaz da
qualidade, feito pelo próprio operador em tempo real. Isso aumenta
o comprometimento do operador com a qualidade do que está
sendo produzido e libera a gerência para as tarefas de melhoria.

O CEP possibilita o monitoramento das características de interesse,


assegurando que elas irão se manter dentro de limites
preestabelecidos e indicando quando devem ser tomadas ações de
correção e melhoria.
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Controle Estatístico de Processo
1.2. Objetivos do controle estatístico do processo

É importante ressaltar a importância de se detectar os defeitos o mais cedo


possível, para evitar a adição de matéria prima e mão de obra a um produto
defeituoso.

O CEP objetiva aumentar a capacidade dos processos, reduzindo refugo e


retrabalho, e, por conseqüência, o custo da má qualidade. Assim, ele
proporciona às empresas a base para melhorar a qualidade de produtos e
serviços e, simultaneamente, reduzir substancialmente o custo da má qualidade.

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Controle Estatístico de Processo
1.3. Definições do controle estatístico do processo

É um sistema de inspeção por amostragens realizadas ao longo do


processo, com o objetivo de verificar a presença de causas especiais, ou
seja, causas que podem prejudicar a qualidade do produto
manufaturado.

Um vez identificadas as causas especiais, podemos atuar sobre elas,


melhorando continuamente a qualidade do produto.

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Controle Estatístico de Processo
O Controle Estatístico de Processo, bastante conhecido no ambiente industrial
pelas suas iniciais CEP (ou SPC, do original em inglês Statistical Process Control) é
uma técnica estatística para verificar a qualidade de um produto (produto = bens
+ serviços) durante o processo de produção.

Controle → manter algo dentro de limites estabelecidos (padrões)

Estatístico
→ obter conclusões com base matemática (dados e números)
do

Processo → conjunto formado por máquinas, material, mão de obra, meio de


medição, métodos e meio ambiente

Fonte: PMBOK, 2004 p.132 (Project Management Body of Knowledge)

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Controle Estatístico de Processo
1.3. Definições do controle estatístico do processo

O CEP fornece uma radiografia do processo, identificando sua variabilidade e


possibilitando o controle dessa variabilidade ao longo do tempo através da coleta
de dados continuada, análise e bloqueio de possíveis causas especiais que estejam
tornando o sistema instável.
Num ambiente competitivo, o controle estatístico abre caminho para melhorias
contínuas, uma vez que garante um processo estável, previsível, com uma
identidade e capacidade definidas, cuja evolução pode ser facilmente acompanhada.

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Controle Estatístico de Processo
1.4. Sistema de Controle do Processo
Um sistema de controle do processo se caracteriza por quatro elementos
fundamentais:
(1) O processo em si
 Pessoas, procedimentos, máquinas e materiais trabalhando em conjunto.
 O desempenho depende da maneira como o processo foi projetado e
como ele é operado.
 O restante do sistema é útil na medida que contribui para melhorar o
desempenho do processo.
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Controle Estatístico de Processo
1.4. Sistema de Controle do Processo

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Controle Estatístico de Processo
1.4. Sistema de Controle do Processo
(2) Informações sobre o processo
 Informações sobre o desempenho de um processo são
obtidas a partir do estudo cruzado da: qualidade do
resultado final, qualidade de resultados intermediários e
ajustes dos parâmetros do processo
 As informações sobre o processo são úteis na medida em que
alavancam ações de melhoria.
 Se não se pretende agir, coletar informações é inútil.
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1.4. Sistema de Controle do Processo

(3) Ações sobre o processo são orientadas para o futuro

 Controle sobre as matérias prima


 Ajuste nos parâmetros do processo
 Manutenção periódica
 Treinamento de operadores
 E outros....

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1.4. Sistema de Controle do Processo
(4) Ações sobre o produto (no final da linha de produção) – são
orientadas para o passado

 Correção, sucata, retrabalho


 Independem que produtos defeituosos cheguem ao cliente,
mas não são uma forma eficiente de ação
 O controle do processo não deve se basear em ações no
final da linha de produção.

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1.5. Variabilidade: causas comuns e causas especiais
Variabilidade
 A variabilidade está sempre presente.
 Se compararmos duas unidades quaisquer, produzidas pelo mesmo
processo
 Elas jamais serão exatamente idênticas
 Contudo, a diferença pode ser grande ou pode ser praticamente
inexistente.
 Além disso, as fontes de variabilidade podem agir de forma diferente sobre
o processo.
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1.5. Variabilidade: causas comuns e causas especiais
Fontes de Variabilidade
 Pequenas diferenças peça a peça
o Habilidades do operador
o Diferenças na matéria prima, etc.
 Alteração gradual no processo
o Desgaste de ferramentas
o Temperatura do dia, etc
 Alteração brusca no processo
o Troca de set up
o Mudança de procedimento, etc.

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Controle Estatístico de Processo
1.5. Variabilidade: causas comuns e causas especiais

Fontes de Variações
(relação a nominal expecificada)

Não exato e não Exato mas não Preciso mas Exato &
preciso preciso não exato preciso

Exatidão = Acurácia (Diferença entre o valor médio das observações e o valor de referência);
Precisão = Pequena variabilidade das observações.
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1.5. Variabilidade: causas comuns e causas especiais
Dois produtos ou características nunca são exatamente iguais, qualquer processo contém muitas
fontes de variabilidade. As variações podem ser grandes ou imensamente pequenas, mas elas
sempre estarão presentes.

Gerenciar qualquer processo, é reduzir sua variação. O primeiro passo é a distinção entre causas
comuns e causas especiais de variação. Enquanto tomadas individualmente podem ser todas
distintas, como grupo, elas tendem a formar um padrão que pode ser descrito como uma
distribuição. Esta distribuição pode ser caracterizada pelos seguintes fatores:

Localização (valor específico da distribuição)

Dispersão (engloba a extensão de valores do menor para o maior)

Forma (padrão de variação – se a distribuição é simétrica, oblíqua, etc,,,)

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1.5. Variabilidade: causas comuns e causas especiais

As medidas de um conjunto de peças variam uma para outra...

... mas, elas formam uma aglomeração, que se estável, pode ser descrita
como uma distribuição normal, que pode diferir quanto a:

Localização Dispersão Forma

Ou quaisquer combinação entre essas.

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1.5. Variabilidade: causas comuns e causas especiais
Causas comuns

Referem-se as muitas fontes de variação dentro de um processo estatisticamente


estável ao longo do tempo. Isto é chamado “Sob Controle Estatístico do Processo”.
Se, e somente se, causas comuns de variação estiverem presentes, o resultado do
processo torna-se previsível.

Causas especiais

Referem-se a quaisquer fatores causadoras de variação que não estejam sempre


atuando no processo, quando ocorrem, fazem a distribuição do processo mudar. Se
causas especiais estão presentes, o resultado do processo não é estável ao longo do
tempo.
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1.5. Variabilidade: causas comuns e causas especiais

è Se apenas causas comuns estão presentes podemos ter uma previsão


de como o nosso processo se comportará ao longo do tempo.

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1.5. Variabilidade: causas comuns e causas especiais

è Em um processo com presença de causas especiais ocorre


exatamente o contrário: O processo se torna altamente instável e
imprevisível.

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1.5. Variabilidade: causas comuns e causas especiais
Linha Se causas especiais de variação estiverem
objetivo. presentes, o resultado do processo não é
Predição.
estável e ao longo do tempo é
imprevisível.
Linha
objetivo.

Predição.
?

Se apenas causas comuns estiverem


presentes, o resultado do processo forma
uma distribuição que é estável ao longo
do tempo e previsível

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1.5. Variabilidade: causas comuns e causas especiais
Ações Locais:
São usualmente requeridas para eliminar as causas especiais de variação.
Normalmente são executadas por pessoas próximas ao processo.
Podem corrigir cerca de 15% dos problemas do processo.
Ações Sobre o Sistema:
São usualmente requeridas para reduzir as variações devidas a causas comuns.
Quase sempre exigem ação gerencial para a correção.
São necessárias para corrigir aproximadamente 85% dos problemas de processo.
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1.6. Distribuição de Probabilidade e Controle da
Capabilidade
CAPABILIDADE DO PROCESSO

A Capabilidade do processo é determinada pela variação que


vem de causas comuns. Ela geralmente representa o melhor
desempenho do processo (isto é; um mínimo de dispersão).

É dito que um processo está operando sob controle estatístico


quando as únicas fontes de variações são provenientes de
causas comuns de variação.

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1.6. Distribuição de Probabilidade e Controle da
Capabilidade
Quando falamos em capabilidade do processo, dois conceitos precisam ser considerados:
- Capabilidade do Processo - Desempenho do Processo

A Capabilidade do Processo é determinada com base nos estudos de processos


estatisticamente estáveis. Sua variação é representada pelo Desvio Padrão Estimado (R/d2),
sendo d2 tabelado em função do tamanho da amostra.

O Desempenho do Processo é determinada com base em todas as fontes de variações


significativas e determináveis atuante no processo. Sua variação é representada pelo Desvio
Padrão Calculado (s)

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Capabilidade do processo
O termo capabilidade tem a ver com a busca de uma forma para controlar e medir qual a capacidade
que um processo tem para cumprir às exigências de uma determinada especificação.
a c

Especificação do projeto Especificação do projeto

Variações naturais do processo Variações naturais do processo

b d
Especificação do projeto
Especificação do projeto

Variações naturais do processo Variações naturais do processo

Limite inferior Limite superior Limite superior


Média Limite inferior Média

33 Fonte: Peinado & Graeml, 2007 p.496


1.6. Distribuição de Probabilidade e Controle da
Capabilidade
Todo processo está sujeito a uma classificação baseada na capabilidade e
no controle, e pode ser descrito em um dos 4 casos ilustrado no diagrama
abaixo:
Controle Estatístico
Capabilidade Sob Controle Fora de Controle

CAPAZ Caso 1 Caso 3


INCAPAZ Caso 2 Caso 4

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1.6. Distribuição de Probabilidade e Controle da
Capabilidade Sob Controle e Capaz de
LIE LSE
Sob Controle Causas
especiais eliminadas. atender as especificações
Variação devido a causas
comuns foi reduzida

Situação fora de controle Sob Controle – Causas especiais


presença de causas especiais eliminadas, mas não capaz de
atender as especificações.
Tamanho Excessivas variações devido a
Tamanho causas comuns.

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1.6. Distribuição de Probabilidade e Controle da
Capabilidade
SCORE

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1.6. Distribuição de Probabilidade e Controle da
Capabilidade
LSL USL LSE  LIE
Cp 
SCORE
Cp alto, mas 6
não atingiu
o objetivo
Cpk  min  Cpl , Cpu 
Cpk baixo

LSE  x
Cpl 
3
Cp – Capacidade Potencial – Quanto da especificação
cabe na variação do processo (6σ = +3σ e -3σ
somados) x  LIE
Cp baixo, Cpu 
Cpk – Capacidade Demonstrada do Processo – Quanto um atingiu 3
da especificação cabe na menor variação unilateral do o objetivo
processo (3σ = +3σ ou -3σ) Cpk baixo
1
Cr 
Cpl - Capacidade Inferior (-3σ) Cp

Cpu – Capacidade Superior (+3σ)


Cr – Relação de Capacidade

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1.6. Distribuição de Probabilidade e Controle da
Capabilidade
VAMOS PARA O 2º ROUND
SCORE

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1.6. Distribuição de Probabilidade e Controle da
Capabilidade RESULTADO DO 2º ROUND
LSL USL
Cp alto, e
SCORE todos
atingiram o
objetivo
Cpk alto

Cp baixo,
um atingiu
o objetivo
Cpk baixo

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1.6. Distribuição de Probabilidade e Controle da
Capabilidade Curva Normal Padrão

-3 3
-2 2
-1 1

68,26%
95,44%
99.73%

Abertura da curva (por definição) = 6

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1.6. Distribuição de Probabilidade e Controle da
Capabilidade Curva Normal 3 
σ DPPMM Cpk % PROCESSO CENTRADO
Conforme Limite Limite
1,5 500.000,00 0,50 50,0 inferior de Faixa de especificação superior de
especificação do processo especificação
2 308.529,98 0,67 69,1

3 66.796,75 1,00 93,3

4 6.206,73 1,33 99,4


66.807 ppm 66.807 ppm
5 232,71 1,67 99,97

6 3,40 2,00 99,9997

Cp – Capacidade Potencial e Cpk – Capacidade


Demonstrada do Processo – Ambos no curto µ
prazo (sob a amostra)  Média do Processo

Pp – Capacidade Potencial e Ppk – Capacidade ±3 


Demonstrada no Processo no Longo Prazo (uso
da variabilidade total do processo para o Cp e Cpk = 0,50 Pp e Ppk = 0,50
cálculo da capacidade padrão)

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Programa seis sigmas
O programa seis sigmas iniciou na Motorola nos anos 80. Seis sigmas correspondem a seis desvios padrão
de cada lado da média, o que representa um índice de capabilidade de 2,0.

Limites do
3σ 3σ processo

6σ 6σ
Limites do processo

Limites do projeto Limites do projeto

Fonte: Peinado & Graeml, 2007 p.496

42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
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