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Aula 07

14.1 ESTUDO DE TROCADORES CASCO E TUBOS

- Ampla relação área de troca térmica em volume do equipamento


- Construção em diversos tamanhos
- Resistente a tensões
- Limpeza simples
- Componentes danificados podem ser substituídos
- Construído com grande variedade de materiais

Quadro 14.1 – Cálculos térmicos do projeto de trocadores casco e tubos.

1. Balanço de energia: Q = m cp ΔT ou Q = m Δh
2. Encontrar o valor de LMTD e o fator termodinâmico Ft
3. Determinar a área A estimando Ud e empregando Fourier: Q = Ud A Ft LMTD
4. Casco Tubos
Área de escoamento = As Área de escoamento = At
Vazão mássica por área = Gs Vazão mássica por área = Gt
Diâmetro equivalente = De Cálculo de Reynolds = Re
Cálculo de Reynolds = Re Cálculo de Prandtl = Pr
Cálculo de Prandtl = Pr Cálculo do coef. de película = hi
Cálculo do coef. de película = ho Corrigir hi para hio
5. Calcular Uc : 1/Uc = 1/ho + 1/hio
6. Calcular Rd : Rd calculado = (Uc – Ud)/(Uc Ud) e verificar se Rd calculado > Rd requerido
7. Se Rd calculado > Rd requerido OK! → Cálculo das perdas de carga, ΔP
Os trocadores casco-e-tubos, ou multitubulares, serão estudados sob cinco aspectos:
1º) LIMITAÇÃO TERMODINÂMIA: FATOR DE CORREÇÃO Ft
2º) CONSIDERAÇÕES REFERENTES AOS TUBOS
3º) CONSIDERAÇÕES REFERENTES AO CASCO
4º) COEF. DE PELÍCULA PARA VAPOR D’ÁGUA E ÁGUA DE RESFRIAMENTO
5º) CÁLCULO DAS PERDAS DE CARGA
14.1.1 LIMITAÇÃO TERMODINÂMICA: FATOR DE CORREÇÃO Ft

Somente em certos tipos de trocadores, tais como o duplo-tubo, o escoamento pode ser
chamado de verdadeiramente paralelo ou contracorrente. A maioria dos trocadores possui uma
combinação destes dois tipos de escoamento, além do cruzado, para que se obtenha a necessária
velocidade que permite encontrar o coeficiente de calor desejado. A figura 14.1 descreve o
comportamento das temperaturas dos fluidos quente e frio em um trocador TC-1.2.

Figura 14.1 – Perfis de temperatura ao longo de um trocador TC-1.2 (KERN, 1950).

Por causa da aproximação entre as temperaturas dos fluidos, não é possível usar diretamente o
LMTD para se determinar a área requerida de troca térmica. Assim, um fator F t é utilizado para
compensar os desvios entre este tipo de escoamento e o verdadeiro contracorrente. O LMTD
multiplicado por Ft é conhecido como LMTD corrigido.
O fator de correção Ft é função das temperaturas de entrada e saída que definem os parâmetros
R e P (ou S) (eq. 14.2 e 14.3), e pode ser calculado por meio de uma série de equações complexas
mostradas no Kern (vide tabela 14.1). Todavia, soluções gráficas para F t em função de R e P estão
disponíveis para várias configurações de trocadores (figuras 18 a 23 do Kern).

Pode-se observar nos gráficos de F t (figuras 14.2 e 14.3) que existe uma região onde a
inclinação da curva, antes ligeira, torna-se acentuada, tornando-se quase ortogonal à abscissa P. É
exatamente nesta região que o trocador está atingindo sua “limitação termodinâmica”. De nada
adiantaria dobrar sua área ou seu coeficiente global, pois sua limitação é de origem termodinâmica.
Um trocador multipasse nessa situação apresentará um comportamento tipo “solução tampão”: a
qualquer tentativa de se melhorar ou piorar sua troca, ele reage contrariamente, através de forte
flutuação do fator de correção, mantendo-se praticamente na situação anterior.
Figura 14.2 – Fator termodinâmico Ft para trocadores TC-1.2N. Para o TEMA, o eixo X é chamado
de P. Para o Kern, este mesmo eixo recebe o nome de S (TEMA, 1978).

Figura 14.3 – Fator termodinâmico Ft para trocadores TC-2.4N. Para o TEMA, o eixo X é chamado
de P. Para o Kern, este mesmo eixo recebe o nome de S (TEMA, 1978).

Destas observações, nota-se que o trocador afastado de seu limite termodinâmico pode
rapidamente se aproximar dele se suas condições de operação forem ligeiramente modificadas,
especialmente se os fluidos tiverem vazões muito diferentes.
De acordo com os gráficos, não é aconselhável usar um trocador TC-1.2 (uma passagem no
casco e duas nos tubos) quando o fator de correção F t for menor que 0,75. Assim como usar um
trocador com duas passagens no casco (TC-2.N) com Ft menor que 0,85.
Ft (1:N) < 0,75 → Mudar para 2:N
Ft (2:N) < 0,85 → Mudar para 3:N

Os trocadores com mais de uma passagem no casco não são usados com frequência devido a
problemas de correntes de vazamento, sendo preteridos por permutadores com uma só passagem no
casco em série. Estes arranjos apesar de tão eficientes quanto o outro, no ponto de vista térmico, estão
limitados pela perda de carga. Não se deve esquecer ainda que o objetivo é obter o menor produto área
x custo unitário, e que o custo unitário cresce com o uso de um maior número de passagens no casco.

Tabela 14.1 – Fórmulas para cálculo do fator termodinâmico Ft (KERN, 1950)


NÚMERO DE PASSES
FÓRMULA
NO CASCO

“N” passes

Exemplo 14.5 – Calcular o fator termodinâmico e o LMTD corrigido para os casos a seguir (T em °F).
a)

b)

c)
Exemplo 14.6 – (Petrobras) Em trocadores de calor diferentes do de tubo duplo, o calor
transferido é calculado usando-se um fator de correção aplicado à DMTL (diferença média
logarítmica de temperatura). Quando ocorre mudança de fase, o valor adotado para o fator é:
a) zero b) 1 c) 1,2 d) 2
Sol.: Em mudança de fase, tem-se: T1 = T2, logo R = 0 e Ft = 1,0. Alternativa (b).

Exemplo 14.7 – De quê depende o fator termodinâmico Ft ?


Sol.: Depende do tipo e número de passes do casco e das temperaturas de entrada e saída dos fluidos.

Exemplo 14.8 – Como o fator Ft varia em função do número de passes no casco?


Sol.: Para as mesmas temperaturas terminais dos fluidos, o valor de F t aumenta com o aumento do
número de passes no casco.

Exemplo 14.9 – Se o valor de Ft aumenta com o aumento do número de passes no casco, porque
os trocadores com várias passagens no casco não são utilizados em maior quantidade?
Sol.: A fabricação de trocadores com várias passagens no casco possui um problema em seu projeto, já
que é muito difícil a instalação de chicanas longitudinais. Além disso, a perda de carga aumenta
tremendamente, sendo aconselhável, portanto, o uso de trocadores TC-1.2 em série.

Exemplo 14.10 – Pode um trocador de calor ser projetado para operar a qualquer valor de Ft ?
Sol.: As curvas características dos valores de F t possuem uma inclinação muito alta para valores ao redor
de 0,75 (TC-1.2). Assim, qualquer pequeno erro em seu cálculo já causaria problemas em sua operação.
Qualquer variação nas temperaturas de entrada ou das vazões durante a operação afetará as temperaturas
de saída e pode diminuir o valor de Ft. Assim não se projetam trocadores para operar com Ft < 0,75.

Exemplo 14.11 – Se o Ft de um trocador 1.2 cair em uma região menor que 0,75, o que deve ser
feito?
Sol.: Como Ft aumenta com o aumento do número de passagens no casco, devemos tentar um número de
passes no casco maior. Outra alternativa é utilizar trocadores 1.2 em série, estudando-se as temperaturas
terminais de cada equipamento.

14.1.2 CONSIDERAÇÕES REFERENTES AOS TUBOS

Diferentemente dos trocadores duplo tubo que são construídos com tubos IPS (“pipes”), o feixe
tubular de trocadores casco e tubos é composto por tubos BWG (“tubes”) que são especialmente
fabricados para sofrer efeitos de dilatação térmica. Os dados destes tubos estão disponíveis na
tabela 14.2 sendo os diâmetros externos de ¾’’ e de 1’’ os mais comuns.
De acordo com o TEMA, são padronizados comprimentos de tubos de 8, 10, 12, 16 e 20 ft,
embora tubos maiores (até 60 ft) ou menores (até 4 ft) possam ser utilizados.

Exemplo do uso da tabela: ½” BWG 16,


AESCOAMENTO = p d2/4 = p 0,372/4 = 0,1076 in2
ATROCA externa por 1 ft linear = 2 p r L = p d L = p (0,5/12) 1 = 0,1309 ft2/ft linear

Tabela 14.2 – Dimensões de tubos BWG (Birmigan Wire Gauge) (KERN, 1950).
Área de escoamento por tubo, Área externa por ft linear,
DE (in.) BWG DI (in.)
a’t (in.2) A área / ft linear (ft 2/ft)
½ 12 0,282 0,0625 0,1309
14 0,334 0,0876
16 0,370 0,1076
18 0,402 0,1270
20 0,430 0,1450

10 0,482 0,182
11 0,510 0,204
12 0,532 0,223
13 0,560 0,247
¾ 14 0,584 0,268 0,1963
15 0,606 0,289
16 0,620 0,302
17 0,634 0,314
18 0,652 0,334

8 0,670 0,355
9 0,704 0,389
10 0,732 0,421
11 0,760 0,455
12 0,782 0,479
1 13 0,810 0,515 0,2618
14 0,834 0,546
15 0,856 0,576
16 0,870 0,594
17 0,884 0,613
18 0,902 0,639

8 0,920 0,665
9 0,954 0,714
10 0,982 0,757
11 1,01 0,800
12 1,03 0,836
1¼ 13 1,06 0,884 0,3271
14 1,08 0,923
15 1,11 0,960
16 1,12 0,985
17 1,13 1,01
18 1,15 1,04

8 1,17 1,075
9 1,20 1,14
10 1,23 1,19
11 1,26 1,25
12 1,28 1,29
1½ 13 1,31 1,35 0,3925
14 1,33 1,40
15 1,36 1,44
16 1,37 1,47
17 1,38 1,50
18 1,40 1,54

Para materiais mais caros (ex.: alloys) a espessura BWG 14 é a mais utilizada.
Diâmetros de 1 ½’’ são utilizados quando ocorrem problemas de perdas de carga no
lado dos tubos. Esta indicação refere-se a trocadores dentro da classe R. Para trocadores das
classes B e C é permitido pelo TEMA a utilização de tubos de até ¼’’ de diâmetro externo.
Como indicação, utiliza-se normalmente tubos com diâmetro externo de ¾’’ para fluidos com
fatores de incrustação pequenos (inferiores a 0,003 h.ft 2.°F/BTU). Para fluidos com fatores
maiores são utilizados tubos de 1’’.

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