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Os Profetas Maiores – Resumo e Visão Panorâmica

Por Davi Faria de Caires*

INTRODUÇÃO AOS LIVROS PROFÉTICOS


São 17 o número de livros proféticos, que complementam os 17 livros
históricos.
Os profetas tiveram ministério extraordinário, em contraste e complemento
com o ministério ordinário dos sacerdotes e reis. O profetas foram porta-voz
especial de Deus, atuando como pregadores da justiça em épocas de
decadência moral e espiritual.
Embora fosse atribuição dos levitas ensinarem a lei, os profetas executavam
essa tarefa quando os sacerdotes falhavam. Portanto, apesarem de sacerdotes
e profetas se complementarem, haviam diferenças importantes entre eles. Os
profetas eram chamados extemporaneamente por Deus, enquanto que os
sacerdotes eram designados naturalmente pela sua linhagem genealógica
levítica.

Os profetas eram representantes de Deus ao povo, enquanto os sacerdotes


eram representantes do povo para com Deus. Os profetas exerciam seus
ministérios nas cidades e na zona rural, enquanto os sacerdotes executaram o
ministério no santuário. Quanto ao ensino, os sacerdotes informavam, e os
profetas reformavam. Vê-se, portanto, que ambas as funções eram
importantes para o sistema da aliança de Israel e se complementavam.

Os profetas eram classificados em profetas literários (da escrita) e profetas


não-literários (da palavra). O Antigo Testamento registra 18 profetas não-
literários, entre os quais estão Elias e Eliseu. Os profetas não literários
apregoaram sua mensagem oralmente e não deixaram material escrito. Já os
profetas literários escreveram suas mensagens, tal como os temos no Antigo
Testamento, e são em um total de 16 profetas, iniciando-se em Isaías e
terminando em Malaquias, totalizando, como já foi dito, 17 livros.

ISAÍAS
Isaías foi escrito pelo profeta que dá título ao livro. Embora
recentemente tenha sido questionada a autoria única deste livro, as
evidências clássicas e contundentes apontam que Isaías tenha sido o único
autor deste livro, contrariando contestações mais recentes da alta crítica.
Isaías escreveu esse livro entre os anos 740 a 680 aC. Tudo indica que ele
escreveu a maior parte do livro (caps 1 – 39) durante os reinados de Uzias,
Jotão, Acaz e Ezequias, e o restante dos capítulos (40 – 66) durante o tirânico
reinado de Manassés, entre os anos 697 e 680, que de acordo com a tradição
judaica, o matou serrado ao meio.

Isaías, considerado uma bíblia em miniatura, por causa de sua


organização e de seu conteúdo é, de todos os livros proféticos, o mais
abrangente em seu conteúdo teológico. Os objetivos do livro são admoestar a
nação acerca do julgamento por causa da idolatria e lembrar à nação o sobre
o programa de libertação através do Messias prometido, o servo sofredor. Pela
forte ênfase messiânica contida na segunda parte deste livro, a teologia
divina de Isaías é a mais extensa e profunda de todos os livros do Antigo
Testamento.

JEREMIAS
Jeremias, autor do livro, nasceu nos últimos anos do reinado de
Manassés. Este livro foi escrito no período entre 627 e 580 aC. O ministério de
Jeremias começou no reinado de Josias. Sabe-se mais da vida pessoal deste
profeta que de qualquer outro. Nasceu em 647 aC. Não se casou, por
proibição divina. Jeremias ministrou em Jerusalém por quarenta anos (627 –
586 aC) e no Egito por cinco anos. Aconselhou cinco reis e um governador de
Judá. Seu ministério poderia ser considerado um ministério fracassado nos
moldes atuais, pois não viu uma só pessoa se converter durante seu longo
ministério de mais de quarenta anos! Era impopular e desprezado quando
profetizava.

LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS
Talvez ninguém melhor que Jeremias estivesse preparado para escrever
essas lamentações, quanto à caracterização emocional, interesse espiritual e
expressão literária. Tampouco havia alguém tão historicamente ligado aos
trágicos acontecimentos como testemunha ocular. Este livro foi escrito por
Jeremias em meados de Agosto do ano 586 aC.

Nenhum livro da Bíblia tem uma disposição tão artística como o de


Lamentações. Foi disposto de um esquema simétrico afim de chamar a
atenção para seu conteúdo e também servir, possivelmente, de mecanismo de
memorização e liturgia. Apesar de uma particularidade importante não ser
percebida em português, os primeiros quatro capítulos deste livro foram
construídos em formato de acróstico. Já o capítulo 5 não faz uso do acróstico,
talvez propositalmente, para maior espontaneidade na oração do arrependido
e na expressão de confiança.

EZEQUIEL
Não existem constestações de que Ezequiel seja o autor deste livro.
Embora seu nome não seja citado em nenhum outro livro bíblico, o autor
identificou-se em diversas vezes ao longo deste livro, que foi escrito entre 592
e 570 aC. Ezequiel, cuja identificação de filho do homem aparece 93 vezes
nesse livro, era sacerdote, nasceu na família de Buzi, em 622aC, e tinha 30
anos quando recebeu a primeira visão. Foi exilado com Joaquim no ano de
597aC.
Nenhum outro profeta fez uso da linguagem figurada ou de visões tal
como Ezequiel. O livro está cheio de provérbios, alegorias, ações simbólicas e
visões apocalípticas. O objetivo deste livro é duplo: promover arrependimento
e fé em virtude da idolatria e estimular esperança e confiança. Aliás, Ezequiel
traz um dado histórico importante, que é omitido em Êxodo. Explica que a
idolatria da nação tinha suas raízes no Egito, e o profeta coloca que o único
meio eficaz que Deus iria utilizar para curar essa tendência pecaminosa seria
através de uma nova temporada em exílio, desta vez, na babilônia.

DANIEL
Daniel era membro de uma família real, nasceu em 623aC,
aproximadamente, durante a reforma de Josias e no princípio do ministério de
Jeremias. Foi levado à babilônia por ocasião do primeiro exílio (605), foi
selecionado para o serviço real depois de um período de três anos de estudos
especiais, tendo recebido o nome de “Beltessazar”, uma das divindades da
Babilônia. Em 603, aproximadamente aos 20 anos, Daniel foi declarado
governador da província da Babilônia e chefe supremo de todos os sábios. Era,
portanto, o conselheiro de Nabucodonosor, tendo exercido forte influência
sobre os judeus cativos. Durante um período de quase 70 anos, Daniel serviu a
seis governadores babilônicos e a dois persas.

Este livro foi escrito em 535aC com o objetivo de promover uma vida
piedosa, tal como é o objetivo geral de toda profecia, e especificamente, com
o intento de declarar a soberania de Deus, que age sobre todas as nações,
como se vê ao longo deste texto bíblico. Metade do livro de Daniel foi escrito
em aramaico. É um livro apocalíptico no verdadeiro sentido da palavra,
“apocalipse”, uma “revelação” de Deus acerca do cronograma escatológico da
história das nações e dos tempos do fim.

REFERÊNCIA
Ellisen, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento: um guia com esboços
e gráficos explicativos dos primeiros 39 livros da Bíblia. São Paulo: Editora
Vida, 2007.

Sobre o autor:
Davi Faria de Caires

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