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ESCOLA SECUNDÁRIA DE PAÇOS DE FERREIRA

DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PARAGEM CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR):


MANOBRAS DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA

TRABALHO REALIZADO POR: Afonso Neto Reguenga, nº22, 10ºC


Paços de Ferreira, março de 2023
ESPF PCR: Manobras de Suporte Básico de Vida

ÍNDICE

Introdução …………………………………………….………….…………………………… 3

Procedimentos a adotar numa situação de paragem cardiorrespiratória ……….……. 4

Manobras de suporte básico de vida ………………………………….………………….. 6

Conclusão …………………………………………………………………………………..... 12

Bibliografia / Webgrafia ………………………………………....…………………………… 13

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Afonso Reguenga
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INTRODUÇÃO

Uma paragem cardiorrespiratória (PCR) consiste na interrupção ou falência súbita e


inesperada dos batimentos cardíacos, implicando a paragem da circulação sanguínea, da
hematose pulmonar e do fornecimento de oxigénio às células de todos os tecidos e
órgãos do corpo. Por este motivo, se não forem tomadas medidas adequadas e
atempadas o indivíduo pode não sobreviver ou ficar com graves lesões cerebrais.
As situações de PCR têm sido cada vez mais frequentes, em todo o mundo, sendo
uma importante causa de morte. Com alguma frequência, as situações de PCR ocorrem
durante ou após a prática de exercício físico, especialmente quando existem doenças
cardíacas, muitas vezes não diagnosticadas. A PCR pode também ser causada pela
obstrução das vias respiratórias por um corpo estranho, por doenças cardíacas, por
traumatismos cranianos, por afogamento ou por eletrocussão.
Os sintomas da PCR caracterizam-se, numa fase inicial, por dores fortes no peito,
abdómen ou costas, seguindo-se a ausência de movimentos e ruídos respiratórios, a
dificuldade em falar, a cianose (cor azulada) de lábios e extremidades, a palidez e a perda
de consciência.
Este trabalho tem como objetivo dar a conhecer os procedimentos a adotar por um
qualquer cidadão num caso de PCR, antes da chegada e atuação do pessoal médico.
Estes procedimentos- manobras de suporte básico de vida, podem fazer toda a diferença
para aumentar a taxa de sucesso de sobrevivência da vítima, pelo que todos os cidadãos
deviam estar informados e preparados para agir nestas circunstâncias.
Além da atuação atempada e adequada por parte do cidadão que presta o socorro,
é, também, importante a existência de equipamentos de desfibrilhação automática em
todos os locais públicos, incluindo os ginásios das escolas.
As situações de PCR causadas por obstrução das vias respiratórias exigem a
adoção de medidas e manobras específicas, mas dado que estas situações não estão,
normalmente, relacionadas com o contexto da prática de exercício físico, este tema não
será abordado neste trabalho.

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PROCEDIMENTOS A ADOTAR NUMA SITUAÇÃO DE PCR

Independentemente da causa da PCR, é fundamental que se cumpra as quatro etapas


da cadeia de sobrevivência. A cadeia de sobrevivência é, portanto, a sequência de
procedimentos de socorro que garante a uma vítima em paragem cardiorrespiratória a
probabilidade máxima de sobrevivência.
De salientar que as 3 primeiras etapas devem ser realizadas pelo indivíduo que está a
socorrer a vítima. Só a quarta etapa será realizada pelos técnicos especializados.

Figura 1: Cadeia de sobrevivência

Elos da cadeia de sobrevivência

1- Comunicar 112 (Pronto reconhecimento): consiste na avaliação da gravidade da


situação de uma vítima em paragem cardiorrespiratória e o alerta imediato para o 112.

Figura 2: Pronto reconhecimento (Cientic 9)

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2- Suportar (Reanimação básica imediata): conjunto de procedimentos cujo objetivo é
manter alguma ventilação respiratória e alguma circulação sanguínea no corpo da
vítima, sem a utilização de qualquer equipamento.

Figura 3: Reanimação básica imediata (Cientic 9)

3- Restabelecer (Desfibrilhação atempada): restabelecimento dos batimentos cardíacos


normais através da aplicação de um choque elétrico no exterior do tórax da vítima.

Figura 4: Desfibrilhação atempada (Cientic 9)

4- Estabilizar (Cuidados avançados): conjunto de procedimentos cujo objetivo é


conseguir uma ventilação respiratória e uma circulação sanguínea mais eficazes,
estabilizando a vítima enquanto não recebe tratamento hospitalar.

Figura 5: Cuidados avançados (Cientic 9)

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MANOBRAS DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA

Antes de começar as manobras fundamentais de suporte básico devem ser tomadas


algumas medidas para garantir o sucesso dos procedimentos.

1. Avaliar as condições de segurança


Devemos começar por verificar se não existe perigo para nós, para a vítima ou para
terceiros, tal como: tráfego, eletricidade, gás ou outros.

2. Avaliar o estado de consciência


Para tal, devemos tocar suavemente nos ombros da vítima e perguntar-lhe em voz alta
se está bem e se sente bem. Se não obtivermos resposta, devemos gritar por ajuda.

Está bem?
Sente-se bem?

Figura 6: Avaliação do estado de consciência da vítima (Cientic 9)

3. Gritar por ajuda


Havendo alguém por perto, devemos pedir ajuda. Se estivermos sozinhos, devemos
gritar alto para chamar a atenção. Só em casos excecionais devemos abandonar a vítima
e apenas pelo menor período de tempo.

AJUDA!
Está aqui uma pessoa
desmaiada!

Figura 7: Pedido de ajuda (Cientic 9)

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4. Permeabilizar a via aérea


A queda da língua pode obstruir, numa vítima inconsciente, a via aérea. Esta deve ser
permeabilizada através da extensão da cabeça e da elevação do queixo, o que provoca a
deslocação da língua para a frente. Esta manobra não deve ser realizada caso haja
suspeita de traumatismo da coluna. A proteção da coluna deverá ser efetuada por
reanimadores habilitados. Para fazer a extensão da cabeça, devemos pousar a palma de
uma mão na testa da vítima e colocar os dedos indicador e médio da outra mão na
extremidade óssea da mandíbula. Inclinamos suavemente a cabeça para trás e elevamos
a mandíbula sem fazer pressão nos tecidos moles por baixo do queixo. Não devemos
fechar a boca da vítima.

Figura 8: Permeabilização das vias aéreas (Cientic 9)

5. Avaliar a respiração
Mantendo a via aérea permeável, verificamos se a vítima respira normalmente. Para
tal, aproximamos a nossa cara da face da vítima e, olhando para o seu tórax, executamos
o VOS, para:
• Ver se existem movimentos torácicos.
• Ouvir eventuais ruídos da saída do ar pela boca ou nariz da vítima.
• Sentir na face se há saída de ar pela boca ou nariz da vítima.

A execução do VOS não deve exceder os 10 segundos. Minutos após uma paragem
cardiorrespiratória, algumas vítimas podem apresentar uma respiração irregular e ruidosa
que não deve ser confundida com uma respiração normal. Caso a vítima esteja a respirar
normalmente, deve ser colocada em posição lateral de segurança.

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Figura 9: Execução do VOS (Cientic 9)

6. Ligar 112

Caso a vítima não responda e não tenha a respiração normalizada, devemos ativar de
imediato o sistema de emergência médica, ligando 112. Se estivermos sozinhos,
poderemos ter de abandonar a vítima e o local. Se estiver alguém connosco, devemos
solicitar a essa pessoa que faça a chamada para o 112. Se a vítima for uma criança ou
um indivíduo de qualquer idade que tenha sido vítima de afogamento, só devemos ligar
para o 112 após 1 minuto de suporte básico de vida.

Informações a facultar ao operador aquando da ativação do sistema de emergência


médica:
• O tipo de situação (doença, acidente, etc.).
• O número de telefone do qual está a ligar.
• A localização exata e, sempre que possível, com indicação de pontos de referência.
• O número, o sexo e a idade aparente das pessoas a necessitarem de socorro.
• As queixas principais e as alterações que observa.
• A existência de qualquer situação que exija outros meios para o local, por exemplo,
libertação de gases, perigo de incêndio, etc.

Figura 10: Ligar ao 112 (Cientic 9) 8


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Uma vez alertado o serviço de emergência médica, iniciam-se as compressões torácicas


e as ventilações.
Estas manobras de suporte básico de vida visam restabelecer minimamente a
circulação sanguínea e a ventilação dos pulmões.

7. Compressões torácicas

Para aplicar corretamente as compressões torácicas num adulto, devemos proceder da


seguinte forma:
1.° Posicionar-nos ao lado da vítima.
2.° Certificar-nos de que a vítima está deitada de costas, sobre uma superfície firme e
plana.
3.° Afastar as roupas que lhe cobrem o tórax.
4.° Colocar a base de uma mão no centro do tórax da vítima, entre os mamilos.
5.° Colocar a outra mão sobre a primeira, entrelaçando os dedos.
6.° Esticar os braços e cotovelos, com os ombros na direção das mãos.
7.° Aplicar compressão sobre o esterno, baixando-o 5 a 6 cm a cada compressão
(para que o sangue seja injetado do coração para as artérias).
8.° No final de cada compressão, alivie toda a pressão sem remover as mãos do tórax
(para que o sangue
encha o coração entre as compressões torácicas).
9.° Aplicar compressões de forma rítmica a uma frequência de, pelo menos, 100 por
minuto, mas não
mais do que 120 por minuto (podemos contar as compressões em voz alta).
10.° Nunca interromper as compressões mais do que 5 segundos (o sangue deixa de
circular).

Figura 11: Compressões torácicas (Cientic 9) 9


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8. Ventilações

Para executar as ventilações (respiração boca a boca), devemos proceder da seguinte


forma:
1.° Começar por permeabilizar a via aérea da vítima, colocando-lhe uma mão na testa
e inclinando-lhe a cabeça para trás.
2.° Colocar os dedos da outra mão perto do queixo, por baixo da parte óssea da
mandíbula, de modo que o queixo da vítima permaneça levantado, mas sem que a
boca fique fechada.
3.° Manter a mão na testa da vítima, comprimindo as suas narinas, inspirando
normalmente, selamos os nossos lábios ao redor da boca da vítima e aplicamos uma
ventilação, soprando por 1 segundo.
4.° Observar se existe elevação do tórax da vítima, como numa respiração normal.
5.° Se o tórax não se elevar, repetir as manobras de permeabilização da via aérea.
6.° Aplicar uma segunda ventilação.
7.° Caso as 2 ventilações se revelem ineficazes, avançar de imediato para novas
compressões torácicas.

Figura 12: Ventilações (Cientic 9)

Devemos manter os ciclos de 30 compressões, alternadas com 2 ventilações, e parar


apenas quando:
a) chegarem os técnicos de emergência médica;
b) estiver fisicamente exausto(a); ou
c) a vítima recomeçar a ventilar normalmente.

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Em resumo:

30 compressões torácicas

2 ventilações

Manter SBV 30:2

Figura 13: Esquema de compressões e Ventilações


(Cientic 9)

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CONCLUSÃO

A realização deste trabalho, no contexto da disciplina de Educação Física, tornou-


se particularmente pertinente e relevante, uma vez que as situações de PCR podem
ocorrer no decorrer e após a prática de exercício físico. De facto, têm acontecido algumas
situações destas, noticiadas na comunicação social, tanto na prática de desportos ao
nível profissional, como amador, como em ginásios e nas aulas de Educação Física.
Assim, torna-se realmente importante saber como atuar nestas circunstâncias para
que as situações de PCR não sejam necessariamente um motivo de morte,
especialmente quando a chegada dos profissionais de saúde é demorada, atualmente
agravada pela falta de recursos humanos e técnicos no Serviço Nacional de Saúde. É,
igualmente, importante que as escolas estejam equipadas com desfibrilhadores e que
haja formação para que o maior número de alunos e profissionais da educação os saibam
manusear.
Além do exposto, convém salientar que os seres humanos vivem em comunidade e
têm um dever solidário de auxílio de uns para com os outros. Este espírito de ajuda a uma
vítima faz parte dos valores de cidadania que se deve desenvolver em todos os cidadãos.
Aplicar as manobras de suporte básico de vida a uma vítima em dificuldades e acionar o
sistema de emergência médica (112) constituem respostas a uma obrigação ética e
social.
Com este fundamento solidário, é legítimo concluir que a formação de qualquer cidadão
em suporte básico de vida se enquadra nos seus valores de cidadania, pelo que qualquer
cidadão deve estar preparado ou capacitado tecnicamente para prestar esse auxílio até
que haja uma intervenção avançada por técnicos de saúde. Em Portugal, a omissão de
auxílio a uma vítima, diretamente ou por não se pedir socorro, constitui crime, de acordo
com o Código Penal, Artigo 200.°(Omissão de auxílio).
Em conclusão, o conhecimento das manobras de suporte básico de vida constitui
uma obrigação ética e social e pode salvar vidas!

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BIBLIOGRAFIA
Moreira, J.R., Sant’Ovaia, H. e Pinto, V.N. (2019) Compreender o corpo humano 9, Areal
Editores
Romão, P. e Pais, S. (2021), 3,2,1 Educação Física 10º/ 11º e 12º anos, Porto Editora
Salsa, J. e Cunha, R. ( 2019), Cientic 9, Porto Editora

WEBGRAFIA
Blog Vitae professionals, consultado em fevereiro de 2023
INEM, Manual de Suporte Básico de Vida, 2017, consultado em fevereiro de 2023
RTP Play, Estudo em casa, consultado em fevereiro de 2023

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Turma: 10ºC
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PROFESSORA: Marta Vilela
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