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Mercados

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Reino Unido
Oportunidades e Dificuldades do Mercado
Novembro 2013
aicep Portugal Global
Reino Unido – Oportunidades e Dificuldades do Mercado (novembro 2013)

Índice

1. Oportunidades 3
1.1. Comércio 3
1.2. Investimento 3
1.3. Turismo 5

2. Dificuldades 6
2.1. Comércio 6
2.2. Investimento 7
2.3. Turismo 7

3. “Cultura de Negócios” do Mercado 7

4. Gráficos Relevantes 9

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1. Oportunidades

1.1. Comércio

A crescente desindustrialização da economia britânica abre novas oportunidades em termos comerciais para
diversos setores de atividade, particularmente na área de bens de consumo como o vestuário, calçado,
mobiliário, têxteis-lar, utilidades domésticas e cerâmicas.

Grande parte das empresas britânicas deixaram de produzir estes produtos internamente, tendo transferido a
sua produção para o estrangeiro (China, Índia, Turquia, entre outros) ou passado a importar.

As empresas portuguesas destes setores, pela proximidade geográfica, flexibilidade de resposta e capacidade
de produção e, sobretudo, pela reconhecida qualidade da mão-de-obra, têm um elevado potencial que deve ser
explorado. Contudo, esta vantagem também se verifica por parte de outros concorrentes, pelo que dependerá
muito da atividade das empresas em si e das suas capacidades de estabelecer relações duradouras com os
clientes no Reino Unido.

Outros setores com potencial para as empresas portuguesas são os bens alimentares e bebidas, onde se tem
registado um crescimento consistente das exportações portuguesas; os materiais de construção; e o setor de
componentes automóvel.

Para além dos setores considerados tradicionais, outros setores como o elétrico, telecomunicações,
informática, software e biotecnologia representam uma importante oportunidade para Portugal visto já serem
reconhecidos no Reino Unido como produtos de grande qualidade.

Em termos de mercado retalhista, devem ser destacadas duas tendências principais. A primeira tem que ver
com a emergência das compras multicanal i.e. em loja, na internet e no telemóvel. Em 2012, 90% dos
britânicos entre os 25 e os 34 anos fizeram compras on-line. Em segundo lugar, a crescente atomização do
mercado de retalho: cada vez faz mais sentido falar em mercados de nicho, quer pelo tamanho, quer pelas
especificidades; mercados étnicos, transversais, sempre alicerçados em multicanais. Como exemplo, o novo
conceito de compras “click & collect”: a compra é feita on-line e o cliente apanha o produto comprado numa
das lojas físicas da cadeia.

1.2. Investimento

Recentemente, Rachel Klbrit, do UK Trade and Invest, revelou que “o governo britânico sabe que a
recuperação vai-se dar pelo contributo do setor privado, que é o grande gerador de empregos, e neste
momento criou uma série de políticas para atração de investimento direto externo”. “Se existe uma época
favorável para se fazer investimento no Reino Unido agora é a hora. É melhor entrar no país enquanto a

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economia está em fase de recuperação. Quando ela estiver fortalecida novamente, a competição vai ser
maior”, alertou.

Atualmente, qualquer empresa internacional que se queira estabelecer no Reino Unido pode contar com apoios
governamentais no sentido de encontrarem um local com preços mais acessíveis e em zonas estratégicas.
Como exemplo, temos a LONDON AND PARTNERS (http://www.londonandpartners.com/), uma instituição
governamental criada justamente para promover a cidade de Londres e, principalmente, captar investimento
direto estrangeiro. Assim, não só conseguem encontrar escritórios com preços mais acessíveis, como também
dispõem de uma vasta lista de contactos e, em parceria com o Centro de Negócios de Londres da AICEP,
podem apoiar no agendamento de reuniões com potenciais parceiros comerciais (“Touch Down London”:
http://www.londonandpartners.com/business/our-services/touchdown-london/).

Um outro fator a considerar sobre um possível investimento no Reino Unido é o facto de a taxa de IRC passar
dos 24% para os 21%, até 2014, tornando este mercado ainda mais atrativo para empresas estrangeiras (Fonte:
UKTI).

Cabe evidenciar a importância do setor terciário no Reino Unido, que é responsável por mais de 3/4 do PIB
britânico – reflexo da importância do centro financeiro da City (centro financeiro em Londres), bem como do
rápido crescimento, sobretudo na última década, de todos os serviços afetos à área de negócios,
representando mais de 30% da economia britânica (o que significa quase o dobro da média europeia).

Os serviços financeiros no Reino Unido representam 10% do PIB e empregam 1 milhão de pessoas.

O Reino Unido continua a ser o centro financeiro da Europa, e um dos principais do mundo. Inclusivamente, o
país é ainda o principal destino de Investimento Direto Estrangeiro da Europa (ultrapassando mesmo a
Alemanha).

Cerca de metade do setor financeiro é representado por empresas estrangeiras, das quais 50% é proveniente
da América do Norte e 26% da Europa. Os Estado Unidos continuam a ser os maiores investidores em
Londres, seguindo-se a Suíça, a Alemanha e o Japão.

Atualmente, existem 251 sucursais e filiais de Bancos estrangeiros no Reino Unido, o que é mais do que em
qualquer outro país.

A autoridade financeira nacional, Financial Conduct Authority, aprovou 1116 firmas estrangeiras e um terço dos
£4,8 triliões de fundos gerido no R.U. é de origem estrangeira.

A banca portuguesa está presente no mercado através das operações da CGD, do BES, do Millennium e do
Santander Totta. Por outro lado, existe um significativo número de portugueses na atividade financeira da City,
nomeadamente em empresas de private equity e hedge funds que funcionam naturalmente como caixa de
ressonância da imagem de Portugal no mercado. De lembrar ainda que o CEO do HSBC em Londres é o

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português António Simões, o CEO do Lloyds Bank é o português António Osório e o Managing Principal da
equity Storm Harbour é o português António Caçorino. As empresas portuguesas com dificuldades em
encontrar financiamento devem olhar para este grupo de private equities como potenciais fornecedoras de
capital.

Pontos Fortes do Reino Unido

Segunda maior economia da União Europeia e quinta maior do mundo;


Resistência de setores industriais como o de equipamentos elétricos e de ótica, aerospacial, e produtos
químicos;
Quinto maior fabricante na indústria automóvel (ainda que grande parte da produção esteja assegurada
por empresas estrangeiras como a Nissan e a Toyota);
Depois dos EUA, o Reino Unido é o mais importante centro para a Biotecnologia;
Níveis de inflação estáveis desde 1997;
Performance do mercado de trabalho;
Grande facilidade jurídica e administrativa em estabelecer um negócio ou empresa;
Um ambiente multinacional propício a fazer negócios.

1.3. Turismo

O Reino Unido continua a ser um dos principais mercados geradores de fluxos turísticos à escala mundial,
com 56,5 milhões de saídas de turistas em 2012.

Enquanto emissor, este mercado detém uma quota de 5,5% dos fluxos turísticos mundiais, e ocupa a 4ª
posição no ranking mundial em 2012, logo após a China (83,2 milhões), Alemanha (77,4 milhões) e EUA
(61,4 milhões).

No período 2006-2012, o mercado de outbound registou um crescimento médio anual negativo (-3,4%),
enquanto o mercado interno (doméstico) cresceu 3,7%.

Ainda assim, em 2012 registou-se uma forte representatividade do mercado outbound versus mercado
interno (1,4 vezes superior) – 56,5 milhões contra 40,7 milhões de turistas do Reino Unido.

Em 2012, a Europa, com 44,2 milhões de chegadas de turistas provenientes do Reino Unido, apresentou
uma quota de 77,5% da procura do mercado.

No último ano, o continente europeu apresentou uma quota de 59,7% dos fluxos de passageiros
(Origem/Destino) operados por via aérea, quota que é o reflexo da preferência dos britânicos por destinos na
Europa (Touring/ Short Breaks e Sol e Mar).

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Portugal posiciona-se no 9º lugar, com uma quota de 2,3%, correspondendo a 5,1 milhões de passageiros
gerados entre aeroportos britânicos e portugueses.

A nível regional, o Algarve destaca-se como principal destino dos turistas britânicos em Portugal, com uma
quota da ordem dos 70,7% em 2012. O crescimento de 7,1% do número de dormidas pode ser explicado em
grande parte pela capacidade de tráfego aéreo, pelas tarifas reduzidas das companhias low cost e pela
notoriedade que o destino goza no mercado. Segue-se a Madeira, com uma quota de 17,9%, embora com
um decréscimo das dormidas de 13,5%. Lisboa detém uma quota menos expressiva (7,2%), mas registou
um aumento de 6,4%. O Norte e Centro, a par dos Açores e Alentejo, são destinos com menor procura.

Nas suas estadas em Portugal, os turistas britânicos optam pela hotelaria tradicional, com cerca de 42,2%
do total de dormidas em hotéis, destacando-se ainda os hotéis-apartamentos (27,5%).

Para os turistas britânicos, o clima e a paisagem continuam a ser o principal fator impulsionador na escolha
de Portugal como destino de lazer.

De acordo com o UK Office for National Statistics, em 2012, a faixa etária com maior representatividade de
turistas deste mercado é a compreendida entre os 35 e os 64 anos, que concentram 59% do total da procura
de Portugal.

A nível dos gastos dos turistas britânicos no exterior, à semelhança do indicador “número de turistas”, o
ranking dos destinos permanece similar, com a Espanha a ser o principal “alvo” dos gastos dos turistas
britânicos, com uma quota unitária de 16,3% (5.293 milhões £). A Itália, segundo principal destino enquanto
recetor de gastos turísticos britânicos, registou uma quota unitária de 4,8% (1.541 milhões £).

Cerca de 3,3% do total dos gastos de britânicos no exterior foram efetuados em Portugal (1.058 milhões £),
posicionando-se em 4º lugar no contexto dos mercados da Bacia do Mediterrâneo, em 2012.

Com base nos dados da ONS (entidade oficial de estatística britânica), em 2012, a Espanha surge como o
principal destino turístico do Reino Unido, recebendo 10,9 milhões de passageiros britânicos, por via aérea,
correspondendo a uma quota de 24,3% dos fluxos de passageiros totais de voos internacionais gerados pelo
mercado. Portugal surge no 3º lugar com uma quota global de 4,2%, referentes a 1,9 milhões de
passageiros britânicos que desembarcam no nosso país.

2. Dificuldades

2.1. Comércio

Não obstante o interesse de que o mercado se reveste, existem algumas situações que condicionam o
desenvolvimento das exportações portuguesas para o Reino Unido:

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• Grande concorrência, tanto dos países asiáticos como dos países do leste da Europa que aderiram à
UE;
• O desequilíbrio da balança comercial do Reino Unido, bem como o crescimento do consumo das
famílias acima do crescimento do produto, fazem prever uma redução das importações a médio prazo;
• O grande nível de exigência no controlo da qualidade dos produtos;
• A exigência de produção em grandes quantidades nem sempre é compatível com as capacidades de
produção da indústria portuguesa;
• O fator “Mercado Montra”: o Reino Unido representa uma montra para o mundo, o que se traduz num
grande investimento por parte das empresas que nem sempre irão ver um retorno no Reino Unido, mas
noutros países estrangeiros. Na verdade, o Reino Unido, e especialmente Londres, funciona como um
mercado de validação: o que tem sucesso comercial no país tem, certamente, noutros mercados.

2.2. Investimento

Em virtude do rápido e sustentado crescimento económico do Reino Unido, o mercado imobiliário e o mercado de
trabalho têm conhecido fortes aumentos na procura, situação que tem provocado subidas consideráveis dos preços
de casas e escritórios (e das rendas), bem como dos salários.

O Cento de Negócios de Londres recomenda sempre que, dado o nível de sofisticação e ambiente altamente
competitivo no Reino Unido, as empresas façam um estudo de mercado extensivo e que decidam se não só têm
capacidade para entrar no mercado, como se este é verdadeiramente rentável.

2.3. Turismo

A crescente concorrência e agressividade promocional de “novos” destinos turísticos como a Turquia,


Marrocos, Brasil, Croácia e de destinos tradicionais como a Espanha e a Grécia, constituem a principal
dificuldade nesta área.

As entidades e empresas portuguesas têm que ser mais pró-ativas e mais agressivas em termos promocionais,
sob pena de vermos estagnar ou mesmo diminuir o fluxo de turistas britânicos para Portugal.

3. “Cultura de Negócios” do Mercado

O Reino Unido é um mercado segmentado em termos regionais. A zona da Grande Londres e do Sul, a mais
importante economicamente e a mais rica, é diferente do Norte ou Centro do país. A forma de abordagem em
termos comerciais e promocionais tem que ter em conta esta realidade e devem ser definidas prioridades
consoante o peso económico e o potencial de cada região.

Assim, apesar da zona de Londres e do Sul ser das mais importantes, pode não ser a mais adequada para
certos serviços (relembramos que a indústria está mais concentrada na zona de Manchester).

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Os britânicos são negociadores exigentes, procurando sempre “value for money”, ou seja, pagar o menos
possível pelo melhor (ou maior quantidade) produto. São compradores obsessivamente preocupados em obter
a melhor oferta e têm um leque de escolhas muito variado, uma vez que a oferta, em todas as áreas, é múltipla
e diversificada. Por outro lado, e apesar do trato cortez com que negoceiam, têm um espírito de negócios frio,
rigoroso e exigente.

“Time is money”: o mercado britânico é famoso por ser um dos mais difíceis de penetrar, dada a alta
competitividade que se faz sentir neste país. Assim, é natural que uma empresa inglesa responda apenas aos
emails ou cartas que verdadeiramente lhe interesse, deixando os outros por responder. Também na mesma
linha de pensamento, quando as empresas inglesas acedem e participam numa reunião, exigem que a sua
contraparte esteja devidamente preparada e tenha um objetivo muito concreto, geralmente dispensando
reuniões apenas para apresentações.

Por outro lado, os compradores ingleses estão habituados a que venham vender-lhes “à porta”. Ou seja, a
concorrência é grande e são muitas as iniciativas de promoção que têm lugar no país, pelo que nem sempre
estão interessados em ir visitar potenciais fornecedores. São estes que, por regra, se deslocam ao Reino
Unido, participam em feiras e exposições, fazem publicidade e promoção. É, assim, necessário, visitar o
mercado regularmente e com persistência.

Os britânicos são também exigentes quanto à qualidade dos materiais promocionais – têm que estar escritos
num inglês imaculado e têm que ser visualmente atraentes. Assim, as empresas devem, sempre que tenham
catálogos promocionais, verificar que o inglês está totalmente correto e escrito numa linguagem profissional,
evitando grandes desenvolvimentos sobre a história e ganhos da companhia, focando-se nos factos essenciais.
De notar também que, na linha de pensamento de “time is money”, os britânicos por regra não gostam de
receber documentos (no email) de grandes dimensões; assim, estes ficheiros nunca devem exceder os 3MB e
devem ser tão sucintos quanto possível, deixando textos mais desenvolvidos para o website da empresa.

Como se pode notar, o Reino Unido opera essencialmente pela internet e as empresas esperam que os seus
possíveis fornecedores sejam utilizadores ávidos da mesma, tendo no mínimo, uma conta de email e um
website atualizado.

Uma vez acordado um negócio, os britânicos são famosos por serem escrupulosos cumpridores do mesmo e,
assim, exigem o mesmo dos fornecedores, pelo que são implacáveis em relação a qualquer incumprimento
contratual.

Finalmente, trata-se de um mercado onde a “fidelidade” do consumidor é sobreposta pela vontade de encontrar
sempre negócios mais rentáveis. Assim, o consumidor britânico quando encontra uma oportunidade de obter o
mesmo serviço por um custo mais reduzido, não tem qualquer problema em não renovar o contrato com o
fornecedor habitual.

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4. Gráficos relevantes

Trocas comerciais por região do Reino Unido

Exportações do Reino Unido (2011)

Fonte: National Office of Statistics

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Importações do Reino Unido (2011)

Fonte: National Office of Statistics

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