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Aluno : Welleson Martins da Silva

DRE : 121088674
Fundamentos da Literatura Brasileira II

Minha proposta de trabalho é fazer uma análise crítica sobre a notícia que saiu esse ano:

https://g1.globo.com/politica/noticia/2022/04/20/governo-bolsonaro-aprovou-uso-de-recursos-da
-lei-rouanet-para-livro-sobre-historia-das-armas-no-brasil.ghtml

Governo Bolsonaro aprovou uso de recursos da Lei Rouanet para livro sobre 'história das
armas no Brasil'.
O projeto já recebeu verba do fabricante de armas, que poderá deduzir valores do Imposto de
Renda. Em março, secretário de Fomento à Cultura incentivou uso da lei em projetos
pró-armas.

O que essa notícia quer dizer para nós brasileiros?

Muita Coisa.

Em um primeiro momento, vamos definir os conceitos de livro e de armas.

Livros são entidades que guardam diversos tipos de conhecimento por escrito, portanto estes
são responsáveis por difundir culturas, abrir nossa mente e principalmente nos unir como seres
humanos, partindo do princípio de que o ato de ler é prestar atenção no que outra pessoa fez.
Armas foram criadas apenas para duas coisas : Atacar e se defender.

Em um segundo momento...

Alguém que não conhece o Bolsonaro e não sabe sobre as coisas terríveis que ele fez e vêm
fazendo em seu mandato, pode até em determinada situação, considerar justificável esta
aprovação sobre o uso de recursos da Lei Rouanet para livro sobre 'história das armas no
Brasil'. Visto que se trata de um tema importante, pois mesmo se tratando de algo delicado e
que certamente envolve violência e nos distancia do nosso lado humano, faz parte da história.
Contudo, é impossível para quem tenha ciência de todo esse contexto do presidente e o
mínimo de compaixão, não se revoltar ou pelo menos não ficar incomodado com tamanho
absurdo.

Quero dizer, meses atrás, o mesmo governo anunciou que aumentaria a taxa sobre os livros no
Brasil e segundo eles, a justificativa é a de que simplesmente, pobre não lê. Entretanto, a
realidade se difere de tal afirmativa em larga escala : O pobre é apaixonado pela leitura. A
Bienal do Livro, a qual acomete diversas promoções de livros, está sempre cheia. Os sebos de
livros estão sempre rodeados de pessoas querendo adquirir as obras de seus sonhos por um
preço razoável. Sem dúvida, esta afirmação covarde, serve unicamente para reforçar um ideal
que o sistema impõe na mente dos indivíduos brasileiros. Dito de outro modo, quanto menos as
pessoas lerem, mais ignorantes elas serão e, por conseguinte, mais suscetíveis estarão à
manipulação. Em síntese, livros não são artigos de luxo, são simples e fundamentais objetos
que fazem parte das condições básicas para viver.

Segundo Antonio Candido, em “A Literatura e a Formação do Homem” de 1999, existem duas


possíveis funções da literatura: a função psicológica e a função formadora. Segundo o autor, a
função psicológica se apresenta pela necessidade universal de ficção e fantasia que o homem
possui. Em todas as classes sociais, étnicas e em diferentes idades essa necessidade de
ficção mostra-se elementar na vida do homem. A outra função, a função formadora,
contrariando a pedagogia oficial, surge do princípio da literatura informativa e educativa. O
autor por meio de suas obras é capaz de influenciar o indivíduo de diversas maneiras, podendo
fazer com que a pessoa construa valores, princípios e ideologias, ou seja, formando o homem.

Além disso, desde que o governo deste homem começou, ele triplica a dificuldade que o artista
tem de sobreviver no Brasil, um país que sofre da falta de incentivo à cultura. A título de
exemplo, é só falar sobre a própria lei que está em uso para beneficiar a história das armas,
mesma lei que foi bloqueada para o uso de milhares de artistas, porque segundo Bolsonaro,
estavam usando de maneira indevida. O que soa um tanto quanto irônico, pois quem acabou
de fazer isso, foi o próprio presidente.
A maioria dos nossos artistas brasileiros não estão na tv, nem nos streamings, eles não são
famosos. Estes, em especial, lutam diariamente para sobreviver sem nenhum amparo, apenas
eles por eles.
Dito isso, faço as seguintes indagações : Como é possível que eles utilizem mais do que
deveriam, sendo que o presidente nem fala sobre eles? Como tomar essa atitude é um símbolo
de justiça se a maioria da população brasileira não considera tais desconhecidos como artistas,
mas sim como vagabundos e o governo em hipótese alguma se importa com a mudança dessa
ideia? Como o presidente pode argumentar que os artistas famosos estavam usando dessa lei
para gastar mais do que deveriam, ao passo que sumariamente não é do conhecimento geral
tudo que é preciso para fazer com que a arte aconteça?

O fato é que, Jair Bolsonaro prega o falso nacionalismo, prega o falso cristianismo e não só
não incentiva a cultura como nunca nem falou sobre ela. Todavia, esses são apenas os pontos
assombrosos que mais se relacionam com a notícia aqui apresentada, poderíamos escrever
um livro sobre todos os problemas que o presidente representa pra nação e para a
humanidade, dividindo cada aspecto por capítulos e, arrisco dizer, que chegaríamos a ter
coletâneas.

Dessarte, esse suposto incentivo ao nacionalismo do atual governo é totalmente deturpado,


uma vez que se trata de um sistema que coloca os pobres uns contra os outros e pior, os
fazem acreditar que isso é certo. Quer isto dizer, um Estado que não se mostra capaz de
fornecer os alicerces básicos para a vida do pobre e como resultado, muitas vezes o coloca em
um estado mais ligado à sobrevivência do que à vivência, o condiciona a viver marginalizado
da sociedade. É óbvio, que furtar e roubar é errado, trata-se de um pacto coletivo, todos
sabemos disso. Ainda assim, diante de todo o contexto desolador deste país, é impossível
chegar à conclusão de que o bandido brasileiro rouba apenas porque ele é um vagabundo que
não quer trabalhar.
Porém é exatamente isso que o governo insere com violência na cabeça da população, mas
principalmente na mente dos pobres, que trabalham diariamente sem nenhuma perspectiva de
crescimento, para ganhar um salário medíocre. Com efeito, o bandido e o trabalhador mão de
obra barata são de certa forma, vítimas do mesmo vilão : o sistema. Nosso suposto líder usa as
armas como um símbolo de luta ou de identificação do povo, neste sentido os “inocentes” se
defendem dos bandidos, que são tão prejudicados pelo sistema quanto eles mesmos.

Como se pode ver nesta notícia datada 2018, –


https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/noticia/2018/10/17/saiba-mais-sobre-as-propostas-d
e-bolsonaro-e-haddad-relativas-a-armas-de-fogo.ghtml -, que se refere a posição e às
propostas de Bolsonaro e Haddad em relação a armas de fogo, desde antes de ser eleito,
Bolsonaro deixava implícito seu plano de apoio não só à valorização das armas, mas também
no que refere ao aumento do uso delas pelos cidadãos brasileiros. Por outro lado, seu
oponente não fez nenhuma sinalização no sentido de facilitar a posse ou o porte de armas.

Como se confere na notícia, o atual presidente expôs seu plano de governo da seguinte
maneira : “Reformular o Estatuto do Desarmamento para garantir o direito do cidadão à
LEGÍTIMA DEFESA sua, de seus familiares, de sua propriedade e a de terceiros!”.

Ainda, durante este mesmo processo de reta final antes das eleições, em uma live pelo
facebook, - https://www.facebook.com/jairmessias.bolsonaro/videos/1736946453099030/ -
Bolsonaro declarou : "Por que eu sempre defendi a posse de arma de fogo? É você,
cidadão de bem, com algumas poucas exigências ter uma arma dentro da tua casa, do
teu apartamento, da tua chácara, da tua fazenda. Isso chama posse de arma de fogo, é
você poder reagir. Não só o MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto], bem como
ao MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra], bem como a tentativa de
invasão de qualquer outra pessoa, não interessa quem seja essa pessoa. O cara forçou a
porta da tua casa, derrubou a porteira da tua fazenda, você tem o direito de reagir, por
isso, eu defendo arma de fogo para o cidadão de bem. Isso repito, é posse de arma de
fogo, não é porte."

Sob este viés, se antes de ser eleito o líder já evidenciava seu suporte ao armamento da
população, era de se imaginar que após assumir a presidência essa problemática ganharia
mais força.
Como fica expresso nesta foto de 2019, em que temos o presidente da República e os
deputados favoráveis aos seus planos durante assinatura do decreto que facilitou porte de
armas :

Temos aqui um traço bem forte da campanha sistemática de valorização das armas : Fazer
“arminha” com a mão.

Infelizmente, a problemática estava longe de parar por aí.

Dando um salto no tempo para o período em que vivemos hoje, somos contemplados com esta
triste notícia : Bolsonaro faz discurso pró-armas dois dias após assassinato de petista no
Paraná -
https://istoe.com.br/bolsonaro-faz-discurso-pro-armas-dois-dias-apos-assassinato-de-petista-no
-parana/
Jair Bolsonaro em Brasília, 26 de abril de 2022 - AFP/Arquivos

De acordo com a notícia :

“Eu entendo que arma é liberdade, é segurança e é a garantia de uma nação também. O maior
exército do mundo é o americano, são seus CACs Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador
também. Aqui nós estamos chegando a 700 mil CACs. Em três anos e meio, dobramos o
número de CACs no Brasil”, disse Bolsonaro nesta segunda-feira, no Palácio da Alvorada. Na
noite de sábado, o guarda municipal Marcelo Arruda foi morto a tiros em Foz do Iguaçu (PR)
durante a comemoração de seu aniversário de 50 anos. A festa tinha temática do PT e Marcelo
era filiado ao partido. De acordo com o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil, ele foi
morto por Jorge José da Rocha Guaranho, agente penitenciário federal e apoiador de
Bolsonaro.

A conclusão que se chega é inevitável : O trabalho do presidente está dando resultados.


Resultados catastróficos.

Certamente, toda esta supervalorização das armas, as falácias como "bandido bom é bandido
morto" e todo esse simbolismo que Bolsonaro difunde através desses artefatos, são
componentes de um comando doentio. Ele não quer incentivar a cultura, tampouco quer que os
brasileiros leiam mais e quer menos ainda seu povo com a mente mais aberta. Seu objetivo
maior sempre foi a alienação. Por esta razão, a aprovação do uso de uma lei que deveria
favorecer antes de mais nada aos artistas, em livros, que ele mesmo fez o favor de aumentar o
preço, sobre "A História das Armas no Brasil", é cruel.

Vale ressaltar, que o armamento deve ser pensado sempre como último recurso, e nunca como
um objeto feito para o uso recorrente. Um pouco de estudo da história das guerras que já
ocorreram, é capaz de mostrar as terríveis consequências da presença iminente da violência
dentro da sociedade. Evidentemente, não é preciso muito para refletir que nessa época, em
que os seres humanos padeciam pelas lutas de poder, a civilização estava tremendamente
suposta a se distanciar das coisas que nos fazem humanos, que nos fazem um conjunto. Não
por acaso, durante esses tempos a imagem da arma era fortíssima, totalmente normalizada e
incorporada em situações do dia-a-dia. Portanto, esse incentivo incessante do líder de um país
subdesenvolvido, - que carece de investimento em aspectos básicos que a constituição diz que
o Estado deve nos fornecer -, em representações óbvias de violência, traz o clima de guerra
sem que ela exista.

Em conclusão, ainda que vivamos em um mundo em que o país precisa ter seu próprio exército
para se defender, partindo da ideia de que guerras já ocorreram e novas podem e já estão
ocorrendo, claramente Bolsonaro não incentiva projetos pró-armas por uma razão nobre. Ele
quer sucatear a educação, reduzir a arte a 0 e retirar o que sobra de humanidade em nós, até
que sejamos como ele, puramente ignorantes.

Bibliografia :

HENRIQUE GOMES, Pedro e PARREIRA, Marcelo. Governo Bolsonaro aprovou uso de


recursos da Lei Rouanet para livro sobre 'história das armas no Brasil'. g1 Globo, 2022.
Disponível em:
https://g1.globo.com/politica/noticia/2022/04/20/governo-bolsonaro-aprovou-uso-de-recursos-da
-lei-rouanet-para-livro-sobre-historia-das-armas-no-brasil.ghtml . Acesso em: 16 de julho de
2022.

CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. Ciência e Cultura. São Paulo, v. 24,
n.9, p. 803-809, 1972.
Saiba mais sobre as propostas de Bolsonaro e Haddad relativas a armas de fogo. g1 Globo,
2018. Disponível em:
https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/noticia/2018/10/17/saiba-mais-sobre-as-propostas-d
e-bolsonaro-e-haddad-relativas-a-armas-de-fogo.ghtml. Acesso em: 21 de julho de 2022.

BOLSONARO, Jair. Live- Bolsonaro: MAIS VERDADES!… Brasília, 14 de outubro de 2018.


Disponível em: https://www.facebook.com/jairmessias.bolsonaro/videos/1736946453099030/
Facebook: https://www.facebook.com/jairmessias.bolsonaro
BARBIÉRI, Luiz e SALOMÃO, Lucas. Rosa Weber dá cinco dias para Bolsonaro explicar
decreto que facilitou porte de armas. g1 Globo, 2019. Disponível em:
https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/05/10/rosa-weber-da-cinco-dias-para-bolsonaro-explic
ar-decreto-que-facilitou-porte-de-armas.ghtml. Acesso em: 21 de julho de 2022.

Bolsonaro faz discurso pró-armas dois dias após assassinato de petista no Paraná. Isto é,
2022. Disponível em:
https://istoe.com.br/bolsonaro-faz-discurso-pro-armas-dois-dias-apos-assassinato-de-petista-no
-parana/. Acesso em: 21 de julho de 2022.

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