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ATUALIZAÇÃO Rev Bras

Cresc Desenv Hum 2005;15(3):84-94


CURRENT COMMENTS

O CONCEITO DE COPARENTALIDADE E SUAS IMPLICAÇÕES PARA A


PESQUISA E PARA A CLÍNICA

THE CONCEPT OF CO-PARENTING: IMPLICATION FOR RESEARCH AND CLINICAL


PRACTICE
Giana Bitencourt Frizzo# Carla Meira
Kreutz## Carlo Schmidt* Cesar Augusto
Piccinini** Cleonice Bosa ***

Frizzo GB, Kreutz CM, Schmidt C, Piccinini CA, Bosa C. O conceito de coparentalidade e suas implicações para
a pesquisa e para a clínica. Rev Bras Cresc Desen Hum 2005; 15(3):84-94.

Resumo: Este estudo tem por objetivo revisar o conceito de coparentalidade e suas implicações para a pesquisa e
para a clínica. Para isso, examinou-se a origem e a evolução do conceito e sua relevância para o contexto atual. O
uso deste conceito nas pesquisas tem sido ampliado, passando de uma ênfase nas díades mãe-criança para uma
concepção que envolve a tríade mãe-pai-criança. Esta evolução no conceito de coparentalidade tem implicações
para a clínica, tanto com famílias de pais casados como divorciados. Verificou-se também uma carência de
instrumentos nessa área, cuja elaboração merece ser enfocada em futuros estudos.

Palavras-chave: Coparentalidade. Sistema familiar. Relacionamento conjugal

A coparentalidade (coparenting) tem sido 84

definida na literatura como um conceito que seintervenção


refere à do outro componente do sistema parental para
com a ecriança.
extensão na qual o pai e a mãe divi- dem a liderança se Feinberg2 com- plementa que uma relação
apóiam nos seus papéis de “chefes” da família,coparental
ou seja, não inclui os aspectos legais, românticos,
nos papéis paren- tais1. Este conceito envolvesexuais, emoci- onais ou financeiros dos relacionamentos
tanto
dimensões de cooperação como de antagonismo adul- tos
e asque não estão relacionados aos cuidados sobre a
criança. de
intera- ções do grupo familiar oferecem oportunidade Além do mais, o termo copa- rentalidade não
observar se os pais apóiam ou se opõem à implica que os papéis parentais devam ser equivalentes em
autoridade e res-

# Psicóloga,Doutoranda em Psicologia do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rrio Grande do Sul. Endereço
para correspondência: Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rrio Grande do Sul, Rua Ramiro Barcelos, 2600/111, CEP 90035-006

ou e-mail gifrizzo@terra.com.br ## Psicóloga (PUCRS), Professora da graduação em Psicologia da Universidade Luterana do Brasil, Professora
do Curso

de especialização em Transtornos do Desenvolvimento da Universidade Federal do Rrio Grande do Sul. * Psicólogo, Professor do Curso de

especialização em Transtornos do Desenvolvimento da Universidade Federal do

Rrio Grande do Sul. ** Doutor pela University College London (Inglaterra), Pesquisador do CNPq e Professor do Curso de Pós-

Graduação

em Psicologia do Desenvolvimento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. *** Doutora pelo Institute of Psychiatry,

University of London, (Inglaterra) e Professora do Curso de Pós-Graduação em


Psicologia do Desenvolvimento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Giana Bitencourt Frizzo, et al. Sociological
Abstracts a primeira vez que o termo aparece
é em 1984, em um artigo de Koch e Lowery 5 intitulado
“Visitation and the Noncustodial Father”. Examinando a
ponsabilidade. O grau de equivalência na rela- ção
base de dados PsycINFO, o ter- mo coparentalidade
coparental é determinado em cada caso pelos
aparece pela primeira vez em 1981, em um artigo de
participantes, os quais são influenciados amplamente pelo 6
Ahrons intitulado
contexto cultural e social.
Rev Bras Cresc Desenv Hum 2005;15(3):84-94
Alguns autores1,3 chegam a considerar que o
conceito de coparentalidade poderia ser aplicado a
qualquer situação na qual dois adul- tos compartilham a
parentalidade em relação a uma criança. Um exemplo
disso seria mãe e avó, as quais muito comumente dividem
as funções parentais entre si. Além desse uso, o termo co-
parentalidade tem sido muito utilizado em situa- ções de
pós-divórcio para designar a relação que se estabelece
entre os ex-cônjuges, com relação à educação da criança.
No entanto, para o presente artigo, se estará considerando
a co- parentalidade em famílias nucleares+, a saber, em um
contexto onde o pai e a mãe estão pre- sentes, casados ou
morando juntos, comparti- lhando a parentalidade. Nesse
sentido, o pre- sente estudo pretende revisar o conceito de
coparentalidade em famílias nucleares, bem como suas
implicações para a pesquisa e para a prática clínica.
A origem do termo coparentalidade (
parenting) não está clara na literatura. Foram realizadas
diversas buscas em algumas bases de dados internacionais
utilizando-se o descritor coparent*, desde o início de
indexação de cada um. Na base de dados ERIC, o termo
aparece pela primeira vez em 1978, em um livro de Gal-
per4: “Coparenting: sharing your child equally. A source
book for the separated or divorced family”. No
85 especialmente porque, em caso de divórcio, a relação que
“The continuing coparental relationship be- tween se construirá no pós- divórcio estará baseada na qualidade
divorced spouses”. Já no IndexPsi, que cobre a literatura
do relaci- onamento estabelecido, enquanto o casal ainda
nacional o termo não foi en- contrado. estava junto9.
Pode-se observar que o uso do termo Mas o que vem sendo pesquisado nos
coparentalidade parece ser bastante recente, pois a
estudos sobre coparentalidade? Numa busca no PsycoInfo
primeira referência apareceu há menos de 30 anos entrenaos anos 1996 a 2004, o con- ceito de coparentalidade
literatura revisada. Além disso, ele parece ter surgido no tanto em arti- gos empíricos (35,6%), capítulos de
aparece
contexto de famílias divorciadas, possivelmente porquelivros (30%) como teses de doutorado (22%). Este termo
quando os pais se separam, a relação coparental é a muitas
única vezes está sendo associado ao conceito de
“arena” em que os pais continuam a se relacio- nar parentalidade
1,3,7
. Na (38% dos estudos); à conjugalidade (20%) e
verdade, segundo Margolin et al. , somente mais tarde,
3
a
ao divórcio e disputa de guarda (37%). Cada um desses
coparentalidade come- çou a ser investigada termos nessa re- flete diferentes aspectos relacionados a copa-
configuração famili- ar quando alguns autores rentalidade
como e, por isso, serão discutidos a se- guir.
Belsky et al. e McHale passaram a utilizar este conceito
8 1
Inicialmente, é importante conceituar al-
de para famílias nucleares. Deve-se salientar que estudar a
guns termos da teoria sistêmica para que se possa
coparentalidade em famílias nuclea- res é relevante,
diferenciar o conceito de sistema conju-

+ Ainda não há consenso na literatura sobre qual termo utilizar para designar famílias compostas por pai, mãe e filhos em um primeiro casamento.
Alguns artigos utilizam o termo famílias intactas, mas considerou-se mais adequado o termo família nuclear para designar tais famílias no
presente estudo.
Giana Bitencourt Frizzo, et al. cônjuge apóia o outro em diferentes áreas. Além disso,
o
casal precisa aprender a lidar com o conflito a fim de
desenvolver padrões viáveis para expressá-los e resolvê-
gal, parentalidade e coparentalidade. De acor- do com
los11. Para Walsh12, a diferença entre os casais não está na
Minuchin10, o sistema familiar diferen- cia e realiza suas
presença ou ausência de problemas, mas na maneira como
funções através de subsiste- mas. Os indivíduos são
os resolvem. Parece que casais bem sucedidos conseguem
subsistemas dentro da família, assim como as díades mãe-
manter uma relação de complementaridade di- ante das
pai, pai-fi- lho, etc. Cada um pertence a diferentes subsis-
obrigações e, ao mesmo tempo, um sentimento de
temas, nos quais tem diferentes níveis de poder e onde
igualdade e liderança comparti- lhadas. Para Walsh12, as
aprende habilidades diferenciadas. As pessoas ingressam
famílias disfuncionais são caracterizadas por um
em diferentes relações em cada subsistema e se acomodam
desequilíbrio de po- der no casal. Quanto maior a
caleidoscopi- camente a fim de atingir a mutualidade, a
dominância e au- toridade de um sobre o outro, maior a
qual torna possível a relação humana.
disfunci- onalidade e insatisfação no casamento. Qual-
Ainda segundo Minuchin10, o subsistema
quer que seja o acordo, o que é realmente ne- cessário é
conjugal se forma quando dois adultos se unem com o
um sentimento de reciprocidade a longo prazo, de modo
propósito de formar família. As habilida- des principais
que os parceiros este- jam convencidos de que cada um
para a implementação de suas tarefas são
toma para si algumas responsabilidades e que as
complementaridade e acomodação mútua. Isso significa
respectivas contribuições têm valor e fazem parte de um
que o casal deve desen- volver padrões em que cada
equilíbrio que dura através do tempo. Um de- sequilíbrio 86

persistente de poder pode acabar levando à insatisfação e Uma das funções do subsistema conju-
desgaste na relação conjugal. gal é conseguir uma fronteira que o proteja das exigências
Rev Bras Cresc Desenv Hum 2005;15(3):84-94 e necessidades dos demais subsiste- mas, especialmente
quando o casal tem filhos10. Essa fronteira precisa permitir
o acesso da cri- ança aos pais, mas excluí-la das questões
con- jugais. De acordo com Minuchin e Fishman11, o
subsistema conjugal é vital para o crescimen- to dos
filhos, pois ajudará a constituir seu mo- delo para relações
íntimas. É nesse subsistema que a criança aprende meios
de expressar afe- to, de como se relacionar com um
parceiro em dificuldades e de como lidar com conflitos en-
tre iguais. Quando ocorrem disfunções no sub- sistema
conjugal, o impacto pode se dar em toda a família.
A maior diferença entre o conceito de
coparentalidade e o de relacionamento conju- gal é que o
primeiro está associado e é motiva- do pela preocupação
com o bem-estar da cri- ança, enquanto que o
relacionamento conjugal refere-se à intensa preocupação
com o parcei- ro, por si e pela relação conjugal 3.
Essencial- mente, a coparentalidade envolve apoio e com-
prometimento mútuo no exercício da parentali- dade. É
através desta relação que os pais po- dem negociar seus
papéis, responsabilidades e contribuições para a criança 3.
A dinâmica con- jugal, ainda que certamente influenciada
por aspectos da parentalidade, normalmente tem sua
origem anterior ao nascimento da criança e for- ma uma
esfera separada de interação. Além dis- so, a relação
coparental segue seu próprio tra- jeto desenvolvimental,
representando os laços dos cônjuges enquanto pais, um
laço que per- siste mesmo que o casamento se desfaça7.
O nascimento do primeiro filho inicia
uma nova etapa no ciclo de vida familiar, quando surge o
subsistema parental. Assim, nesse mo- mento, o
subsistema parental deve se diferenci- ar para
desempenhar a tarefa de socialização da criança, sem
perder o apoio mútuo que de- veria caracterizar o sistema
conjugal10. As prin- cipais funções do subsistema parental
são a
Giana Bitencourt Frizzo, et al.
educação e socialização dos filhos 11. À medida que a 87

criança cresce, suas exigências de desen- volvimento, de No entanto, perspectivas clínicas e teóri- cas
autonomia e de orientação, im- põem demandas sugerem ao que parece existir a possibilidade de
subsistema parental, que deve ser modificado paradiferenciação
atendê- entre o relacionamento conju- gal e a
coparentalidade,
las.Inicialmente predominam as funções de nutrição para pois alguns casais em conflito, motivados
pos- teriormente aparecerem às funções de pelo desejo
controle e de proteger a criança de repetidas exposições
orientação. ao conflito entre os pais, colaboram nas tarefas com a
criança, apesar dos sentimentos intensos de desdém, res-
Assim, a parentalidade parece ser um processo de
sentimento e hostilidade de um com o outro 3. Deste modo,
acomodação mútua entre pais e filhos, quando se deve
a análise em separado destes dois conceitos é relevante
buscar um equilíbrio en- tre o controle por parte dos pais e
para se entender o impacto do conflito conjugal na
a autonomia dos filhos10. Mas a parentalidade sempre vai
parentalidade.
requerer o uso de autoridade. O funcionamen- to familiar
eficiente necessita que pais e filhos aceitem o uso É importante também se fazer uma dis-
criminação entre conflito coparental e conflito conjugal 3.
diferenciado de autoridade pelo subsistema parental
O conflito
subsistema parental, a criança pode aprender o que esperar coparental engloba diver- gências sobre a
de pes- soas que têm mais recursos e força, criança,
aprender especialmente
a quanto à sua educação. Já o
conflitonos
lidar com conflito e negociação, que estarão presentes conjugal não cap- tura as idéias contidas naquele
conceito, oainda que seja presenciado pela criança, pois o
diferentes ambientes que a crian- ça, e posteriormente
adulto, se defrontarão ao longo de suas vidas. seu conteúdo refere-se ao relacionamento conjugal e não
parental. Além disso, para estes autores, embora a relação
A coparentalidade é possivelmente um fator
coparental se reflita em pro- cessos diádicos entre os pais,
interveniente entre o relacionamento con- jugal e a
a coparentalida- de também pode aparecer na maneira pela
parentalidade, porque a colaboração entre o casal pode
qual os pais falam um do outro para a criança. Ape- sar de
influenciar tanto a maneira como os pais interagem com
dizer respeito à execução do papel pa- rental próprio e ao
suas crianças como o estresse frente às exigências em seus
apoio ou prejuízo do papel parental do companheiro, a
papéis parentais3. Além disso, a coparentalida- de é um
coparentalidade, segundo Margolin et al. 3, pode ocorrer
mecanismo que evidencia o quanto as relações conjugais
quando ambos os pais estão com a criança ou quando
afetam as relações entre pais e filhos. Haveria um efeito
sozinhos com o filho, mas se referindo ao outro
indireto: o conflito conjugal afetaria a parentalidade e,
componente do sistema. Quando exercida na tríade pai-
consequen- temente, a interação com a criança3.
mãe-criança, é denominada de co- parentalidade explícita
Assim, de acordo com Schoppe et al.
overt coparenting). Exemplo disso é quando um dos
qualidade da coparentalidade na família parece ser mais
parceiros fala sobre o outro junto à criança. De forma
importante para o funcionamento da criança do que a
opos- ta, quando ocorre em um momento em que um dos
relação conjugal apenas. Além disso, ao se considerar num
pais está sozinho com a criança, é denomi- nada de
mesmo estudo tan- to a coparentalidade quanto outros
coparentalidade velada (covert copa- renting). Um
processos familiares, adiciona-se uma compreensão mais
exemplo seria quando o parceiro faz algum tipo de
complexa do sistema familiar e do ajustamento
comentário sobre o compa- nheiro, quando está somente
socioemocional das crianças.
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com o filho13.
A coparentalidade também se diferenci- aria
do conceito de boa parentalidade3. O bom
Giana Bitencourt Frizzo, et al.
funcionamento da relação coparental engloba as tarefas da 88
da rotina
parentalidade, mas também provê à criança sentimentos de diária que envolve atribuições domés- ticas e os
solidariedade e obje- tivos comuns. Além disso,cuidados
o pai/mãefinanceiros, médicos e le- gais para com a
pode ser excelente no manejo com a criança ecriança.
ser muito A questão central para este domínio seria a
responsivo, mas ainda assim pode denegrir satisfação,
o parceiro ou seja, o quanto os pais estão satisfeitos tanto
com o processo de negociação das responsabilidades e
perante a criança, nesses processos de coparentalidade
velada, possivelmente indican- do conflito na comrelação
a divisão do trabalho. A satisfação é o resultado de
coparental. quanto a divisão do trabalho atende às ex- pectativas e
crenças parentais acerca das con- tribuições de cada um
Com base numa extensa revisão de estu- dos,
para os cuidados da cri- ança. Um aspecto potencialmente
Feinberg2 apresenta um modelo que se propõe a integrar os
importante de como os pais gerenciam a divisão de
principais componentes da relação coparental. O modelo
trabalho é o grau de flexibilidade ou rigidez empregadas.
apresenta a co- parentalidade associada a quatro principais
Enquanto alguns casais determinam regras so- bre o que é
com- ponentes, a saber: a) concordância ou discor- dância
para ser feito, outros, de modo mais flexível, decidem
quanto a aspectos relativos aos cuida- dos e educação da
ajustar as regras à medida que as situações surgem. Para
criança; b) divisão de tra- balho relacionado à criança; c)
Barnes e Olson14, de modo geral, uma estrutura
apoio (ou falta de) ao papel coparental; e d) manejo
equilibrada e adap- tação flexível do funcionamento
conjunto das interações familiares. A concordância quanto
familiar tende a facilitar o processo.
aos cuidados da criança refere-se ao grau em que as
figuras parentais concordam em uma série de tópicos Já o apoio ao papel coparental, terceiro
relacionados à criança, incluindo valorescomponente morais, do modelo de Feinberg , refere- se a quanto
2

disciplina e expectativas de com- portamento, cada elemento do casal se apóia mutuamente. Compreende
necessidades emocionais da crian- ça, padrões a confirmação
e da competência parental do parceiro,
reconheci-
prioridades educativas, seguran- ça e relação com pares. mento e respeito às suas contribuições e a sus-
Este componente é visto por Feinberg como tentação umadas decisões e autoridade do outro. A
contrapartida negativa do apoio coparental é expressa pela
dimensão única em que concordância e discordância
ocupam posições opostas em uma escala bipolar.depreciação
O fato de do parceiro através de críticas,
enfraquecimento
haver discordância quanto aos cuidados da criança não ou culpa. Esta di- mensão torna-se clara
conduz necessariamente a resultados fami- em alguns
liares casais que fa- zem uso da competitividade em
negativos. Casais que “concordam em discordarem”que o ganho por autoridade ou afeto da criança implica em
podem negociar suas discordân- cias, concordandoperda paraem o outro. Conforme Feinberg, a lite- ratura não
manter bons níveis de apoio coparental. Porém,esclarece
quando quanto
a o grau de apoio versus depreciação pode
discordân- cia é crônica ou aguda, pode ocorrer seroconceituado
enfra- ou medido como pólos opostos de um
quecimento ou o desmantelamento da unidade mesmocoparental,con- tinuum ou como construtos independentes,
expressa através de estratégias de em- bora relacionados. Porém considera-se esta dimensão
cuidados
descoordenadas, críticas, falta de apoio mútuocomo uma forma particular de apoio social que, como tal,
e conflito
interparental hostil. exerce efeitos positivos importantes sobre a família.
Quanto ao segundo componente do mo- delo O último componente do modelo de
de Feinberg2, a divisão de trabalho, se re- fereFein- berg, o manejo conjunto das interações familia-
à divisão
Giana Bitencourt Frizzo, et al.
das tarefas e responsabilidades
Rev Bras Cresc Desenv Hum 2005;15(3):84-94
res, é visto como um importante subsistema exe- cutivo de 89
Então,
responsabilidade dos pais, que pode se estender em, pelo se o indivíduo é parte de um sistema fa- miliar
organizado, ele nunca é verdadeiramente independente e
menos, três direções. Pri- meiro, os pais são responsáveis
pelo controle de seu comportamento e comunicação só pode comser entendido no con- texto familiar. Assim, de
os ou- tros. Alguns comportamentos interparentais acordo(ex.:
com Gable et al.17, como a coparentalidade é uma
hostilidade, violência) afetam a parentalidade dimensão
e seuscaracterística do subsistema parental, ou seja,
filhos. Em segundo lugar, os comportamen- tosrefere-se
e atitudes aos pais em relação a seus filhos, não pode ser
considerada
dos pais estabelecem fronteiras na relação, engajando ou como um conceito diádi- co. Em suma, a
excluindo outros membros da família da coparentalidade
relação é um conceito pelo menos triádico, pois
interparental. Por exemplo, no contexto da necessariamente
hostilidade in- clui pelo menos uma criança7.
parental, os pais po- dem utilizar a criança para atacarem Com a passagem para uma visão mais
um ao ou- tro, levando-a a se sentir na “linhacomplexa
de fogo”.das relações interpessoais, o modelo tradicional
Por fim, mesmo na ausência de conflito ou diádico de outrasde se estudar as interações mãe-bebê ou pai-bebê
interações problemáticas, os pais variam na for- ma comsido visto como adequado, pois não abarca o
não tem
que contribuem de maneira balanceada para asvasto sistema no qual uma relação entre duas pessoas se
interações
familiares. Assim, os pais po- dem negociar umdesen- volve15. O modelo diádico separa em peque- nas
equilíbrio
partes todo
em termos de seu envolvimento nas relações triádicas ou o sistema, perdendo o sentido total da relação,
nas mais amplas, quando um pode assumir aa liderança, complexidade interacional do sistema e entendendo-o
enquanto o outro se retrai. como mera soma das partes que compõem as díades. Esta
soma não explica a estrutura da relação existente no sis-
Importância do conceito de coparentalidade para tema,
a dos significados compartilhados que re- gulam as
pesquisa e clínica relações e de como esses significados se influenciam
mutuamente. Com os estudos das famílias, a unidade de
observação deixa de ser somente a pessoa e passa a ser o
O termo coparentalidade tem importân- cia conceitual ao
conjunto de relações no qual a pessoa está envolvida. Des-
ampliar a compreensão a res- peito das interações
sa forma, é dentro desse contexto que surgem os estudos
familiares. Como destaca- do por Andolfi15, estudos mais
sobre coparentalidade.
tradicionais en- focavam as interações da díade mãe-
Assim como a relação conjugal é dife-
criança considerando esta como representativa de todo o
renciada da coparentalidade, esta também vai além das
sistema familiar. Essa concepção reducionista
relações diádicas pai-criança e mãe- criança. Há
desconsiderava o sistema familiar de forma mais ampla
evidências de que a coparentalida- de tem uma
Já no contexto atual das sociedades ocidentais, no qual o
contribuição independente para o ajustamento da criança,
envolvimento paterno vem cada vez mais sendo
para além da influência da parentalidade7.
valorizado, compreender como a coparentalidade afeta o
desenvolvimen- to humano tornou-se de grande A coparentalidade tem sido investigada de
importância, seja para fins teóricosdiferentes
como paraformas. Uma delas é através do relato dos pais
intervenções. Um princípio da teoria sistêmica,avaliando
segun- doos comportamentos coparentais através de uma
escalacomo
Minuchin16, é que qualquer sistema é orga- nizado (ex. Copa- renting Scale, McHale, 1997 in 18). O
instru- mento
um todo e os elementos dentro do sistema são inclui quatro diferentes fatores, quais se-
Giana Bitencourt Frizzo, et al.
inerentemente interdependentes.
Rev Bras Cresc Desenv Hum 2005;15(3):84-94
jam, integração familiar, difamação, conflito e 90
vestigar
repreensão . O primeiro fator Integração Fa- miliar diz
18 a coparentalidade é a observação de
comportamentos
respeito aos comportamentos dos pais que buscam incluir parentais, coparentais e fami- liares. Para
tanto,como
o parceiro na interação quan- do ele está presente, McHale et al.18 desenvolve- ram um sistema de
ao dizer, por exem- plo, “Mostra para a mamãe”medida da Família e da Co- parentalidade (Coparenting
“Convida o papai para jogar com a gente”. and EsseFamily
fator Rating System – CFRS) a partir do qual
também pode ocorrer na ausência do parceiro destacam
como, por cinco categorias de observação que são
analisadas
exemplo, quando um pai diz “A mamãe ficou feliz de verpelos autores.
que tu conseguis- te” ou quando a mãe diz “O pai te A primeira refere-se à afetividade, a qual
adora”. Estas manifestações têm o intuito decaptura a consideração positiva dos pais e o afeto para
transmitir
com acomo
para a criança uma idéia da família como um todo, criança (ex. tom de voz e ex- pressão facial). A
uma unidade familiar tanto quando estão em segunda
atividades seria a provisão de estrutura, a qual mede a
conjuntas como quando estão em interação somente com ana qual os pais organizam as tarefas para as
extensão
criança. crianças, pro- vêm instruções claras e quanto auxiliam a
Difamação é o segundo fator da crian- ça a entender uma tarefa. A colocação de limi- tes é
referida
escala sobre coparentalidade e diz respeito aoa quanto
terceira ocategoria, a qual é medida pela extensão com
parceiro denigre a imagem do com- panheiro quefrente
os pais
à previnem que a cri- ança fuja da tarefa que lhe
foi designada,
criança. Na difamação, a ten- tativa é de diminuir a man- tendo-a engajada na atividade
autoridade ou credibilida- de do parceiro, autorizada
como porpelos pais. A quarta categoria é a sensibilidade,
exemplo, quando um pai diz “Tua mãe está a qual é medida pela adequação da intervenção dos pais
sempre
atrapalhando nossa brincadeira” ou quando uma em mãetermos
diz de tempo e qualidade de res- posta. Por último,
“Ele não deixou tu fazeres isso? Mas a mãe adeixa”.
categoria
A investimento tam- bém é medida pela
difamação pode ocorrer no contexto explícito “presença”
ou velado, psicológica e engajamento dos pais nas
sendo que, no primeiro, aparece geralmente naatividades
forma deda sessão de brincadeira.
denegrir es- forços educativos do parceiro e, no segundo, Já Margolin et al.3 investigaram a copa-
aparece em comentários negativos a respeito do rentalidade
parceiro através da percepção parental de um cônjuge
coparental. sobre o outro em relatos sobre três dimensões: conflito,
O terceiro fator, Conflito, pode triangulação
ocorrer e coopera- ção. A primeira se refere ao
quanto os pais dis- cordam, concordam, boicotam ou são
somente no contexto explícito, pois diz respeito ao quanto
hostis um
o pai e a mãe disputam entre si, na frente da criança. Já ocom o outro. A triangulação diz respeito a uma
quarto e último fator, Repreensão, se refere aoquebra
quantodas
o fronteiras na relação pais-filhos, que objetiva
pai ou a mãe busca estabelecer os limites, boicotarseja
ou excluir o outro progenitor do relacionamento.
Esse
disciplinando a criança, pedindo ao parceiro para processo
impor os insere a cri- ança no conflito parental, sendo
pressionada
limites, colocando-se em segundo plano no momento que por ambos os pais. Por fim, os autores
o companheiro está disciplinan- do ou impondoreferem-se
os limites à cooperação que diz respeito a quanto os pais
em nome da unidade familiar (ex. “O papai evalorizam
a mamãee apóiam um ao outro.
querem que você coma para ficar forte”). Alguns estudos têm se destacado por in-
Outra forma que tem sido usada para in- vestigar as implicações para a família e criança dos
Rev Bras Cresc Desenv Hum 2005;15(3):84-94 diferentes tipos de relacionamento familiar
Giana Bitencourt Frizzo, et al.
e, em particular, a respeito da coparentalidade. Por 91
para os
exemplo, no artigo de Belsky e Hsieh so- bre a transição
19 filhos.
para parentalidade, foram dis- tinguidos os diferentes Alguns autores sugerem que pode haver
diferenças
desfechos para casais após o nascimento do primeiro filho, na forma como pais e mães perce- bem a
relação
influencia- dos pela qualidade da coparentalidade. Os re-coparental. No estudo de Van- Egeren 24 sobre a
sultados indicam que há desde relacionamentos coparentalidade
que e a transição para parentalidade, foram
mantiveram a estabilidade até relacionamen-encontradas
tos que evidên- cias para a especificidade da aliança
apresentaram um forte declínio na sa- tisfaçãocoparental
conjugal. e sobre o tipo de associação entre a coparen-
talidade e a relação conjugal. Ao longo do es- tudo, os pais
Segundo esses autores, a qua- lidade da coparentalidade
estavamnos
pode afetar a satis- fação conjugal, especialmente mais satisfeitos com a ali- ança parental do que as
mães. mas
casais onde o relacionamento era bom inicialmente, Assim, parece haver diferenças na forma como
mães
se deteriorou após o nascimento do filho. Nestas e pais percebem a relação parental, especialmente
famílias
foram encontrados mais relatos de falta de apoio ao
quanto napapel da relação conjugal na organi- zação da
coparentalidade em comparação com casais coparentalidade.
que As mães parecem separar melhor esses
dois aspectos,
mantiveram a satisfação conju- gal, após o nascimento do enquanto que os pais tendem a experienciar
filho. uma qualida- de mais global da relação, que incluiria as
A coparentalidade exercida de maneirainte- rações conjugais, familiares e pais-criança. Cor-
positiva
roborando este achado, a revisão da literatura realizada por
pode influenciar diretamente o engaja- mento pais-criança,
enquanto que uma coparen- talidade negativaCoiro podee ter Emery9 revelou que os pais tendem a ter um
efeito indireto no en- gajamento ou mesmo padrão geralno de relacio- namento, que se aplica tanto ao
relacionamento
desengajamento da re- lação pais-criança 20. Esse mesmo com sua esposa, como com suas crianças.
ponto de vista foi corroborado por Retting As- et al.sim, de acordo com Van-Egeren , uma possí- vel
24

comuni- cação cooperativa durante situações decontribuição


conflito e destes achados para a clínica seja encontrar
durante a coparentalidade se revelou um im- uma linguagem comum entre mães e pais a fim de
portante
preditor de satisfação de vida e de fa- mília expandir
entre pais as definições da parce- ria parental.
(homens) três anos após o divór- cio. Já para Madden- Outro aspecto examinado por alguns es-
Derdich et al.22, a dificul- dade de estabelecertudos refere-se ao quanto o conflito conjugal tende a afetar
fronteiras
que claramente definam o ex-cônjuge comodiferentemente
parceiro o relacionamento pai-criança do
relacionamento
parental (coparent), mas não como esposo, é uma da mãe-criança 9
. Embora as evidências sejam
maiores fontes de conflito pós-divórcio. controversas, os autores encontraram que a qualidade do
Alguns autores observaram associações relaci-entre
onamento pai-criança foi mais afetada do que a da
pouco apoio e mutualidade na relação coparental mãe-criança
com nas situações de conflito con- jugal. De
relações problemáticas de seus filhos de quatroqualquer
anos, emforma, parece haver um con- senso quanto a um
suas interações com crianças da mesma idade possível
23 efeito de contami- nação dos problemas conjugais
estudo sugere que os filhos parecem aprenderpara com aseusparen- talidade. Além disso, nas famílias
divorciadas,
pais como se relacionar com outras pessoas e como lidar parece haver uma nítida diminuição do
com situações de conflito e negociação, conformeenvolvi- jámento pai-criança em comparação ao envolvi-
preconizado por Minuchin10 ao se referir sobre mento da mãe com suas crianças.
as funções
Giana Bitencourt Frizzo, et al.
do subsistema parental
Rev Bras Cresc Desenv Hum 2005;15(3):84-94
Este efeito de contaminação das intera- ções 92
dade
conjugais sobre as demais interações fa- miliares foi significa um avanço em termos teóricos e apresenta
também investigado por Kitzmann25. Segundo apotencial
autora, aspara aplicações na clínica. Na verdade, este
interações em um subsis- tema parecem influenciarconceito as envolve vários as- pectos de outros conceitos que
interações subse- qüentes com outros subsistemas.tradicionalmente
Como vêm sendo investigados, tais como
maternida-
pode ser visto no estudo, a qualidade da interação triádica de, paternidade, parentalidade, envolvimento
pai-mãe-criança variava se antes o ca- sal havia paternosido e relacionamento conjugal2,7, 17. Além disso, o
orientado a falar sobre um assun- to conflitivo estudo ou da coparentalidade traz um avan- ço na
compreensão
agradável. Além disso, as inte- rações conflitivas tiverem da família ao destacar a relevância das
maior efeito sobre a parentagem dos pais do que relações
sobremais a harmônicas (ex.: apoio mútuo, engajamento
das mães. Os pais tiveram interações com menos comapoio seusefilhos) e seus efeitos no desenvolvimento da
engajamento com seus filhos depois dessas in- criança
terações (ex.: maior integração familiar, demonstração de
conflitivas. Já quando o casal era ori- entado aafe- to). Obviamente, é ainda um conceito relativo às
conversar
sobre algum assunto agra- dável, a interação sociedades
triádica ocidentais, nas quais o pai assu- me um papel
seguinte era caracte- rizada por maior diferenciado
coesão e na família, enquanto que em outras
demonstração de afeto. No conjunto, esses dados comunidades
apóiam a o pai nem sempre tem essa posição.
exis- tência de um efeito de contaminação entre os Assim, o estudo da coparentalidade ofe-
rece uma
diferentes níveis de interação familiar. No en- tanto, pode-importante contribuição à pesquisa e à clínica ao
deslocar
se pensar que esse é um resultado esperado, já que a teoria o foco das interações diá- dicas para as triádicas,
estrutural sistêmica preconiza que os indivíduos ou outras são mais amplas, envolvendo mais de um filho,
interdependen- tes, e contribuem como parte enfatizando
de um a ques- tão de que qualquer mudança em um
sistema que controla o seu próprio comportamento dos com-
16
. Ain-ponentes pode afetar o sistema como um todo 16.
da, segundo Minuchin10, o indivíduo pode res-Além ponderdisto, ao considerar, no mínimo, a tríade pai- mãe-
criança como unidade de análise permite um melhor
estresse em outras partes do siste- ma, possivelmente
afetando os outros membros que o compõe. dimensionamento da participação do pai nos cuidados com
a criança,
Em suma, os estudos revisados apontam paracontexto até há pouco tempo desconsiderado por
a complexidade da coparentalidade, que possui grande
diversosparte da literatura sobre desenvolvimento infantil e
aspectos que são passíveis de influenciar familiar. e serem
influenciados pela transição para parentalidade e pelo Além disso, segundo Coiro e Emery9,
relacionamento con- jugal. Além disso, parece comohaver
foi visto acima a coparentalidade e a sa- tisfação
diferenças na parentalidade dos pais e mães, queconjugal
deveriamse constituem em importante aspectos para
ser consideradas a fim de melhor estabelecerintervenções
uma boa que visam melho- rar ou mesmo manter o
relação coparental. envolvimento do pai com suas crianças. Segundo os
autores revi- sados, o relacionamento conjugal e a parenta-
lidade parecem estar muito ligados, com influ- ência
CONSIDERAÇÕES FINAIS recíproca entre os pais e seus filhos. As- sim, ao se
trabalhar com famílias nucleares e mesmo divorciadas,
De modo geral, o estudo da coparentali- seria importante enfocar também a relação coparental a
Rev Bras Cresc Desenv Hum 2005;15(3):84-94 fim de que se
Giana Bitencourt Frizzo, et al.
93
melhore também a relação mãe-criança e pai- no criança.
adulto, equilíbrio do envolvimento parental positivo e
manejo do comportamento da crian- ça, enquanto
estudos revisados evidenciam a ten- dência de considerar a
Margolin et al.3 investigam esse conceito a partir das
tríade, ao invés da día- de, pois a maioria envolve a
dimensões de conflito, tri- angulação e cooperação.
participação tanto da mãe quanto do pai. Os dados têm
sido in- vestigados através de observações, entrevistas e Essa incongruência parece indicar uma
carência
também questionários. No entanto, têm-se utilizado de instrumentos nessa área, que deve ser suprida
mais
em futuros
entrevistas do que observações ou questionários. Além estudos, pois o constru- to coparentalidade
disso, as entrevistas não apresentam um poderoteiro
estar sendo medido de forma inconsistente. Em
última não
padronizado, assim como as análises das observações instância, isso pode afetar a fidedignidade dos
apresentam categorias análogas já reconhecidas resultados,
pela maio- di- ficultando o consenso entre os
pesquisadores.
ria dos pesquisadores. Exemplo disso é o fato de McHale Enfim, dada a relevância desse conceito, é
im- portante
et al.18 considerarem a coparentali- dade como composta que novos estudos sobre a coparenta- lidade
sejam realizados, buscando ampliar as evidências e
por antagonismo, afetivi- dade, cooperação, centralização
na criança ou contribuir para a pesquisa e práti- ca com famílias.
Rev Bras Cresc Desenv Hum 2005;15(3):84-94

Abstract: The aim of this study was to review the concept of co-parenting and its implication for research and
clinical practice. For this purpose, the historical origin of this concept and its relevance for the current context are
examined to allow an evolution of the concept. The results show a trend that move away from the mother-child
dyadic concept towards a concept involving the mother-father-child triad. These studies have implications for
clinical practice because they offer new possibilities of working with co-parenting (both married or divorced
parents), as a focus. A lack of instruments in this area was noted; an issue that should be highlighted in future
studies.

Keywords: Co-parenting. Family system. Marital relationship.

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