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Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Departamento de Oceanografia e Limnologia


Disciplina: Oceanografia Abiótica
_

FISIOGRAFIA DO FUNDO OCEÂNICO E FEIÇÕES DO


AMBIENTE MARINHO

Profª Cybelle Menolli Longhini

1
POR QUE ESTUDAR OCEANOGRAFIA GEOLÓGICA?

2
AS BACIAS OCEÂNICAS

Ártico

Antártico

3
RELEVO SUBMARINO

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• Tectônica de placas
• Formação de bacias oceânicas
• Limites divergentes
• Relevo submarino (feições
• Limites convergentes fisiográficas)
• Limites transformantes

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A estrutura do Planeta Terra – Composição Química

Crosta oceânica
 Composta essencialmente por basalto
 Silicatos de Fe e Mg
Fe e Mg
 Menor espessura (5 a 10 km)
 Mais densa que a crosta continental

Fe e Ni Crosta continental

 Composição semelhante à do granito


 Silicatos aluminosos
 Maior espessura (de 25 a 70 km)
Fonte: Noções de Oceanografia  Menos densa
A estrutura do Planeta Terra – Composição Física

Litosfera
 Camada rochosa rígida e fria
 Inclui as crostas continental e oceânica
 Dividida em placas tectônicas

Astenosfera
 Semifluida
 Parcialmente fundida
 Correntes de convecção do manto
Mesosfera
 Alta pressão
 Mais denso, flui mais lentamente

Endosfera
 Externa: estado líquido
Fonte: Noções de Oceanografia
 Interna: estado sólido
Deriva continental

• Todos os continentes já
estiveram unidos em um
supercontinente (Pangeia),
circundado por um oceano
(Panthalassa).
• 255 milhões de anos: Pangeia
partiu-se em pedaços que se
moveram até atingir a posição
atual.
• Barreira: manto profundo e sólido.

Figuras do livro “A origem dos continentes e dos oceanos.


Alfred Weneger. Fonte: Noções de Oceanografia.
Deriva continental
Evidências: padrões para terremotos e
vulcões no mundo

Zonas sísmicas no mundo. Fonte:


https://static.mundoeducacao.uol.com.br/mundoeducacao/conteudo/zonas-sismicas.jpg
Tectônica de placas Revolução Científica!
Marie Tharp foi a primeira a identificar a presença de uma
grande cadeia de montanhas submarinas no centro do
Atlântico Norte → separação do assoalho marinho.
Posteriormente, essas montanhas foram encontradas nos
demais Oceanos.

Dorsais meso-oceânicas: centros de expansão!

Como ocorre esse movimento?

A Terra estaria em constante crescimento?

Cadeia Dorsal Meso-Atlântica. Fonte:


https://www.sitedecuriosidades.com
/curiosidade/dorsal-meso-
atlantica.html Teoria da Tectônica da Placas
Tectônica de placas

Limite divergente de
Como ocorre esse Limite convergente de
placa demarcado pela
Dorsal Meso-oceânica
placa demarcado por (centro de expansão)
movimento? fossa Litosfera
oceânica
Subducção
alimentando
vulcões

Placa
Litosfera descendente
oceânica puxada pela
gravidade
frio
Crosta Célula de Afloramento
continental convecção do manto quente

O sistema
Núcleo
externo
Astenosfera
tectônico é Núcleo
interno

alimentado pelo
Fonte: http://viveraterra.blogspot.com/2011/10/modelo-de-conveccao-
calor mantelica.html
Tectônica de placas
Interações
entre placas
A terra estaria em
constante
crescimento? Fonte: Fundamentos de Oceanografia

Pontos de
construção,
destruição e
soerguimento.
Tectônica de placas

“Se (como é quase certo) a Terra não


está expandindo nem contraindo, as
taxas líquidas de subducção e expansão
em um grande ciclo terrestre devem ser
iguais, e os padrões das placas e
movimentos das mesmas devem ajustar-
se para mantê-los desta forma.”
Unidades morfológicas

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As três províncias fisiográficas principais do fundo marinho são:
Margens Continentais, Bacias Oceânicas e Cordilheiras
Mesoceânicas (ou Dorsais Oceânicas).

Domínio continental
Domínio oceânico
(Margens continentais)

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ZONAS DO RELEVO Expansão térmica das rochas → grandes
OCEÂNICO montanhas submarinas

Planícies
abissais

Zona continental Resfriamento e Dorsal meso- Limites de zonas


costeira contração das oceânica convergentes 16
rochas
MARGENS
CONTINENTAIS Sub-províncias características de margens continentais
passivas (não ocorre em limite tectônico)

• Zonas de transição entre a


crosta continental e a crosta
oceânica;

• Estão localizadas entre a zona


costeira dos continentes, ao nível
do mar, até regiões de mar
profundo com até 5 km de
profundidade;

• Importância econômica e social:


transporte naval, recursos
naturais, extração de mineral e de
petróleo.

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MARGENS Alargamento
± 300km
CONTINENTAIS decorrente do grande
aporte sedimentar do
rio Amazonas
PLATAFORMA CONTINENTAL

• Declive pouco acentuado e o aumento progressivo da


profundidade até cerca de 200 metros → queda brusca da
profundidade → talude continental;

• Largura extremamente variável (no Brasil, varia de 8 a


± 8km
300km) → Por que?
topografi a atual é resultante dos processos de erosão e sedimentação relacionados com as oscilações do nível relativo do mar
no último milhão de anos
± 50km
Alargamento
decorrente do
Banco de
Abrolhos

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MARGENS
CONTINENTAIS
talude
200 m
400
1200
zona 600 1400
costeira 800
1600
1000
1800
Topografia atual é
resultante dos processos plataforma
continental
de erosão e platô
sedimentação
relacionados com as borda de
plataforma
oscilações do nível
relativo do mar no
último milhão de anos.
cânion Sopé ou elevação continental

Platôs: feições semelhantes às plataformas continentais, entretanto ocorrem a profundidades


maiores (entre 200 e 2400 m), sendo separados das mesmas por meio de um talude
continental incipiente.
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MARGENS Como se formaram os cânions submarinos?
CONTINENTAIS
Correntes de densidade durante as regressões
do nível do mar; correntes de turdibez →
TALUDE CONTINENTAL avalanche de sedimentos.

• Zona da margem continental


localizada entre a quebra da
plataforma continental, em
profundidades de 200 m, até
profundidades entre 3-5 km;
• Largura variada: 20 km margens
ativas; 100 km margens passivas;
• Declive acentuado;
• Presença de cânions submarinos,
escarpas e depósito sedimentar.

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MARGENS
CONTINENTAIS

ELEVAÇÃO CONTINENTAL
• Também conhecida como sopé
continental;
• Feição tipicamente deposicional;
• Estende-se da base do talude até
a planície abissal, profundidades
> 5 km;
• Relevo irregular → montes e
platôs submarinos;
• Fim da transição entre a crosta
continental e a crosta oceânica.

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BACIAS
OCEÂNICAS

• Planícies abissais – cobrem cerca de 30 %


do assoalho oceânico; relevo plano; prof
4 – 5 km;
• Colinas abissais - domos ou colinas
alongadas, com alturas inferiores a 1000
m e largura variando entre 100 m a 100
km;
• Montes submarinos - muitos são vulcões
com topos cônicos e encostas íngremes
que chegam a mais de 1000 m acima do
assoalho marinho, mas não alcançam a
superfície do oceano;
• Fossas oceânicas (ou abissais) - regiões
mais profundas da Terra. Relativamente
íngremes, longas, com depressões
estreitas, de 3 a 5 km mais profundas do
https://www.batepapocomnetuno.com/post/o-assoalho-oce%C3%A2nico-
que o assoalho oceânico ao redor. margens-continentais-bacias-oce%C3%A2nicas-e-cordilheiras-
mesoce%C3%A2nicas
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Limites Convergentes de Placas

Placa Euro-Asiática

Fossa das
Marianas

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Relevo oceânico ao longo da Fossa das Marianas
A Fossa das Marianas é
resultado da colisão da
placa tectônica do Pacífico
(crosta oceânica) com a
Placa das Filipinas (crosta
oceânica) que formou,
além da fossa, um conjunto
de ilhas no centro do
Oceano Pacífico.

Marcam os limites
convergentes das placas,
onde ocorre o mecanismo
da subducção e o consumo
de uma placa litosférica
em relação à outra, com a
formação de uma margem
destrutiva.
24
25
DORSAIS
OCEÂNICAS
Dorsais oceânicas

26
27
DORSAIS
OCEÂNICAS

• Região central dos oceanos;


• Formadas por vulcanismo pelas
fissuras dos limites
divergentes;
• Os picos mais elevados podem
formar ilhas e arquipélagos
acima da superfície do mar.
• Ex: Arquipélago de São Pedro e
São Paulo e a Islândia.

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Dorsal oceânica com vista do rift-valley na
Islândia.

29
DORSAIS
MESOCEÂNICAS
“O arquipélago de São Pedro e São Paulo é a única localidade
oceânica até hoje conhecida em que ocorre a exposição in situ do
manto abissal acima do nível do mar.”

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OUTRAS
FEIÇÕES

➢ Fumarolas submarinas ou
fontes hidrotermais Fumarola negra do campo de fontes hidrotermais do limite
divergente de placas do Atlântico Norte
• Gêiseres no assoalho oceânico;
• Localizam-se geralmente em limites
divergentes de placas tectônicas;
• Podem atingir 400°C sem entrar em
ebulição devido à alta pressão da coluna
d’água;
• Fluido hidrotermal rico em metais como
ferro, zinco, cobre, chumbo e cobalto
(altas temperaturas e contato com
magma) → o contato do fluido hidrotermal
com as águas geladas profundas precipita
estes metais em formato de torres
hidrotermais de até 60 m de altura;
• Microrganismos anaeróbicos que
realizam sulfato-redução.
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OUTRAS
FEIÇÕES
Mapa batimétrico do vulcão submarino de
Kolumbo no Mar Egeu
➢ Vulcões submarinos

• Formados a partir de fissuras do


assoalho oceânico → o extravasamento de
magma do manto;

• Também podem se formar no interior da


placa tectônica, em zonas de anomalia de
calor no manto, conhecidas como pontos
quentes (Hot Spots), como o Hot Spot do
Havaí ou da Cadeia Vitória-Trindade no
Brasil.

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OUTRAS
FEIÇÕES

➢ Platôs oceânicos (planos)

• Vulcanismo submarino em grandes


proporções → platôs oceânicos →
grandes elevações com até 3 km de
altura, caracterizadas por uma
superfície de topo plana e bordas
íngremes;

• 184 platôs oceânicos, cobrindo


uma área de 5,11 % dos oceanos;

• Extinção de vida marinha →


formação dos platôs de Ontong e o
Caribenho, entre 110 e 100 milhões
de anos atrás, resultou em uma das
maiores extinções da vida marinha.

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OUTRAS
FEIÇÕES

MONTES SUBMARINOS
E ILHAS OCEÂNICAS

Movimentação da placa
litosférica sobre o Hotspot
(extravasamento do magma da
pluma mantélica)

Formados geralmente próximos


às dorsais meso-oceânicas e em
áreas de convergência de placas.

Quando afloram acima da


superfície, formam as ilhas
vulcânicas.

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Unidades morfológicas

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As três províncias fisiográficas principais do fundo marinho são:
Margens Continentais, Bacias Oceânicas e Cordilheiras
Mesoceânicas (ou Dorsais Oceânicas).

Domínio continental
Domínio oceânico
(Margens continentais)

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Montes submarinos e
ilhas oceânicas

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OUTRAS
FEIÇÕES

Ilha oceânica em formato circular formado pela interação entre diferentes


processos geológicos ao longo do tempo.
Gerando montanhas e ilhas, recifes de corais se desenvolvem próximo a
ATÓIS superfície, formando uma franja de corais circular ao redor da margem da ilha
vulcânica;
Afundamento da crosta oceânica e pela ação erosiva das ondas, formando uma
laguna na parte central da ilha.
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Atol das Rocas
Atol das Rocas

Brasil

Latitude: 03°50’30" S
Longitude: 33°49’29" W
N 230 Km da costa

Atlantic Ocean

41
42
43
Montes submarinos e ilhas
oceânicas
Motoki and Motoki. 2012. Satellite gravimetry for the Fernando de Noronha
Chain, Northeast Brazil, and its bearing on the volcanic seamount structure.
Arquipélago São Pedro e São Paulo
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Elevação continental

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ECOSSISTEMAS RECIFAIS

RECIFES DE CORAIS
• Edificações biogênica;
• Formação carbonática: corais
como comunidades construtoras;
• Maior biodiversidade global;
• Regiões tropicais e subtropicais;
• Águas oligotróficas (baixas
concentrações de nutrientes);
Recife de Maracajaú
• Ameaça quanto às mudanças Foto: Marcelo landim
climáticas globais: aumento da
temperatura e acidificação dos
oceanos.

Heterogeneidade de
hábitats
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ECOSSISTEMAS RECIFAIS

OUTROS ECOSSISTEMAS RECIFAIS


• Bancos de arenito ou
beachrocks (grãos de quartzo
cimentados com CaCO3); Recife de arenito de praia. Natal, RN.
• Arenito com associações de
corais;
• Bancos de rodolitos (algas
coralináceas)

Fundo coberto por rodolitos na APA Costa das Algas (ES).


Rocha et al. (2020) 47
Mapa das construções carbonáticas, inorgânicas e recifais presentes na região de Touros–RN (a) e entre São
Bento e Macau–RN (b). Fonte: Santos et al. (2007)

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Sobre a morfologia de ambientes marinhos,
escolha e exemplifique uma feição oceanográfica
característica da região Nordeste (Atóis, arcos de
ilhas, cadeias de montanhas submarinas, recifes
de corais, etc) e descreva o seu processo de
formação.

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Serra Caiada - RN

VOCê SABIA?

Na América do Sul, as rochas mais


antigas (3,4 a 3,5 bilhões de anos) são
encontradas no Rio Grande do Norte e
Piauí, Nordeste do Brasil (Dantas et al.,
2004; Pitarello et al., 2019).
Tectônica de placas
PLATAFORMA
CONTINENTAL

Isoterma de
10°C
➢ Sub-divisão biológica
• Província nerítica: supralitoral (limite
das marés; exposto), mesolitoral ou Isoterma de 4°C
litoral (coberto na maré alta) e
sublitoral ou infralitoral (coberto na
maré baixa).

➢ Distribuição de organismos de acordo Estabilidade térmica

com as características físico-químicas,


grau de exposição e substrato.

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