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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Setor de Tecnologia
Departamento de Transportes

ANOTAÇÕES DE AULA

TT051 - PAVIMENTAÇÃO

Profª Daniane Franciesca Vicentini

Curitiba, Outubro de 2022.


Pavimentação – TT051

Profª Daniane Franciesca Vicentini – Departamento de Transportes (Bloco V)

Email: vicentini@ufpr.br

Telefone: (41) 3361 3014

Apresentação da disciplina:

O conteúdo programático da disciplina baseia-se, em grande parte, na ementa, disponível na


plataforma Teams. É uma disciplina densa (antigamente era ministrada em dois semestres e
agora é ofertada em somente um), exigindo muita dedicação da parte discente para seu efetivo
aprendizado. Os principais objetivos desta disciplina são:

• Conhecer os tipos e usos dos materiais que são utilizados na pavimentação rodoviária
brasileira, propriedades, ensaios, aplicação e execução;
• Noções sobre o projeto de dosagem de misturas asfálticas;
• Apresentação de alguns métodos de dimensionamento e restauração de pavimentos.

Requisitos para aprovação na disciplina:

1. Frequência: OBRIGATÓRIA e dará acesso ao exame final (caso necessário).


Permitido, no máximo 14 faltas (ou seja, 7 aulas), sendo dever da aluna e do aluno
acompanhar seu estado. Atestados aceitos (porém, não abonam faltas, somente no caso
de coincidir com o dia da avaliação, dará direito de fazer a segunda chamada): saúde,
B.O., compromisso intransferível representando a UFPR (representação discente,
evento esportivo, congresso), outros conforme análise. Estágio não será aceito como
motivo para faltas. O atestado/documento deverá ser apresentado em até três dias após a
falta.
A chamada será feita regularmente e poderá ser realizada a qualquer momento, durante
o período da aula, a partir dos 15 min. iniciais e não será repetida. De qualquer forma,
haja com respeito aos demais colegas, evitando chegar atrasado(a) ou provocando
outros ruídos desnecessários e que perturbem a concentração de todos os presentes.

2. Avaliações:

- 1º TE: prova (Módulo Materiais). Data: ___/___/___.


- 2º TE: prova (Módulo Dimensionamento). Data: ___/___/___.
- 2ª Chamada: Data: ___/___/___.

Solicitações de Segunda Chamada, Vista de prova, etc. deverão ser protocolados no site
do Departamento de Transportes: http://www.tecnologia.ufpr.br/portal/dtt/solicitacoes/
- Exame final: composta de conteúdos teóricos e práticos/aplicados. EVITAR!!! As
melhores chances para aprovação serão dadas no decorrer da disciplina. Portanto
dedique-se! Data: ___/___/___.

3. Característica didático/pedagógica da disciplina:

• Homogeneização: nesta disciplina, é importante que o conteúdo seja visto


sequencialmente. Assim, a disciplina é homogeneizada em termos de conteúdo (cada
professor ministra o mesmo conteúdo teórico-conceitual em sua turma).
• Aulas presenciais expositivo-dialogadas (quadro e giz, apostila), com a participação
ativa dos alunos. Conteúdos extras poderão ser disponibilizados online na plataforma
Teams, a fim de complementar as aulas. As avaliações da disciplina serão elaboradas
de modo a favorecer discentes mais assíduos e participativos. A participação em aula
também poderá ser cobrada de forma indireta através de pequenas avaliações ou
atividades surpresas (durante a aula ou como tarefa), sem prévio agendamento.
• Material audiovisual será apresentado em sala de aula de forma a complementar o
aprendizado e alguns conteúdos ficarão disponíveis no TEAMS, tais como: tarefas,
materiais didáticos, livros, vídeos, questões de concursos, ENADE, quis, fórum de
debates entre outros recursos para complementar a aula e enriquecer o aprendizado.
• Técnicas de Problem/Project Based Learning – PBL (aprendizado baseado em
projetos ou problemas) serão utilizadas como recurso didático auxiliar para melhor
assimilação dos conceitos e interação com a prática.
• Oportunidade de realizar atividade prática/visita no Laboratório Prof. Armando
Martins Pereira (LAMP) na forma de projeto de dosagem de mistura asfáltica ou
caracterização de ligantes com a supervisão da professora.
• Visitas e palestras técnicas:
LOCAL: ___________________ DATA: _____________ HORÁRIO: _________
LOCAL: ___________________ DATA: _____________ HORÁRIO: _________

4. Bibliografia recomendada:

- Apostila, Profª Daniane.

- Pavimentação Asfáltica. Formação básica para engenheiros – L. Bernucci, L. Motta, J.


Ceratti e J. Soares. Programa Asfalto na Universidade – Proasfalto, Petrobrás e ABEDA.
2ª ed., 2022.

- Pavimentação asfáltica – materiais, projeto e restauração – J. Balbo. Oficina de Textos.


2007.

- Manual de Técnicas de Pavimentação – W. Senço. Volumes I e II. Editora Pini. 2ª.


Edição. 2001.

- Principles of Pavement Design – E. J. Yoder, M. W. Witczac, 2nd. ed., Wiley. 1975.

- Mecânica dos pavimentos – J. Medina, L. Motta, 3ª ed., Ed. Interciência. 2015.

- Pavement Analysis and Design – Y. Huang, 2ª Ed. 2004.


- Manual de Pavimentação, 2006 – DNIT.

- Especificações de serviços e materiais do DNIT.

- Especificações de serviços e materiais do DER-PR.

Grade para controle pessoal da frequência

Data da ausência Conteúdo pendente (em função da ausência)


1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)

Grade para controle pessoal em atividades de participação*

Data da Atividade: Pontos


atividade
1)
2)
3)
4)
5)
6)
7)
8)
9)
10)
*Obs.: pontuação máxima total de 05,00 pontos
Sumário

Página
MÓDULO I – MATERIAIS DE PAVIMENTAÇÃO
1. Introdução à pavimentação ............................................................................ 1
(História, tendências e a realidade brasileira, pavimento como estrutura, tipos, outros
aspectos, exemplos)

2. Estudo dos agregados ..................................................................................... 9


(Introdução, classificação, produção, caracterização tecnológica, exemplos)

3. Estudo dos solos ............................................................................................. 21


(Introdução, ensaios de caracterização mecânica, solos tropicais, classificação de solos,
exemplos)

4. Estabilização de solos e agregados ................................................................ 31


(Introdução, tipos de estabilização, exemplos de materiais usuais na pavimentação
brasileira, exemplos)

5. Materiais betuminosos ................................................................................... 37


(Introdução, tipos, classificação, exemplos de materiais usuais na pavimentação brasileira,
comportamento visco-elástico, propriedades físicas do asfalto e principais ensaios,
exemplos)

6. Bases e sub-bases ........................................................................................... 47


(Introdução, especificações nacionais, exemplos)

7. Revestimentos ................................................................................................ 53
(Introdução, tipos, execução, exemplos)

8. Dosagem de misturas asfálticas ..................................................................... 59


(Introdução, tipos, execução, exemplos de aplicação)

MÓDULO II – DIMENSIONAMENTO E RESTAURAÇÃO


9. Número N ....................................................................................................... 63

10. Pavimentos Flexíveis – Método DNER e MeDiNa ...................................... 75

11. Pavimentos Rígidos – Método PCA 1984 .................................................... 83

12. Avaliação e restauração de pavimentos ........................................................ 95

Anexos (Módulo I) ......................................................................................... 97


Universidade Federal do Paraná/Engenharia Civil – Departamento de Transportes
Profª Daniane Franciesca Vicentini Email: vicentini@ufpr.br

1. Introdução:

PAVIMENTO tem sua origem no latim “paviméntum”, cujo verbo “pavire” significa nivelar,
aprisionar terra ou pedras para obter uma superfície que permita a passagem.

Segundo a NBR 7207/82, que define os termos técnicos em pavimentação, PAVIMENTO é


a estrutura construída após a terraplenagem e destinada, econômica e simultaneamente em seu
conjunto a:

• Resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais do tráfego;


• Resistir aos esforços horizontais que nela atuam, tornando mais durável a superfície de
rolamento;
• Melhorar as condições de rolamento quanto à comodidade (conforto) e segurança.

1.1. História da pavimentação:

Ao observarmos a história da pavimentação, é inevitável falar da história e da evolução da


própria humanidade.

Os primeiros registros são da época anterior a Cristo, com a invenção da roda. Os povos
construíam caminhos para conquistar territórios, intercâmbio comercial, cultural, religioso,
povoamento, urbanismo e desenvolvimento. Destacam-se os povos:

• Egípcios (2600 a 2400 a.C.): para a construção das pirâmides, acredita-se que
utilizavam uma espécie de “trenó” com lajotas de pedra justapostas que tinham o atrito
facilitado (com água e musgos) para o transporte de cargas.

(de: http://www.egipto.com.br/segredos-piramides-egito/, em 04/08/14)

• China, Índia e Ásia (≈ 600 a.C.): pode-se mencionar como exemplo destes povos a
Estrada da Seda, próxima ao deserto de Taklimakan, para atividades de comércio (de seda,
ouro, marfim, etc.). Acredita-se que também foi utilizada para divulgar a religião budista.

• Romanos (≈ 300 a.C.): tecnicamente falando, possuíam um tipo de sistema avançado


(sistema estrutural em camadas, dispositivos de drenagem). Suas estradas não só
permanecem até os dias de hoje como os romanos tinham um controle, mapeamento e
sinalização de suas vias por praticamente toda atual Europa, entre outros continentes.
Espessura média dos pavimentos: _____________________________________________

1
• Outras civilizações (a partir de 0 a.C.): na América Latina durante o período pré-
colombiano, os caminhos Incas (para pedestres e lhamas) interligavam diversos países
como Peru, Bolívia, Equador, Chile e Argentina. Também se destacaram os franceses, que
perceberam que as atividades comerciais estavam diretamente ligadas ao transporte (quanto
maior a velocidade, mais benefícios econômicos). No Brasil, os primeiros registros
surgiram com os Portugueses. No caso do Paraná, o Caminho da Graciosa – uma antiga
trilha indígena – deu origem à Estrada da Graciosa, tornando-se em 1854 a primeira estrada
pavimentada do estado, responsável pelo transporte inicial de produtos como erva mate e
madeira (até a construção da ferrovia em 1885).

• Era pós-renascentista:
a) Tressaguet (1716-1796):

b) Mac Adam (1756-1836) e Telford (1757-1834):


Dentre suas contribuições, destaca-se:
- Utilização do conceito de compactação e estabilização granulométrica;
- Utilização, na última camada, de materiais mais finos (pedriscos, cascalhos e
paralelepípedos);
- Este tipo de pavimento/conceito é utilizado até hoje, porém, com o advento de
veículos motorizados, ocorre a rápida deterioração.
Espessura média dos pavimentos: ________________________________________

• Período moderno: neste período, importantes avanços científico/tecnológicos ocorreram


e que influenciaram (e ainda têm influenciado) as características dos pavimentos atuais.
Ex.:
- invenção do automóvel e praticamente junto com ele, aparece o asfalto industrializado
(produto do refinamento do petróleo)
- mecânica dos solos
- pavimentação
- normas
- pesquisas

Agora que você compreendeu a evolução cronológica dos pavimentos, complete a linha do
tempo a seguir. A partir desde gráfico, analise se é possível observar algum tipo de tendência:

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• Tendência: na atualidade, as exigências são cada vez maiores:


- maior tráfego
- maiores solicitações
- maior velocidade

Assim, é também maior a procura por materiais com qualidade superior e estrutura
racionalizada para utilização em espessuras de pavimento cada vez menores (principalmente em
meio urbano).

1.2. O pavimento como estrutura:

O pavimento é uma estrutura de alta COMPLEXIDADE, pois seu dimensionamento


envolve um sistema de camadas, com um número elevado de variáveis (diferentes materiais e
ações a considerar).

1.3. Camadas (desenho da seção típica):

FLEXÍVEIS RÍGIDOS

Onde:

Revestimento Asfáltico (Rev): resiste e distribui diretamente os esforços, proporciona


rolamento suave e seguro, impermeabilização. Formado por agregados e materiais betuminosos.

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Base (B): distribui e alivia os esforços, fornecendo suporte estrutural para o revestimento.
Podem ser granulares (solo, solo-brita, brita graduada, solo melhorado com cimento e/ou cal) ou
coesiva (solo-cimento, solo-cal, solo-asfalto, macadame asfáltico, mistura asfáltica, etc.).

Sub-base (SB): correção do SL, complementa a finalidade estrutural da base e previne o


bombeamento do material do SL para a base. Nos pavimentos rígidos, tem pouca contribuição
estrutural, ajudando a controlar o bombeamento, expansão e a contração.

Reforço de SL (Ref.): camada complementar, de espessura constante e qualidade superior ao


SL.

Sub-leito (SL): é o terreno de fundação. Pode necessitar regularização para corrigir falhas de
terraplenagem e poder receber as demais camadas.

Concreto de Cimento Portland (CCP): desempenha o papel de base e revestimento ao mesmo


tempo.

Confira no Anexo I diversos exemplos de estruturas típicas de seções de pavimentos.

1.4. Tipos (aspectos estruturais):

Existem, basicamente, dois tipos principais de pavimentos:

Aspecto FLEXÍVEIS RÍGIDOS


estrutural (ou pavimentos asfálticos) (de CCP ou concreto-cimento)
Principalmente uma placa de concreto
Várias camadas, de diferentes
Conformação (armado ou não, ou protendido),
materiais e comportamentos
prever juntas
Os esforços se distribuem A placa de concreto absorve
Distribuição das
proporcionalmente à rigidez das praticamente todas, ou boa parte das
tensões
camadas tensões
Todas as camadas se deformam
Deformação de maneira significativa, em Pouco deformável (pois é mais rígido)
regime elástico (até certos limites)
A qualidade do subleito é A qualidade do subleito pouco
importante: dimensionamento é interfere no comportamento estrutural:
Dimensionamento
comandado pela resistência do dimensionamento é comandado pela
subleito própria placa

Distribuição dos
deslocamentos (δ)
ou deflexões (sob
o revestimento
asfáltico e placa
de concreto)

Existem ainda pavimentos mistos, combinando materiais de diferentes propriedades, dando


assim origem aos chamados pavimentos semi-rígidos (revestimento de material asfáltico e base

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estabilizada quimicamente com cal e/ou cimento) ou compostos (combinações usando


revestimento asfáltico e CCP, entre outros materiais).

1.5. A realidade brasileira:

Apesar de, na atualidade, as exigências serem cada vez maiores, no Brasil a situação está
bem aquém da ideal.

Desde os anos 60, o governo vem investindo em pavimentos de rodovias. No entanto, é


preciso mais investimentos. Por exemplo, nos E.U.A. mais de 96% das vias estão pavimentadas,
enquanto que no Brasil somente algo mais de 50% de nossas rodovias estão pavimentadas, das
quais 73% apresentam sinais de algum tipo de deterioração (desgaste, fissuras, remendo,
afundamento, ondulações, buracos) ou encontram-se totalmente destruídas. Estes dados são
alarmantes, tendo em conta ainda que a matriz de transporte de carga brasileira é
majoritariamente rodoviária (aproximadamente 61%), sendo responsável por boa parte da
economia do país.

O Brasil está entre os países com pior avaliação da infraestrutura de transportes1, ocupando
a 25ª posição, dentre os piores em transporte. No cenário internacional, a falta de investimentos
em infraestrutura de transportes está tornando o Brasil um país menos competitivo, como pode
ser observado na figura abaixo.

(de: 1 Pesquisa CNT, 2012 - modificado)

O Paraná é o 5º colocado no “ranking” dos estados brasileiros, dentre os pavimentos


considerados em ótimas condições (estando 54% do total nestas condições).

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1.6. Outros aspectos:

FLEXÍVEIS RÍGIDOS

Aspecto táctil-
visual

Economia

Poluição (aspecto
ambiental)

Conforto

Segurança

Drenagem

Durabilidade

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EXERCÍCIOS:

1) Elabore gráficos atualizados utilizando como fonte de pesquisa a revista digital


Pesquisa CNT de Rodovias mais recente e/ou artigos (de fontes consideradas
confiáveis), respondendo às perguntas a seguir e comentando as respostas: a) Qual a
situação dos pavimentos no Paraná? b) Qual a situação geral dos pavimentos no Brasil?
Em quais estados os pavimentos possuem melhor qualidade? c) Qual a situação do
Brasil se comparado com os países desenvolvidos? E comparado aos BRICS?

2) Questão TRT – Analista Judiciário espec. Eng. Civil (2012): Considere a seção
transversal do pavimento da figura abaixo:

As camadas da seção transversal indicada são, respectivamente:

3) Questão DNIT – Analista em Infra-estrutura de Transportes (2006): Um pavimento


composto por um revestimento betuminoso delgado, assente em uma base de solo-
cimento, por sua vez assente em uma sub-base estabilizada granulometricamente, pode
ser melhor classificado como pavimento:
a) flexível assente sobre camadas granulares;
b) rígido assente em sub-base granular;
c) flexível com camada de sub-base tratada;
d) rígido com camada de sub-base tratada;
e) semiflexível ou semi-rígido.

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4) Questão DNIT – Analista em Infra-estrutura de Transportes (2012): Faça a correlação
entre os pavimentos flexível e rígido.
(1) Pavimento Flexível ( ) Melhores características de drenagem superficial: escoa
melhor a água superficial.
(2) Pavimento Rígido ( ) Mantém íntegra a camada de rolamento, não sendo
afetado pelas intempéries.
( ) Absorve a umidade com rapidez e, por sua textura
superficial, retém a água, o que requer maiores caimentos.
( ) É fortemente afetado pelos produtos químicos (óleos,
graxas, combustíveis).
( ) Maior segurança à derrapagem em função da textura
dada à superfície (veículo precisa de 16% menos de
distância de frenagem em superfície seca, em superfície
molhada 40%).
Assinale a opção que apresenta a sequência correta de cima para baixo.
a) 2 – 2 – 1 – 2 – 1
b) 1 – 2 – 1 – 1 – 2
c) 2 – 1 – 2 – 1 – 2
d) 1 – 2 – 1 – 2 – 2
e) 2 – 2 – 1 – 1 – 2

5) Questão DNIT – Analista em Infra-estrutura de Transportes (2012): Pavimento:


superestrutura constituída por um sistema de camadas de espessuras finitas, assentadas
sobre um semiespaço considerado teoricamente como infinito (infraestrutura ou terreno
de fundação) a qual é designada de subleito (Manual do DNIT, 2006).
Julgue os itens subsequentes, relativos à pavimentação:
I. O revestimento tradicional é a camada, o mais impermeável possível, que
recebe diretamente a ação do rolamento dos veículos.
II. Base de um pavimento, sobre a qual se constrói um revestimento, é a camada
destinada a resistir aos esforços verticais oriundos dos veículos, distribuindo
tais esforços sobre o terreno.
III. Sub-base é a denominação dada ao terreno de fundação de um pavimento ou
revestimento.
IV. Subleito é a camada corretiva da sub-base, ou complementar à base, que é
utilizada quando, por qualquer circunstância, não é aconselhável construir o
pavimento diretamente sobre a base.

É correto o que se afirma em:

a) I, III e IV.
b) I, II e III.
c) I e II.
d) III e IV.
e) II e III.

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2. Estudo dos Agregados:

2.1. Introdução:

Na pavimentação, os agregados podem ser utilizados sozinhos ou combinados com outros


materiais. Nas misturas asfálticas, o agregado mineral forma o esqueleto que suporta e transmite
as cargas aplicadas, desempenhando então, importante função nas mistura asfálticas. O asfalto é
o agente cimentante que une as partículas do agregado e as mantém em sua posição, a fim de
poder transmitir a carga aplicada pelas rodas dos veículos às camadas inferiores.

Agregados são partículas minerais não-plásticas, geralmente inertes que, combinadas com
outros tipos de materiais cimentados (ligantes, aglomerantes) podem formar as camadas que
compõem o revestimento; ou ainda, de maneira isolada ou combinada, formar as camadas de B,
SB ou Ref. Ex.:

__________________________________________________________________

Principais funções dos agregados em pavimentação:

• Proporcionar a estabilidade mecânica dos revestimentos;


• Resistir à abrasão superficial;
• Suportar as tensões solicitantes do tráfego, transmitindo os esforços às camadas
inferiores de forma atenuada.

2.2. Classificação dos agregados:

2.2.1. Quanto à natureza:

• Natural: inclui todas as fontes de ocorrência natural e são obtidos por processos
convenvionais de desmonte, escavação, britagem e dragagem de depósitos continentais,
marinhos, estuários e rios. Ex: _________________________________________
_________________________________________________________________

• Artificial: são resíduos de processos industriais. Ex.: escória de alto forno, argila
calcinada, argila expandida, etc.

• Reciclado: provenientes de reuso de materiais diversos. Em alguns países já é


considerado como fonte principal de agregados. Ex.: borracha de pneu, pozolanas
artificiais, resíduos de construção civil, etc.

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2.2.2. Quanto ao tamanho:

Graúdo: dimensões (dos grãos) maiores que 2 mm. Ex.: brita, cascalho, seixo, etc.

Miúdo: dimensões (dos grãos) maiores que 0,075 mm e menores que 2 mm. Ex.: areia, pó de
pedra, etc.

Material de enchimento (fíler): material em que pelo menos 65% das partículas é menor que
0,075 mm. Ex.: cal hidratada, cimento Portland, etc. O material passante na peneira #200 vem
sendo designado como “pó” a fim de distingui-lo do fíler.

# 200 # 10
φ dos
grãos

OBS.: quanto ao tamanho dos agregados, cabe destacar ainda a seguinte definição, comumente
utilizada em pavimentação:

Tamanho máximo do agregado: é a menor abertura de malha de peneira pela qual passam
100% das partículas da amostra (terminologia adotada pela AASHTO, ASTM C125, Ceratti
2011, entre outros).

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2.2.3. Quanto à distribuição dos grãos:

Geralmente é determinada por peneiramento, em


função da quantidade de material que fica retida em
cada peneira, que é expressa em porcentagem da
massa total da amostra.

Os tamanhos são normatizados (DNER 035/95) mas,


dependendo da especificação, somente alguns serão
usados. A peneira de abertura 12,5 mm (não
mencionada na norma) é muito utilizada em projetos
de misturas asfálticas.

A norma DNER-ME 083/98 descreve o procedimento


de análise por peneiramento.

Na pavimentação, as mais importantes graduações quanto à distribuição dos grãos são:

• Densa (dense, well-graded): ou bem graduada, apresenta distribuição granulométrica


contínua, próxima à densidade máxima.

• Aberta (open graded): apresenta distribuição granulométrica contínua, mas com poucos
finos (< #0,075 mm), resultando em maior volume de vazios.

• Uniforme (uniformly graded): as partículas apresentam praticamente o mesmo tamanho.

• Descontínua (gap-graded): ou em degrau, apresenta descontinuidade, ou seja, falta de


alguma proporção (geralmente na faixa central das graduações, geralmente usada com
asfalto-borracha).

Um material bem graduado deve obedecer à curva de Fuller e Thompson (1907):

𝑑𝑑 𝑛𝑛
𝑝𝑝 = 100 � � , onde:
𝐷𝐷

D = diâmetro máximo do agregado;

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d = abertura da peneira;

p = % passante na # “d”;

n = de 0,4 a 0,6 para graduação densa.

Ex.: Identifique as curvas abaixo quanto à distribuição dos grãos:

(Fonte: Pavimentação asfáltica – formação básica para engenheiros – Bernucci et al.)

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2.3. Produção dos agregados:

Para os agregados naturais, as características mecânicas são determinadas pela rocha de origem.
Parte do material extraído não é aproveitável. Para a parte aproveitável da rocha, o processo de
redução dos tamanhos é esquematizado a seguir:

FASE 1 _____________________________________________
_____________________________________________
Britagem primária

FASE 2 _____________________________________________
_____________________________________________
Britagem secundária

FASE 3 _____________________________________________
_____________________________________________
Britagem terciária

FASE 4 _____________________________________________
_____________________________________________
Britagem quaternária

Os britadores, de um modo geral, envolvem quatro mecanismos: impacto, desgaste por atrito,
cisalhamento e compressão. O tipo de rocha a ser processada afetará a escolha do tipo de
equipamento de britagem a ser usado.

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2.4. Caracterização tecnológica dos agregados:

2.4.1. Graduação:

Cada aplicação definirá a distribuição granulométrica a ser usada.

2.4.2. Limpeza:

Deve-se evitar utilizar agregados que contenham um nível elevado de impurezas, tais como
vegetação, argila, pó, etc. O ensaio de equivalente de areia (DNER-ME 054/97) quantifica a
proporção de argila ou pó nas amostras de agregados miúdos.

Agita-se energicamente uma amostra de solo numa proveta contendo uma solução diluída. Após
alguns minutos em repouso, determina-se a relação entre o volume de areia e o de finos que se
separam da areia:

ℎ1
𝐸𝐸𝐸𝐸(%) = 100
ℎ2

(equivalente de areia)

Ex.: ___________________________________________________________________

2.4.3. Resistência à abrasão:

O objetivo do ensaio é medir a resistência do material à quebras, degradação e desintegração.


Este ensaio é realizado com agregados graúdos e, quanto mais próximos da superfície do
pavimento, maior deve ser sua resistência à abrasão.

Com esta finalidade, o ensaio conhecido como Abrasão Los Angeles (DNER-ME 035/98 para
pétreos e DNER-ME 222/94 para sintéticos), no qual uma amostra do material é colocada
dentro de um cilindro com esferas de aço no seu interior, e o cilindro posto a girar. A perda de
resistência é dada por:
𝑚𝑚1−𝑚𝑚2
𝐿𝐿𝐿𝐿(%) = � � 100 ,
𝑚𝑚1

onde 𝑚𝑚1 é a massa inicial (material retido na # 8) e 𝑚𝑚2 é a massa final (material retido na # 12).

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2.4.4. Forma dos agregados (DNER-ME 086/94 ou NBR 5564/2014):

Característica importante para avaliar indiretamente o contato entre grãos e a resistência ao


cisalhamento.

A forma das partículas (agregados graúdos) é determinada pelo índice de forma (DNER-ME
086/94); usando uma placa de lamelaridade, onde:

𝑓𝑓 ≥ 0,5 (condição aceitável)

𝑓𝑓 = 0 (completamente lamelar)

𝑓𝑓 = 1 (completamente cúbico)

Alternativamente, pela NBR 5564/2014 (para lastro ferroviário) são medidas as dimensões do
agregado com um paquímetro.

2.4.5. Absorção (DNER-ME 081/98):

Avalia a porosidade do agregado graúdo. É a relação entre a massa de água absorvida (após 24 h
de imersão) e a massa inicial de material seco.
𝑀𝑀ℎ−𝑀𝑀𝑠𝑠
𝑎𝑎(%) = � � 100 ,
𝑀𝑀𝑠𝑠

onde 𝑀𝑀ℎ é a massa do agregado úmido e 𝑀𝑀𝑠𝑠 é a massa do agregado seco em estufa.

2.4.6. Adesividade ao ligante asfáltico:

Quimicamente, o agregado (graúdo ou miúdo) prefere a água ao asfalto. A presença de água em


uma mistura tende a promover seu acúmulo na interface agregado-ligante, resultando na
separação entre o ligante e a superfície do agregado. Assim, agregados:

• Ácidos ou eletronegativos são hidrofílicos, mais suscetíveis à ação da água. Ex.:


granitos, gnaisses, quartzitos.
• Básicos ou eletropositivos: são hidrofóbicos, menos suscetíveis à ação da água. Ex.:
basaltos, calcários.

Diversos ensaios: DNER-ME 078/94, DNER-ME 079/94, Lottman Modificado, etc.

Pode-se adicionar algum produto a fim de melhorar a adesividade, como por exemplo:
______________________________________________________________________ .

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2.4.7. Sanidade:

Este ensaio simula a degradação química dos agregados graúdos quando expostos às condições
ambientais no pavimento (intemperismo). No ensaio (DNER-ME 089/94), a perda de massa
resultante após atacar quimicamente o agregado não deverá superar 12%.

2.4.8. Densidade ou massa específica:

É a relação entre a massa e o volume do agregado. Dependendo da finalidade, pode-se ter:

a) Massa específica real:

𝑀𝑀
𝐺𝐺𝑠𝑠𝑠𝑠 = 𝑉𝑉 +𝑉𝑉𝑠𝑠 (𝑔𝑔⁄𝑐𝑐𝑐𝑐 3 )
𝑠𝑠 𝑝𝑝𝑝𝑝

b) Massa específica aparente seca:

𝑀𝑀𝑠𝑠
𝐺𝐺𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 = 𝑉𝑉 +𝑉𝑉 (𝑔𝑔⁄𝑐𝑐𝑐𝑐 3 )
𝑠𝑠 𝑝𝑝𝑝𝑝 +𝑉𝑉𝑝𝑝𝑝𝑝

c) Massa específica efetiva:


𝑀𝑀𝑠𝑠
𝐺𝐺𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 = (𝑔𝑔⁄𝑐𝑐𝑐𝑐 3 )
𝑉𝑉𝑠𝑠 +𝑉𝑉𝑝𝑝𝑝𝑝 +𝑉𝑉𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝

Onde 𝑀𝑀𝑠𝑠 é a massa seca do agregado, 𝑉𝑉𝑠𝑠 é o volume da parte sólida do agregado, 𝑉𝑉𝑝𝑝𝑝𝑝 é o volume
dos poros impermeáveis, 𝑉𝑉𝑝𝑝𝑝𝑝 é o volume de poros permeáveis, 𝑉𝑉𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 volume de poros
permeáveis que não são preenchidos pelo asfalto.

Ensaios: (DNER-ME 081/98 para graúdos e DNER-ME 084/95 para miúdos).

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Determinação dos parâmetros:

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EXERCÍCIOS:

1) Considere a seguinte graduação e defina qual o tamanho máximo do agregado:


Malha n°: % Passante:
3/4" 100
1/2" 92
3/8” 81
4 59
8 32

𝜙𝜙𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 = _____________________.

2) Considere dois materiais que estão sendo cogitados para uso em pavimentação (para
compor uma mistura para a camada de Revestimento), o Material A e o Material B,
cujas granulometrias são apresentadas a seguir (em termos da % passante):

Abertura (mm) Curva A Curva B


25,4 - -
19,1 100,0 -
12,7 89,4 -
9,5 81,7 100
4,8 56,0 85
2 39,0 54
1,18 - 26
0,6 - 16
0,42 18,6 -
0,3 - 15
0,18 13,8 -
0,075 8,4 12

Desenhe as curvas granulométricas no espaço abaixo, analisando o problema e complete


os itens a seguir:

Granulometria % passante
100

90

80

70

60

50

40

30

20

10
Diâmetro dos 0
grãos (mm) 0,01 0,1 1 10 100

#200 #10 #3/4"

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a) Quais os tipos de curvas (quanto à distribuição dos grãos)?


___________________________________________________________________

b) Qual a porcentagem de filer empregada em ambas as curvas?


___________________________________________________________________

c) Qual a porcentagem de agregado miúdo empregada em ambas as curvas?


___________________________________________________________________

d) Qual a porcentagem de agregado graúdo empregada em ambas as curvas?


___________________________________________________________________

e) Qual o diâmetro máximo dos agregados em ambas as curvas?


___________________________________________________________________

f) Descreva no espaço a seguir o processo de produção de agregados para


pavimentação: argila expandida e escória de alto-forno.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

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3. Estudo dos Solos:

3.1. Introdução:

Ao se considerar um determinado tipo de solo para compor parte da estrutura de um pavimento,


uma série de estudos (preliminares e mais tarde definitivos) e ensaios deverão ser efetuados, a fim
de se obter a caracterização física e mecânica do material. Deste modo, dependendo de suas
características, o material poderá ser utilizado em Rev., B, SB, Ref. ou SL, necessitando ou não
adequação ou ainda poderá ser desprezado.

A seguir são apresentados alguns dos ensaios de maior interesse em pavimentação.

3.2. Resiliência:

É a deformação elástica, recuperável de solos e misturas (asfálticas ou não) sob a ação de cargas
dinâmicas. O módulo resiliente (MR) é obtido no ensaio triaxial dinâmico (que simula as condições
de trabalho destes materiais).
𝜎𝜎𝑑𝑑
𝑀𝑀𝑅𝑅 = , onde:
𝜀𝜀𝑅𝑅

MR é o módulo resiliente (módulo elástico do ensaio triaxial de carga repetida);

𝜎𝜎𝑑𝑑 é a tensão desvio, aplicada repetidamente;

𝜀𝜀𝑅𝑅 é a deformação resiliente (correspondente a um número particular de repetição da tensão


desvio).

Princípio do ensaio (por superposição de efeitos):

Confinamento: Tráfego: Soma:

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Ensaio de fadiga com carga semi-senoidal (com controle de carga):

Deslocamento
δ (mm)

N (ciclos)

Onde:

𝛿𝛿𝑅𝑅
𝜀𝜀𝑅𝑅 =
𝑙𝑙

Normativa de ensaio: DNIT 134/2010-ME, errata com correção de valores de σd.

3.3. California Bearing Ratio (CBR – de Porter, 1929):

Tradicionalmente, o Índice de Suporte Califórnia (ISC, em português) é a base para o


dimensionamento de pavimentos flexíveis. É muito utilizado para estimar a resistência, não
somente de solos compactados (visando sua utilização nas camadas do pavimento), como também
da maioria dos materiais utilizados na pavimentação (agregados ou misturas).

Os materiais são classificados (em porcentagem) em termos da resistência obtida no ensaio, sendo:

𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 ≅ 100% (𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚ℎ𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝. 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚â𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛)


� ⋮
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 ≅ 0% (𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝. 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚â𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛)

Deste modo, a resistência mecânica (ou capacidade de suporte) foi relacionada (empiricamente)
com o desempenho das estruturas, originando os Métodos de Dimensionamento CBR e o DNER,
que fixam espessuras mínimas para as camadas de modo a limitar as tensões que chegam ao SL e
protegê-lo da ruptura. O ensaio é definido por:

𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝ã𝑜𝑜 𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟, 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞ã𝑜𝑜 ∗


𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 (%) = . 100 (𝑒𝑒𝑒𝑒 0,1")
𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝ã𝑜𝑜 𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟, 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝ã𝑜𝑜

Sendo * o material em questão, passante na #3/4”, compactado com massa específica e umidade
que será utilizada no projeto. As pressões do ensaio são as necessárias para produzir penetração do
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pistão nos valores de 2,54 mm e 5,08 mm, com os corpos-de-prova imersos, previamente, durante 4
dias.

Curva pressão-penetração:
pressão
(Kgf/cm2)
Onde:

𝑝𝑝1
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶1 = 100
70
𝑝𝑝2
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶2 = 100
105

Penetração
(mm)

Sendo o CBR adotado, o maior dentre os dois valores (CBR1 ou CBR2).

A expansão (e, em %) nos corpos de prova é determinada juntamente com o ensaio do CBR, após 4
dias submerso. É o aumento (em %) sofrido pelo corpo de prova, com relação às dimensões
iniciais. Após seu valor ser determinado, pode-se realizar efetivamente o ensaio CBR (penetração).

Algumas considerações:

• O ensaio CBR pode ser realizado tanto em campo quanto em laboratório e o MR pode ser
obtido somente em laboratório (a fadiga). Para este último, há somente uns poucos
laboratórios habilitados, dando margem à utilização de fórmulas de correlação.

• De um mesmo ensaio saem dois parâmetros importantes: CBR(%) e e(%)!!!

• A fim de se evitar deformação excessiva, estipulam-se valores admissíveis de expansão


axial para as camadas:
B: e ≤ 0,5%
SB, Ref.: e ≤ 1%
SL: e ≤ 2%

• Cabe o bom senso e critério do engenheiro ao ensaiar amostras: procurar entender o


fenômeno que o ensaio tenta reproduzir. Considerar o caso de alterar algumas condições do
ensaio, por ex.: solo no sertão nordestino com probabilidade remota de chuva por 4 dias
seguidos, ou subida do nível freático (talvez deveria se considerar realizar o ensaio sem
imersão). Cabe ao engenheiro a decisão final, e seus atos deverão estar justificados (ainda
mais quando não seguir as normas!).

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• Mais tarde veremos como obter o MR em campo (Viga Benkelman, FWD), na parte de
restauração de pavimentos. O ensaio de cargas repetidas se aplica tanto a solos quanto a
materiais de pavimentação.

Normativa de ensaio: DNER-ME 049/94.

CBR das camadas:

(Fonte: Porter 1942, pavementinteractive.org)

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3.4. Solos Tropicais:

Estes solos surgem da evolução de outros solos em


clima quente com chuvas moderadas a intensas,
resultado da lixiviação de minerais de ferro e
alumínio, principalmente. São solos finos (argilosos
ou arenosos) que apresentam plasticidade
relativamente elevada e expansividade em presença
de água.

Na década de 50, percebeu-se que estes solos apresentavam CBR elevado, e sua primeira aplicação
em pavimentação foi no estado de São Paulo, como Ref. de SL. Mais tarde foi utilizado como base
(argila laterítica compactada), protegida por todos os lados por uma pintura betuminosa e que
obteve um desempenho excelente (durante cerca de vinte anos).

Geralmente:

• Solos finos = plasticidade, permeabilidade, deformabilidade, expansão com água e


resistência.
• Solos finos lateríticos = plasticidade, permeabilidade deformabilidade, expansão
com água e resistência.

Foram realizados mais estudos e em 1977 Utiyama e outros pesquisadores publicaram, na revista
do DER, um estudo sobre pavimentos econômicos utilizando este tipo de solo.

Em 1982 Nogami e Villibor propuseram um critério para seleção destes solos a fim de utilizá-los
como base de pavimentos. Este procedimento é utilizado até os dias de hoje, como se verá a seguir.

3.5. Classificação de solos:

3.5.1. Classificação MCT:

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Algumas restrições para o uso deste tipo de solo (segundo Nogami e Villibor, 1995):

• N ≤ 5.106 solicitações de eixo padrão;


• Passar integralmente na peneira de 2 mm de abertura (DNIT 098/2007-ES);
• Mini-CBR sem imersão ≥ 40%
• Perda de suporte (resistência) por imersão < 50%;
• hB ≥ 15 cm;
• observar umidade, compactação são muito importantes!
• Aplicar imprimadura/camada impermeabilizante sobre o revestimento para proteger
(inclusive nos cortes laterais)

Algumas recomendações construtivas (segundo Nogami e Villibor, 1995):

Instrução normativa: DNER-CLA 259/96

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3.5.2. Classificação segundo a TRB (antiga HRB/AASHTO):

Considera parâmetros (granulometria, limites de consistência e índice de grupo) que não avaliam
corretamente os solos brasileiros.

Classifica os solos de A-1 a A-7, dividindo-os em dois grandes grupos: Granulares (A-1, A-2 e A-
3) e Silto-Argilosos (finos, de A-4 aA-7).

Classificação TRB (Fonte: Manual de Pavimentação DNIT – IPR 719)

Plasticidade: em solos finos ou coesivos, é a propriedade de poder ser moldados (deformações


permanentes sem ruptura ou fissuramento) sob certas condições de humidade.

LL e IP: são os limites de Atterberg.

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Índice de Grupo (IG): parâmetro que define a capacidade de suporte do terreno de fundação de um
pavimento em função da classificação (TRB).

𝐼𝐼𝐼𝐼 = 0 → 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚ℎ𝑜𝑜𝑜𝑜 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠


𝐼𝐼𝐼𝐼 = 𝑓𝑓(𝐿𝐿𝐿𝐿, 𝐼𝐼𝐼𝐼, % 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑛𝑛𝑛𝑛 #200), sendo: �
𝐼𝐼𝐼𝐼 = 20 → 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠

𝐼𝐼𝐼𝐼 = 0,2𝑎𝑎 + 0,005𝑎𝑎𝑎𝑎 + 0,01𝑏𝑏𝑏𝑏

Onde: 𝑎𝑎 = % 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 #200 − 35% (𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 0 𝑒𝑒 40%)

𝑏𝑏 = % 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 #200 − 15% (𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 0 𝑒𝑒 40%)

𝑐𝑐 = 𝐿𝐿𝐿𝐿 − 40% (𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 0 𝑒𝑒 20%)

𝑑𝑑 = 𝐼𝐼𝐼𝐼 − 10% (𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 0 𝑒𝑒 20%)

3.5.3. Classificação segundo o Sistema Unificado de Classificação (SUCS):

Baseia-se na identificação dos solos de acordo com sua textura, granulometria e plasticidade.

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3.5.4. Classificação segundo a Resiliência:

A partir de estudos com base na mecânica dos pavimentos, realizados por Pinto e Preussler (1976),
esta classificação permite relacionar os solos e materiais quanto ao seu comportamento mecânico e
deformabilidade.

• Para materiais granulares:

Onde as retas que definem o modelo


para os grupos A, B e C, são dadas por:
𝐾𝐾
𝑀𝑀𝑅𝑅 = 𝐾𝐾1 . 𝜎𝜎3 2

Os parâmetros 𝐾𝐾1 e 𝐾𝐾2 são os


parâmetros de resiliência determinados
a partir do ensaio triaxial de
carregamento repetido sob a tensão de
confinamento 𝜎𝜎3 .

• Para solos
finos (coesivos):

Onde 𝐾𝐾1 , 𝐾𝐾2 , 𝐾𝐾3 e 𝐾𝐾4


são os parâmetros de
resiliência,
determinados a partir
do ensaio triaxial de
carregamento
repetido sob a tensão
desvio 𝜎𝜎𝑑𝑑 e as retas
que definem o
modelo para os
grupos A, B e C, são
dadas por:

𝐾𝐾3 (𝐾𝐾1 − 𝜎𝜎𝑑𝑑 ) 𝑝𝑝/ 𝜎𝜎𝑑𝑑 < 𝐾𝐾1


𝑀𝑀𝑅𝑅 = 𝐾𝐾2 + �
𝐾𝐾4 (𝜎𝜎𝑑𝑑 − 𝐾𝐾1 ) 𝑝𝑝/ 𝜎𝜎𝑑𝑑 > 𝐾𝐾1

Existem ainda outros sistemas de classificação, mas que não serão objeto de estudo nesta
disciplina.

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EXERCÍCIOS:

1) Calcular o índice de grupo (IG) e classificar os materiais quanto à classificação TRB,


sendo dados:

a) LL = 67%
%passante #200 = 85%
LP = 31%

b) LL = 62%
%passante #200 = 52%
LP = 44%

c) LL = 34%
%passante #200 = 28%
LP = 26%

d) LL = NL
IP = NP
%passante #10 = 43%
%passante #40 = 26%
%passante #200 = 17%

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4. Estabilização de solos e agregados:

4.1. Introdução:

Quando um material não atende aos requisitos técnicos (físico, químico ou mecânico) para sua
utilização como camada de pavimento, pode-se tentar melhorar suas características deficientes
antes de desprezá-lo. Este processo é conhecido como estabilização, e pode ser:

4.2. Tipos de estabilização:

4.2.1. Estabilização granulométrica:

Consiste no emprego de um ou mais materiais a fim de corrigir a curva granulométrica


requerida. O processo para esta correção envolve muitas variáveis (resistência mecânica dos
agregados, composição mineral, a própria distribuição granulométrica, propriedades do material
e compactação).

Alguns procedimentos (para dosagem da estabilização):

a) Tentativa e erro:
A partir da curva granulométrica disponível e da faixa granulométrica especificada, é
feita uma primeira estimativa das porcentagens a serem usadas de cada material,
baseando-se na experiência ou visualização gráfica da granulometria dos materiais
disponíveis. O ponto de partida é identificar peneiras críticas.
b) Método algébrico:
O projeto de misturas deve considerar o número de materiais a serem misturados e as
tolerâncias das especificações a serem atendidas. Como as especificações são feitas para
vários intervalos de diâmetro de grãos, e como esses intervalos são quase sempre em
número superior ao número de materiais disponíveis para a mistura, o projeto de
misturas recai na resolução de sistemas com mais equações do que incógnitas.
Entretanto, trabalha-se com uma faixa de valores, de modo que o problema é resolvido
algebricamente, “por partes”.
c) Método gráfico de Rothfucks:
Consiste em calcular uma curva granulométrica média da especificação que se pretende
utilizar e representá-la graficamente como uma diagonal de um retângulo. Realizam-se
sucessivos ajustes de forma que a interseção das linhas utilizadas no ajuste forneçam as
quantidades (em %) equivalente de cada material.

4.2.2. Estabilização química:

Consiste na melhoria das propriedades do solo, baseando-se em suas características físico-


químicas. Exige um controle tecnológico maior. Materiais frequentemente utilizados:

a) Cimento:
Principal função é aumentar a coesão e rigidez em relação ao material de origem,
aumentando a resistência à compressão e à tração.

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b) Cal:
Utiliza-se a cal com as mesmas finalidades que o cimento, porém apresenta um período
muito maior de cura.

c) Asfalto:
Confere um aumento da resistência à compressão e à tração, com relação ao material de
origem.

4.3. Exemplos de materiais estabilizados:

- SEG
- BGS
- BC
Estabilização Granulométrica - Solo-brita
- SAFL

- S. Bet.
- M. Bet.
Estabilização com asfalto:
- BGTC
Estabilização com cimento: - CCR
- S. Cim.

Estabilização com cal: - S. Cal

- M. H.
Macadames: - M. S.

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EXERCÍCIOS:

1) Para as curvas granulométricas dos materiais das curvas A e B abaixo, identificar:

a) 𝜙𝜙𝑚𝑚á𝑥𝑥 do agregado;

b) Tipo de material quanto ao tamanho e distribuição dos grãos;

c) Propor uma estabilização granulométrica usando os materiais A e B para uma curva


contínua.

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2) Para os materiais A, B e C disponíveis, são conhecidas as granulometrias, em termos das


porcentagens passantes nas peneiras indicadas abaixo. Deseja-se compor uma nova mistura
com os três materiais, em atendimento às especificações. Calcular a quantidade necessária
dos materiais A, B e C e determinar a granulometria da mistura M pelo método analítico. Em
seguida, responda às perguntas:

% passante

Mat. Mat. Mat. Mistura Granulometri


Peneiras Granul.
a alvo
A B C M adotad Check
( ifi õ
Pol. (mm) ____% ____% ____% ____% Lim. Lim. a (alvo)
Inf. Sup.
1” 25,4 100 100 100 100
3/4” 19,1 88 80 100 90
1/2” 12,7 75 65 95 80
3/8” 9,5 53 45 80 62
#4 4,75 31 100 28 60 44
# 10 2,0 17 95 20 45 32
# 40 0,425 8 70 100 10 32 21
# 80 0,18 6 40 83 8 20 14
# 200 0,075 3 0 52 3 8 5

a) Qual é o material graúdo?


b) Qual é o material fino?
c) O material C é filler?

3) Questão Provão 2002 – adaptada: Para a construção de uma nova rodovia, haverá
necessidade da execução de um extenso aterro em determinado trecho. Assim, no projeto, foi
realizado um estudo geotécnico prévio sobre amostras de terraços fluviais de duas áreas
aluvionares próximas e diferentes, para determinar a possibilidade de seu uso como materiais
de empréstimo. Ao fazer os ensaios de compactação sobre a amostra da jazida B,
comprovou-se que haveria necessidade de corrigir sua granulometria para superar a carência
da fração fina, de modo a viabilizar seu uso no projeto. No estudo geotécnico realizado,
também foi esclarecido que a superação dessa deficiência de finos, no solo B, poderia ser
conseguida mediante a mistura de x% do solo A com y% do solo B (x%+y% = 100%), que
garantisse 12% de fração fina (D < 0,075 mm) à granulometria da mistura.

Com base nessas informações e nos dados a seguir apresentados, determine:

a) As porcentagens de cada uma das frações granulométricas constituintes do solo A, em


conformidade com a classificação da NBR 6502 da ABNT;

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b) Se o solo A é ou não bem graduado, mediante uso de critério baseado nos valores de Cu
(coeficiente de uniformidade) e Cc (coeficiente de curvatura).

Dados/Informações adicionais:

CLASSIFICAÇÃO GRANULOMÉTRICA DAS FRAÇÕES CONSTITUINTES DO SOLO,


SEGUNDO A ABNT (NBR 6502):

Fração pedregulho: 2,0 mm ≤ D < 60 mm


Fração areia: 0,06 mm ≤ D < 2,0 mm
Fração silte: 0,002 mm ≤ D < 0,06 mm
Fração argila: D < 0,002 mm

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Sobre as amostras retiradas dessas duas áreas (A e B), foram realizados ensaios de
granulometria (por peneiramento e por sedimentação), obtendo-se os seguintes resultados:

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5. Materiais betuminosos:

5.1. Introdução:

Materiais betuminosos são substâncias (hidrocarbonetos, H – C) líquidas, inflamáveis, com alta


viscosidade e coloração escura, com propriedades ligantes. Popularmente são conhecidas como
“piche”.

Há registros históricos de que foram utilizados na Mesopotâmia, Roma, Grécia, entre outros;
como impermeabilizante, combustível (_______________, ____________), etc.

Já o petróleo é um composto de natureza orgânica (hidrocarbonetos complexos), que é formado


pela ação de bactérias anaeróbicas sobre os organismos do plâncton marinho e da ação
combinada de pressão e temperatura.

A grande revolução do petróleo ocorreu com a invenção dos motores de combustão interna e a
produção de automóveis em grande escala, que deram à gasolina uma utilidade mais nobre.

Atualmente a demanda por petróleo é muito grande, e as possibilidades de crises internacionais


pela busca deste produto também.

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5.2. Tipos/classificação:

Asfalto
Natural

Asfalto de
Mat. Betuminosos
Petróleo

Alcatrão

a) Alcatrão: produto da queima ou destilação (refinamento) destrutiva do carvão, madeira,


etc. Seu uso já é praticamente extinto na pavimentação desde que se determinou o seu
poder cancerígeno, além de baixa qualidade para uso em pavimentação e pouca
homogeneidade.
b) Asfalto natural: óleo de petróleo que aflora na superfície terrestre e que, pela ação do
sol e vento é destilado naturalmente. Ex.: lagos de asfalto (Trinidad), rochas e areias,
etc.
c) Asfalto de petróleo: é um produto da destilação do petróleo, de propriedades termo-
viscoelásticas. Além de ser impermeável e pouco reativo, une os agregados e permite a
flexibilidade. Estão sujeitos à oxidação lenta, levando-o a um processo de
envelhecimento, em contato com o ar e a água. O principal processo de obtenção é feito
a partir da extração do petróleo bruto da jazida e transporte para uma câmara. Em
seguida, é aquecido a aprox. 600ºC. Uma parte do produto “evapora” e é conduzida à
outra câmara (torre de fracionamento ou coluna de destilação), onde é submetido a
incrementos de temperatura gradativos. Ao alcançar as bandejas superiores (mais frias),
as partículas se condensam, ficando retidas em um compartimento separado. Deste
modo há um fracionamento seletivo, dependendo da aplicação final do produto.

Para obter outros subprodutos de asfalto, o processo é ligeiramente diferente ao longo


de algumas destas etapas, mas de um modo geral, o processo de obtenção do asfalto
pode ser esquematizado da seguinte forma:

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c.1) Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP): é o produto formado a partir do resíduo do


refinamento do petróleo cru (ou bruto). Este material é praticamente a base para todos
os outros subprodutos derivados de petróleo que são utilizados em pavimentação.
Possui grande quantidade de betume (hidrocarbonetos não voláteis pesados), coloração
negra ou marrom escuro, sendo muito viscoso, de propriedades ligantes e de
consistência sólida a semi-sólida em temperatura ambiente. Material termoplástico, de
comportamento reológico complexo, dependente da temperatura, que com o
intemperismo se altera, perdendo suas propriedades iniciais, tornando-se mais viscoso e
frágil. Alguns elementos estão presentes em sua composição, como:

- enxofre

- nitrogênio

- oxigênio
- alifáticos
- hidrocarbonetos
- aromáticos
- asfaltenos (entre 20 e 30%)

- maltenos

Este material é bastante suscetível à oxidação (envelhecimento), devido principalmente


ao intemperismo que afeta as propriedades dos _____________, com o passar do tempo.

Aplicações:

PMQ

Misturas à
AA (areia-asfalto)
quente

Tratamento CBUQ
Superficial

Macadame
Betuminoso

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c.2) Asfalto Diluído (ADP): é obtido a partir do CAP e da adição e mistura de solventes.
A vantagem em se utilizar este produto, é que, ao ser exposto às condições ambientais,
os solventes se evaporam, restando somente o CAP. Por apresentarem menor
viscosidade, podem ser aplicados em condições de baixas temperaturas (e, portanto,
reduzindo a necessidade de aquecimento demorado). Podem ser de três tipos:

• Cura rápida (CR): cujo solvente é a nafta


• Cura média (CM): cujo solvente é a querosene
• Cura lenta (CL): cujo solvente é óleo combustível (este tipo não é utilizado no
Brasil)

Aplicações:

- Imprimação

- Utilizado como pintura de ligação e tratamentos superficiais

c.3) Emulsão Asfáltica (EMA): é produzida a partir do CAP ou ADP com a adição de
água e agente emulsificante, separando a composição em duas fases:

• Dispersa (com aproximadamente 55% de asfalto)


• Dispersante (contendo água)

A ruptura é caracterizada pela mudança de cor:

As EMA’s podem ser:

• De Ruptura Rápida (RR)


• De Ruptura Média (RM)
• De Ruptura Lenta (RL)
• Lama Asfáltica (LA)

Aplicações:

- Utilização a frio e com agregados miúdos

- Estocagem

- Velocidade de ruptura depende do tipo e teor de emulsificante

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c.4) Asfalto Modificado com Polímero (AMP): nestes materiais, são adicionados
polímeros a fim de melhorar as propriedades em fadiga, bem como diminuir a
deformação permanente, fissuras térmicas e ainda reciclar materiais da indústria. Ex.:
SBS, SBR, EVA, borracha moída de pneus, etc.

Sugestões de uso para os ligantes betuminosos em pavimentação:

Serviço: Ligante
Imprimação
CM 30
Pintura de Ligação RR 1C

CAP 150/200, CAP 50/70


Tratamento Superficial RR 2C, AB 22

CAP 85/100, CAP 150/200


Macadame Betuminoso RR 2C

Pré-misturado a Frio e
RM 2C, RM 1C, RR 1C-E
Microrrevestimento asfáltico

Concreto Betuminoso Usinado a Quente, CAP 30/45, CAP 50/70,


Pré-misturado a Quente, Areia Asfalto a Quente e CAP 85/100
Misturas mornas
LA 1C, LA 2C, RL 1C, LAN, LARC
Lama Asfáltica
RL 1C, LA 1C, LA 2C
Solo Betume

5.3. Lei de comportamento visco-elástica:

Os asfaltos exibem deformação dependente do tempo. Seu modelo reológico é representado por
um conjunto de molas e êmbolos dispostos em série (modelo de Maxwell), paralelo (modelo de
Kelvin) ou vários destes modelos acionados simultaneamente (modelo generalizado/Maxwell
generalizado):

Modelo generalizado/Maxwell
Modelo de Maxwell Modelo de Kelvin
generalizado

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5.4. Propriedades físicas do asfalto (principais ensaios):

As propriedades do asfalto variam muito conforme a temperatura e o tempo de aplicação de


carga (comportamento viscoelástico), portanto os ensaios devem definir estas condições a fim
de se obter parâmetros comparáveis. Alguns dos principais ensaios que devem ser realizados em
asfaltos são apresentados a seguir:

5.4.1. Penetração:

Este ensaio avalia a consistência do asfalto em temperatura ambiente, que é definida pela
profundidade (em mm/10) em que uma agulha-padrão penetra, verticalmente, uma amostra de
CAP, durante 5 s.

Ex.: CAP 30/45, CAP 50/70, CAP 85/100, CAP 150/200

Normativa de ensaio: ABNT NBR 6576/98.

5.4.2. Viscosidade:

Este ensaio avalia a consistência do asfalto sob várias temperaturas (curva).

5.4.2.1. Viscosidade Absoluta (viscosímetro rotacional):

Permite obter a curva de viscosidade de uma mesma amostra. O ensaio avalia o tempo
necessário para uma amostra fluir pela ação do vácuo. Unidade: 1 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 =
1 𝑔𝑔⁄𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑠𝑠 = 0,1 𝑃𝑃𝑃𝑃 𝑠𝑠. Ex.: CAP-7, CAP-20, CAP-40.

Normativa de ensaio: ABNT NBR 15184/2004.

5.4.2.2. Viscosidade Saybolt-FUROL:

Fornece uma medida empírica da viscosidade em CAP’s e emulsões, que pode ser reproduzida
em campo. É definida pelo tempo (em segundos, denomidado SSF) necessário para que o
asfalto flua de um orifício até encher um recipiente de 60 ml, na temperatura fixada (177ºC,
135ºC e 60ºC geralmente).

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Onde: TCOMP é a temperatura de espalhamento e compactação da mistura asfáltica:


𝑇𝑇1 +𝑇𝑇2
�𝑇𝑇𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = �
2

𝑇𝑇3 +𝑇𝑇4
TCAP é a temperatura de aquecimento do CAP: �𝑇𝑇𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 = �
2

TAG é a temperatura de aquecimento dos agregados.

Normativa de ensaio: ABNT NBR 14950/2003.

5.4.3. Ponto de amolecimento:

Permite obter (empiricamente) a temperatura na qual o asfalto amolece quando aquecido,


atingindo uma determinada condição de escoamento. Conhecido como o ensaio do anel e da
bola.

Normativa de ensaio: ABNT NBR 6560/2000.

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5.4.4. Ponto de fulgor:

Este ensaio visa a segurança durante o manuseio, transporte, estocagem e usinagem do asfalto.
É a temperatura na qual os vapores do material se inflamam (geralmente a partir de 230ºC), por
contato com uma chama padronizada, provocando um “lampejo” durante o ensaio.

Normativa de ensaio: ABNT NBR 11341/2004.

5.4.5. Outros ensaios:

Exemplos de outros ensaios: solubilidade (grau de pureza, teor de asfalto), durabilidade (efeito
do calor e do ar), índice de suscetibilidade térmica (sensibilidade da consistência dos ligantes
asfálticos à variação térmica), ductilidade, recuperação elástica, etc.

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EXERCÍCIOS:

1) Atividade para fórum de discussão/debate: Pesquisar (em artigos e fontes confiáveis) sobre a
situação do petróleo brasileiro, respondendo às perguntas e dialogando com os colegas:
a) Quais os maiores produtores de petróleo no mundo? Em que posição o Brasil se
encontra? Por quê?
b) Por que apesar de o Brasil produzir o próprio petróleo, precisa também importar?
c) Na questão dos combustíveis, por que quando há alta nos preços da gasolina/diesel
sobe também o etanol?

2) Em um laboratório de tecnologia em pavimentação foram recebidas várias amostras de


ligantes para caracterização dos materiais e avalição de seu potencial para compor uma mistura
asfáltica. No ensaio de penetração de duas amostras de 100 g de ligante asfáltico, ensaiadas a
temperatura constante de 25ºC, foram obtidos os seguintes valores (unidade: 0,1mm):

Material 1ª Medição 2ª Medição 3ª Medição


A 48 51 52
B 58 58,5 61
Para ambas as amostras, calcule a penetração e, em função deste parâmetro, defina quais os
tipos de materiais recebidos.

3) Para o ensaio de viscosidade Brookfield, realizado conforme as normas, gerando o gráfico


abaixo, determine:

a) A temperatura de mistura para o material A em questão: _______________


b) A temperatura de compactação para o material A em questão: ___________
c) Com base no que é fornecido, é possível descobrir o material em análise? Se sim, qual?
______________________________________________________________________

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6. Base, sub-base, reforço e subleito:

6.1. Introdução:

Os materiais empregados em B e/ou SB frequentemente necessitam estabilização para sua


utilização como camada em pavimentos. Sua principal função é resistir e distribuir os esforços
verticais oriundos do tráfego. As camadas podem ser então classificadas em:

a) Flexíveis: quando ocorre a estabilização granulométrica, com asfalto ou tipo macadame.


b) Rígidas: quando ocorre a estabilização com cimento ou cal.

A estabilização de uma camada é necessária sempre que se deseja torna-la mais estável. De
acordo à sua natureza e comportamento, os materiais podem ser:

• Granulares e solos: cuja principal função é resistir aos esforços de compressão (C).
• Materiais com adição de asfaltos: cuja principal função é aumentar a resistência à C e à
tração (T), com relação ao material de origem.
• Materiais com cal ou cimento: cuja principal função é aumentar a coesão e rigidez,
resistência à T e à C, com relação ao material de origem.

6.2. Especificações dos materiais:

6.2.1. Camadas flexíveis:

Para sua utilização como B e SB, bem como nas demais camadas de pavimentos, os materiais
deverão atender às especificações vigentes. Abaixo são apresentadas as principais exigências
gerais, para pavimentos flexíveis (Fonte: DNIT IPR-719, 2006):

B SB
- Composição granulométrica em faixas - 𝐼𝐼𝐼𝐼 = 0
específicas (de A a F), em função do tráfego; - 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 ≥ 20%
- (%) Passante na #200 < 2/3 da (%) Passante - 𝑒𝑒 ≤ 1%
na #40;
- Perda LA do material retido na #10 ≤ 50%
- 𝐿𝐿𝐿𝐿 ≤ 25% (ou 𝐸𝐸𝐸𝐸 > 30%)
Ref
- 𝐼𝐼𝐼𝐼 ≤ 6% (ou 𝐸𝐸𝐸𝐸 > 30%)
- 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 > 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝑆𝑆𝑆𝑆
80% 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑁𝑁 > 5. 106
- 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 ≥ � - 𝑒𝑒 ≤ 1%
60% 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 𝑁𝑁 ≤ 5. 106
- 𝑒𝑒 ≤ 0,5%

SL
- 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 ≥ 2%
- 𝑒𝑒 ≤ 2%

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6.2.2. Camadas rígidas:

Neste caso, cada material tem sua especificação particularizada. Ex.:

a) Brita graduada tratada com cimento (BGTC):


Nesta mistura, utiliza-se o mesmo material da BGS, porém com 3 a 5 % (em peso) de
cimento e água. É dosada em usina e aplicada de preferência por vibroacabadora. Após
compactação, deve-se executar uma pintura de ligação (com EMA) a fim de permitir a
cura adequada da camada (7 dias, pelo menos). Ex. de normativa: DER/PR ES-P 16/05.

b) Solo-cimento e solo tratado com cimento:


Nesta mistura, o solo deve atender a granulometria específica e o material dosado de
preferência em usina. Ex. de normativa: DER/PR ES-P 11/05. Segundo esta
especificação em particular, no ensaio à compressão simples aos sete dias, a mistura
deverá ter:
• Solo tratado (ou melhorado) com cimento: mistura onde utiliza-se até 3% (em
massa) de cimento. Para SB deverá ter 1,2 ≤ 𝑓𝑓𝑐𝑐𝑐𝑐 ≤ 2,1𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 e para B 1,5 ≤
𝑓𝑓𝑐𝑐𝑐𝑐 ≤ 2,1𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀.
• Solo-cimento: mistura na qual emprega-se 5% ou mais de cimento. Para SB ou
B deverá ter 𝑓𝑓𝑐𝑐𝑐𝑐 > 2,1𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 .

O processo de cura é similar ao da BGTC (pelo menos 7 dias, com a aplicação de


emulsão).

c) Solo-cal:
São utilizados com os mesmos objetivos do solo-cimento (enrijecimento, redução da
plasticidade, redução da expansão), mas com um período maior de cura. O teor deve
variar aproximadamente entre 4 a 10% em massa.

6.3. Execução:

Os procedimentos variam de acordo com os materiais que serão empregados, e para cada um
destes, deve-se buscar as especificações que detalham os serviços relacionados. Nestas
especificações, os equipamentos para execução e transporte são indicados, por ex.: caminhão,
rolo-compressor, motoniveladora, grade de discos, caminhão-tanque, etc.

Os materiais poderão ser misturados no local ou previamente, em usina, já vindos prontos para a
aplicação.

Após a compactação, pode ser necessária a regularização com a motoniveladora (em operação
de corte somente).

Finalmente, caso seja necessário, pode-se aplicar a _________________________ .

Para maiores detalhes, tanto quanto às questões de especificações sobre os materiais e execução
para os diversos tipos de camadas, consultar também as normas e especificações de serviço (por
exemplo, as disponíveis em: http://www1.dnit.gov.br/normas/).

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EXERCÍCIOS:

1) Dadas as propriedades de um solo:

Passante na #200 = 85%


LL = 67%
LP = 31%
e = 1,2%
CBR = 5%
φmáx = 0,6 mm

Avalie a possibilidade de se utilizar diretamente este material como camada(s) de pavimentos


flexíveis. Em quais camadas sua aplicação direta seria possível? Caso não seja possível seu uso
direto, proponha uma alternativa.

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2) Conhecidas as propriedades de um material, juntamente com a curva pressão-penetração,


determine se o mesmo poderá ser utilizado diretamente em camadas de pavimentos e, caso não
seja possível, proponha as medidas necessárias para sua aplicação:

Pressão
(MPa)

Penetração
(mm)

Passante na #200 = 28%


LL = 34% Dados do material padronizado:
LP = 26%
e = 0,8% Penetração Pressão padrão
φmáx = 2 mm (#10) (mm) (Mpa)
2,54 6,90
5,08 10,35

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3) Questão ENADE 2011:

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7. Revestimentos:

7.1. Introdução:

Dentre as várias camadas que formam a estrutura de um pavimento, o revestimento é a que se


destina a receber a carga dos veículos e a ação direta do clima. Portanto, de acordo com o
tráfego previsto e o clima, deverá atender a vários requisitos técnicos como:
________________________________, ___________________________________________,
________________________________, __________________________________________,
________________________________, ________________________________________ e
________________________________.

7.2. Tipos:

7.2.1. Rígidos:

São placas de concreto, o que em realidade constitui o pavimento rígido, desempenhando o


papel de Rev e B ao mesmo tempo. Ex.: concreto compactado com rolo (CCR), concreto
vibrado (concreto simples, com barras de transferência, com armadura contínua ou descontínua,
etc.).

7.2.2. Flexíveis:

Podem ser agrupados em duas outras categorias:

7.2.2.1. Para calçamento:

Conhecidos como pavimentos drenantes, pois assentados sobre uma base de solo ou areia
(colchão drenante), permitem que a água da chuva escoe (com o projeto de drenagem adequado)
para bueiros e galerias, evitando alagamentos. Ex.: alvenaria poliédrica, paralelepípedos,
blockrets, blocos intertravados (“pavers”).

7.2.2.2. Flexíveis betuminosos:

São formados pela associação entre agregados e ligantes betuminosos. Os materiais mais
adequados variam em função do tráfego.

Basicamente, poderão ser aplicados por meio de dois procedimentos distintos:

a) Por penetração: quando os ligantes asfálticos e agregados são aplicados diretamente na


pista, sem mistura prévia.
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• Direta:

• Invertida ou Tratamentos Superficiais (TS):

- TSS:

- TSD:

- TST:

b) Misturas: quando os materiais são misturados previamente à compactação. Deverão


possuir as seguintes propriedades:

Resistência a esforços verticais e de cisalhamento

Resistência à flexão, fadiga e acomodação a pequenos


recalques

Resistência ao “envelhecimento” (oxidação do ligante),


intempérie e abrasão dos agregados

Textura que proporcione a aderência, mesmo na


incidência de chuvas

Evitar, tanto quanto seja possível, a infiltração de água e


humidade

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• A quente: são misturadas em usinas (fixas ou móveis) e aplicadas na pista, com


temperatura variando entre 120ºC e 170ºC. Ex.: CA ou CBUQ
(_______________________), CPA (________________________), SMA
(____________________) e PMQ (__________________________________).

- CA ou CBUQ: mistura bem distribuída (com a adição de CAP), formando


um material de elevada capacidade de suporte. É o mais utilizado em todo o
mundo, e é a mais resistente dentre as demais.

- CPA: camada porosa de atrito, também conhecida como mistura asfáltica


(ou concreto asfáltico) drenante. Aplicações: aeroportos (ex.: Santos
Dumont), rodovias, etc. Principais vantagens: maior segurança, maior
aderência pneu/pavimento, redução do efeito “spray”, ruído e
aquaplanagem.

- SMA: “stone matrix asphalt”, com agregados de grãos de maiores


dimensões preponderando sobre os de dimensões intermediárias.
Aplicações: uso em pátio de portos, aeroportos, autódromos, etc.
Vantagens: boa resistência à derrapagem, redução do “spray” e ruído, maior
durabilidade, entre outros. Para tráfego pesado em geral.

- PMQ: pré-misturado a quente, que consiste em mistura de CAP e


agregados, podendo ser empregado para regularização, camada de ligação,
ou com adição de polímeros. Possui funções similares às da CPA, com alta
porcentagem de vazios.

• A frio: misturadas em usina (fixa ou móvel), porém usando EMA como ligante.
- PMF: pré-misturado a frio, com granulometria de agregados que pode ser
densa, semidensa ou aberta. A principal vantagem é que não é necessário
aquecer agregados e ligantes. Seu uso geralmente é restrito a vias de baixo
volume de tráfego.

De um modo geral, a escolha do tipo de Rev. Betuminoso flexível dependerá das características
do tráfego. Recomendações gerais:

- Para tráfego leve:

- por penetração (TS)


𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 < 5 𝑐𝑐𝑐𝑐
- por mistura (PMF, CBUQ)

Características: não aumentam de forma significativa a resistência da estrutura, e sua principal


função é proteger as outras camadas do desgaste e impermeabilizar sem grandes custos
(aspecto econômico).

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- Para tráfego pesado:

5 ≤ 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 < 15 𝑐𝑐𝑐𝑐 - por mistura (PMQ, CBUQ)

Características: contribuição significativa para a resistência mecânica e suporte.

7.3. Execução:

Logicamente, a execução do revestimento dependerá do tipo de material e aplicação. Por


exemplo, na família dos Tratamentos Superficiais por penetração, temos:

• Macadame betuminoso: após a B e imprimação, aplicar os agregados, material betuminoso


e compactar. Equipamentos necessários: caminhão com agregados graúdos,
motoniveladora, caminhão distribuidor de agregados e asfalto (ou com lança), rolo
compactador (de pneus é desejável, para o revestimento).

• Tratamentos Superficiais: se aplicam principalmente a pavimentos novos com tráfego leve


a médio, acostamentos e conservação. Aplicar o ligante e em seguida os agregados (a
superfície prévia deverá estar limpa, senão deve-se varrer para prepará-la). Equipamentos:
caminhão distribuidor de asfalto, caminhão distribuidor de agregados e compactação com
rolo. Repetir, no caso de tratamentos múltiplos. Aplicar em dias secos, com temperatura
superior a 10ºC. Ligantes, conforme o caso, deverão ser aquecidos.

• Capa selante por penetração: espalhamento de ligante betuminoso (com ou sem cobertura
de agregado miúdo) para a selagem de um revestimento betuminoso. Espessura ≈ 5 mm.

• “Antipó”: tratamento superficial primário por penetração, de baixo custo, para o controle
de poeira de estradas de terra ou revestimento primário, por espalhamento do ligante
betuminoso de baixa viscolidade (com ou sem cobertura de agregado miúdo).

7.4. Produção das misturas a quente:

A mistura entre agregados e o ligante é realizada em usinas e depois transportada (por


caminhão) ao local da obra, onde é lançada por equipamento apropriado (vibroacabadora). Em
seguida é compactada conforme especificação.

As usinas onde são produzidas podem ser:

- Descontínuas: chamadas também gravimétricas, produzem quantidades unitárias de misturas;

- Contínuas: produzem mistura de forma contínua. Ex.: drum-mixer.

Na etapa de produção estão envolvidas as operações de: estocagem, alimentação a frio e


secagem dos agregados, aquecimento dos agregados para preparação da mistura, controle e

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coleta de pó, alimentação e mistura do ligante com os agregados aquecidos, estocagem,


distribuição e pesagem das misturas.

EXERCÍCIOS:

1) Complete o quadro-resumo abaixo, com os tipos de revestimentos e misturas


apresentados em aula.

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8. Projeto de dosagem de misturas asfálticas:

8.1. Introdução:

A dosagem de misturas asfálticas consiste na busca, através de procedimentos experimentais, de


um teor ótimo de ligante, a partir de uma determinada faixa granulométrica para os agregados.
Existem vários métodos: Hubbard-Field, Triaxial de Schmidt, Hveen, Marshall, Superpave entre
outros, dependendo do tipo de ligante empregado.

8.2. Tipos:

8.2.1. Método Marshall (DNER-ME 043/95):

Concebido durante a 2ª Guerra Mundial para projetar pistas de aeronaves militares. Este método
é utilizado para misturas asfálticas a quente (CAP + agregados), para misturas densas (para as
demais o processo é similar, considerando obviamente as respectivas particularidades).

Etapas:

1) Determinação da granulometria dos agregados;

2) Determinação das massas específicas reais dos agregados;

3) Escolha da faixa granulométrica a ser utilizada, compatível com o objetivo da mistura:

Granulometria p/ misturas % passante


Faixa C Faixa B Faixa A
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
Diâmetro dos 0
grãos (mm) 0,01 0,1 1 10 100

#200 #10 #3/4"

4) Determinação da mistura de agregados + fíler que satisfaça a faixa desejada (exercício em


anexo).

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5) Com o ligante, realiza-se ensaio de viscosidade (absoluta Brookfield ou Saybolt-Furol) para


determinação das temperaturas de mistura e compactação. Ex.:

SSF

6) Adotam-se 5 teores de asfalto (T, T±0,5% e T±1%) para moldagem de pelo menos15 corpos
de prova (3 para cada teor) e ensaio.

7) Após resfriamento e desmoldagem dos corpos de prova, obtêm-se as dimensões dos mesmos
e são determinadas, para cada um as massas especifica real, aparente, seca, submersa.

8) Realiza-se um ajuste com cada teor de asfalto e os percentuais dos agregados, ou seja: .
Usando os parâmetros do item anterior e os teores de asfalto, obtém-se a densidade máxima
teórica da mistura (DMT).

9) Após a obtenção dos parâmetros volumétricos, os corpos de prova são ensaiados na prensa
Marshall (à compressão), onde se obtêm os parâmetros estabilidade (em Kgf ou N) e fluência
(em mm) para os distintos teores de mistura.

10) Com todos os parâmetros volumétricos e mecânicos determinados, são traçadas 6 curvas
(onde os teores de asfalto são representados no eixo das abscissas) para definição do teor de
projeto.

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11) Os gráficos devem ser comparados com os valores limites dados pelas especificações (ex.
DNIT-ES 031/2004). Mediante análise, o procedimento para escolha do teor ótimo é variável,
de acordo com o projetista (Pavimentação Asfáltica – Formação básica para Engenheiros –
PROASFALTO diversos autores). Um procedimento poderia ser, por exemplo, analisar somente
dois parâmetros (Vv e RBV).

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EXERCÍCIOS:

1) Verificar se a composição dos agregados disponíveis (indicados na listagem abaixo, em


termos de material retido), cuja composição final deverá atender à faixa C do DNIT 031/2006-
ES. Em seguida, dosar a composição com um concreto asfáltico, considerando os teores de
4,5%, 5% e 5,5% de CAP 50-70, estimando o quantitativo de materiais necessários para a
realização deste programa de ensaios:

Porcentagens retidas individuais: Brita ¾” = 26%; Brita 3/8” = 20%; Pedrisco + Pó = 40%;
Areia = 13%; Fíler (cal hidratada) = 1%.

(% passante em cada peneira)

Peneiras Brita Brita Pedrisco + Areia Fíler Mistura Faixa C


3/4” 3/8” pó
Pol. (mm) ___% ___% ___% ___% ___% ___% Lim. Lim.
3/4” 19,1 100 100 100 100 100 100 100
1/2” 12,7 59,3 100 100 100 100 80 100
3/8” 9,5 29,8 100 100 100 100 70 90
#4 4,8 1,1 14,2 97,5 99 100 44 72
# 10 2,0 0,8 0,5 64,4 91,9 100 22 50
# 40 0,42 0,8 0,5 34,8 26,2 100 8 26
# 80 0,18 0,7 0,3 26,2 16,0 97,0 4 16
# 0,075 0,7 0,3 17,9 0,8 89,0 2 10

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9. Número N:

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EXERCÍCIOS:

1) Exercício proposto pelo Prof. Djalma Pereira: Dada a contagem bidirecional anual de
veículos comerciais abaixo, calcular o N previsto, considerando o fator de veículos
representativo segundo o critério da metodologia AASHTO. Considerar que todos os veículos
trafegam com a carga máxima legal, fator climático regional igual a 1 e pista simples, para um
período de projeto de 10 anos e taxa de crescimento (linear) de veículos de 2% ao ano.

2) Recalcular o N utilizando os ábacos do Método USACE para obter o fator de equivalência


por eixo. Compare ambos os procedimentos.

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Tabelas para resolução de exercícios de número N:

Veículo Quantidade Quantidade de eixos por veículo


Veículos
2C 88.000 RS RD TD TT
3C 112.000 2C
2S2 36.000
3C
2S3 104.000
2S2
3S3 24.000
2S3
2C2 4.000
3S3
3C3 32.000
2C2
Total
3C3

Limite Fatores de Veículo Individuais


Eixo Equação FEO
Máximo (FVi)
Veículos
(P / RS RD TD TT FV
SRS i
SRS 4,32
7,77) =
2C
(P /
SRD SRD 3C
4,32
8,17) =
2S2
(P /
TD
TD 4,14 2S3
15,08) =
3S3
(P /
TT
TT 4,22
22,95) = 2C2

3C3

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Veículo Qde. (%) FVi.(%)/


100

2C

3C

2S2

2S3

3S3

2C2

3C3

Total

Ano TDMA N N
ano acumulado

Base (0) 1096

10

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10. Dimensionamento de pavimentos flexíveis:

10.1. Método do DNER:

Tabelas e ábacos para o dimensionamento pelo Método do DNER:

Espessura mínima de revestimento:

Coeficiente de equivalência estrutural:

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Variáveis utilizadas no dimensionamento:

Espessura necessária para proteger a camada:

𝐻𝐻𝐻𝐻 = 77,67 𝑁𝑁 0,0482 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 −0,598 (ou ábaco)

Ex. de seções de pavimentos em projetos rodoviários:

Duplicação da BR-408/PE (segmento 1, entrada PE-005 Acesso a São Lourenço):

(Fonte: Ministério dos Transportes e DNIT )

Seção transversal típica (Fonte: notas de aula Profª Gisela Greco):

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10.2. Método MeDiNa:

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11. Dimensionamento de pavimentos rígidos:

11.1. Introdução:

As primeiras análises de estruturas de pavimento de concreto partiram dos modelos de


Westergard (placas apoiadas em fundação contínua) ou Burmister (camadas múltiplas). As
metodologias mais modernas utilizam elementos finitos, que permitem considerar variações na
geometria e nas propriedades dos componentes da estrutura.

As normativas que orientam o dimensionamento deste tipo de pavimento podem ser encontradas
no Manual de Pavimentos Rígidos do DNIT (2004).

11.2. Tipos:

11.2.1. Placas de concreto simples sem barras de transferência: placas de entre 4 a 6m, sem
barras de transferência (BT).

11.2.2. Placas de concreto simples com barras de transferência: placas de entre 5 a 7m, com BT,
de aço liso.

11.2.3. Placas de concreto com armadura distribuída descontínua: placas de entre 12 a 15m, com
barras de transferência e armadura sem função estrutural (para inibir fissuração somente).

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11.2.4. Placas de concreto com armadura distribuída contínua: dimensões e modelos análogos
aos de estruturas de concreto de construção, sem juntas de retração e armadura pesada (para
inibir fissuras de retração). O dimensionamento é comandado pela ABNT NBR 6118.

11.2.5. Placas em concreto protendido: seguem procedimentos específicos (norma e fabricantes,


a depender do tipo adotado).

11.3. Método PCA84:

O método da Portland Cement Association (PCA), em sua última versão de 1984, é um


procedimento mecanístico-empírico e incorpora aspectos da versão antiga (que data de 1966),
com algumas melhorias, destacando-se:

• modelo de fadiga;
• o uso do método dos elementos finitos (MEF);
• modelo de erosão;
• diversas solicitações e condições de contorno;
• resistência do concreto (fck) superior a 25MPa;
• bases e sub-bases estabilizadas;
• ensaios e testes de experimentos (pistas da AASHTO, TRB, ASCE).

Fadiga: o modelo de fadiga adotado segue a lei de Palmgreen-Miner, conhecida como Lei de
Dano Acumulado:
𝑁𝑁 𝑁𝑁
𝐷𝐷𝑖𝑖
� 𝐷𝐷𝑖𝑖 ≤ 𝐷𝐷 ∴ � <1
𝐷𝐷
𝑖𝑖=1 𝑖𝑖=1

Onde Di são os danos ocorridos em cada nível de solicitação, D é o limite estrutural ao dano e
N é o número total de eventos considerados.

De acordo com este modelo, ao atingir o valor 1, significa que o limite à fadiga foi esgotado
(ou seja, foi “consumido” 100% de dano à fadiga).

Erosão: o enfoque é similar, ou seja, o dano consumido na erosão deve ser inferior a 100%.

11.3.1. Parâmetros:
𝑀𝑀
a) Resistência à tração na flexão (28 dias): 𝑓𝑓𝑐𝑐𝑐𝑐,𝑘𝑘 (resistência de projeto = 4,5MPa geralmente).

b) Tipo de acostamento.

c) Fator de Segurança (FS): 1 para vias com poucos caminhões; 1,1 para vias com frequência
média e 1,2 a 1,5 quando houver grande frequência ou desempenho acima do normal.
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d) Tipo de juntas

e) Características do subleito: k2 (coef. De recalque ou módulo de reação) → f (CBRSL)

f) Solicitações: tráfego completo (convertido em eixos ES, TD ou TT) considerando 6% de


incidência na borda e 94% no interior da placa. Para um período de projeto de 20 a 40 anos.

g) Espessura da placa: tentativas entre 15 a 30 cm geralmente

h) Características da SB:

- Tipos: CCR, SB granular, solo-cimento/solo melhorado com cimento, concreto asfáltico

- kSB → f(CBRSL, CBRSB) com tabelas/ábacos específicos

i) granulometrias específicas

j) empenamento do concreto por gradientes térmicos: não considerado

k) detalhamento e aspectos construtivos: padronizado de acordo com a norma e manuais (ex.:


ABCP)

11.3.2. Dimensionamento:

Apesar de ter sido derivado do uso de um software avançado para sua época, no Brasil este
método foi adaptado para situações mais gerais e os dados então foram convertidos em ábacos e
tabelas, que são apresentados na íntegra no Manual de Pavimentos Rígidos do DNIT (2004).

No entanto, visando maior didática e para ilustrar a metodologia, a seguir serão apresentados
somente os ábacos para pavimentos com BT.

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Tensão equivalente para Pavimento Sem Acostamento Tensão equivalente para Pavimento Com Acostamento

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de concreto (Eixo Simples/Tandem Duplo) de concreto (Eixo Simples/Tandem Duplo)
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Fator de erosão para Pavimento Sem Acostamento de concreto Tensão equivalente para Eixos Tandem Triplo
(Eixo Simples/Tandem Duplo) (Pavimento Sem/Com Acostamento de concreto)
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Fator de erosão para Eixo Tandem Triplo Fator de erosão para Pavimento Com Acostamento de concreto
(Pavimento Sem/Com Acostamento de concreto) (Eixo Simples/Tandem Duplo)
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Ábaco: Análise de fadiga


(número de repetições admissíveis em função do fator de fadiga, com ou sem acostamento de
concreto)

Onde:

𝜎𝜎𝑒𝑒𝑒𝑒
Fator de fadiga =
𝑓𝑓𝑐𝑐𝑐𝑐,𝑘𝑘
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Ábaco: Análise de erosão


(número de repetições admissíveis em função do fator de erosão, sem acostamento de concreto)

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Ábaco: Análise de erosão


(número de repetições admissíveis em função do fator de erosão, com acostamento de concreto)

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EXERCÍCIOS:

1) A partir do tráfego estimado para uma via (obtido por contagem classificatória
em posto de pedágio), verificar se uma placa de concreto de 25 cm de espessura
atenderia às normativas vigentes para pavimento. Caso contrário, indicar o que
deverá ser feito para que possa atender às normas.

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2) Tabela genérica para resolução de exercícios:

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12. Restauração de pavimentos:

FORMULÁRIO

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ANEXOS

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ANEXO I
Estruturas típicas de pavimentos asfálticos (Fonte: Pavimentação Asfáltica: formação básica
para engenheiros - PROASFALTO):

98
99
ANEXO II
Comparativo entre métodos de classificação em obras viárias (Fonte: Pavimentação Asfáltica:
formação básica para engenheiros - PROASFALTO):

100
ANEXO III
Ex. de tabelas da ANP contendo especificações de ligantes asfálticos (Fonte: Pavimentação
Asfáltica: formação básica para engenheiros - PROASFALTO):

101
102

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