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Unidade 1

Saúde Coletiva
INDEX QUEM FAZ
Objetivo 03

O que é saúde coletiva? 04

O processo saúde-doença 06

O modelo multifuncional da doença 08

História natural da doença 09

Referências 11

Administração da UMC
PROF. MANOEL BEZERRA DE MELO
Chanceler

PROFª MSc. REGINA COELI BEZERRA DE MELO


Reitora

DRA. ROSELI DOS SANTOS FERRAZ VERAS


Vice-Reitora

PROF. DR. CLAUDIO JOSÉ ALVES DE BRITO


Pró-reitor de Graduação do Campus Sede

PROF. ANTONIO DE OLIVAL FERNANDES


Pró-reitor de Graduação de Campus Fora de Sede

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Pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão

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Designer Instrucional

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CARLA TANGANELLI
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PUBLICAÇÃO
Esta revista virtual (E-book) é uma publicação da

UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

Av. Dr. Cândido Xavier de Almeida e Souza, 200.


Mogi das Cruzes - SP
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autorização prévia da Universidade.

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Saúde Coletiva
Figura 01

Propiciar a compreensão voltada ao campo de pesquisa e atuação em Saúde


Coletiva e analisar o processo saúde-doença nas suas diversas dimensões.
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O que é saúde coletiva?
Para iniciar o estudo de saúde coletiva, é necessário entender sua
deinição, assim como a interdisciplinaridade envolvida nesse conceito.

O estudo da saúde coletiva, visto como ciência, não deve estar


vinculado ao conceito errado de saúde, principalmente para aqueles
posicionados em situação desfavorável, socioeconomicamente na
sociedade. Não se trata de prática ilantrópica. Também não deve ser
entendida como ”ações coletivas”, ou como “ações voltadas à saúde
nas escolas”, pois a saúde coletiva não compreende serviços de saúde
Estatais, nem se restringe a eles.

A saúde coletiva é muito mais abrangente. Alguns autores mencionam


que ela surge em meados dos anos de 1950, devido à necessidade de
construção de um campo teórico-conceitual em saúde diferente do
modelo cientíico biologicista da medicina preventiva.

Assim, a saúde coletiva surge, inicialmente, com o objetivo de controlar


as doenças na população. Entretanto, é mais complexa que isso, em
síntese, implica levar em conta a diversidade e especiicidade dos
grupos populacionais e das individualidades, tendo em vista os seus
modos próprios de adoecerem e/ou representarem tal processo, e que,
não necessariamente, passam pelas instâncias governamentais tidas Figura 02
como responsáveis diretas pela saúde pública.

Deinição de saúde coletiva

Existem várias deinições para a saúde coletiva.

Segundo Paim e Almeida Filho (1998):

“Saúde coletiva é compreendida como


campo cientíico, onde se produzem saberes e
conhecimentos acerca do objeto “saúde” e onde
operam distintas disciplinas (as básicas sendo a
epidemiologia, o planejamento/administração
de saúde e as ciências sociais em saúde) que a
contemplam sob vários ângulos; e como âmbito
de práticas (transdisciplinar, multi-proissional,
interinstitucional e transetorial), onde se realizam
ações em diferentes organizações e instituições
por diferentes agentes (especializados ou não)
dentro e fora do espaço convencional reconhecido
como “setor saúde”.

Para Narvai (1998), saúde pública compreende emitir um diagnóstico,


de caráter cientíico, relativo aos problemas de saúde da comunidade,
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assim como a procura por aplicar medidas individuais e coletivas que

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visem sanar esses problemas, para que, com isto, seja possível evitar
a sua progressão ou, então, reduzir ocorrências, a im de que possa
se tornar suportável, do ponto de vista econômico, sendo também
aceitável do ponto de vista social.

Nesse sentido, não é apenas o proissional de saúde que atua na


“saúde coletiva”. Ela é tanto interdisciplinar como transdisciplinar, pois
necessita de diferentes proissionais que atuem em diversas áreas,
do Estado, da população, assim como necessita do individual e do
coletivo, ou seja, todos almejam promover saúde no seu conceito mais
abrangente.

Figura 03

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O processo saúde-doença
Se a “saúde coletiva” visa à promoção da saúde, podemos questionar
sobre:

“O que é saúde? O que é doença? Quando


estamos totalmente saudáveis? Quando
estamos doentes? Por que as pessoas se
comportam de maneiras diferentes frente à

Figura 04
mesma doença?”
Todo proissional da área da saúde depara-se, constantemente, com
esses questionamentos, principalmente quando se propõe a deinir tais
conceitos.

A “Organização Mundial de Saúde” (OMS), prescrita na Carta Magna,


em 07 de abril de 1948, deine a saúde como “um estado de completo
bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e
enfermidades”.

Entretanto, saúde não representa a mesma coisa para todas as pessoas.


Esse conceito depende do momento histórico, social e cultural da
humanidade. Ela se difere também de acordo com a pessoa, pois
depende de valores individuais, de concepções cientíicas, religiosas
e ilosóicas. O mesmo pode ser dito das doenças. Aquilo que é
considerado doença varia muito (Scilar, 2007).

A unicausalidade
Figura 05

• Pensamento mágico-religioso

Para os antigos hebreus, a doença era vista como um castigo divino.


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Como no caso da lepra, considerada a representação de sinais visíveis


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do pecado. Em outras culturas, era o “xamã”, feiticeiro tribal responsável
por expulsar os maus espíritos causadores de doenças.

Na mitologia grega, várias divindades estavam associadas à saúde,


dentre elas, Higieia, à saúde, e, Panacea, à cura. Assim, acreditava-se
que tudo poderia ser curado por meio de plantas e métodos naturais.

Figura 06
Teoria dos Miasmas

Na Idade Média, dá-se um retrocesso teórico-metodológico. De acordo


com o cristianismo, a doença era vista como processo de puriicação
da alma. Surge, então, a teórica dos “miasmas”, cuja relexão voltava-se
para a origem das doenças ser proveniente da má qualidade do ar, da
água ou do solo.

Durante o período da Idade Moderna, acontece o renascimento


cultural. Tal acontecimento acaba impulsionando o estudo do
homem e da natureza, o que proporcionou um avanço dos estudos
experimentais.

Nesse contexto, é nesse período que se tem início o estudo da


multicausalidade das doenças, ou seja, a doença passa a ser vista como
um desequilíbrio de qualquer um dos fatores que interferem na saúde. Hipócrates de Cós (460-377 a.C.),
considerado o pai da medicina, rompe
Saúde
com a visão médica-religiosa da saúde,
Apesar de considerada completa, a deinição da OMS, com relação introduzindo um conceito mais racional.
à saúde, é reconhecida como um completo bem estar físico, mental
e social, SEGRE E FERRAZ (1997) contrapõem a esta deinição ao
Ele postulou a existência de quatro
postularem que este conceito seria, na verdade, uma utopia, pois, ao fluidos (humores) principais no cor-
analisarem o processo SAÚDE-DOENÇA, concluíram que isso poderia se po: bile amarela, bile negra, fleuma
tornar um círculo vicioso, uma vez que nunca encontrariam indivíduos
totalmente saudáveis, nem totalmente doentes. e sangue. Desta forma, a saúde era
baseada no equilíbrio desses elementos.
Para Rojas (1974), é complexo demais deinir o que seja saúde a
ponto de estabelecer limites para a enfermidade, uma vez que ambos Esse cientista via o homem como uma
os estados perpassam pelo indivíduo por toda a sua vida. Trata-se, unidade organizada e entendia a doença
portanto, de duas condições estreitamente ligadas por conexões
recíprocas.
como uma desorganização desse estado.
O texto “água, ares, lugares” revela
Por esta razão, uma enfermidade pode ter vários fatores como causa- a preocupação com o ambiente na saúde.
origem, ou seja, poderá ser originária de um mal estar físico, mental ou
social.
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O modelo Multifatorial da doença
O modelo biomédico

De acordo com esse modelo, as doenças advêm de agentes externos


(químicos, físicos ou biológicos) que causam mudanças físicas no
homem. O corpo é visto como uma máquina complexa que precisa de
uma constante inspeção feita por especialistas (proissionais da saúde)
para que possa funcionar bem (Koifman, 2001).

Esse modelo não considera somente os fatores socioeconômicos,


comportamentais, ambientais, entre outros, que podem interferir no
processo saúde-doença.
07
ura
O modelo multifatorial Fig

A doença é multifatorial e acontece pelo desequilíbrio de qualquer


desses fatores acima mencionados. Em 1986, realizou-se a I Conferência
Internacional sobre Promoção de Saúde no Canadá e seu documento
inal, chamado de Carta de Ottawa, assim menciona: “A paz, a educação,
a habitação, a alimentação, a renda, um ecossistema estável, a
conservação dos recursos, a justiça social e a equidade são requisitos
fundamentais para a saúde”.

No Brasil, a Constituição Federal, de 1988 diz: “A saúde é direito


de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos”.

Assim, saúde, em seu sentido mais abrangente, caracteriza-se como


resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda,
meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso,
posse de terra e acesso a serviços de saúde. Devendo ser conquistada
como objeto de luta da coletividade humana.

A igura, abaixo, representa os diversos fatores que interferem no


processo saúde-doença, que vai da diarréia à desnutrição.

Podemos observar que os agentes patológicos estão diretamente


relacionados às doenças, porém, fatores ambientais, culturais e
socioeconômicos envolvidos acabam por inluenciar o equilíbrio ou o
desequilíbrio da saúde humana.
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Figura 08

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História natural da doença
Destaca a saúde-doença como um processo dinâmico, pois, para
Pereira (2002), a saúde-doença não é vista como algo binário, do tipo
presença/ausência.

História natural da doença, segundo Leavell & Clark, apud Rouquayrol


(1976) caracteriza-se como um conjunto de processos interativos
suscetíveis à compreensão das inter-relações do agente propenso
às inluências do meio ambiente e que são capazes de afetar todo
o processo global e seu desenvolvimento. Isso é possível desde o
surgimento das primeiras forças, que criam o estímulo patológico, no
meio ambiente ou mesmo em qualquer lugar, passando pela resposta
do homem a esse estímulo, inclusive nas alterações que levam a um
defeito, invalidez, recuperação ou morte do indivíduo.

Figura 09

A história natural da doença é dividida em dois períodos: pré-


patogênico e patogênico.

Período pré-patogênico

Nessa fase, o indivíduo ainda não entrou em contato com o agente.


Este período propõe o desenvolvimento da doença com base no
agente, no ambiente propício e de um hospedeiro susceptível. São
vários os fatores capazes de inluenciar o processo saúde-doença, de
um lado, os condicionantes sociais e ambientais e, do outro, os fatores
próprios do suscetível, até que exista um momento favorável para a
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instalação da doença.

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Período patogênico
Figura 10

A partir do momento que o indivíduo entra em contato com o


agente gerando a interação estímulo-suscetível, inicia-se o período
patogênico. Tal fato se dá antes mesmo do desenvolvimento de sinais e
sintomas das doenças.

Esse período estende-se por todo o desenvolvimento da doença em si,


ou seja, o aparecimento de sinais, sintomas e fase inal (cura, morte ou
invalidez resultante da doença).

Níveis de prevenção de Leavell & Clarck

De acordo com a História Natural da Doença, Leavell & Clarck (1976)


apresentam como Níveis de Prevenção:

Prevenção primária

1. Nível: Promoção da saúde - Mais abrangente, pois atua nos fatores


condicionantes de saúde, tidos como mais abrangentes, tais como:
moradia adequada, educação, qualidade de vida, alimentação
saudável, etc.

2. Nível: Proteção especíica - Propõe abranger as ações especíicas


de prevenção de determinadas doenças, tais como imunização,
controle de vetores, atividades educativas especíicas, etc.

Prevenção secundária

3. Nível: Diagnóstico precoce e tratamento imediato - A prevenção


secundária acontece no período patogênico. Nessa fase, o
diagnóstico precoce pode ser realizado por meio de campanhas de
diagnóstico na comunidade, exames periódicos individuais visando
à detecção precoce dos casos, etc.

4. Nível: Limitação da incapacidade - Período em que são propostas


as ações que visem evitar o avanço da doença com possíveis
complicações capazes de resultar em sequelas.

Prevenção terciária

5. Nível: Reabilitação - Nessa etapa, são propostas ações que visem


minimizar as sequelas da doença, tais como: próteses, isioterapia,
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etc..
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Referências
GARCIA, Juliana. N. R. História natural das doenças e níveis de prevenção. Disponível em: http://ads.tt/64AR.
Acesso em: 12 de jun. 2013.

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MARTINS, Lilian A.P, MARTINS, Roberto.A. Infecção e higiene antes da teoria microbiana: a história dos
miasmas. Disponível em: http://ads.tt/64B1. Acesso em: 11 de jun. 2013.

ROSEMBAUM, Paulo.Medicina que convém a cada um. Disponível em: http://ads.tt/64GZ. Acesso em: 11 de
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ROUQUAYROL, Maria Z. Epidemiologia, História Natural e Prevenção de Doenças. Disponível em: http://ads.
tt/64GU. Acesso em: 12 de jun. 2013.

Figuras

Figura 01, pág 03, Physicals. Disponível em: http://ads.tt/64H7. Acesso em: 12 de jun. 2013.

Figura 02, pág 04, Saúde Coletiva. Disponível em: http://ads.tt/64HF. Acesso em: 12 de jun. 2013.

Figura 03, pág 05, Organograma. Disponível em: http://ads.tt/64HQ. Acesso em: 12 de jun. 2013.

Figura 04, pág 06, Question. Disponível em: http://ads.tt/64HW. Acesso em: 12 de jun. 2013.

Figura 05, pág 06, Termómetro. Disponível em: http://ads.tt/64I1. Acesso em: 12 de jun. 2013.

Figura 06, pág 07, Hipócrates. Disponível em: http://ads.tt/64IA. Acesso em: 12 de jun. 2013.

Figura 07, pág 08, Saúde. Disponível em: http://ads.tt/64IE. Acesso em: 12 de jun. 2013.

Figura 08, pág 08, Sinergismo. Disponível em: http://ads.tt/64IO. Acesso em: 12 de jun. 2013.

Figura 09, pág 09, Conceito. Disponível em: http://ads.tt/64IU. Acesso em: 12 de jun. 2013.

Figura 10, pág 10, Modelo Multicausal. Disponível em: http://ads.tt/64IY. Acesso em: 12 de jun. 2013.
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