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A ÓTICAS CAROL LTDA.

Ref.: rescisã o contratual.

NOTIFICANTE: N M DA COSTA LTDA, com sede na Avenida Bom


Jesus, nº 1225, Bairro Centro, Pontes e Lacerda-MT, CEP: 78250-000, inscrita no
CNPJ sob o nº. 32.348.202/0001-15; e NEUZA COSTA, brasileira, divorciada,
empresá ria, portadora do documento de identidade RG. nº 1231516-8 e inscrita no
CPF sob o nº 890.091.771-49, residente e domiciliada na Rua Rio Grande do Sul,
1304, Bairro Centro, Pontes e Lacerda-MT, CEP: 78250- 000, vem, na melhor forma
de direito, apresentar:

NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL

Em face de ÓTICAS CAROL LTDA., com sede na Rua Ministro


Jesuı́no Cardoso nº 52, 1º andar, Itaim Bibi, Sã o Paulo/SP, CEP:04544-050 e inscrita
no CNPJ nº: 02.133.263/0001-02; e LUXOTTICA BRASIL PRODUTOS ÓTICOS E
ESPORTIVOS LTDA, com sede na Rua Min Jesuino Cardoso, 52, Vila Nova Conceiçã o,
Sã o Paulo/SP, CEP:04.544-050 e inscrita no CNPJ n. 04.692.027/0001-43, pelas
razõ es a seguir expostas.

I. DOS FATOS ENSEJADORES DA NOTIFICAÇÃO

A notificante, aos 06 de fevereiro de 2019, pactuou com as


Notificadas um contrato de franquia visando o estabelecimento de empresa do ramo
de varejo de ó culos para fins de comercializar os produtos das Oticas Carol.

O objeto do contrato possui os seguintes termos, veja-se:

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a) instalaçã o e operaçã o de um espaço fı́sico onde
deverá a FRANQUEADA realizar a comercializaçã o dos
PRODUTOS no modelo centralizado definidos para o
SISTEMA DE FRANQUIA OTICAS CAROL, nos termos do
presente instrumento; b) utilizaçã o da MARCA “OTICAS
CAROL” para distinguir sua LOJA, bem como os
PRODUTOS nela oferecidos; c) utilizaçã o do “Know-
how” necessá rio à operaçã o da LOJA e comercializaçã o
de PRODUTOS sob a MARCA;

Acontece que a Notificante começou a enfrentar dificuldades para


cumprir as demandas e metas definidas pelas Notificadas, devido a mudanças no
sistema administrativo.

Alé m disso, a Notificante entende que a franqueadora forneceu


informaçõ es falsas e ilusó rias com o intuito de convencê -la a abrir uma filial na
cidade de Vilhena, em Rondô nia, levando a investimentos significativos e ao acú mulo
de novas dı́vidas.

Assim, a Notificante procurou rescindir o contrato com as


Notificadas, mas foi informada sobre a obrigatoriedade de pagar uma multa
considerá vel de R$ 180.000,00, o qual está associado à rescisã o de dois contratos de
franquia e à falta de reabertura da unidade em Vilhena até dezembro de 2023.

Entretanto, há problemas graves que maculam a relaçã o jurı́dica


das partes, tornando a cobrança de multa para a rescisã o descabida em funçã o do
inadimplemento contratual das Notificadas, conforme se passa a expor.

II. DO TEOR DA NOTIFICAÇÃO

A Notificante percebe que as Notificadas deixaram a franqueada em


uma situaçã o de grande vulnerabilidade, especialmente levando em conta o
significativo investimento feito para prevenir complicaçõ es durante a abertura do

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negó cio.

Houve mú ltiplos descumprimentos contratuais por parte das


Notificadas, que falharam em fornecer o mı́nimo de suporte à Notificante; fizeram
promessas irrealizá veis; estabeleceram condiçõ es extremamente prejudiciais,
infringindo a boa-fé objetiva no processo de contrataçã o, como pode ser observado:

Promessas Inatingíveis: a Notificante entende que as Notificadas


lhes fizeram promessas inatingı́veis para persuadi-la a abrir uma franquia em
Vilhena, Rondô nia, salientando o potencial da cidade e o suporte prometido.
Contudo, tais promessas nã o foram honradas, o que pode ser visto como uma
frustraçã o das expectativas estabelecidas no momento do acordo.

Desafios Técnicos e Operacionais: a Notificante entende ter


enfrentado desafios té cnicos e operacionais, incluindo problemas com a localizaçã o
dos clientes no Google e falta de assistê ncia adequada da franqueadora. Estas
questõ es té cnicas e operacionais podem ser vistas como violaçõ es das obrigaçõ es
contratuais por parte da franqueadora.

Danos Financeiros: a Notificante precisou realizar empré stimos


para abrir a franquia, poré m nã o obteve ê xito, resultando em perdas financeiras
significativas. Tais prejuı́zos podem ser atribuı́dos à ineficá cia da franqueadora em
cumprir suas obrigaçõ es.

Ausência de Solução: apesar de ter comunicado esses problemas


à s Notificadas, nã o houve esforços adequados para solucioná -los, indicando uma
negligê ncia das Notificadas em atender à s necessidades da franqueada.

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Ficou claro o nã o cumprimento das obrigaçõ es contratuais por
parte das Notificadas, dado que a Notificante nã o recebeu suporte nos momentos
crı́ticos, caracterizando uma flagrante violaçã o dos compromissos das Notificadas
para com a Notificante. Assim, nã o se justifica que a Notificante seja sujeita à
penalidade financeira para a rescisã o do contrato.

Conforme o artigo 476 do Có digo Civil, em contratos bilaterais,


nenhum contratante pode exigir o cumprimento do outro sem antes realizar sua
parte.:

Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes


de cumprida a sua obrigaçã o, pode exigir o implemento da do outro.

Portanto, as Notificadas nã o podem exigir que a Notificante cumpra


com suas obrigaçõ es sem antes cumprir as suas, baseando-se na teoria da "Exceçã o
de Contrato Nã o Cumprido".

E importante destacar que, em virtude do princı́pio pacta sunt


servanda, o contrato atua como lei entre as partes, criando obrigaçõ es para os
contratantes. Isso significa que os acordos firmados devem ser honrados e,

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sobretudo, estar alinhados com o princı́pio da boa-fé objetiva, algo que, de fato, nã o
se verificou na situaçã o atual.

Neste sentido, faz-se necessá rio lembrar o que diz o artigo 422 do
Có digo Civil e o Enunciado nº 170 do Conselho Nacional de Justiça em relaçã o ao
Princı́pio da Boa-fé Objetiva, veja-se:

Art. 422. Os contratantes sã o obrigados a guardar, assim na


conclusã o do contrato, como em sua execuçã o, os princı́pios de
probidade e boa-fé .

O Enunciado nº 170 do Conselho da Justiça Federal, també m,


oriente que “a boa‐fé objetiva deve ser observada pelas partes
na fase de negociações preliminares e após a execução do
contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do
contrato”. (grifos nossos)

Sendo assim, é exigido, em todas as fases da contrataçã o, até mesmo


na fase pó s contratual, a conduta leal dos contratantes, os quais devem observar os
deveres anexos ou laterais de conduta a fim de manter a confiança e as expectativas
legı́timas do Negó cio Jurı́dico, o que claramente nã o ocorreu.

Ao tecer comentá rios acerca do inadimplemento contratual, a


doutrina aponta no seguinte sentido:

Em todo contrato bilateral ou sinalagmá tico presume-se a


existê ncia de uma clá usula resolutiva tá cita, autorizando o lesado
pelo inadimplemento a pleitear a resoluçã o do contrato, com
perdas e danos. O art. 475 do Có digo Civil proclama, com efeito:
“A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resoluçã o do
contrato, se nã o preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em
qualquer dos casos, indenizaçã o por perdas e danos”.
O contratante pontual tem, assim, ante o inadimplemento da outra
parte, a alternativa de resolver o contrato ou exigir-lhe o
cumprimento mediante a execuçã o especı́fica (CPC, art. 497). Em
qualquer das hipóteses, fará jus à indenização por perdas e
danos. GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro. 19. ed. Sã o Paulo:
Saraiva, 2022. E-book. (grifo nosso)

Cumpre-se ressaltar que todo e qualquer negó cio jurı́dico precisa


ser norteado pelo princı́pio da boa-fé , devendo estar presente nã o apenas no
momento da celebraçã o do contrato, como també m antes e durante a sua execuçã o.

Assim, assevera Clá udia Lima Marques sobre o Princı́pio da boa-fé


contratual:

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A boa-fé objetiva significa uma atuaçã o refletida, uma atuaçã o
refletindo, pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando-
o, respeitando seus interesses legı́timos, suas expectativas
razoá veis, seus direitos, agindo com lealdade, sem abuso, sem
causar lesã o ou vantagens excessivas, cooperando para atingir o
bom fim das obrigaçõ es: o cumprimento do objetivo contratual e a
realizaçã o dos interesses das partes. (MARQUES, Clá udia Lima.
Contratos no Có digo de Defesa do Consumidor. Sã o Paulo: Ed.
Revista dos Tribunais. 3. ed., 2ª tiragem. p. 106).

E sabido que, nos contratos de qualquer natureza, os contratantes


devem garantir, na conclusã o do contrato, bem como em sua execuçã o os princı́pios
da probidade e da boa-fé . Evidente, no entanto, que tais princı́pios nã o foram
cumpridos conforme o estabelecido pelo artigo 422 do Có digo Civil.

Sobre o tema, veja-se o entendimento do Superior Tribunal de


Justiça sobre casos similares:

RECURSO ESPECIAL. PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE


UNIDADE IMOBILIARIA. RESCISAO CONTRATUAL. ATRASO NA
ENTREGA DO BEM. MORA CONFIGURADA. INADIMPLENCIA DO
AUTOR, CONSIDERANDO O ATRASO NO PAGAMENTO DE
ALGUMAS PARCELAS. EXCEÇAO DE CONTRATO NAO CUMPRIDO
(CC, ART. 476). INAPLICABILIDADE. INADIMPLENCIA DE AMBAS
AS PARTES CONTRATANTES. AUSENCIA DE SIMULTANEIDADE DAS
PRESTAÇOES. CULPA RECIPROCA NA RESOLUÇAO DO CONTRATO.
NAO INCIDENCIA DOS ONUS CONTRATUAIS. MANUTENÇAO DO
ACORDAO RECORRIDO. RECURSO DESPROVIDO. 1. Como
corolário da boa‐fé objetiva, o art. 476 do Código Civil
contempla a chamada exceção de contrato não cumprido
(exceptio non adimpleti contractus), estabelecendo que, "nos
contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de
cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do
outro". 2. Embora, ordinariamente, o referido dispositivo legal
tenha aplicabilidade na promessa de compra e venda de imó vel, por
se tratar de contrato bilateral, o caso guarda particularidade que
afasta essa regra. 3. Na hipó tese, ambas as partes estavam
inadimplentes em relaçã o a uma unidade imobiliá ria, valendo
destacar que a inadimplê ncia da construtora nã o se deu em razã o
do inadimplemento do autor, tanto que, na contestaçã o, foi alegado
que o atraso na entrega da obra se deu por força maior e caso
fortuito (falta de mã o de obra qualificada, chuvas constantes,
desabastecimento do mercado de materiais e equipamentos
indispensá veis à execuçã o das obras, etc), logo, nã o havia a
necessá ria simultaneidade das obrigaçõ es assumidas pelos
contratantes, a fim de se permitir a aplicaçã o do art. 476 do CC. 4.
Nã o se pode olvidar, ademais, que o pressuposto para que a parte
alegue a exceçã o de contrato nã o cumprido é justamente o
adimplemento de sua obrigaçã o, o que nã o ocorreu em relaçã o à
recorrente. 5. Assim, diante da reciprocidade da culpa pela
resoluçã o do contrato, ante a inadimplê ncia de ambas as partes
contratantes, revela-se correto o entendimento das instâ ncias
ordiná rias em determinar tã o somente a restituiçã o das partes ao

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status quo, sem a imposiçã o de qualquer ô nus contratual, nã o
sendo o caso, portanto, de aplicaçã o do art. 476 do Có digo Civil. 6.
Recurso especial desprovido.
(STJ - REsp: 1758795 DF 2016/0199161-0, Relator: Ministro
MARCO AURELIO BELLIZZE, Data de Julgamento: 22/06/2021, T3
- TERCEIRA TURMA, Data de Publicaçã o: DJe 25/06/2021) (grifos
nossos)

Houve violaçã o da boa-fé objetiva por parte das Notificadas, que


apresentou publicidade abusiva com o fito de compelir a abertura de filial de
determinado local, sem posteriormente prestar qualquer soluçã o aos problemas
vivenciados, violando as obrigaçõ es contratuais que levaram a Notificante a nã o ter
interesse na manutençã o do contrato.

Alé m disso, houve a inclusã o de clá usula contratual abusiva,


mormente pela aplicaçã o de penalidade de R$60.000,00 (sessenta mil reais), que é
110% (cento e dez por cento) cima do valor da franquia, violando o artigo 412 do
Có digo Civil:

Art. 412. O valor da cominaçã o imposta na clá usula penal nã o pode
exceder o da obrigaçã o principal.

Os Tribunais tê m reconhecido que a aplicaçã o de multa acima do


valor principal é vedada, tornando a clá usula leonina e nula, podendo ser reduzida
pelo Juı́zo de ofı́cio quando verificada a ilegalidade:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELO


MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE
TV A CABO. CLÁUSULA DE FIDELIZAÇÃO. COBRANÇA INTEGRAL
DA MULTA DE FIDELIDADE INDEPENDENTEMENTE DO
CUMPRIMENTO PARCIAL DO PRAZO DE CARÊNCIA. 1. A cláusula
de fidelização em contrato de serviços de telecomunicação (como
o serviço de TV a cabo) revela-se lícita, tendo em vista os
benefícios concedidos pelas operadoras aos assinantes que optam
por tal pacto e a necessária estipulação de prazo mínimo para a
recuperação do investimento realizado. Precedentes. 2. A referida
modalidade contratual tem previsão de cláusula penal
(pagamento de multa) caso o consumidor opte pela rescisão
antecipada e injustificada do contrato. Tem-se, assim, por escopo
principal, o necessário ressarcimento dos investimentos
financeiros realizados por uma das partes para a celebração ou
execução do contrato (parágrafo único do artigo 473 do Código
Civil). De outro lado, sobressai seu caráter coercitivo, objetivando
constranger o devedor a cumprir o prazo estipulado no contrato
e, consequentemente, viabilizar o retorno financeiro calculado
com o pagamento das mensalidades a serem vertidas durante a
continuidade da relação jurídica programada. 3. Nada obstante,
em que pese ser elemento oriundo de convenção entre os
contratantes, a fixação da cláusula penal não pode estar

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indistintamente ao alvedrio destes, já que o ordenamento
jurídico prevê normas imperativas e cogentes, que possuem
a finalidade de resguardar a parte mais fraca do contrato,
como é o caso do artigo 412 do Código Civil ("O valor da
cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da
obrigação principal."). 4. A citada preocupação reverbera, com
maior intensidade, em se tratando de contrato de adesão, como o
de prestação de serviços de telecomunicações, o que motivou a
ANATEL a expedir a Resolução 632/2014, a fim de regular a forma
de cálculo da multa a ser cobrada em caso de resilição antecipada
dos contratos com fidelização. 5. O referido regulamento entrou
em vigor em 07 de julho de 2014 e, a partir de então, as
prestadoras de serviço de TV a cabo (assim como as demais
prestadoras de serviços de telecomunicações) são obrigadas a
oferecer contratos de permanência aos consumidores -
vinculados aos contratos de prestação de serviços com cláusula
de fidelização - e a calcular a multa fidelidade proporcionalmente
ao valor do benefício concedido e ao período restante para o
decurso do prazo mínimo estipulado. 6. Contudo, mesmo antes da
vigência do citado normativo, revelava-se abusiva a prática
comercial adotada pela prestadora do serviço de TV a cabo, que,
até 2011, cobrava a multa fidelidade integral dos consumidores,
independentemente do tempo faltante para o término da relação
de fidelização. 7. Isso porque a cobrança integral da multa, sem
computar o prazo de carência parcialmente cumprido pelo
consumidor, coloca o fornecedor em vantagem exagerada,
caracterizando conduta iníqua, incompatível com a equidade,
consoante disposto no § 1º e inciso IV do artigo 51 do código
consumerista. 8. Nesse panorama, sobressai o direito básico do
consumidor à proteção contra práticas e cláusulas abusivas, que
consubstanciem prestações desproporcionais, cuja adequação
deve ser realizada pelo Judiciário, a fim de garantir o equilíbrio
contratual entre as partes, afastando-se o ônus excessivo e o
enriquecimento sem causa porventura detectado (artigos 6º,
incisos IV e V, e 51, § 2º, do CDC), providência concretizadora do
princípio constitucional de defesa do consumidor, sem olvidar,
contudo, o princípio da conservação dos contratos. 9. Assim,
infere-se que o custo arcado pelo prestador do serviço é,
efetivamente, recuperado a cada mês da manutenção do vínculo
contratual com o tomador, não sendo razoável a cobrança da
mesma multa àquele que incorre na quebra do pacto no início do
prazo de carência e àquele que, no meio ou ao final, demonstra o
seu desinteresse no serviço prestado. 10. Como é cediço no
âmbito do direito consumerista, a alegação de boa-fé (culpa) do
causador do dano não configura óbice à ampla reparação do
consumidor, mas apenas afasta a sanção de repetição em dobro
prevista no parágrafo único do artigo 42 do CDC, nos termos da
jurisprudência consagrada pelas Turmas de Direito Privado. 11.
Em observado o prazo prescricional quinquenal da pretensão
executiva individual, afigurar-se-á hígida a pretensão
ressarcitória dos consumidores que, entre 2003 (cinco anos antes
do ajuizamento da ação civil pública) e 2011 (período em que a
operadora deixou de proceder à cobrança abusiva), foram
obrigados a efetuar o pagamento integral da multa fidelidade,
independentemente do prazo de carência cumprido. 12.
Sopesando-se o valor da cláusula penal estipulada, a relevância da
defesa do direito do consumidor e a capacidade econômica da
recorrente, afigura-se razoável a redução das astreintes para R$
500,00 (quinhentos reais), a cada descumprimento da ordem

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exarada na tutela antecipada, o que deverá ser objeto de apuração
em liquidação de sentença. 13. Por critério de simetria, a parte
vencida na ação civil pública movida pelo Ministério Público não
deve ser condenada ao pagamento de honorários advocatícios.
Precedentes. 14. Recurso especial parcialmente provido apenas
para reduzir a multa cominatória para R$ 500,00 (quinhentos
reais) por descumprimento comprovado da determinação judicial
exarada em tutela antecipada e afastar a condenação da parte
vencida ao pagamento de honorários advocatícios em favor do
parquet.
(STJ - REsp: 1362084 RJ 2013/0005792-1, Relator: Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 16/05/2017, T4 -
QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/08/2017)

Assim, fica evidente o descumprimento contratual por parte da


Notificada, o que confere à Notificante o direito de rescindir o contrato sem a
necessidade de pagar qualquer multa, amparada pela exceçã o de contrato nã o
cumprido.

III. DA CONCLUSÃO

Pelo exposto, vem a Notificante, na melhor forma de direito, por


meio desta, notificar as empresas ÓTICAS CAROL LTDA e LUXOTTICA BRASIL
PRODUTOS ÓTICOS E ESPORTIVOS LTDA sobre a sua intençã o em promover a
rescisã o do contrato por culpa das Notificadas diante dos sucessivos
inadimplementos contratuais, concedendo prazo de 15 dias para a formalizaçã o do
documento oficial de distrato de acordo com os termos expostos alhures, sob pena
do ajuizamento das medidas judiciais cabı́veis.

Pontes e Lacerda/MT, 16 de novembro de 2023.

N M DA COSTA Assinado de forma digital por


N M DA COSTA
LTDA:3234820200 LTDA:32348202000115
Dados: 2023.11.16 07:38:26
0115 -04'00'
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N M DA COSTA LTDA
NEUZA COSTA

EBER DOS Assinado de forma


digital por EBER DOS
SANTOS:60648 SANTOS:60648384268
Dados: 2023.11.16
384268 06:36:30 -04'00'

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ÉBER DOS SANTOS
OAB/MT n° 19.476

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