Você está na página 1de 4

Todos os dias são kuon ganjo | Conheça o Budismo • BS • Ed.

2364 • 25/03/2017 • ()

BS

CONHEÇA O BUDISMO

Todos os dias são kuon ganjo


Cada dia é uma nova partida, um revigorante drama da luta pessoal contra o
destino ao mesmo tempo em que se vive para inspirar as pessoas
Trecho da obra sabedoria do sutra do lótus
DAISAKU IKEDA: Independentemente da maneira como esses ensinamentos
falam a respeito da “vida eterna do Buda”, há uma grande limitação. Em primeiro
lugar, como descrevem o mundo do buda como um local belo e grandioso,
afastam-se do “Sakyamuni ser humano”. Isso significa seu afastamento da
realidade da vida humana.

A outra limitação diz respeito à causa e ao efeito que estamos discutindo agora.
Se a “causa do estado de buda” vem primeiro e o “efeito do estado de buda” vem
depois, então o buda aparece em algum momento em particular no tempo. Em
resumo, para explicar o buda do tempo sem início nem fim, é necessário
reconhecer o efeito do estado de buda (benefício) como inerente da causa do
estado de buda (prática). Essa segunda explanação é a única que pode explicar
a realidade do Buda Original eternamente presente nas três existências.

SUDA: Essa parece ser a conclusão mais lógica.

DAISAKU IKEDA: O bodisatva Práticas Superiores é, na verdade, um buda que


está se empenhando no nível da prática budista que leva à iluminação. Em outras
palavras, é o buda que incorpora a simultaneidade da causa e do efeito.

O Buda Original cuja vida não tem início nem fim não poderia ser revelado sem o
aparecimento do bodisatva Práticas Superiores. Seu surgimento indica a
existência do “verdadeiro buda de kuon ganjo”, o buda iluminado do tempo sem
começo, que supera muito a ideia de um passado inimaginavelmente remoto
chamado gohyaku jintengo.

SUDA: Agora estou compreendendo melhor várias questões que antes pareciam
ambíguas. Esse “Buda Original cuja vida não tem início nem fim” é então o Nam-
myoho-renge-kyo Nyorai ao qual nos referimos como o buda da liberdade
absoluta de kuon ganjo, ou tempo sem começo.

DAISAKU IKEDA: Correto!

SUDA: Assim fica claro neste contexto que kuon ganjo não significa o passado
remoto, mas transcende essa estrutura e, de fato, o próprio conceito de tempo.

DAISAKU IKEDA: Sim. Kuon ganjo é um outro nome para a vida que não tem
início nem fim. Não se refere à doutrina do tempo, mas sim à doutrina da vida. A
verdade que se encontra nas profundezas da vida, a verdade do universo que
atua incessantemente, é chamada kuon ganjo. E pode ser chamada também de
“o buda originalmente dotado ds três propriedades iluminadas”.

Daishonin diz: “Kuon significa o que não foi criado nem adornado, mas que
permanece em seu estado original” (Gosho Zenshu, p. 759). “O que não foi
criado” significa inerentemente dotado e não indica um momento específico no
tempo. “Nem adornado” significa não possuir as trinta e duas características e
oitenta aspectos e refere-se às pessoas comuns da forma como elas são.

“Permanece em seu estado original” quer dizer que existe eternamente.

Kuon significa Nam-myoho-rengue-kyo; significa Gohonzon. O exato instante em


que oramos ao Gohonzon é kuon ganjo; é o tempo sem início. Para nós, cada dia
é kuon ganjo. Podemos fazer a cada dia com que a vida suprema, pura e eterna
de kuon ganjo se manifeste de todo o nosso ser. Damos a cada dia uma nova
partida de kuon ganjo, o ponto de partida da vida.

SUDA: É isso o que significa viver com base no princípio místico “verdadeira
causa”.

DAISAKU IKEDA: Essa é a razão de o momento presente ser muito importante.


Não devemos viver no passado; não há nenhuma necessidade disso. Aqueles
que se empenham totalmente no momento presente e têm uma grande e ardente
esperança no futuro são pessoas verdadeiramente sábias na arte de viver.
Ao transmitir a essência do Sutra do Lótus ao bodisatva Práticas Superiores,
Shakyamuni o encarrega de realizar o kosen-rufu nos Últimos Dias da Lei.
Portanto, quando nos levantamos com seriedade e lutamos pela ampla
propagação da eterna Lei Mística, sentimos a eternidade do tempo sem começo
a cada momento. Toda sensei sempre considerou a propagação da Lei Mística
como sua responsabilidade pessoal, prometendo concretizá-la sem depender de
ninguém. E orava para que os jovens se levantassem com o mesmo espírito de
fé. Certa ocasião em que havia aproximadamente vinte jovens reunidos, ele
bradou de repente com uma voz vigorosa: “Eu realizarei o kosen-rufu!” E fez
então com que cada um repetisse as mesmas palavras. Um após outro exclamou
com veemência: “Eu realizarei o kosen- rufu!” Alguns falaram com uma voz fraca
e insegura. Alguns ficaram confusos. E outros abandonaram a fé tempos depois.
O único desejo de Toda sensei era que os jovens se levantassem com a mesma
determinação dele. Essa era sua rigorosa benevolência. Sinto o mesmo pelos
membros da Divisão dos Jovens.

Você também pode gostar