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Cracking catalítico

O cracking catalítico é um processo químico que consiste na “quebra” de hidrocarbonetos de


grande peso molecular em moléculas mais pequenas e com maior potencialidade económica,
por ação de elevadas temperaturas e pressões, e sujeitas à ação de catalisadores.

O uso de catalisadores permite que este processo seja efetuado a menores temperaturas e
pressões, tornando-se mais eficaz e económico, e impedindo a degradação dos produtos da
reação.

O processo, contudo, ocorre de modo aleatório, isto é, os hidrocarbonetos podem se dividir de


modo imprevisível em moléculas menores. Não existe apenas uma forma de como uma
molécula poderá se “partir”.

Atualmente, são utilizados como catalisadores minerais de uma família conhecida como
zeólitos. Estes correspondem a aluminossilicatos hidratados de diversos elementos metálicos,
como o sódio, o cálcio ou o potássio. Estes catalisadores, além de tornarem a reação mais
eficaz, tem a capacidade de dividir os hidrocarbonetos em moléculas com cerca de 5 a 10
átomos de carbono, tornando o processo mais previsível.

Durante o processo, os zeólitos ligam-se aos hidrocarbonetos e capturam um átomo de


hidrogénio, bem como os eletrões que participavam naquela ligação covalente, transformando
o hidrocarboneto em um ião, que sendo instável, tem tendência a reorganizar-se e se dividir
em novos hidrocarbonetos.

Neste processo formam-se sobretudo hidrocarbonetos ramificados, mas também compostos


insaturados e aromáticos.

O cracking catalítico é utilizado durante a refinação do crude, após a sua destilação fracionada,
de modo a aumentar o interesse e valor comercial dos seus produtos. Deste modo é possível
obter óleos e combustíveis de maior interesse comercial.

Isomeração
Isómeros são moléculas com a mesma fórmula química, mas com diferentes estruturas
moleculares. Reações de isomeração são amplamente utilizadas na refinação do petróleo,
devido ao interesse em obter hidrocarbonetos ramificados através de hidrocarbonetos
lineares.

A isomeração de hidrocarbonetos é um processo exoenergético, por isso, é favorecida por


temperaturas baixas, mas para que a reação ocorra a velocidade apreciável nestas condições, é
necessária a utilização de catalisadores, normalmente, misturas de zeólitos e patina ou platina
e cloretos de alumínio.

Este processo é utilizado na obtenção de gasolinas com maior percentagem de iso-octano, um


isómero do octano com uma estrutura ramificada. Hidrocarbonetos ramificados apresentam
um melhor comportamento durante a sua combustão em motores de combustão interna, e
por isso, gasolinas com maior percentagem de iso-octano são mais interessantes de um ponto
de vista económico. Gasolinas com maior percentagem de compostos semelhantes ao iso-
octano apresentam um maior índice de octano.

Na refinação do petróleo, são aplicadas reações de isomeração a um composto semelhante á


gasolina, também obtida por destilação fracionada do crude, designada por naphtha. A
naphtha é uma mistura de hidrocarbonetos rica em octano linear, que após sofrer isomeração,
origina grandes quantidades de iso-octano, permitindo a sua utilização na produção de
gasolinas mais economicamente valiosas.

Contudo, nestes processos existe o risco de envenenamento dos catalisadores,


comprometendo a viabilidade económica destes processos. Os venenos mais comuns são o
sulfureto de hidrogénio, que pode ser removido dos reatores, e o nitrogénio e compostos
oxigenados, como a água ou o dióxido de carbono, que são venenos permanentes e não
podem ser removidos.

Reforming catalítico
O reforming catalítico é um processo químico que permite obter, através de hidrocarbonetos
lineares e ramificados, compostos em anel e compostos aromáticos, ou seja, que apresentam o
anel de benzeno. Este processo é utilizado na obtenção de gasolinas com maior índice de
octano e na produção de compostos aromáticos, que são de grande importância para a
indústria petroquímica.

Para estas reações ocorrerem de modo eficaz, são utilizados catalisadores de platina e rénio.
Contudo, ao longo do tempo, a eficácia dos catalisadores vai se reduzindo, sendo necessário
estes serem regenerados ou mesmo substituídos frequentemente, o que é uma grande
desvantagem deste processo, tendo em conta o elevado custo destes metais nobres.

O reforming catalítico ocorre, normalmente, através de reação de de-hidrogenação, ou seja,


reação onde são retirados átomos de hidrogénio aos hidrocarbonetos. Estas reações levam a
que os hidrocarbonetos reorganizem a sua estrutura química, dando origem a compostos em
anel e compostos aromáticos.

Neste processo são muitas vezes utilizados naphthas com reduzido valor comercial, originando
gasolinas de alta qualidade. É, por isso, um dos processos mais importantes atualmente na
refinação do petróleo.

Os compostos aromáticos são utilizados para vários processos, em especial, para a produção de
polímeros e plásticos. O benzeno e o ciclo-hexano, por exemplo, produtos comuns de
processos de reforming catalítico, são utilizados na produção de lubrificantes, óleos, tintas,
detergentes, pesticidas e adubos. Podem ser também utilizados na produção de plásticos como
o politereftalato de etileno ou o polisulfato de éter.

Os átomos de hidrogénio provenientes da de-hidrogenação formam o gás de hidrogénio, que


gradualmente tem se revelado mais útil, por ser um combustível com um elevado poder
energético e não poluente. Por isso, apresenta-se como um subproduto importante das reação
de reforming catalítico.

Polimerização e Alquilação
Diferente dos outros processos químicos que exploramos, e em clara oposição ao cracking
catalítico, surgem os processos de polimerização e Alquilação. Nestes processos, o objetivo é
obter hidrocarbonetos maiores e mais complexos a partir de outros com menor peso
molecular. Geralmente, hidrocarbonetos mais complexos apresentam um valor de índice de
iso-octano maior, e portanto, são mais desejáveis economicamente.

Em sentido lato, uma reação de polimerização é uma reação onde se obtém um polímero a
partir de monómeros. Contudo, dentro do campo da refinação do petróleo, polimerização
corresponde apenas a um conjunto restrito de reações em que reagem alcenos de baixo peso
molecular para obter hidrocarbonetos maiores e de maior número de iso-octano. Podem reagir
dois ou mais alcenos, sempre idênticos, e obtém-se um hidrocarboneto com a mesma
quantidade de átomos.

A Alquilação, também em sentido lato refere-se a uma transferência de grupos alquilo,


contudo, nestes ramos, refere-se apenas às reações entre alcenos leves e o isobutano.

Ambas estas reações são catalisadas pelo ácido sulfúrico, a elevadas temperaturas e pressões.

Índice de Octano
Estes processos revelam-se de enorme importância durante a refinação do crude, pois após a
sua destilação fracionada, os produtos obtidos continuam a ser misturas de diversos
hidrocarbonetos, de viabilidade económica limitada. Os processos químicos aplicados de
seguida permitem aumentar a potencialidade económica destes produtos, através da sua
transformação em combustíveis e químicos com maior utilidade.

Referimos uma escala conhecida como índice de octano, que, como vimos, de uma forma
simples, mede a semelhança da mistura relativamente a uma substância constituída
totalmente de iso-octano. Os hidrocarbonetos, quando sujeitos a elevadas pressões, como
aquelas verificadas no interior dos pistões de um motor de combustão interna, possuem
tendência a entrar em combustão. Tal revelam-se um problema, pois a combustão indesejada
do combustível compromete a eficácia do combustível durante a sua utilização. O iso-octano
apresenta uma resistência notável à pressão, conseguindo suportar elevadas pressões sem
entrar em combustão. Por isso, é um composto altamente desejável nos combustíveis. Assim,
criou-se uma escala para medir a resistência à combustão por ação da pressão (knocking),
onde ao iso-octano corresponde o valor 100, e ao n-heptano, um composto com baixa
resistência ao knocking, o valor de 0. Podem existir compostos com valor superior a 100 ou
inferior a 0. Assim, quanto maior o valor do índice de octano de um composto, maior será a sua
resistência ao knocking. O valor do índice de octano de um combustível corresponde à média
dos valores dos seus compostos. Assim, por exemplo, para a gasolina 9, a média dos valores do
índice de octano dos seus constituintes é 95. Apresenta uma resistência ao knocking
semelhante a um combustível constituído por 95% de iso-octano e 5% de n-heptano.

Combustíveis com maior índice de octano são mais valiosos comercialmente, e portanto,
durante a refinação do crude um dos objetivos é aumentar a quantidade de iso-octano e de
compostos semelhantes nos combustíveis.

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