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2. O acontecimento
3. As notícias do rádio
4. Análise quantitativa das notícias e de sua colocação horária
5. Análise do conteúdo das notícias
6. Conclusões
Ou, então, prever-se o seguinte desenvolvimento:
1. O acontecimento: síntese das várias fontes de informação
2. As notícias radiofônicas do atentado até a vitória de Bartali
3. As notícias radiofônicas desde a vitória de Bartali até os três dias posteriores
4. Comparação quantitativa das duas séries de notícias
5. Análise de conteúdo comparada das duas séries de notícias
6. Avaliação sócio-política
Como já dissemos, o índice deveria sempre ser mais analítico. Querendo, poderá
escrevê-lo numa folha grande, assinalando os títulos a lápis e substituindo-os por
outros, controlando assim as várias fases da reestruturação.
árvore:
Outro método de elaborar o índice-hipótese é a estrutura em
1. Descrição do acontecimento
Do atentado até Bartali
2. As notícias radiofônicas : De Bartali em diante
3. Etc.
o que permite acrescentar várias ramificações. Em definitivo, um índice-hipótese
deverá ter a seguinte estrutura:
1. Posição do problema
2. Os estudos precedentes
3. Nossa hipótese
4. Dados que estamos em condições de apresentar
5. Sua análise
6. Demonstração da hipótese
7. Conclusões e referências para o trabalho posterior
A terceira fase do plano é um esboço de introdução. Esta não é mais que o
comentário analítico do índice:
Com o presente trabalho propomo-nos demonstrar uma determinada tese. Os
estudos precedentes deixaram em aberto inúmeros problemas e os dados
recolhidos não bastam. No primeiro capítulo tentaremos estabelecer o ponto “x”;
no segundo, abordaremos o problema “y”. Concluindo, tenta remos provar isto e
aquilo. Deve-se ter presente que nos fixamos limites precisos, isto é, tais e tais.
Dentro destes limites, o método que seguiremos é o seguinte. . . etc., etc.
O objetivo dessa introdução fictícia (fictícia porque você a refundirá muitas
vezes antes de acabar a tese) é permitir-lhe a fixação das idéias ao longo de uma
diretriz que não será alterada exceto às custas de uma reestruturação consciente
do índice. Assim, você controlará os desvios e os impulsos. Esta introdução
também serve para mostrar ao orientador o que se pretende fazer. Mas presta-se
sobre tudo a demonstrar se já se tem as idéias em ordem. Com efeito, presume-se
que o estudante saia da escola secundária já sabendo escrever, pois lhe deram
uma infinidade de temas para redação. Depois, passa quatro, cinco ou mais anos
na universidade, onde via de regra ninguém lhe exige mais que escreva, e se vê
diante da tese completamente desapercebido’. Será um grande choque. Cumpre
aprender a escrever depressa, talvez utilizando as próprias hipóteses de trabalho.
Fique atento, pois enquanto não for capaz de redigir um índice e uma introdução
não poderá afirmar que aquela é a sua tese. Se não
1. O mesmo não acontece em outros países, como os Estados Unidos, Onde o
estudante, em vez dos exames orais, escreve papers, ensaios ou “peque nas
teses” de dez ou vinte páginas para qualquer curso em que se inscreveu. Um
sistema muito útil que alguém já adotou também entre nós (dado que os
regulamentos não o excluem inteiramente e a forma oral-nocionista do exame e
apenas um dos métodos do estudante). E conseguir escrever o prefácio, isto
significa que não tem ainda idéias claras sobre como começar. E, se as tem, é
porque pode pelo menos “suspeitar” onde chegará. Com base nessa suspeita,
precisamente, é que deverá rascunhar a introdução, como se se tratasse de um
resumo do trabalho já feito. Não tenha medo de avançar demasiado. Sempre
poderá alterar seus passos.
Fica, pois, claro que introdução e índice serão continuamente reescritos à medida
que o trabalho progride. É assim que se faz. O índice e a introdução finais (que
aparecerão no trabalho datilografado) serão diferentes dos iniciais. E normal. Do
contrário, pareceria que toda a pesquisa não trouxera nenhuma idéia nova.
O que distinguirá a primeira e a última redação da introdução? O fato de, na
última, você prometer muito menos que na primeira, mostrando-se bem mais
cauteloso. O objetivo da introdução definitiva será ajudar o leitor a penetrar na
tese: mas nada de prometer-lhe o que depois você será incapaz de cumprir. O
ideal de uma boa introdução definitiva é que o leitor se contente com ela,
entenda tudo e não leia o resto. Trata-se de um paradoxo, mas muitas vezes uma
boa introdução, num livro publicado, dá uma idéia exata ao crítico, levando-o a
falar dele como o autor desejaria. Mas o que aconteceria se o orientador (ou
outro qualquer) lesse a tese e descobrisse que você apregoou na introdução
resultados a que em verdade não chegou? Eis a razão por que esta última redação
deve ser cautelosa e só prometer o que a tese for capaz de dar.
A introdução serve também para estabelecer qual será o núcleo e a periferia da
tese, distinção importante não só por razões de método. Será exigido mais de
você no que ficou definido como núcleo do que como periferia. Se numa tese
sobre a guerra de guerrilha em Monferrato ficar estabelecido que o núcleo são os
movimentos das formações de Badoglio, serão perdoadas algumas inexatidões
ou aproximações a propósito das brigadas garibaldinas, mas exigir-se-á
completude absoluta sobre as formações de Franchi e Mauri. Natural mente, o
inverso também é verdadeiro.
Para decidir qual o núcleo (ou foco) da tese, você deverá saber algo sobre o
material de que dispõe. Eis por que o título “secreto”, a introdução fictícia e o
índice-hipótese se contam entre as primeiras coisas a fazer, mas não a primeira.
A primeira coisa a fazer é a pesquisa bibliográfica (e já vimos em 2.2.4. que é
possível fazê-la em menos de uma semana, mesmo numa cidadezinha).
Lembremo-nos do exemplo de Alexandria: três dias bastariam para alinhavar um
índice razoável.
Que lógica presidirá a construção do índice-hipótese? A escolha depende do tipo
de tese. Numa tese histórica poderia haver um plano cronológico (por exemplo:
A Perseguição dos Valdenses na Itália) ou de causa e efeito (por exemplo: As
Causas do Conflito Árabe-israelense). E possível um plano espacial (A
Distribuição das Bibliotecas Circulares no Canavesano) ou comparativo-
contrastante
(Nacionalismo e Populismo na Literatura Italiana no Período da Grande Guerra).
Numa tese de caráter experimental você terá um plano indutivo, onde se parte de
algumas provas para a proposição de uma teoria; numa tese de caráter lógico-
matemático, um piano do tipo dedutivo, onde aparece primeiro a proposição
teórica e depois suas possíveis aplicações a exemplos concretos. . . Direi que a
literatura crítica, a que já nos referimos, pode oferecer bons exemplos de planos
de trabalho, bastando utilizá-la criticamente, comparando os vários autores e
vendo quem responde melhor às exigências do problema formulado no título
“secreto” da tese.
O índice já estabelece qual será a subdivisão lógica da tese em capítulos,
parágrafos e subparágrafos. Sobre as modalidades dessa subdivisão, vejam-se
6.2.4. e 6.4. Também aqui, uma boa subdivisão em disjunção binária permite
acréscimos sem que se altere demais a ordem inicial. Por exemplo, se seu índice
for:
1. Problema central
1.2. Subproblema principal
1.3. Subproblema secundário
Capítulo 5. A Redação
5.1. A QUEM NOS DIRIGIMOS
A quem nos dirigimos ao escrever uma tese? Ao examinador? A todos os
estudantes ou estudiosos que terão oportunidade de consultá-la depois? Ao vasto
público dos não-especializados? Deve mos imaginá-la como um livro, a andar
nas mãos de milhares de leitores, ou como uma comunicação erudita a uma
academia científica?
São problemas importantes na medida em que dizem respeito antes de tudo à
forma expositiva a dar ao trabalho, mas também ao nível de clareza interna que
se pretende obter.
Eliminemos desde já um equívoco. Há quem pense que um texto de divulgação,
onde as coisas são explicadas de modo a que todos compreendam, requer menos
habilidade que uma comunicação científica especializada, às vezes expressa por
fórmulas apenas acessíveis a uns poucos iniciados. Isso de modo nenhum é
verdade. Certo, a descoberta da equação de Einstein, E = me exigiu muito mais
engenho do que qualquer brilhante manual de Física. Mas em geral os textos que
não explicam com grande familiaridade os termos que empregam deixam a
suspeita de que seus autores são muito mais inseguros do que aqueles que
explicitam cada referência e cada passagem. Se você ler os grandes cientistas ou
os grandes críticos, verá que, com raríssimas exceções, eles são sempre claros e
não se envergonham de explicar bem as coisas.
Digamos então que uma tese é um trabalho que, por razões ocasionais, se dirige
ao examinador, mas presume que possa ser lida e consultada, de fato, por muitos
outros, mesmo estudiosos não versados diretamente naquela disciplina.
Assim, numa tese de filosofia, não será preciso começar explicando o que é
filosofia, nem, numa de vulcanologia, ensinar o que são vulcões. Mas,
imediatamente abaixo desse nível óbvio, será sempre conveniente fornecer ao