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O Decreto-Lei n.º 322/2007, de 27 de setembro, fixa o limite máximo de idade para o exercício
das funções de piloto comandante e de co-piloto de aeronaves operadas em serviços de
transporte público comercial de passageiros, carga ou correio.
Por sua vez, também o Regulamento (UE) N.º 1178/2011 da Comissão, de 3 de novembro de
2011, que estabelece os requisitos técnicos e os procedimentos administrativos para as
tripulações da aviação civil, dispõe o seguinte sobre esta matéria, nas normas seguintes:
“FCL.065 Redução dos privilégios dos titulares de licenças com 60 anos de idade ou mais no
transporte aéreo comercial
[…]
i) […],
ii) o titular de um certificado médico com uma OML só deve pilotar uma aeronave em
operações multipiloto, quando o outro piloto for plenamente qualificado para o tipo de
aeronave em causa, não estiver sujeito a uma OML e não tiver completado 60 anos de idade,
[…]”
Suponha que o Conselho da Organização da Aviação Civil Internacional aprovou uma emenda
ao Anexo 1 à Convenção sobre Aviação Civil Internacional. Essa mesma emenda contém uma
alteração à norma 2.1.10.1, referindo que um Estado Contratante, emissor de uma licença de
piloto, não deve permitir que o seu titular atue como piloto aos comandos de uma aeronave,
utilizada em operações de transporte aéreo comercial internacional, se o mesmo tiver atingido
62 anos de idade, ou, nas situações de tripulação múltipla, se tiver atingido 67 anos de idade e,
neste caso, desde que o outro piloto tenha menos de 62 anos de idade.
Manuel Araújo, Piloto Comandante de linha aérea perfaz 65 anos de idade no dia 27 de janeiro
de 2021 e pretende continuar a voar até aos 67 anos de idade (em transporte aéreo comercial
internacional, em tripulação múltipla).
Pode ou não continuar a voar a partir do dia 27 de janeiro de 2021 nas referidas condições?
Justifique a sua resposta.
Referir que a Convenção não prevê, em lado algum, a aplicabilidade direta na ordem jurídica
interna dos Estados das normas e práticas recomendadas constantes dos 19 Anexos à
Convenção de Chicago.
Abordar artigos da Convenção de Chicago que falam nos anexos, para demonstrar e explicar,
com especial incidência nos artigos 37.º, 38.º e 90.º.
Referir o que é então necessário fazer para que esta emenda fosse aplicável na Ordem Jurídica
Interna Portuguesa, e, consequentemente, para que fosse diretamente aplicável ao Manuel
Araújo. Necessidade de alterar o Decreto-Lei n.º 322/2007 para transpor e implementar a nova
norma da ICAO na legislação nacional.
Contudo, no caso concreto, como existe o Regulamento (UE) n.º 1178/2011, da Comissão
Europeia, em obediência ao princípio do primado do Direito da União Europeia, não é possível
aprovar e/ou aplicar legislação nacional contrária à da União Europeia. Assim, para que Manuel
continuasse a voar até aos 67 anos teria de esperar pela alteração do Regulamento (UE) n.º
1178/2011.