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MATERIAL DE APOIO

ACRÔNIMO DE COMBATE A

INCÊNDIO

ALICE – SoS

COI
CURSO DE OPERAÇÕES EM INCÊNDIO Grupamento de Prevenção e Combate a Incêndio Urbano

CORAGEM E FORÇA! Seção de Doutrina Ensino e Instrução


ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO

1. Introdução ................................................................................................2
2. ALICE-SoS ..................................................................................................3 O atendimento a ocorrências de extinção de incêndios urbanos requer

3. Ações de Oportunidade ............................................................................4 o gerenciamento de diversas necessidades para a solução do problema,

3.1. Salvamento ............................................................................................4 dentro das prioridades táticas existentes em um curto intervalo de tempo.

3.2. Salvatagem ............................................................................................4 O micro gerenciamento das tarefas necessárias a preservação das vidas, a

4. Avaliação da Cena (360º) ..........................................................................6 supressão do incêndio e a preservação do patrimônio pode levar à perda da

5. Localização do Foco do Incêndio ..............................................................7 capacidade de efetivamente dar solução as condições críticas que se

6. Identificação e isolamento do caminho do fluxo de propagação do apresentam. O estreitamento preceptivo, ou visão de túnel, deve ser

incêndio ........................................................................................................8 combatido de maneira pragmática com o uso de ferramentas inteligíveis e

6.1. Análise do caminho do fluxo de propagação do incêndio .....................9 memorizáveis que voltam a atenção do comandante da resposta a

6.2. Controle de porta ................................................................................10 emergência. Nesse sentido, os acrônimos são parte dos elementos

6.3. Comportamento do flow path .............................................................11 necessários para bem conduzir as ações voltadas ao salvamento e a extinção

7. Combate inicial ao Incêndio ...................................................................12 nos incêndios na área urbana. Dentre os níveis de resposta a serem

8. Extinção do Incêndio ..............................................................................12 abordados a primeira, e mais importante delas, será abordada a partir de

9. Modos de Ataque ...................................................................................13 então.

9.1. Modos de Ataque Ofensivo .................................................................13


9.2. Modo de Ataque Defensivo .................................................................15
10. Referências ...........................................................................................16

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2. ALICE - SoS

Dos acrônimos existentes: BSHAF, RICE, RECEO-VS o único que foi


pautado em um método científico, que resultou em um robusto relatório, A valiação
foi o provido pela International Society of Fire Service Instructors (ISFSI) e o
S ize up L ocalização do
Underwriters Laboratories (UL). O SLICE-RS foi criado para que haja incêndio
efetividade no desenvolvimento das tarefas dentro do panorama de um L ocate the fire I dentificar e
atendimento em primeira resposta a ocorrências de incêndio urbano.
O acrônimo ALICE-SoS refere-se ao acrônimo SLICE-RS adaptado para
I dentify the isolar o caminho
do fluxo de
flow path propagação do
a língua portuguesa e provê uma gama de opções táticas baseadas no risco
C ool from a incêndio
podendo ser utilizado eficientemente em incêndios por todos os
departamentos e serviços de bombeiros diante de uma ampla gama de
safe distance C ombate inicial
edificações e estruturas frente às dimensões aparentes dos incêndios. Na E xtinguish the ao incêndio

verdade, ele tem aplicação desde os serviços de bombeiro de centros fire E xtinção do
urbanos densamente ocupados aos departamentos que atendem regiões R escue incêndio

alvamento
rurais pouco demandadas. O ALICE-SoS reconhece alguns dos fatores de
causa associados a perdas de vidas de bombeiros em incêndios em
S alvage Ações
de O
oportunidade
edificações e incorpora um roteiro que deveria não necessariamente ser
alvatagem
implementado em ordem, mas aplicado de tal forma que possibilite a
priorização das ações necessárias, de acordo com os recursos
materiais e de pessoal disponíveis.

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3. AÇÕES DE OPORTUNIDADE Dentro das vítimas possíveis, as que não apresentam dificuldade de
locomoção e podem afastar-se do incêndio devem ser orientadas para tal,

As ações de Oportunidade são aquelas que podem ser tomadas a de maneira breve e serena com o intuito de não gerar lesões. As vítimas que

qualquer momento durante a operação de combate a incêndio. necessitam de auxílio para evacuarem a edificação devem seguir o critério
de exposição ao risco, na medida em que as mais próximas ao incêndio

3.1. SALVAMENTO devem ser “salvas” primeiro. As vítimas a serem buscadas demandam
menor atenção das equipes de primeira resposta, salvo quando ocorre a
inexistência de pessoas a serem resgatadas.
A identificação de vítimas em perigo é determinante para o
estabelecimento da estratégia nas operações de combate a incêndio diante
da disponibilidade de pessoal e de equipamentos para emprego efetivo nas
ações prementes que se apresentam. A classificação destas vítimas segue,
portanto, os seguintes critérios e as respectivas ações frente ao cenário que
se apresenta:

As que podem vir até mim.


As que necessitam de auxílio para
saírem da edificação.
As que necessitam ser buscadas. 3.2. SALVATAGEM

Salvatagem é o nome que se dá à proteção da propriedade contra


danos decorrentes do próprio combate ao incêndio. É o procedimento
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similar ao salvamento de vítimas, porém aplicado aos bens. As prioridades MEIOS DE SE REALIZAR A SALVATAGEM:
do combate ao incêndio são a proteção da vida, a estabilização do incidente • Remover o material da área de risco.
e a proteção da propriedade. Portanto, a preocupação com a propriedade • Proteger os bens no local onde se encontram, cobrindo- os com lonas
surge quando já estão asseguradas as demais prioridades, sempre que ou materiais apropriados.
houver tempo e pessoal disponível. • Afastar a atmosfera perigosa da área onde estão os bens, por meio
Possui como objetivo preservar bens durante uma atividade de de ventilador ou exaustor.
extinção de incêndio, tanto da ação direta do fogo, fumaça e calor quanto • Interromper o fluxo de água dos chuveiros automáticos (sprinklers)
da água aplicada durante o combate. A salvatagem pode ser realizada como quando houver a extinção do incêndio.
uma prioridade do evento, quando um bem de extremo valor ou uma obra • Acumular itens para cobrir todos juntos (cobri-los em forma de
de arte deva ser preservado a qualquer custo. “pilha” ao invés de cobrir material por material).
Pode ser feito na preservação de bens quando não se possui • Retirar o excesso de água da extinção da edificação com o uso de
condições de realizar a extinção, mas há acesso seguro a áreas não atingidas bombas.
pelo fogo ou quando existe pessoal disponível para a realização da retirada PROBLEMAS DURANTE O COMBATE QUE PODEM EXIGIR O EMPREGO DE
e proteção de bens sem que haja prejuízo às demais prioridades do socorro. SALVATAGEM
A salvatagem deve ser realizada priorizando bens de valor, que • Água que cai sobre objetos no pavimento abaixo da operação.
podem ser emocionais, culturais, financeiros ou de informações. • Risco de queda de forro por acúmulo de água proveniente das ações
de combate a incêndio no andar superior.
• As guarnições devem ser informadas sobre a presença da equipe de
salvatagem. Deve-se também mover o material apenas o necessário,
evitando longos deslocamentos, bem como verificar se é mais rápido

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ou mais viável cobrir do que retirar, uma vez que esta ação demanda • Condições ou situação (o bombeiro deve considerar as condições e a
mais tempo e mais esforço. situação atual, respondendo às seguintes perguntas: o que está
pegando fogo? onde está o fogo agora? para onde está indo e que

4. AVALIAÇÃO DA CENA (360°) dano ele causou ou irá potencialmente causar?) (ANGLE et al., 2020);

A avaliação da cena (size-up) é o termo que aliado ao AVALIAÇÃO DOS INDÍCIOS ESTRUTURAIS DE COLAPSO
reconhecimento da estrutura afetada determina as ações a serem Deve-se levar em consideração o elemento construtivo da edificação:
efetivadas nos diversos níveis de resposta aos incêndios, principalmente • MADEIRA – compromete rapidamente a integridade da estrutura
quando da primeira intervenção. Inicia-se antes mesmo do incidente por quando constitui pilares e vigas, ao ser exposta à ação dos incêndios.
meio do desenvolvimento de procedimentos operacionais padrão – POP e • METAL – dilata facilmente com o aumento de temperatura
pré-planejamento. Quando se inicia um chamado, o comandante de socorro provocando torções, principalmente nas treliças constituintes de
considera o que já se sabe acerca de uma propriedade específica e sobre o tetos de galpões.
tipo de edificação, bem como a área que está localizado (KLAENE; LAKAMP, • CONCRETO E ALVENARIA – são dos elementos construtivos os que
2020). mais favorecem a atividade de combate a incêndio. A observação da
Toda informação necessária para se realizar a avaliação pode ser integridade de pilares e vigas é fundamental ao adentrar a
enquadrada em 3 (três) áreas: edificação.
• O ambiente no qual o incidente ocorre (inclui as características
construtivas da edificação, bem como fatores como condições A avaliação dos lados da edificação ou da estrutura a ser abordada
climáticas, tempo, carga de incêndio, altura, área, ocupação e acesso nas operações de combate a incêndio deve levar em consideração os
à área do incêndio); seguintes fatores:
• Os recursos disponíveis (diz respeito à quantidade de pessoal, tipo
de equipamento e necessidade de equipamento especializado);
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• Existem 6 lados no dimensionamento de um incêndio: os quatro caminho do fluxo de propagação do incêndio. Contudo, deve ser utilizada
lados observáveis no plano horizontal (as faces laterais da sem desconsiderar a acuidade visual do comandante da operação de
edificação), além do andar superior e inferior. combate a incêndio de maneira a não desviar a percepção real das
• Quando considerando as superfícies expostas ao incêndio, deve-se condições de comportamento da fumaça e de desenvolvimento do incêndio.
levar em consideração um “7º lado” quando for observado Além disso, a classificação dos incêndios (controlado pelo
revestimento exterior combustível, como ocorre nas edificações combustível e controlado pelo comburente) repercute na escolha do modo
com revestimento externo de madeira ou com material de de ataque a ser utilizado, ofensivo ou defensivo, bem como na aplicação da
isolamento término. estratégia de combate inicial. Deste ponto é determinado, em primeira
resposta, as ações iniciais a serem feitas para o início da intervenção e

5. LOCALIZAÇÃO DO FOCO DO INCÊNDIO consequente primeira atitude para a mitigação ou controle efetivo do
incêndio.

Dentre os elementos a serem observados nas operações em Nos incêndios em plantas industriais e áreas abertas a direção do

incêndios, a localização do foco é determinante para o sucesso das ações vento e o sentido de propagação delimitam com precisão a localização e

decorrentes da existência ou não de vítimas e dos bens a serem preservados para onde se dirige o fluxo de propagação com o intuito de posicionar os

frente às condições ambientais dos incêndios - controlados pelo equipamentos de extinção de incêndios.

combustível ou pelo comburente. Nas edificações as aberturas são indicadores de saída de fumaça e

A identificação do local onde se encontra o foco da energia que de entrada de ar, pois determinam a fonte de comburente que alimenta o

sustenta e propicia o desenvolvimento do incêndio é crucial para o correto incêndio em compartimentos.

acesso e extinção do incêndio. Nos veículos a concentração de líquidos inflamáveis nos

O emprego de câmera de imagem térmica (CIT) é essencial para compartimentos do motor e no tanque de combustível enseja os perigos

permitir a localização precisa do foco do incêndio bem como a indicação do que possam advir da localização da origem do incêndio sendo cercados
pelos riscos quando tratamos de carros movidos à energia elétrica ou que
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tenham baterias e faróis que possuam energia acumulada e repercutam no primeiro abordam a emergência devem observar alguns aspectos
aquecimento de superfícies e consequentemente de perpetuação do estratégicos de intervenção.
incêndio. Estes incêndios estrategicamente devem ser combatidos com a
manutenção da limitação da oferta de comburente, permitindo a extinção
por mais de uma técnica de supressão de incêndios: resfriamento e controle
6. IDENTIFICAÇÃO E ISOLAMENTO DO CAMINHO DO FLUXO DE da entrada de ar.

PROPAGAÇÃO DO INCÊNDIO

Ao identificar as zonas de baixa e alta pressão existentes no


ambiente afetado pelo incêndio deve ser avaliado em primeira
Cozinha
oportunidade o layout da estrutura ou edificação, diante da prévia
localização do foco do incêndio e da tarefa em lide de identificar a saída dos
produtos da combustão.

Incêndios controlados pelo comburente, não ventilado:

Ao se deparar com incêndios controlados pelo comburente, não


ventilado, que possuem limitação ou não tem aberturas para o exterior do
compartimento, situados em edificações ou veículos, e que tem seu Controlados pelo combustível, ventilado:
desenvolvimento restrito pela oferta de comburente, as viaturas que

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Nos incêndios controlados pelo combustível, com oferta irrestrita de 6.1. ANÁLISE DO CAMINHO DO FLUXO DE PROPAGAÇÃO DO
comburente, ventilados, a quantidade de material em chamas repercute INCÊNDIO
diretamente na quantidade de agente extintor necessária para a extinção
do incêndio. A vazão, portanto, é fator determinante para definir a
Após classificados os fatores limitantes para o desenvolvimento
disposição dos meios de extinção, calcada na premissa de que a técnica de
dos incêndios, oferta de comburente e de combustível, deve-se seguir para
extinção possível em área aberta ou em compartimento com livre demanda
a análise do caminho do fluxo de propagação do incêndio, de maneira a
de comburente é o resfriamento.
controlar a oferta de comburente, diminuir a oferta de combustível ou
retirar calor.
O flow path, caminho do fluxo de propagação do incêndio, é
influenciado também pelas aberturas efetuadas para acessar os ambientes
incendiados.

Na avaliação da cena, o comportamento do incêndio no


ambiente onde se encontra deve ser pautado diante das
aberturas existentes ou a serem feitas quando do acesso
para a intervenção interior, caso esta seja a opção
desejada.

Progressão a favor do flow path (caminho do fluxo de propagação do


incêndio)

Ao acessar o ambiente, a condição desejada é sempre a favor do


caminho do fluxo de propagação do incêndio. Tal escolha depende

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diretamente da avaliação da cena em 360° que ao abordar pelo menos 3 dá a exaustão dos gases quentes do incêndio e a região fria o local onde se
faces do compartimento permite estabelecer por onde se dá a saída dos admite a entrada de ar ou onde ele se estabelece.
gases quentes do incêndio e por onde ocorre o arrastamento de ar que Nesse sentido, a reversão do flow path pode ocorrer com a abertura
alimenta as chamas. inadvertida de janelas ou portas, sem o consentimento e a coordenação dos
Uma das formas de tentar prever tal comportamento é feito quando comandantes da operação.
existe uma área de escape de fumaça total ou por compartimento
incendiado maior que a da área da via de acesso escolhida pela guarnição
que aborda a estrutura.
Importante observar que o flow path se mostra latente quando o
incêndio ocorre em ambiente fechado, em compartimentos, sendo também
diretamente influenciado pelo vento.

6.2. CONTROLE DE PORTA

Progressão contra o flow path (caminho do fluxo de propagação do


incêndio)

O flow path se dá naturalmente, sem a influência externa do vento,


da zona fria para a zona quente, tendo-se a zona quente pelo local onde se

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O controle de porta deve, portanto, ser uma das premissas a serem O flow path bidirecional deve ser tratado taticamente com
observadas para limitar ou impedir o aporte de ar advindo do exterior, parcimônia, na medida que seu indicador de existência é a de não existência
impedindo a reversão do flow path em desfavor da linha de ataque. de outra abertura que não a de acesso, geralmente realizada pela equipe de
Klaene e Lakamp (2020) afirma que uma estratégia simples e que intervenção inicial.
pode trabalhar no controle do flow path é o fechamento de portas, O flow path pode ser influenciado pelo vento, sendo a condição
reforçando que a ventilação tática também pode ser usada para afastar o exterior de altura da edificação ou de localização do compartimento
calor de perto dos bombeiros e ocupantes da edificação. determinante para que haja alteração ou manutenção de um caminho do
Grimwood (2017) corrobora com esse pensamento e afirma que fluxo de propagação do incêndio contrário ao avanço das linhas de
além do controle interno de portas, o uso de dispositivos de controle de mangueira ou da guarnição de busca.
ventilação (em inglês, Wind Control Devices) – WCD são potenciais táticas a Os incêndios dirigidos pelo vento, wind drive fires, são de difícil
serem utilizadas para controlar o flow path. controle principalmente pelo direcionamento forçado da propagação do
Bloqueador de fumaça instalado na porta: incêndio para o interior do compartimento afetado, podendo inclusive
modificar o fluxo natural de progressão do incêndio diante da pressão
positiva exterior gerada.
Diferentemente do flow path unidirecional e do bidirecional, não
influenciados pelo vento, que podem ser controladas por meio do
gerenciamento de porta, por exemplo, os incêndios quando dirigidos pelo
vento exigem uma mudança de abordagem da estrutura, do
compartimento.
A tentativa de avançar contra do caminho do fluxo de calor gerado
Fonte: https://cutt.ly/xj4PRY8
coloca em risco as linhas que por ventura o façam sem observar o
6.3. COMPORTAMENTO DO FLOW PATH comportamento predominante da pressão positiva gerada.
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7. COMBATE INICIAL AO INCÊNDIO 8. EXTINÇÃO DO INCÊNDIO

O resfriamento pode acontecer por meio de uma combinação quase As 3 (três) etapas da supressão: localização, confinamento e
infinita, mas na maioria das vezes será iniciado resfriando o compartimento extinção. Dependendo da natureza e do tamanho do incêndio, os bombeiros
de fogo, usando o alcance e a penetração do jato e isso pode ser feito a podem usar um método direto, indireto ou combinado para atacar o
partir de uma posição interna ou externa. Ademais, isso deve ser feito a incêndio.
partir da posição que garanta que a água chegue de maneira eficaz ao fogo O método direto consiste em um ataque direto ao fogo usando um
o mais rápido possível para resfriar um espaço vazio (ISFSI, 2015a). jato sólido ou direto, com aplicação de água diretamente sobre os materiais
O resfriamento a partir de um ponto seguro auxilia a cumprir 3 (três) em combustão até que o fogo seja extinto. Um ataque direto aos materiais
objetivos críticos na cena do incêndio: primeiro, melhora as condições para em combustão é indicado para um incêndio que não atingiu o estágio
qualquer pessoa que ainda esteja dentro do edifício, reduzindo a ameaça totalmente desenvolvido ou em que não ocorreu flashover.
térmica e tóxica rapidamente. Em segundo lugar, a aplicação rápida de água O método indireto é utilizado quando os bombeiros não conseguem
reduz a ameaça térmica para a própria edificação ajudando a evitar que um entrar na edificação em chamas devido ao intenso calor interno (IFSTA,
incêndio atinja toda estrutura. Não menos importante, o resfriamento 2013). Um ataque indireto pode ser feito, inclusive, de fora da estrutura ou
precoce reduz a ameaça térmica e tóxica para os bombeiros à medida que área envolvida. O ataque é feito por uma janela ou outra abertura,
avançam na estrutura, permitindo que eles se movam mais rapidamente em direcionando o jato em direção ao teto para resfriar a sala, ocorrendo a
direção aos seus objetivos e os cumpram com maior velocidade, eficiência produção de grandes quantidades de vapor. Uma vez que a maior parte do
e eficácia todas as operações na cena (ISFSI, 2015a). fogo foi reduzida em quantidade e o espaço foi ventilado, as linhas de
mangueiras podem adentrar o ambiente e os bombeiros podem fazer um
ataque direto ao corpo do incêndio (IFSTA, 2013).
Uma vez que o incêndio esteja na fase totalmente desenvolvida ou
em flashover, um ataque indireto pode ser indicado (ANGLE et al., 2020).
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Já o ataque combinado trabalha a extinção do incêndio usando os ATAQUE DEFENSIVO: Realizado por linhas de grande diâmetro, tem por
métodos direto e indireto de ataque ao fogo. Ele combina a geração de objetivo evitar a propagação do incêndio de onde se encontra por vezes
vapor do ataque ao nível do teto com um ataque direto aos materiais em generalizado.
combustão próximos ao solo (IFSTA, 2013). Exemplo: ZOTI. CUIDADO: NÃO HÁ MISTURA DOS MODOS DE ATAQUE.
A extinção requer a operação de linhas de mangueiras com vazão
suficiente para absorver o calor que está sendo produzido pelo incêndio. Um ataque ofensivo é a estratégia preferida sempre que as
condições e os recursos permitirem um ataque interno. Por sua vez, uma
9. MODOS DE ATAQUE decisão defensiva limita a operação para o exterior, geralmente resultando
em uma perda maior de propriedade e limitando as opções de salvamento

No que tange à decisão estratégica, o Comandante do Incidente deve (KLAENE; LAKAMP, 2020).

decidir se arriscar a vida dos bombeiros terá um resultado positivo, como


salvar as vidas das vítimas dentro da estrutura em chamas, ou não. Essa 9.1. MODOS DE ATAQUE OFENSIVO
decisão ditará se o incêndio será abordado de maneira ofensiva ou
defensiva (IFSTA, 2013). O objetivo de um ataque ofensivo ao incêndio é aplicar água em
quantidade suficiente diretamente no material combustível em chamas
ATAQUE OFENSIVO: Objetiva a rápida extinção do incêndio, ataque rápido para extinguir o incêndio, dessa forma garantindo um ambiente mais seguro
e agressivo. para os bombeiros e consequentemente facilitando as atividades de
Obs.: Os ataques frontais realizados pela primeira linha de ataque têm salvamento e limitando as perdas das propriedades. As operações ofensivas
sucesso em 95% dos incêndios, DUNN (2007). são as maneiras mais efetivas de salvar vidas e propriedades, mas também
são as estratégias potencialmente mais perigosas (KLAENE; LAKAMP, 2020).
Angle et al. (2020) afirma que no modo ofensivo, os bombeiros estão
em contato direto ou próximo ao fogo e estão expostos a todos os riscos
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inerentes ao incêndio, incluindo queimaduras, queda de objetos, se Ataque indireto: De acordo com IFSTA (2013), constitui-se de uma
perderem na edificação, entrarem em contato com gases tóxicos, além de forma de ataque que envolve o direcionamento de jatos d’água em direção
colapso estrutural. ao teto de um ambiente em chamas com intuito de gerar uma grande
De um modo geral, um ataque ofensivo envolve a aplicação de água quantidade de vapor e – dessa forma – resfriar o ambiente. A conversão de
de uma posição interna ou externa nas proximidades do edifício. Uma água em vapor desloca o oxigênio, absorve o calor e resfria a camada de
operação ofensiva pode ainda ser descrita como um ataque direto ou um gases quentes permitindo que os bombeiros entrem de modo seguro e
ataque indireto ao incêndio. consigam atacar o fogo de modo direto. É um tipo de ataque considerado
impróprio quando existe a possibilidade de os ocupantes permanecerem na
Ataque direto: De acordo com IFSTA (2013), é um método de ataque edificação (IFSTA, 2013; KLAENE; LAKAMP, 2020).
que envolve a descarga de água ou espuma diretamente no material
combustível em chamas. Segundo Kleane e Lakamp (2020) este ataque é
aplicado com jato direcionado ao foco com duração média de 15 segundos.

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O resgate e/ou extinção de incêndio pode(m) ser objetivo(s) de uma
Por vezes, o ataque transicional (ou de transição) pode ser estratégia ofensiva. Em alguns incidentes de incêndio, o resgate e a extinção
empregado. Este tipo de ataque também é considerado ofensivo e é ocorrerão simultaneamente. Em casos extremos onde se sabe que há uma
iniciado da área externa da edificação em direção a uma área de incêndio vítima presa, o salvamento se tornará a atividade primária e o ataque ao
confinado para que se consiga realizar um knockdown imediato no incêndio fogo será executado apenas para proteger os bombeiros e as vítimas (IFSTA,
seguido por um ataque mais direto a partir do interior (ANGLE et al., 2020). 2013).
No ataque transicional, para que ocorra o abrandamento do
incêndio, o jato é aplicado por um curto período (geralmente 15 segundos 9.2. MODO DE ATAQUE DEFENSIVO
ou menos) para reduzir um grande volume de fogo, tornando possível a
entrada no ambiente (ANGLE et al., 2020). De acordo com IFSTA (2013), esse tipo de estratégia normalmente é
escolhido devido a um ou mais dos seguintes fatores:

• Não existe ameaça à vida do ocupante;


• Os ocupantes não podem ser salvos;
• A propriedade não pode ser recuperada;
• Recursos suficientes não estão disponíveis para uma estratégia
ofensiva;
• Existe o perigo de colapso estrutural e uma estratégia ofensiva
colocaria em risco a vida dos bombeiros por causa das condições
perigosas no local.

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A estratégia defensiva tem como objetivo isolar ou estabilizar um 10. REFERÊNCIAS
incidente e impedir que ele se expanda. Em um incêndio em edificação pode
significar sacrificar um edifício que está em chamas para salvar os edifícios CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL (CBMDF). Manual
adjacentes que ainda não estão. Ela normalmente é caracterizada por ser básico de combate a incêndio: módulo 3 - técnicas de combate a incêndio.
uma operação externa escolhida porque um ataque interno não é seguro ou 1. ed. Brasília, 2009.
os recursos são insuficientes.
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL (CBMDF). Manual
básico de combate a incêndio: módulo 4 - tática de combate a incêndio. 1.
ed. Brasília, 2009. 01/02/2023 14:11 Acrônimo de Combate a Incêndio:
ALICE – SoS;
https://ead.cbm.df.gov.br/mod/book/tool/print/index.php?id=14605
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LIMA, Eduardo de Assis. Emprego de acrônimos para o direcionamento


das ações nas operações de combate a incêndio urbano: uma análise dos
eventos prováveis em primeira e segunda resposta. Monografia (Curso de
Aperfeiçoamento de Oficiais – CAO) – CBMDF, Brasília, 2021.

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