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Grupo de Estudo sobre TDAH – Julho de 2022

Material exclusivo

Como ler um artigo científico


Diferentes razões ou interesses podem motivar um profissional a ler artigos
científicos, mas é, basicamente, a necessidade de se atualizar ou de aprofundar
conhecimentos que coloca um BOM PROFISSIONAL diante desse tipo de tarefa.
No entanto, a quantidade enorme de informação, de qualidade variável,
disponível hoje na literatura, nos obriga a fazer uma seleção criteriosa do que devemos
ler.
Então, ao escolher uma publicação você deve se atentar as seguintes questões?
Que tipo de artigo você quer ou precisa ler: seria um artigo de atualização ou de
divulgação? Seria uma análise crítica pontual (editorial) de algum tema especifico ou um
registro de caso, pesquisa clínica ou experimental?
Qualquer que seja a opção que você irá escolher, é preciso considerar, se ater à
características importantes do material escolhido como: qualidade do periódico em que
foi publicado o artigo; a idoneidade do editor e do corpo editoria; as exigências do
periódico para aceitar a publicação de artigos, e credenciais, tanto do autor como da
instituição.

Sabendo disso, fuja de publicações soltas e sem referência. Não aposte suas
fichas em manchetes de redes sociais, se elas não te mostram as referências. Não te
dizem de onde os dados saíram e onde se aprofundar sobre o assunto.
Lembre-se: A leitura de um artigo científico deve ser eminentemente crítica!

1. Desconfie da qualidade de artigos científicos que relatem dados extremamente


“de acordo com a teoria” por ele defendida. Nenhum estudo cientifico é capaz
de achar 100% de acerto. A ciência imita a vida! Nada é perfeito, 100% correto.
2. Nunca tome com verdade os resultados de estudos que prometem cura
absoluta. É razoável levantar dúvidas, até que se prove o contrário, sobre a
qualidade de experimentos que relatam milagres. Ex. Estudos que falam de
remédios que curam 100% o Alzheimer e não tem nenhum tipo de efeito
colateral.
3. Fique atenta aos números e proporções relatados no estudo. Dependendo do
contexto e, principalmente, quando o número de indivíduos na amostra é
pequeno, as percentagens podem dar impressão falsa. Por exemplo: seria
ingênuo acreditar em um artigo que alardeia um tratamento que curou 66% dos
pacientes, se esse percentual foi calculado sobre uma amostra de três pessoas
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4. Suspeite de artigos que consideram suas afirmações verdades em si mesmas.
Lembre-se que, em geral, as afirmativas não valem por si mesmas: é preciso uma
base de comparação. Por isso, artigos sérios costumam trazer uma boa revisão
da literatura já existente.
5. Nos artigos que relatam experimentos é particularmente importante ler, com
cuidado, a descrição do esforço que os pesquisadores fizeram para usar o
delineamento adequado.
6. Um bom artigo deve descrever todas as técnicas aplicadas, incluindo as
estatísticas. Questione: Qual a metodologia usada pelo autor? De onde saíram
esses números? Qual o tamanho dessa amostra?
Como a amostra foi selecionada? Que tipo de tratamento foi realizado com os
dados?
Fique atenta, pois delineamentos mal feitos levam a resultados imprecisos.

Pp. Fernanda Oliveira – ABPp 18/796-DF

Fonte de pesquisa:
FISHER, R. A. Has Mendel’s work been rediscovered? Annals of Science, (1) 1936.
p. 115-137. 2.
SCHOOLMAN, H. M. et al. Statistics in medical research: principles versus
practice. J Lab Clin Med, v. 71, p. 357-367, 1968.

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