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BACILLUS ANTHRACIS

Bacillus anthracis, microrganismo responsável pelo antraz, é o membro mais


importante desse gênero. Esta espécie é considerada um dos agentes mais
temidos por atuarem como armas biológicas em ações de bioterrorismo. Desde
o envio de esporos de B. anthracis pelo sistema postal dos Estados Unidos em
2001, tem sido reenfatizado o dano em potencial associado a esse
microrganismo. A outra espécie clinicamente importante desse gênero é
Bacillus cereus, responsável por gastrinterites, infecções oculares traumáticas,
sepsis associada ao uso de cateteres e, mais raramente, pneumonia grave. (pg
788)

1. Fisiologia e Estrutura
B. anthracis é um microrganismo grande que pode estar arranjado como bacilo
único ou em pares, ou ainda como longas cadeias serpentiformes. Embora os
esporos sejam facilmente observados em culturas de 2 a 3 dias, eles não são
detectados em amostras clínicas. (pg 790)
Presença de esporo, imóvel, bacilo Gram positivo não hemolítico
Cápsula polipeptídica, observável a partir de espécimes clínicos, constituída de
ácido glutâmico-poli-D. Sob condições ambientais inóspitas, como a privação
nutricional, essas bactérias podem se converter do estado vegetativo para o
estado de dormência ou esporo. A localização do esporo dentro da célula é
característica das bactérias e pode ser útil na sua identificação. (pg 791)

2. Fatores de Virulência e Doença (pg 791)


Cepas virulentas produzem três exotoxinas combinadas, o fator de edema
(combinação do antígeno protetor e o fator de edema) e o fator letal
(combinação do antígeno protetor e o fator letal). Infecta primariamente
herbívoros, sendo o homem um hospedeiro acidental. Raramente isolado de
países desenvolvidos; é prevalente em áreas empobrecidas onde não é
praticada a vacinação animal. O risco maior de antraz em países
industrializados se deve ao uso do B. anthracis como agente de bioterrorismo.
Três formas de antraz são reconhecidas: cutânea (forma mais comum nos
humanos), gastrintestinais e inalação (bioterrorismo)
3. Epidemiologia (pg 796)
Antraz é basicamente uma doença de herbívoros; os seres humanos são
infectados pela exposição a animais ou a produtos contaminados. A doença é
um problema sério em países onde a vacinação dos animais não é praticada
ou não é possível (p. ex., doença estabelecida na vida selvagem africana). Por
outro lado, infecções naturais pelo B. anthracis são raramente observadas nos
Estados Unidos e, apenas, cinco casos foram notificados entre 1891 e 1999.
Atualmente, essa estatística ficou sem sentido, devido à ocorrência de
contaminação deliberada pelo serviço postal americano com esporos de B.
anthracis, ocorrida em 2001. O risco de exposição a grandes populações de
patógenos perigosos tem aumentado drasticamente em tempos de
bioterrorismo. Várias nações e grupos terroristas independentes têm
programas de guerra biológica. O Iraque, a antiga União Soviética e o grupo
terrorista denominado Aum Shinrikyo no Japão têm experimentado o uso de B.
anthracis como arma. Na verdade, muito do que sabemos sobre a transmissão
do antraz por via inalatória foi devido à exposição acidental em 1979, de
esporos desse microrganismo na cidade de Sverdlovsk, antiga União Soviética
(pelo menos 79 casos de antraz com 68 mortes) e também pelo ato terrorista
que provocou a contaminação de empregados do correio americano com
cartas contendo B. anthracis (11 pacientes com antraz adquirido por inalação e
11 com antraz cutâneo). A doença humana causada por B. anthracis é
adquirida por uma das três vias: inoculação, ingestão e inalação.
Aproximadamente 95% das infecções humanas por antraz resultam da
inoculação de esporos de Bacillus pela pele exposta, solo contaminado ou
produtos de animais infectados, como peles, pelos de cabra ou lã. (pg 796)

4. Diagnóstico (792)
Identificação presuntiva é feita com base na bacterioscopia (bacilos Gram
positivos imóveis) e na morfologia colonial (colônias aderentes, não
hemolíticas). A identificação definitiva é realizada pela observação de cápsula,
lise produzida pelo fago gama, teste de IFD positivo para o polissacarídeo
específico da parede celular e por testes moleculares que amplificam o ácido
nucleico
5. Tratamento, Prevenção e Controle (793)
Ciprofloxacina é o fármaco de escolha para o tratamento de antraz cutâneo;
ciprofloxacina ou doxiciclina combinado com um antimicrobiano adicional para
o antraz inalado. Vacinação de rebanhos e pessoas em áreas endêmicas pode
controlar a doença, mas os esporos dificilmente são eliminados do solo
contaminado sendo a vacinação animal eficiente, mas a vacina humana tem
uso limitado.

Bacillus cereus

As espécies de Bacillus diferentemente de B. anthracis são principalmente


patógenos oportunistas, com capacidade relativamente baixa de virulência.
Embora a maioria dessas espécies seja responsável por doenças, B cereus é
claramente o patógeno mais importante. As doenças comumente observadas
são: gastroenterite, infecções oculares, sepse relacionada ao uso de cateteres
intravenosos e, mais raramente, pneumonia grave.

6. Fisiologia e Estrutura

Fatores de Virulência e Doença


Formador de esporos, móveis, bacilos Gram positivos, produzem enterotoxinas
termoestável e termolábil, destruição tecidual mediada por enzimas citotóxicas,
incluindo cereolisinas e fosfolipase C, e são ubiquitários no solo, no mundo
inteiro. Grupos de risco incluem pessoas que consumiram alimentos
contaminados com o bacilo (p. ex., arroz, carne, vegetais e molhos), que
sofreram traumatismos (p. ex., nos olhos), que receberam injeções
intravenosas e pacientes imunocomprometidos expostos ao B. cereus. Outras
infecções por B. cereus e por outras espécies de Bacillus incluem infecções
pelo uso de cateter intravenoso, infecções do sistema nervoso central e
endocardite (mais comumente em usuários de drogas), bem como pneumonite,
bacteremia e meningite em pacientes gravemente imunossuprimidos.

Epidemiologia
B. cereus e outras espécies de Bacillus são microrganismos ubiquitários,
presentes em praticamente todos os ambientes. Geralmente, todas as
infecções originam-se de uma fonte ambiental (p. ex., solo contaminado). O
isolamento de bactérias de amostras clínicas na ausência de doença
característica, usualmente representa uma contaminação insignificante.

Diagnóstico
Isolamento do microrganismo nos alimentos implicados ou em espécimes não
fecais (p. ex., olhos, ferida)

Tratamento, Prevenção e Controle


Infecções gastrointestinais são tratadas sintomaticamente. Infecções oculares
ou outra doença invasiva necessitam de remoção dos corpos estranhos e
tratamento com vancomicina, clindamicina, ciprofloxacina ou gentamicina.
Doença gastrointestinal é prevenida pelo preparo adequado dos alimentos (p.
ex., alimentos devem ser consumidos imediatamente após o preparo ou, então,
serem refrigerados).

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